gotta be 4 & 5
Capítulo 04
- NO BRASIL NÃO TEM PEIXE NÃO, CARALHO? É PEIXE!!!
Sábado, dia do show, e lá estava eu agarrada na privada colocando todo o peixe com um tempero suspeito pra fora. Já eram seis da tarde, o show estava começando. Harry me mandou umas cinco mensagens, uma mais fofa que a outra, e por último uma bronca: ‘obrigado por me deixar com cara de pamonha na frente dos meus amigos’. Desculpa, Harry, não acho que seria legal seus amigos me conhecerem exatamente no dia em que to colocando salmão pra fora até pelo nariz.
Aninha, ao invés de ser solidária, estava me mandando pra puta que pariu a cada cinco minutos e falando umas palavras estranhas que eu tinha certeza de que eram de Bolton. Ela não respondeu nenhuma mensagem do Harry em meu nome, embora eu tenha pedido isso mil vezes. Ela estava brava, mas a culpa não era minha! Nós almoçamos hoje pela primeira vez na escola e o tempero britânico pode ser bem diferente quando você não está acostumada; eu comi salmão e salada, e eu juro que aquele salmão estava com gosto de atum. Não demorou muito pro meu estômago reclamar e, hm, desde as 3 da tarde aqui estou, desnutrida e agarrada ao vaso sanitário sem uma amiga compreensiva ao meu lado. Já tinha ligado para minha mãe e ela tinha me passado a receita do soro caseiro que eu tomava no Brasil – TÃO difícil – e eu já tinha tomado, mas, até aquela hora, nada. E, de acordo com o meu reflexo no espelho, eu estava verde.
- Rhanna, você tem noção do que acabou de acontecer? TEM NOÇÃO? – Ela parou ao meu lado, prendendo meu cabelo novamente em um rabo de cavalo.
- Eu vou vomitar salmão pelo cu se você falar de novo da porra do show – é, eu tava nervosa.
- Rhanninha – ela se sentou ao meu lado. – Pra você pode não significar nada, mas pra mim seria tudo. Tem noção de como eu sou fã deles? Tem noção da sua sorte e você não tá fazendo nada! Passa sua sorte pra mim.
- Aninha – ergui meu rosto e limpei o pouco de vômito no canto da minha boca, ela fez careta. – Eu ligo pro Harry depois, peço desculpas e pergunto se podemos ir outro dia. Ele é meu amigo agora, lembra?
- Amigo que você não tá fazendo questão de ter a amizade cultivada.
- Número um, eu não fui porque eu não quis, eu tô passando mal – apontei pra mim e pra privada. – Número dois, não queria correr o risco de trombar com a namorada dele por lá.
- A Lauren não é namorada dele de verdade, você sabe disso – ela disse com uma voz penosa. – Ele mesmo explicou pra você.
- Não interessa, Aninha, se nós fôssemos seria mais um motivo pra uma fofoca ser criada, e eu não quero isso agora – suspirei, senti meu estômago dar uma pontada, mas eu sabia que não tinha mais nada pra sair. – Eu não entendo, essa Lauren é tão linda, por que não namorar ela de verdade?
- Ela deve ser ruim de cama - Aninha gargalhou, se eu tivesse força iria rir junto.
Quando voltei do meu encontro com Harry dois dias atrás contei tudo pra Aninha, e como era de se esperar, ela ficou desapontada. Nós duas fomos procurar quem seria essa namorada dele e nos deparamos com uma irlandesa chamada Lauren Miller. A tal menina tinha 17 anos, era cantora e era maravilhosa; a pele tão branca que me dava um pouco de medo, os cabelos castanhos ondulados que iam até a cintura, os olhos grandes amedoados e um corpo pra dar inveja na Barbie. Uma super model. De acordo com as notícias, os dois começaram a namorar uns dois meses atrás, tem até foto deles se pegando e tal, mas parece que de uns quinze dias pra cá o namoro deu uma esfriada. Não se tem mais notícias dele, ela sai pra lá e pra cá sem ele e o Harry nem preciso comentar o que fica fazendo sem ela. As fãs falam que eles estão pra acabar o namoro, o marketing do 1D afirma que eles estão juntos, e os meninos da banda não comentam nada. Ou seja, é um belo ponto de interrogação.
Não que eu tenha ciúme, não é isso. Mas o Harry é uma pessoa encantadora e acho muita sacanagem ele ficar preso em um relacionamento onde ele não é feliz, tem que manter só fachada porque é bom pra ‘imagem’ dele ou da banda. Ninguém é de ninguém, não se prende ninguém assim. As fãs não gostam dela, dizem que ela é metida e não sabe a sorte que tem; bom, qualquer menina no mundo teria sorte em namorar com Harry Styles, ele é um príncipe. Um príncipe que deve estar muito puto comigo no momento.
- O show está sendo transmitido pelo Twitter – Aninha disse do quarto dela, sua voz tinha uma mágoa muito grande. – Eles estão tão fofos.
- Aproveita o show – eu falei e nem ouvi resposta. – Vou tomar um banho.
- É bom mesmo, tu tá fedida demais.
- Há, sua linda – eu ri.
Fechei a porta do banheiro e quase me joguei de roupa e tudo dentro do box, eu estava fraca, fedorenta e só queria CAMA! É sacanagem demais ficar doente em Londres, e hoje era pra ser um dia especial, mas NÃO, eu tenho que inventar de comer salmão, sendo que eu nem gosto de peixe! Prometi pra minha mãe que ia manter uma vida saudável e, até agora, me fudi. Tomei meu banho, demorei mais que o necessário, escutava Aninha berrar as músicas lá do quarto e, depois de conseguir parar em pé, saí do banheiro já vestindo meu lindo pijaminha Calvin&Hobbs e me joguei na cama ao lado da Aninha. Nos últimos dias eu estava dormindo mais com ela do que no meu quarto, então já tínhamos conversado com a escola para ver se podíamos ficar juntas, só que com duas camas de solteiro, por favor. Aninha cantava a única música que eu conheciam ‘What Makes you Beautiful’, e chorava junto, confesso que me deu pena, mas o que eu ia fazer? Ficar com um saquinho o show inteiro? Não, né... Dei uma olhada pra tela do computador e vi os meninos ali, viHarry ali. Sorrindo e brincando com a platéia o tempo todo, pulava, gritava, fazia passinhos de dança ridículos; comecei a entender porquê One Direction fazia sucesso. Eles não tinham uma beleza explêndida, na verdade eram meninos bonitos, mas em um padrão normal. Pareciam os meninos que vão pra escola conosco, brincalhões e fofos. Adolescentes gostam disso, nós nos identificamos. Ali, ouvindo eles cantarem ‘Baby you light up my world like nobody else...’, eu senti meus olhos se fecharem e acabei adormecendo.
- Rhanna, Rhanna, Rhanna...
Alguém estava me cutucando.
- Rhanna, Rhanna, Rhanna... Pelo amor de Deus, abre os olhos!
- Que foi? – Minha voz saiu ou eu fiz essa pergunta só em pensamento?
- Escuto pedrinhas na nossa janela – ela sorriu. – E eu sei quem são.
- Hã? – abri meus olhos e os cocei, minha boca tinha um gosto amargo ainda e meu estômago roncou alto. Claro, tava sem nada o coitado. – Que foi, Ana?
- Tem pessoas jogando pedrinha na nossa janela – ela sorria.
- E qual o motivo da sua empolgação? Vai que é ladrão!
- Ladrão não fica jogando pedrinha pra avisar que vai entrar na casa da pessoa, sua retardada – ela me deu um tapa na testa e eu ri.
- Sempre tão delicada – bufei. – Que tem as pedrinhas?
- Vai na janela pra ver quem é, eu já sei - eu sabia que ela tava se controlando pra não pular igual o Bambi.
- O que você aprontou dessa vez? – Perguntei desconfiada.
- Só vai logo, pelo amor de Deus! Eles estão congelando lá fora.
- Eles? – Aumentei a voz, meu coração fez BOOM!
Levantei meio tropeçando nos lençóis e nos meus próprios pés. Abri a janela com tudo e aquele vento forte frio travou minha mandíbula, fiquei mais travada ainda quando olhei pra baixo. Cabelos cacheados, cabelos lisos, curtos, loiros, morenos... Cinco garotos vestidos de preto. Cinco garotos segurando umas sacolas plásticas e olhando diretamente pro nosso andar sorrindo empolgados. Um deles olhava diretamente pra mim, meu estômago roncou mais alto ainda e acho que não era de fome.
- Ana, o que você fez? – Olhei pra dentro e dei de cara com a Aninha.
- Harry te ligou assim que acabou o show, aí eu atendi e expliquei pra ele o que tinha acontecido. Que você tava morrendo.
- Essas coisas não se falam pras pessoas – dei uma bronca de leve, ela pareceu nem ligar.
- Enfim... Ele ficou preocupado e preguntou se podia te fazer uma visita. Eu disse que sim, mas só se ele trouxesse comida e o resto da banda junto.
- Você NÃO FEZ ISSO!
- Fiz, tá aí o resultado – ela apontou pra baixo, para aqueles cinco. – Manda eles subirem.
- Por onde, Ana? - Se você ainda não viu, tem uma escada de emergência ali do lado esquerdo, pede pra um deles puxar a escada pra baixo e eles sobem aqui. Se forem entrar pela entrada principal vão chamar muito a atenção.
- Ah claro, puxar uma escada de emergência às nove da noite não é chamar a atenção!
- Eu só tô dando uma idéia, vai logo... Vou arrumar o quarto.
Bufei e olhei pra baixo, os cinco ainda estavam lá me olhando com cara de dúvida.
- A comida vai esfriar, Rhanna – Harry disse levantando o saquinho plástico e rindo.
- Ok, tem uma escada aí do lado de emergência, puxem ela e subam aqui – disse apontando pra escada.
- Não é pra ser usada só em casos de emergência? – Um deles perguntou e os outros riram.
- Louis, esse é um caso de emergência – vi Harry responder.
- Emergência pra quem? – Vi o tal do Louis perguntar e Harry olhar pra ele como quem dá uma bronca. – Ah, tá bom.
Eu fiquei na janela meio rindo enquanto eu via a cena dos cinco garotos puxando a escada, fazendo um barulho mais ou menos considerável, e subindo um a um. A escada não era totalmente confiável e eu tava com medo que eles fossem cair, e cair bonito. O primeiro da fila era Harry, que segurava duas sacolas nas mãos; atrás dele, o garoto chamado Louis subia com mais sacolas; os meninos atrás se equilibravam na escada. Quando eles finalmente estavam mais pertos eu abri a janela por completo para eles entrarem, estava me sentindo mais ou menos uma criminosa escondendo cinco criminosos, tava bem engraçado. Olhei pra Aninha, que estava terminando de jogar nossas coisas pra dentro do armário e se aprumava toda, percebi que ela ia ver os ídolos dela ali dentro do quarto, isso era demais! Engraçado, eu os estava vendo como cinco garotos desconhecidos bonitos que iam invadir nosso recinto, e pelo menos iam trazer comida, embora meu estômago não estivesse aceitando muita coisa e eu estivesse com medo de colocar alguma coisa pra dentro.
- E aí? – Um Harry sorridente finalmente apareceu na janela, colocou primeiro uma perna e depois a outra, e, por fim, seu corpo todo estava dentro do quarto. – Nossa, você tá horrível.
- Caraca, obrigada – eu respondi rindo, eu sabia que não estava um primor de beleza.
- Dá pra ajudar? – Olhei pra janela e vi Louis tentando entrar, e atrás dele mais um.
- Passa as sacolas pra mim – eu disse pegando as sacolas da mão de Louis e vendo Harry ajudar o restante dos amigos a entrar no apartamento.
Um a um eles entraram, e, quando eu percebi, nosso quarto estava pequeno demais para sete pessoas. Aninha já foi logo abraçando e falando com todos eles, seus olhos estavam brilhando e eu não sabia se era por causa das lágrimas que ela estava controlando pra não deixar cair ou se era emoção de ver os ídolos ali na frente dela. Percebi que ela estava agarrada há mais tempo com um deles e deduzi que fosse Zayn, o seu favorito. Enquanto eles conversavam – porque aAninha não tinha calado a boca ainda e falava, falava, falava – eu peguei as sacolas e fui levando pra nossa mini-cozinha. Coloquei todas em cima da pia e do nosso balcão e controlei minha curiosidade de não abri pra ver o que tinha dentro, embora o cheiro que saía delas fosse muito bom, muito bom mesmo. E elas estavam quentinhas, que droga; meu estômago roncou de novo e acho que foi um pouco alto.
- Que aconteceu, Rhanninha? – Harry apareceu ao meu lado e eu levei um susto básico, não entendo como ele pode aparecer assim do nada.
- Um salmão suspeito e um estômago sensível – respondi sorrindo com os lábios fechados. – Quis comer comida saudável e me ferrei – ri sem humor.
- Mas você tá melhor agora? – Ele se aproximou um pouco mais e passou a mão de leve dos meus cabelos até meus ombros. – Realmente, sua cara não está nada boa.
- Obrigada por me chamar de horrorosa – eu ri. – Tô um pouco melhor, pelo menos eu parei de vomitar. Minha mãe me passou uma receita caseira de soro e acho que isso fez eu ficar um pouco melhor.
- Desculpa te chamar de horrorosa – ele riu e me abraçou; é, me abraçou, assim do nada! – Você só tá bem diferente daRhanna que eu vi aquele dia na van.
- Eu tô doente – respondi rindo e ainda aproveitando o abraço. – Desculpa não ter ido ao show...
- Hey – ele me segurou pelos ombros e me olhou de frente. – Não se preocupa com isso, vamos ter mais shows e você vai poder ir – e Harry sorriu, ele devia ser proibido de sorrir.
- Oooooiii, casal – o garoto chamado Louis apareceu na nossa frente sorrindo, puta que pariu, ele era tão lindo quantoHarry.
- Oi, idiota – Harry respondeu me soltando e me puxando pela mão até Louis. – Rhanninha, esse é Louis, Louis essa é aRhanninha.
- Prazer, moça – ele sorriu e me abraçou assim como Harry, que lindo! – Então quer dizer que você não é um fantasma.
- Como assim? – Perguntei na dúvida.
- Harry ficou falando de você o dia inteiro, e como você não apareceu, nós pensamos que você fosse algum tipo de fantasia ou fantasma do nosso Styles aqui – ele deu um tapinha no ombro de Harry que riu sarcástico.
- Acabei passando mal e não pude ir – falei meio sem graça. – Minha amiga quase me trucidou, sério.
- Sua amiga é doida – Louis falou e nós três rimos. – Ela não vai soltar o Zayn tão cedo, vai?
- Eu acho que não – falei rindo vendo Aninha abraçar Zayn e bater uma foto, depois beijar seu rosto e bater outra foto...
- E você deve ser Rhanna, tô certo? – Um outro apareceu e meu coração fez boooom de novo, pra que tão lindo?
- Sou eu – respondi forçando minha garganta a fazer algum som. – E você seria?
- Niall Horan – ele sorriu e me deu um beijo no rosto. – E esse é o Liam.
- E aí? – O tal Liam, que era o top de beleza, chegou e me deu outro beijo no rosto.
- Pra que tanto beijo? – Harry disse atrás de mim me abraçando por trás e colocando seus braços um pouco abaixo do meu pescoço, perto do colo. – Ela é minha amiga.
- Amiga sua é amiga nossa – Niall disse. – E desde quando você tem amigas?
- É, mulher na sua mão é coisa passageira... – Louis falou, e pela cara dele eu percebi que ele deixou escapulir um segredo deles. Harry ficou um pouco mais rígido atrás de mim.
- Não sou como outra garota – eu falei rindo. – E outra, Harry tem namorada, mesmo que seja só de fachada. Não quero colocar ele em maus lençóis – olhei pra ele, que estava um pouco mais sério, e depois sorri para os meninos.
- Gostei de você – Liam apontou pra mim e piscou, eu ri e senti Harry soltar meu abraço.
- É verdade que você não conhecia One Direction? – Niall me perguntou e eu senti minhas bochechas ficarem coradas e quentes. – Há, é verdade.
- Ai gente, parem com isso – escondi meu rosto com as mãos. – Eu me sinto péssima! Mas se querem saber, graças a minha amiga e ao Harry eu já ouvi as músicas e acho vocês todos umas gracinhas – eu disse rindo e todos riram.
- Eba, até que enfim Harry fez algo que preste – Louis falou. – Né... Harry? Harry?
Olhei pra trás e não vi Harry mais atrás de mim como ele estava alguns segundos atrás. Eu, junto com os meninos, demos uma olhada no quarto e vimos Harry parado olhando um quadro de fotos da Aninha, e infelizmente tinha foto minha ali também, como eu já disse, eu estava quase morando no mesmo quarto que ela. Harry mantinha o olhar fixo nas fotos, o corpo reto e as mãos colocadas no bolso da calça jeans.
- Se importam se eu for falar com ele? – Perguntei para os meninos e todos eles balançaram a cabeça falando ‘de maneira alguma, vai lá...’ – Obrigada.
Passei por Aninha e Zayn – que ainda estavam conversando – e apenas falei ‘oi prazer’ e ele sorriu pra mim e vi Aninha quase cair pra trás. Também vi os outros meninos chegarem até os dois e começarem uma pequena algazarra os empurrando pra cozinha e começando a tirar a comida das sacolinhas. Fui caminhando devagar até Harry pisando com cuidado pra não assustá-lo, passei em frente ao espelho do banheiro e vi exatamente como eu estava. Pijama, cabelo todo desgrenhado e cara de doente, ah, eu tava uma princesa. Fiz careta pra mim mesma no reflexo e fui até o lado dele. Havia ali fotos da Aninha e umas três fotos minhas no Brasil com minha cachorra e minha família.
- Que foi? – Eu estava com os braços cruzados e dei de leve um empurrão nele, vi Harry sorrir. – Você está muito quieto hoje, o que foi?
- Fiquei preocupado com você – ele se virou pra mim. – Mas, sei lá, eu não preciso ficar preocupado com você – ele sorriu meio se humor e eu não entendi. – Liam gostou de você.
- Ah, por favor – eu ri meio exagerada e ele ficou sério. – Primeiro, a palavra ‘você’ apareceu demais na sua última fala – falei dando uma de intelectual e ele sorriu de forma sincera. – E segundo, qual é? É claro que seu amigo ia gostar de mim, eu estou com meu pijama mais sexy, meus cabelos estão lindos e brilhosos e com certeza eu devo estar com a cara mais gata do mundo – fiz careta e seu sorriso se transformou em uma risada alta e gostosa. – Você tá assim por causa disso?
- Foi estranho, só isso – ele disse na defensiva. – Eu fiquei falando tanto de você que esqueci que eles gostam de abraçar e beijar todo mundo, fiquei meio sem jeito.
- Você também gosta de abraçar e beijar todo mundo – respondi e ele ficou meio vermelho. – Eu vi o jeito que tratou as fãs aquele dia, foi lindo.
- Mas você não é nossa fã pra eles tratarem você assim – ele disse meio rindo e eu bufei.
- Hey, só porque não gosto de vocês não posso ser tratada de uma forma carinhosa?
- Quer dizer então que você não gosta de nós, é isso mesmo? – Ele deu um passo na minha direção, falando um pouco mais alto e rindo.
- Exato, eu não gosto de vocês, não gosto da música de vocês – eu também estava rindo e andava pra trás sem saber ao certo pra onde eu estava indo.
- Perdeu o amor à vida, Rhanna?
- Perdi faz tempo, não percebeu que fiquei vomitando a tarde toda? Perdi muito mais que o amor à vida – eu falei rindo. – Perdi um show de uma bandinha inglesa aí, conhece?
- Eles são bons? – Ele sorriu meio de lado, a cada segundo eu achava Harry mais lindo.
- Não sei, seria meu primeiro show – respondi rindo, acabei encostando minhas costas no armário, fiquei ali mesmo. – E é bom você não se aproximar, eu ainda estou com meu estômago sensível e sabe Deus o que pode acontecer.
- Nada sexy Rhanna, nada sexy – ele disse rindo e eu ri junto.
Ele sorriu largo pra mim e todo o enjôo do meu estômago foi embora, não é possível existirem pessoais reais tão lindas desse jeito. Digo, McFly não é real, eles são meus ídolos inatingíveis e por isso são perfeitos; Harry Styles é um garoto que deu sorte na vida e está aqui na minha frente sorrindo e isso pra mim é real, e ele é perfeito.
- Casal? – Louis apareceu ao nosso lado com a boca cheia de hambúrguer. – Eu sei que vocês estão nesse momento ternurinha, mas, hm... Rhanninha, sua amiga finalmente largou o Zayn e está atacando o restante da banda, isso é normal?
- Completamente – falei rindo. – O que eu não tenho de fã ela tem de sobra, com certeza a Aninha vai ficar falando desse momento por um bom tempo – sorri.
- Ainda bem que o favorito dela não é o Harry – Louis falou dando uma piscadinha pra mim, tenho quase certeza de que fiquei vermelha.
- Mas o Harry namora, então... – falei de novo, preciso ficar afirmando que ele tem namorada o tempo todo, mas acho que prefiro afirmar isso mais pra mim do que pro próprio Harry.
- Por pouco tempo – Harry falou meio baixo, eu olhei estranho e Louis sorriu depois de terminar de engolir seu hambúrguer. – Conversei com nosso agente e não tem porque manter um relacionamento pela mídia, e tá bem claro que ela anda saindo com outros caras, então...
- Você tá solteiro? – Minha voz saiu um pouco mais aguda do que eu esperava, os dois meninos começaram a rir. – Não que isso seja da minha conta.
- Tô solteiro, Rhanninha – ele disse de forma blasé, simples e encantadora.
- Que bom – eu sorri e Louis soltou um ‘awwwnnn’ ao nosso lado.
- Ok, bonitinhos, vamos comer? – Louis falou me puxando pela mão e me levando pra cozinha.
Não estava com fome, tinha medo do meu estômago ainda estar fraco e acabar passando vergonha na frente dos meninos do One Direction. Ana, em contra partida, estava comendo tudo o que eles trouxeram e batendo papo com os cinco, quase tudo de uma vez. Os cinco estavam visivelmente encantados com ela, não poderia ser diferente. Tudo o que eles perguntavam sobre a banda ela sabia, tudo o que talvez eles não soubessem sobre eles mesmos ela já sabia, era incrível. E talvez por culpa do sorriso, cabelo e corpo ela estivesse chamando mais a atenção. Aninha era linda demais e eu me sentia muito um patinho feio ao lado dela, não que eu fosse horrorosa, mas pessoas bonitas demais acabam com meu ego, e com ela era assim. Eu a adoro, vamos deixar isso bem claro.
Enquanto os meninos da banda literalmente babavam em cima da Aninha – que essa hora estava sentada em cima da bancada falando alegremente com eles – eu resolvi ir pro banheiro dar uma lavada no rosto e jogar um pouco de água na nuca. Todos comeram, menos eu. Ainda me sentia um pouco fraca e enjoada, e não sei qual deles trouxe comida japonesa e o cheiro forte de peixe fez meu estômago dar cambalhotas, por uma razão meio óbvia eu preferi me afastar. Sem falar que eu não fazia idéia do que eles conversavam. Não sabia quem era Cheryl Cole, Caroline Flack, quem seria Kevin, Video Diaries e umas piadas internas que, quando eles faziam, Aninha já dava risada porque ela conseguia entender (que porra seria Vas Happening e NO JIMMY PROTESTED?). Sabendo que aquele não era o clima pra mim, porque a cada piada eu ia ficar com cara de tacho e ia pedir pra me explicarem, eu resolvi sair de cena. E até agora ainda estou no banheiro lavando meu rosto com tanta água e sabão que acho que estou ficando desbotada. Tirei minha camiseta do pijama e coloquei uma regata branca que estava pendurada ali, provavelmente era de Aninha, estava começando a ficar com calor, embora o tempo estivesse frio. Coloquei a mão na minha testa e vi que estava um pouco mais quente que o normal, presumi que estava em um estado meio febril. Tá, agora eu realmente fico nesse banheiro pra sempre.
- Mi - Ana, você deve ser nossa fã número um.
- AHHHHHHHH, seus lindos!
- Podemos adotar você como mascote da banda?
- Já deveriam ter feito isso faz tempo, óbvio que sim!
- Então hoje declaramos você oficialmente como a mascote do One Direction.
- OBRIGADAAA!!!
Comecei a rir no banheiro, Aninha estava tendo a noite da vida dela, e com os meninos a mimando tanto não poderia ser melhor. Realmente, eles sabiam como tratar as fãs e Aninha estava sendo tratada como uma princesa. Ouvi mais risadinhas e uns estalos de beijos, ela deveria estar beijando a banda toda. Peguei a toalha e sequei minha nuca, pescoço e rosto, me olhei no espelho e dei de cara com uma menina semi-zumbi e com olheiras absurdas, as bochechas do meu rosto estavam meio vermelhas, mas era por culpa da febre. De repente o mal estar em meu estômago voltou e eu senti que o ‘nada’ que eu tinha comido queria sair, quase chorei de desespero. Tranquei a porta do banheiro correndo, liguei o chuveiro e me abaixei de novo na privada, e aquela gosma sem cor e sem cheiro saiu da minha boca. Meu estômago ardeu e eu coloquei a mão na boca abafando um grito, que porra! O cheiro de comida tinha me deixado enjoada de novo, e talvez a melação na Ana tivesse ajudado um pouco. Eu não estava com ciúme, mas tem outra menina nesse apartamento! Outra menina que não curte One Direction... Tá, entendi o recado. E de novo outra gosma saiu da minha boca, e dessa vez eu gritei um pouco mais alto, parecia que meu estômago estava sendo rachado ao meio e lágrimas saíram dos meus olhos. EU NUNCA MAIS COMO SALMÃO NA VIDA!
- Rhanna?
Merda, mil vezes merda!
- Rhanninha, tá me ouvindo?
- Que foi, Aninha?
- Tá tudo bem? – Ela perguntou um pouco preocupada.
- Tô ótima – falei forçando a voz que saiu um pouco rouca. – Me dá um tempinho aqui.
- Nem pensar, Penalva! – E essa era a voz de Harry. – Abre a porta.
- NÃO! – Dei descarga, passei uma água na boca, delsiguei o chuveiro e abri só um pouquinho da porta, vi seis cabeças do lado de fora, todos com cara de preocupados.
- Rhanna, deixa eu entrar? – Harry pediu passando na frente de Aninha e colocando o pé pra dentro do banheiro.
- Harry, sai daqui – respondi, eu tava vendo um Harry embaçado. – Sério, não é um bom momento.
- Desculpa, Rhanninha – Niall falou mais atrás. – Ficamos empolgados conversando e não prestamos atenção em você.
- Desculpaaaaaaaaaaaa – Louis quase berrou mais atrás e todos riram. – Que você tem?
- Estômago fraco – falei dando de ombros e ainda mantendo a porta do banheiro meio fechada com o pé de Harry ali. –Styles, eu vou machucar seu pé.
- Você nem tá com força pra se manter de pé, Rhanna – ele falou meio irritante. – Sai daí.
- A Ana tá fazendo uma meleca de sal e açúcar, que é isso? – Liam perguntou olhando na direção da cozinha. – Credo.
- É SORO CASEIRO – ouvi Aninha berrar, nem vi ela sair dali da multidão. – É ALGO QUE A MÃE DA RHANNINHA ENSINOU.
- Soro caseiro? – Harry me olhou meio ressabiado.
- Remédinho brasileiro – eu falei. – Tira o pé, porra!
- Vai sair?
- Vou – bufei.
Harry tirou o pé e eu fechei a porta rápido só pra dar tempo de dar uma escovada nos dentes, os meninos ficaram berrando pra eu abrir e minutinhos depois eu abri a porta. Zayn veio até mim e me deu um abraço apertado que eu não estava esperando, me deu um beijo no rosto e passou as mãos carinhosamente em meus cabelos.
- Oi, faltava só eu te dar um abraço – ele disse todo fofo e eu comecei a rir. – Sou o Zayn.
- Eu sei – acabei sorrindo. – Obrigada pelo abraço, eu acho.
- De nada – ele me soltou. – E agora, o que tá acontecendo com você?
- Ai gente – eu tava sem graça, não gosto de ser o centro das atenções, eu deixo isso pra Aninha, e agora os cinco estavam me olhando de forma curiosa. – Eu tô com o estômago fraco hoje, por isso não fui ao show, aí vocês trouxeram comida e eu fiquei enjoada de novo...
- ESCONDE A COMIDA! – Louis disse e no segundo seguinte ele e Niall estavam fechando todos os potes onde a comida estava e escondendo na cozinha.
- Não quis dizer pra vocês esconderem a comida...
- Eles são doidos – Liam falou, eu memorizei mesmo todos os nomes deles, score pra mim! – Olha aí a Aninha.
- Oi – ela sorria meio sem graça. – Espero que tenha ficado igual ao soro que você tomou mais cedo, eu segui as instruções que você anotou da sua mãe – ela me entregou um copo com o soro, pelo menos a cor era a mesma. – Desculpa, Rhanninha.
- Desculpa pelo quê? – Eu tentei sorrir tomando um gole do soro, realmente estava igual ao meu. – A Aninha é doida por vocês e vocês deram atenção pra ela! Que fofos.
- Eles podiam dar atenção pra Aninha e eu dar atenção pra você – Harry disse ao meu lado com um cara meio de culpa.
- A Aninha gosta do ONE DIRECTION – apontei para todos os meninos, inclusive Louis e Niall, que estavam na cozinha. – E não apenas parte dele! Se você não desse atenção pra minha amiga ia ficar muito chato.
- E por que você não participou da conversa? – Liam me perguntou.
- Porque eu... – mordi os lábios, ai caralho. – Eu não conheço tão bem a banda como a Aninha conhece, ia ficar um pouco perdida.
- Ah, que besteira – Zayn falou e os meninos riram. – Como que você espera conhecer a banda se não passar um tempo COM a banda?
- Exatamente – Niall voltou e abraçava Zayn por trás. – O que você quer saber sobre nós, Rhanninha?
- Gente, sério... – eu ri nervosa e bebi outro gole do soro. – Não se preocupem comigo, eu realmente estou de boa.
- Mas nós não – Harry disse ao meu lado. – Pelo menos eu não estou.
- Nenhuma garota é ignorada pelo One Direction – Liam disse. – Não interessa se ela sabe tudo sobre nós ou não.
- Somos garotos normais – Louis deu de ombros. – A diferença é que a nossa vida tá meio exposta.
- E a diferença é que você não fica 24h lendo tudo sobre nós, o que na verdade é bem legal – Zayn complementou. – Não que você não seja legal, Aninha.
- Eu entendi – ela sorriu.
- Promete que da próxima vez vai participar da conversa e se não entender alguma coisa vai perguntar? – Harry ficou de frente pra mim e me fez essa pergunta como se fosse a coisa mais importante do mundo pra ele.
- E vai ter próxima vez? – Perguntei.
- Por que não teria? – Louis disse. – Nós adoramos vocês, eu adorei.
- A Aninha agora é a fã número um do 1D, e você é amiga da nossa fã número um... Realmente vamos nos ver VÁRIAS vezes – Niall disse empolgado. – Não temos mais muitas amigas, então é legal.
- Obrigada – agradeci e recebi um beijo no rosto de Harry, não sabia mais se tava tonta pelo beijo ou pela falta de comida no estômago.
- Rhanninha, por que seu rosto tá tão quente? – Harry me perguntou passando a mão na minha bochecha e depois colocando a mão na minha testa. – Caraca, você tá com febre.
- É normal – dei de ombros. – Geralmente quando eu passo mal do estômago me dá febre também, mas com o soro eu já melhoro.
- Quer que eu compre alguma coisa, Rhanninha? – Aninha me perguntou. – Tem uma farmácia aqui perto.
- Não precisa, eu tô bem, digo, vou ficar bem – respondi tentando colocar um ânimo em minha voz, não queria todo mundo me bajulando.
- O que vocês acham de deixar a Rhanninha e a Aninha descansando? – Liam perguntou abraçando Aninha de lado, eu vi claramente ela prender a respiração.
- Acho uma boa idéia – Louis disse. – Quando nos vemos de novo?
- A Rhanninha tem o telefone do Harry, é só eles se ligarem – Aninha falou rindo meio sacana e os meninos deram um olhares maliciosos para mim e para Harry, acho que nós dois ficamos sem jeito.
- Vai que ela tá perdida em Londres, ela precisa de ajuda... – Harry começou a dizer, mas a zoação dos outros acabou cortando sua frase pela metade e ele desistiu.
- Tá bom Harry – Niall disse. – Meninas, vamos estar ocupados a semana toda, mas só mandar um tweet ou algo assim e vamos nos falando.
- Vocês tem dois milhões de seguidores, como vão nos achar? – Perguntei. - Qual o Twitter de vocês? – Zayn perguntou, já tirando o BlackBerry do bolso. Aninha disse o dela e eu disse o meu. – Estou mandando DM para as duas, vamos nos comunicar assim. É mais fácil.
- Fechado – respondi.
- Vamos? Amanhã tem mais um show, mais ensaios... – Niall dizia enquanto dava um beijo em Aninha e depois um beijo em mim. – Sério, Rhanna, você tá com a febre alta.
- Eu vou cuidar dela – Aninha veio até mim e me deu um abraço, os meninos fizeram uma cara fofa enquanto nos encaravam. – Eu sei cuidar das pessoas.
- Espero que sim – Harry falou sorrindo pra nós duas, eu acabei sorrindo de volta. – Me liga amanhã?
- Claro, que horas você vai estar livre? – Perguntei.
- Me liga qualquer hora, se eu não atender eu te retorno – Harry respondeu, estava dando a impressão que nos conhecíamos desde sempre.
- Vocês dois são tão fofos – Zayn falou abraçando Harry por trás e nós rimos. – Aninha, quer ser minha melhor amiga fofa?
- Eu quero ser mais que sua melhor amiga fofa – ela respondeu com um olhar cheio de segundas intenções e nós caímos na gargalhada.
- Sério, como você consegue? – Perguntei olhando pra ela totalmente abismada e ela fez cara de desdém. – Zayn, cuidado com o que você pergunta pra ela.
- Tô ligado – ele piscou pra mim e eu sorri.
- Paul ligaaaaaaaaaaaaaando – Louis mostrou o celular. – Precisamos ir, meus amores.
- Vamos sair pela porta ou pela janela? – Niall olhou pra porta e pra janela e nós rimos.
- Acho que não tem problema vocês saírem pela porta, a essa hora nem tem muita gente acordada mesmo – respondi. – Mas, vocês podem jogar um lençol por cima e irem iguais cinco fantasmas.
- Gostei da ideia – Liam respondeu. – Vocês tem pelo menos uns três lençóis?
- Temos – Aninha disse de prontidão. – Podemos ir com vocês?
- Aham... – Zayn disse pegando o lençol e jogando por cima de si mesmo e de Aninha.
Louis, Niall e Liam foram embaixo do mesmo lençol de casal, e sobrou pra Harry e eu dividirmos o outro. Ele jogou por cima de mim e me abraçou pelo ombro enquanto eu abria a porta, estávamos tão perto um do outro, mas a zoação dos outros meninos era tão grande que nem dava pra rolar um clima. E eu não queria que rolasse um clima, ele é amigo! AMIGO!
Chegamos no andar debaixo e Aninha abriu a porta. Paul já esperava com a van aberta e nós todos corremos juntos para o veículo. Primeiro os três (Niall, Liam e Louis) saíram do lençol e pularam para a van, eu e Harry estávamos um pouco mais atrás esperando os meninos se acomodarem.
- Você tá muito quente, e isso não está sendo um elogio – Harry falou encostando o rosto no meu e medindo minha temperatura, já que as mãos estavam ocupadas segurando o lençol. – Promete que vai voltar, entrar debaixo das cobertas e se cuidar? Se não der pra me ligar amanhã, não tem problema.
- Harry – eu falei rindo. – Você tá parecendo minha mãe falando!
- Desculpa – ele olhou pro chão. – Eu, eu gostei de você, Rhanninha, e eu não confio muito na Aninha pra cuidar de você.
- Sei me cuidar sozinha – eu ri. – Vamos, Paul só está esperando você.
- Ok...
Corremos até a van, antes de pular pra dentro dela Harry me deu mais um beijo no rosto e pulou caindo no colo de Liam. Eu e Aninha ficamos do lado de fora enroladas no lençol enquanto Paul fechava a van e dizia pros meninos ficarem quietos e não chamarem mais a atenção, era uma situação hilária.
- E aí, Rhanna? – Paul falou comigo, Aninha ao meu lado quase caiu dura.
- Oi, Paul – respondi sorrindo. – Cuida bem deles, tá?
- Pode deixar – ele sorriu. – Precisamos ir, meninas, até mais.
- Até – eu falei, já que Aninha não dizia nada.
Subimos as escadas com Aninha me falando o quanto eu era sortuda, que além de TUDO o segurança dos meninos me conhecia, que Harry ficou me olhando de forma fofa a noite toda – coisa que eu sei que era mentira –, o quanto ela me ama agora, já que por uma brincadeira do destino eu acabei me esbarrando com Harry Styles e consequentemente acabamos conhecendo o One Direction por completo, como eu tenho que parar de ser trouxa e dar em cima do Harry porque ela vai dar em cima do Zayn – na verdade ela já deu, e foi bem descarada – e mais um monte de coisas que eu não consegui acompanhar.
Naquela noite decidi ir para o meu dormitório, ele estava meio vazio, já que eu estava levando tudo para o dormitório daAninha. Porém eu realmente queria ficar sozinha, nem tava com tanta febre assim e meu enjôo tinha melhorado. Quando deitei na cama e ameacei fechar os olhos, vi a luz do meu celular começar a piscar e eu tinha quase certeza de que eraAninha falando pra eu ir pra lá ou comentando mais alguma coisa dessa noite; parte de mim não queria ler, mas eu sou curiosa demais. Peguei o celular meio desastrada e só cliquei em ‘ler mensagem’.
‘You’ve got that one thing – Harry X’
Sorri igual uma besta quando aquelas letrinhas miúdas e brilhantes apareceram pra mim no visor do celular. Tudo bem que era o trecho de uma música deles, mas receber essa mensagem me deixou tão feliz que acho que minha febre até foi embora. Todos os meninos eram lindos, eram fofos e eram simpáticos, mas pra mim Harry tinha algo especial, algo que eu não sabia exatamente o que era. O sorriso, o jeito que ele mexia no cabelo, o olhar, a bunda – ah tá, eu olhei, pô – e o fato de ser famoso. O sorriso murchou, ele era famoso, ele seria aquela coisa de uma noite e pronto. Ou eu levo de boa nossa relação como amigo ou eu vou me machucar, nunca vou conseguir algo sério com ele, Harry não é esse tipo de garoto. Eu não sou o tipo de garota dele, e Harry Styles não é o garoto das músicas que ele canta. Volta para o mundo real, Rhanna.
Capítulo 05
Yeah, as I stumble into the night
We're touching
But I feel like you're still out of reach
The people here are buzzing like a bug on a light
I'm feeling like I always see them,
But they can't see me
Kelly Clarkson a todo vapor tocava nos carros em frente à nossa escola. Primeira semana de aula e eu nunca estive tão feliz como estou hoje. Apesar de estar frio, o sol brilhava em Londres e eu só conseguia pensar em SUN IS IN THE SKY AND IT’S GONNA BE A GLORIOUS DAAAAAAAAAAAAAY, trecho de Everybody Knows do McFly. Aninha já tinha feito umas amizades e eu ainda estava sentada em um murinho perto da porta da escola. Eu adorava Kelly Clarkson, então pra mim estava sendo ótima a trilha sonora de fundo. Os meninos do 1D mantiveram contato conosco durante os dias que se passaram, ocasionalmente Harry me mandava mensagens e duas vezes me ligou pra saber se eu estava melhor. Vi hoje pela manhã eles em um programa e foi muito surreal, as meninas quase se jogavam na frente do carro onde eles estavam só pra receber um ‘oi’; mandei uma mensagem pra ele quando vi isso, e o imbecil estava com o celular no bolso DURANTE a entrevista. Os dois entrevistadores incentivaram Harry a pegar o celular e ler a mensagem, eu mandei algo do tipo ‘vocês tem fãs absurdamente loucas, sorte minha que não gosto de One Direction X’ . Harry e Liam riram quando leram, Harry foi passando o celular para os outros meninos e eles riram também, quando ele foi perguntado de quem era a mensagem ele respondeu algo como ‘alguém especial’; eu era especial? As perguntas sobre namoro, quem era essa pessoa e coisas do tipo começaram a pipocar, e Harry sempre na defensiva. Entrei no Twitter da Aninha – já que ela seguia praticamente o fandom INTEIRO dos meninos – e logo vi xingamentos e surtos das fãs, só de imaginar se Harry estava namorando. Me senti mal, me senti péssima... Se alguma fã suspeitasse desse relacionamento secreto que eu eAninha tínhamos com eles, seria o fim da minha vida. Eu tenho medo dessas fãs, eu SOU uma dessas fãs, ou era. Eu fiquei louca quando o Tom disse que ia casar, fiquei mais louca com a Frankie e quis tacar uma bomba na cara da Georgia de tão insuportável que eu a achava. A única que eu sempre amei foi a Izzy, ela é perfeita; pois bem, eu sei como funciona o coração de uma fã e sei que essas meninas loucas por 1D não vão pensar duas vezes antes de começar a ameaçar eu ou a Aninha de morte caso elas descubram alguma coisa. Tentei não pensar mais nisso enquanto fazia meu caminho pra escola, por isso estava sentadinha no murinho ouvindo Kelly Clarkson e vendo Ana balançar os cabelos de um lado pro outro enquanto conversa com dois meninos, eu queria ter os cabelos da Aninha.
Sentimental feelings
Never get me anywhere
My heart continues beating
Is there anybody, anybody?
Hello
Hello, is anybody listening?
Let go as everyone lets go of me
Won't somebody show me that I'm not alone, not alone
- Hello?
Um garoto com a pele branca como a neve, bochechas coradas, olhos azuis piscina e cabelos acobreados em um tom que misturava loiro, caramelo e cobre estava parado na minha frente com um sorriso ridiculamente perfeito no rosto. Seu porte físico parecia de um jogador de rugby – estilo baterista gostoso do McFly – e sua roupa parecia aquela amassada no fundo do guarda roupa. Calça jeans surrada, tênis mais ou menos velho nos pés, camiseta branca e uma camisa xadrez azul jogada por cima. Ele tinha um ‘quê’ Zac Efron, mas com todo aquele ar britânico de lord... Não consigo nem colocar em palavras, ele era lindo demais. Será que é famoso também e eu vou dar outra bola fora?
- Oi? – Perguntei meio confusa e ele ainda sorria.
- Você estuda aqui? – Sua voz era doce, grossa, suave, meu Deus!
- Comecei hoje, e você? – Sempre tentando manter o tom casual.
- Também – ele sorriu. – Desculpa te incomodar, mas vi que você tá meio perdida e sozinha assim como eu – ele riu meio sem jeito e uma covinha linda e discreta apareceu do lado esquerdo do seu rosto. – Sou Sam.
- Prazer, Sam – estendi minha mão. – Sou Rhanna.
- Prazer é meu – ele sorriu e eu também. – Posso me sentar aqui enquanto a aula não começa?
- Claro – tirei minha mochila do meu lado dando espaço pro garoto bonitão se sentar, por dentro eu tava berrando. – Faz curso de quê?
- Fotografia, e você? – Ai caralho!
- Também – respondi um pouco animada, mas não tanto quanto eu realmente estava, eu podia assustar o menino.
- Legal, já conheço uma pessoa da minha sala – ele riu. – Você é de onde?
- Brasil – falei sem graça. – E você pelo visto não é do Reino Unido.
- Austrália – ele falou sorridente. – Mas não gosto muito de lá.
- Como não gostar da Austrália? – Perguntei meio abismada. – O país é lindo!
- Já foi alguma vez pra lá?
- Não – falei sem graça e ele gargalhou. – Mas pelas fotos e filmes eu vejo que é maravilhoso.
- Nem tanto, a mídia abusa um pouco na propaganda enganosa. Por exemplo, Brasil é só carnaval e favelas?
- Claro que não.
- Então, Austrália não se resume a apenas praia e cangurus – ele disse sorrindo e eu acabei rindo junto. – Nem se resume a ‘Procurando Nemo’.
- Eu ia chegar lá...
Ficamos jogando conversa fora uns cinco minutos. Sam era muito fofo e altamente tímido; mal me olhava nos olhos e o tempo todo coçava a nuca e olhava pros próprios pés como se tivesse medo de fazer contato visual. Não que eu me incomodasse, eu era bem tímida também e, como já disse outras vezes, não gosto e não sei ficar perto de pessoas bonitas demais, e esse garoto era LINDO! Enquanto conversávamos dei uma olhada na Aninha, que encarava a mim e a Sam como uma bocona aberta em ‘O’ e ao mesmo tempo sorria. É, eu tava me dando bem no primeiro dia e nem sei como isso aconteceu. Quando ia me levantar pra aula – já que o sinal bateu e Kelly Clarkson parou de tocar – senti meu bolso de trás vibrar e presumi que era uma mensagem chegando. Me dava arrepios imaginar de quem era essa mensagem.
‘A aula já começou? Harry X’
Sorri sem ao menos perceber quando li a mensagem. A entrevista no programa matinal devia ter acabado e eu já imaginei os meninos no camarim não fazendo nada, Harry sentado em um canto com o celular na mão digitando a mensagem pra mim. Alguns segundos da vida dele ele desperdiçou pensando em mim, achei tudo muito encantador.
‘Estou indo pra aula agora – Rhanninha X’
Respondi rápido, já que uma das diretoras estava na porta chamando os alunos. Sam foi indo na frente enquanto Aninha me esperava do lado de dentro. Corri um pouco pra não ficar atrasada e coloquei o celular no bolso da mochila, caso ele me respondesse eu iria ver mais tarde.
A temperatura de cor é uma caracteristica da luz visível, usada em muitos casos, incluindo a fotografia. Para medir esta temperatura é usada uma escala, cuja unidade de medida são os graus Kelvin, que mede a intensidade da luz refletida por um corpo preto em incandescência.
- Rhanna Penalva?
Olhei pra cima e vi aquela fada em forma de pessoa, Olivia! Ela sorria e estava com uma caderneta na mão e uma caneta preta na outra.
- Oi – falei sorrindo.
- Assine aqui, por favor, é só pra comprovar que você estava na minha aula – ela colocou a caderneta em minha mesa e eu assinei quase com uma caligrafia trêmula, ela era minha ÍDOLA!
- Vai ficar chato se eu falar que te amo e você é minha profissional favorita? – Falei totalmente fangirling over her!
- Obrigada, flor – ela disse toda meiga e delicada e mantendo o sorriso no rosto, estava correndo o risco de ficar apaixonada por ela.
Voltei minha atenção para o livro que estávamos lendo. Aprendíamos como tirar fotos com iluminação diferente, temperatura e etc. Iríamos ter aulas práticas pelo menos uma vez por semana, sem falar que na próxima segunda seria o photoshoot da Sugar Scape e eu estava tendo calafrios só de imaginar. Para não ficarmos com cara de bocós, teríamos umas aulas práticas a mais essa semana com algumas modelos, pelo menos para aprender como devemos nos comportar em um estúdio fotográfico, saber qual é o melhor tipo de iluminação... Essas coisas. Tô torcendo pra um dia fotografar com o Leishaman – o fotógrafo do McFly –, e, quem sabe fotografar o Dougie com as roupas da grife Saint Kidd; eu sonho alto demais.
- Rhanninha? – Aninha, que estava sentada atrás de mim, me cutucou com uma régua.
- Fala.
- Quem era o bonitinho que você estava conversando de manhã?
- Ai, sério, Ana?
- Qual é? Você não me disse absolutamente nada e eu to hiper blaster curiosa.
- Muda o palavriado para palavras mais simples – eu disse rindo e ela bufou.
- Não muda o curso da conversa, quem é ele?
- O nome dele é Sam, ele é da Austrália e só foi um carinha bonitinho que se sentou ao meu lado lá fora. Só isso – falei tentando me concentrar de novo no meu livro.
- Ele é solteiro?
- Aninha, eu não sei – falei baixo.
- Você vai pegar ele?
- Ana Gordon! – Falei um pouco alto e a linda Olivia olhou pra mim, que mico.
- Rhanna, está tudo bem por aí?
- Está sim, professora, eu só... estava tentando chamar a atenção da minha amiga – ai que vergonha.
- Okay, volte para o livro, por favor – Olivia disse meiga e eu senti minhas bochechas pegarem fogo.
- Vai virar queridinha da professora agora? – Aninha me provocou.
- Eu a amo, cala a boca – falei rindo e dessa vez, fiquei quietinha lendo o livro.
Tivemos duas horas de aula com Olivia, eu realmente aprendi muita coisa. Não tenho experiência e acabei de descobrir que preciso de uma câmera nova. Por dia tínhamos quatro horas de aula e um intervalo de meia hora a cada duas horas. Falei com Olivia depois do término da aula e tirei algumas pequenas dúvidas, na verdade eu estava na grande parte do tempo inventando perguntas. O jeito que ela falava de fotografia era impressionante, e eu quase cheguei a perguntar como foi trabalhar com Mcfly e como que ela conseguiu tirar as fotos do Motion in the Ocean, mas preferi me calar. Danny era um tema muito delicado – ainda mais depois de uma entrevista que ele deu em 2009, se não me engano ele admitiu que a traiu, besta – e eu acho que a amo demais pra falar disso. Perguntei mais ou menos como seria o photoshoot de semana que vem e, com um sorriso enorme, Olivia me respondeu que seria uma experiência única. É, realmente seria.
Saí para o nosso refeitório e encontrei Aninha sentada sozinha com o laptop aberto no colo. Ela tinha uma leve cara de preocupação e eu não gostei do que vi. Enquanto caminhava dei ‘oi’ pro Sam, que conversava com um grupo de meninos – ele estava fazendo amizade, bom pra ele –, e fui na direção da minha amiga. Sentei-me ao seu lado e, sem falar absolutamente nada, ela só me virou a tela do notebook. Ali estava a página dela no Twitter e do Tumblr, e eu nunca li tantas palavras absurdas na minha vida de uma vez só. Asks no Tumblr perguntando ‘quem era a garota especial deHarry Styles’, no Twitter já com mil suposições de quem poderia ser a garota, algumas meninas afirmando que ELAS eram a garota – com fotos e montagens delas com o Harry – e tanta coisa que me deu dor de cabeça e um embrulho no estômago.
- E ele só falou que é alguém especial – Aninha disse com uma certa dor na voz. – Esse fandom é muito obcecado, tenho medo e ao mesmo tempo dó dos meninos.
- Harry já ficou com fãs, certo? – Perguntei dando uma mordida em uma maçã que peguei no caminho; Aninha afirmou com a cabeça. – As fãs deviam ficar acostumadas quando ele tem alguém especial, qual o problema?
- O problema é que One Direction tá sendo maior que Justin Bieber e que as fãs acham que os meninos são propriedades delas – Aninha falou com um certo pesar na voz, ela não gostava disso. – Não acontece isso com McFly não?
- Bom – mordi de novo a maçã e engoli o pedaço. – Acho que já aconteceu. Sempre tem uma fã ou outra que não gosta da Giovanna ou, no meu caso, da Georgia. Mas Mcfly é família, sabe? As fãs geralmente apóiam os meninos em praticamente tudo, rola aquele sentimento de ciúme, mas o amor é maior – falei sentindo um orgulho queimar em mim.
- Mas não teve um rolo com alguém das The Saturdays?
- A Frankie é vaca – eu ri e Aninha também. – As fãs caíram em cima dela porque ela arrasou o Dougie. Ele ficou mal, foi pra rehab, mas deu a volta por cima porque ele é foda demais. Mas ela não conta, ela foi uma garota que todas as fãs odiaram, mas ninguém ficou mandando ameaça de morte pra ela por Twitter, só mandaram ela tomar no cu algumas vezes – eu gargalhei meio baixinho, eu fiz isso.
- Entendi – Aninha disse. – Espero que nunca fotografem você com o Harry, amiga, se não a coisa vai feder pro seu lado.
- Como assim? – Perguntei totalmente na dúvida.
- Olha isso.
Aninha virou novamente o laptop pra mim e eu vi uma ask no Tumblr que fez eu me sentir gelada e quase morta ao mesmo tempo.
Ask: Se o Harry estiver namorando eu vou matar essa garota!
Resposta: Eu acho que devemos apoiar os meninos, mas o Harry tem um péssimo gosto pra garota e essa daí deve ser mais uma biscatinha. POR FAVOR, SE ALGUÉM VER O HARRY COM UMA MENINA, TIREM FOTOS!
- Entendeu agora o motivo pelo qual você não pode ser vista com o Harry ou com qualquer outro do One Direction? –Aninha me olhou séria.
- Amiga, isso não vai acontecer. Digo, eles estão mega ocupados e acho que se nos vermos vai ser muito rápido, eles não tem tempo pra nada e...
E nesse momento meu celular vibrou, e não era mensagem.
- Aham, tô vendo, Rhanna – Aninha falou fechando o laptop. – Só fica segura, ok? Eu tô falando sério. Cyberbulling é foda e o pior é quando passam isso pra vida real.
- Tudo bem, Aninha – falei me afastando dela e indo atender a ligação. Preciso falar que era Harry? – E aí?
- Ocupada?
- Nem um pouco – respondi me sentando um pouco distante de todos. – Tudo bem?
- Aham... PARA QUIETO, CACETE! – Ele disse alto no telefone e eu acho que quem estava perto de mim pode ter escutado. – Desculpa, me diz que você tirou o telefone da orelha quando eu gritei.
- Não, não tirei – respondi rindo e passando o celular da orelha esquerda pra direita. – O que está acontecendo?
- Louis está berrando aqui do meu lado e fica tentando tirar o celular da minha mão pra falar com você.
- Deixa eu falar com ele, oras – respondi rindo.
- Mas quem tá falando com você SOU EU – ele berrou de novo. – QUE PORRA, DEPOIS TE DOU O NÚMERO DELA, TÁ FELIZ?
- Tô sim – ouvi a voz de Louis ao fundo e gargalhei.
- Harry, quer me ligar outra hora?
- Não, depois não vou conseguir cinco minutos livres – ele disse. – Liguei pra saber como você está, e... tá tudo bem mesmo?
- Pra que essa preocupação toda? – Perguntei e dois segundos depois a ficha caiu levemente. – Ah meu Deus, você viu o Twitter?
- Exato, pensei que você nunca fosse entender – ele riu sem humor do outro lado da linha. – Alguém te falou alguma coisa ou fez alguma coisa?
- Como que alguém vai fazer alguma coisa sendo que nem me conhece?
- Não sei, as nossa fãs são meio bizarras.
- Isso eu percebi, Harry, elas deixaram bem claro que vão me matar caso me vejam com você, e elas nem sabem quem eu sou – bufei. – Olha, eu tô bem, ninguém nunca viu minha cara e eu espero que continue assim.
- Quer dizer o que com isso? – A voz dele estava meio séria.
- Não quero dizer nada, mas se vamos nos ver de novo eu acho melhor que seja bem escondido e de noite, sem luz solar. Na boa, eu temo pela minha segurança.
- Entendo, Rhanninha – ele suspirou e meu coração apertou. – Olha, se você achar melhor se afastar eu vou entender, eu só queria que... Eu gosto de ser seu amigo.
- Eu não vou me afastar – falei meio sorrindo. – Se eu fizer isso a Aninha me mata, agora que tenho a chance de ir em shows de graça? Tá doido?
- Obrigado por abusar da minha boa vontade – sua voz tinha um tom um pouco mais animado.
- Harry, eu só não quero que as pessoas me associem ao One Direction – falei o nome da banda baixinho, vai que alguém ouve? – Nem que me rotulem ou que alguma fã de 12 anos me jogue um ovo na cabeça porque eu sou amiga do ‘bebê’ dela – ele riu quando eu disse isso. – Vocês são adoráveis e é lógico que eu quero continuar amiga de vocês, mas se não der pra te ver durante o mês todo porque você estão ocupados, ou porque vocês estão sem tempo ou porque é arriscado demais, não tem problema. Vamos nos falando por mensagens, telefonemas e DM’s.
- Sério – ele suspirou do outro lado da linha. – Você é incrível.
Fiquei muda. Tá, fiquei mesmo! Não estava esperando por isso e a voz de Harry me dá MUITO arrepio, é aquela voz gostosa e ao mesmo tempo misturado com esse sotaque forte, puta que pariu. E aí ele solta essa que eu sou incrível com o timbre de voz de um garoto que nem tem 21 anos. É pedir pra em matar.
- Tá aí ainda? – Ele perguntou rindo.
- Aham – respondi. – Tipo, por que eu sou incrível?
- Com tudo isso o que tá acontecendo você fica tão calma e, porra, Rhanninha, não quero me gabar nem nada, mas sendo nossa amiga você ia conseguir tanta coisa e você nem pensa nisso! É incrível.
- Obrigada – eu ri. – Já disse, odeio groupies.
- Eu sei disso – ele tinha uma certa ansiedade na voz. – Você é o tipo de garota que eu queria ao meu lado.
- Mas você me tem, sou sua amiga, não sou?
- Não Rhanninha... Você... Deixa pra lá – ele riu sem humor.
- Harry?
- Eu preciso ir, vamos dar uma entrevista na Rádio Capital, tem como você ouvir?
- Infelizmente não, tenho que voltar pra aula... – vi Sam ao longe me chamando, a maioria dos alunos já tinham entrado. – Espera um pouco, Harry.
- Okay...?
- SAM! – Eu o chamei. – Guarda um lugar pra mim no fundo, por favor?
- Já guardei, Rhanninha, eu e sua amiga doida lá pegamos o seu material – ele sorriu e eu comeei a gargalhar, Aninha já tinha falado com ele.
- Obrigada, to indo já...
- Belê.
- Harry, tá aí ainda?
- Tô – ele tava sério. – Quem é Sam?
- Ah, um amigo novo – falei já andando. – Conheci ele hoje, todo tímido, tadinho. Acho que ele devia estar mais perdido que eu – acabei rindo.
- Tá... – e de novo sério. – E vocês se deram bem?
- Claro que sim, o cara é da Austrália, mega fofo – a respiração de Harry ficou pesada do outro lado da linha, decidi me calar. – Escuta, vou passar a tarde treinando as fotografias por Londres, vai ficar ocupado?
- Vou, digo... Vamos. A banda toda – ele riu fraco. – Mais pro fim da tarde eu vou ficar livre, pode me ligar.
- Vai fazer alguma coisa hoje? Preciso de um crítico para as fotos que vou tirar.
- Manda pro meu email, te passo por mensagem daqui a pouco. Assim que você tirar já me manda e mais tarde nos falamos e eu te falo o que achei das fotos.
- Obrigada, Harry – falei feliz comigo mesma. - Sua opinião vai ser importante pra mim.
- Escuta – ele fez um estalo com a boca. – Amanhã nós temos o dia de folga e, bom, por que você e a Aninha não vão pra nossa casa hoje? Assim eu te digo o que achei das fotos pessoalmente, e você ainda tem a chance de treinar o photoshoot hoje com a banda toda.
- Uau, tentador – eu comecei a rir nervosa. – Mas não é perigoso?
- Paul te busca no apê de vocês, acho que não tem problema.
- Promete não publicar nada no Twitter e nem falar que ‘a garota especial tá na sua casa’? – Falei mordendo os lábios nervosa e ele riu do outro lado da linha. – Harry, tô falando sério.
- Tá, prometo – ele disse. – É bom eu já avisar o Louis, porque ele vai ficar todo empolgado de saber que vocês vão vir pra casa hoje.
- Ok – eu ri. – Preciso mesmo ir agora, quando ficar livre mais pro fim da tarde me manda mensagem ou me liga.
- Pode deixar, Rhanninha, beijo e boa aula.
- Obrigada – e desliguei o telefone.
Suspirei fundo, eu tinha acabado de falar com o Harry e com a Aninha que talvez fosse ser extremamente difícil nos vermos novamente, e agora eu acabei de marcar um encontro básico na casa dele mais tarde. E não apenas pra mim, mas pra Ana também! Guardei o celular no bolso traseiro da minha calça e corri pra próxima aula; seria aula sobre como fotografar em preto e branco, provavelmente seria uma das minhas aulas favoritas.
- E seu nome seria? – Um professor cheio de gala que lembrava um ator de cinema me perguntou quando apareci na porta da sala dez minutos atrasada.
- Rhanna – falei com uma certa dificuldade. – Rhanna Penalva.
- Bem, Rhanna Penalva – ele suspirou e me deu uma olhada de cima a baixo. – Acho que você deve saber que aqui na Inglaterra nós não admitimos atrasos.
- Eu sei e eu realmente sinto MUITO! Isso não vai mais acontecer, eu simplesmente... Bom, acho que me perdi – falei tomando mais ar que o necessário e relaxando os ombros.
- Espero que arrume um mapa para amanhã, não quero ter que ficar interrompendo minha aula porque uma aluna incapaz de se localizar na escola acabou chegando atrasada – e de novo aquele olhar. – Vai se sentar, por favor.
- Obrigada.
Lembra que eu disse que ia ser uma das minhas aulas favoritas? É, pode esquecer.
- Que aconteceu, Rhanninha? – Aninha me perguntou assim que me sentei ao seu lado e já fui logo abrindo meu livro e meu caderno. – Você tá com a cara branca.
- Isso é de correr mesmo, sou sedentária – ri baixo. – Na verdade, eu preciso te comunicar uma coisa.
- O quê?
- Nós vamos hoje à casa do Harry e dos meninos – falei mordendo a boca e só vi o olhar de Aninha arregalar absurdamente, ela parecia um mangá. – Aninha, não grita, pelo amor de Deus.
- Caraaalho! – ela disse colocando a mão na boca. – Puta que pariu, puta merda, caralho, que porra é essa?
- Cacete, tem como sair mais palavrão?
- Não fode, Rhanna, não fode! – Ela respirava com dificuldade, eu queria muito rir, mas não estava numa zona de conforto pra isso. – Como que isso foi acontecer?
- Na verdade – eu dei uma olhada de leve pro professor, que estava de costas escrevendo algumas coisas na lousa e falando ao mesmo tempo. – Harry me ligou pra saber como eu estava. Ele leu algumas coisas no Twitter e ficou preocupado comigo.
- Que gracinha!
- É, mas nem tem como nada acontecer, ninguém me conhece – dei de ombros e Aninha concordou. – Então eu disse que ia passar a tarde treinando fotografia por Londres e pedi pra mostrar minhas fotos pra ele.
- E...
- Ele me disse que estão de folga amanhã e me perguntou se não queremos ir a casa dele hoje – sorri e ela sorriu mais ainda. – Paul vem nos buscar, foi isso o que ele disse.
- Me belisca, Rhanninha – ela esticou o braço e eu ri baixinho. – Eu sabia que achar seu passaporte era um sinal do destino, você é a criatura mais rabuda que eu conheço!
- Queria eu ter essa mesma percepção que você – falei. – Eu tô achando isso tudo demais, não vou mentir. Mas não é uma empolgação assim tão grande quanto a sua.
- Imagina Tom Fletcher virando seu amigo e te convidando pra um jantar na casa dele com o resto do McFly – Aninha disse me provocando.
- Aí sim – eu sorri, meu estômago quase caiu só de imaginar essa oportunidade.
- Você sabe que eles moram em um complexo, né? Estilo, sei lá, teletubbies?
- Não faço idéia do que você está falando – disse rabiscando umas coisas no meu caderno só pra disfarçar. – Eles não moram juntos na mesma casa?
- Se não me engano tem dois que moram juntos, mas não sei quem são – ela disse meio pensativa. – De qualquer forma, nós vamos entrar no ninho do One Direction! O lugar onde qualquer menina do mundo queria entrar...
- Desculpem... – uma menina loira muito bonita me cutucou nas costas.
- Pois não? – Perguntei sendo simpática.
- É, eu ouvi vocês falarem ‘ninho do One Direction?’ – O olhar dela tinha um brilho quase psicopata, morri de medo.
- Ehr... – olhei pra Aninha procurando por ajuda, eu não sei me livrar bem desse tipo de situação.
- Não, fofa – Aninha disse. – Eu disse ‘o bonitinho do One Direction’ – ela falou e a menina fez aquela cara de ‘ahhhh entendi’. – Você gosta deles?
- Se eu gosto? – A loirinha jogou os cabelos pra trás e sorriu. – Eu sou apaixonada por eles! Na verdade eu sou apaixonada pelo Harry, mas não é amor de fã, é amor de homem mulher mesmo, sabe? Eu vou até o fim do mundo pra conhecer ele, eu sei que ele é o amor da minha vida, o cara mais perfeito...
Blá blá blá. Desliguei um pouco.
- Uau, boa sorte, garota – Aninha disse meio sarcástica olhando pra mim, abafei uma risada.
- Não preciso de sorte – ela disse ainda sorrindo. – Eu sei que quando ele me conhecer ele vai se apaixonar por mim, eu tenho tudo o que ele procura em uma garota. Sei de cor as coisas que ele fala em entrevistas, eu sou a alma gêmea dele.
- Mas – me arrisquei a dizer – eu vi uma entrevisa dele hoje de manhã e, hm, parece que tem alguém especial na vida dele.
- Essa vadia? – Ela levantou a sobrancelha e eu senti meu estômago embrulhar. – Ela que não se meta na vida do Harry. Na boa, ela não sabe com quem está se metendo.
- Mas você nem a conhece – me arrisquei a dizer, Aninha me olhou repreendedo-me.
- Não preciso conhecer, deve ser alguma putinha que o Harry andou comendo por aí e agora fica mandando mensagem pra ele. E pra não ficar chato ele disse isso na entrevista, ele gosta de mexer com as fãs e adora quando nós ficamos com ciúme.
- Bom – Aninha falou me abraçando de lado. – Eu realmente espero que você tenha sorte com o Harry Styles; ele será um garoto de sorte caso encontre você.
- Eu sei disso – ela sorriu convencida.
Eu e Aninha nos viramos pra frente e ficamos caladas. De repente todo o meu medo pareceu voltar; eu não fazia nem ideia do que essas garotas pensavam com respeito aos meninos, e vendo uma falar na minha frente o que ela pensava era muito assustador. Estava com as mãos tremendo debaixo da mesa quando senti Aninha segurar minha mão e apertar firme passando seu polegar na palma da minha mão. Olhei pra ela com meus olhos quase marejados e ela sorriu de forma encantadora.
- Estamos juntas, não estamos? – Ela disse baixinho.
- Sim – foi a única coisa que consegui responder.
E com muito esforço foquei o professor e passei a aula toda ali, sentada quietinha segurando a mão de Aninha como se minha vida dependesse disso. E, de certa forma, dependia sim.
As últimas duas horas acabaram e eu finalmente pude sair daquela sala de aula que estava sendo claustrofóbica pra mim. Aquele professor realmente não foi com a minha cara tudo porque eu cheguei dez minutos atrasada; me lembre de matarHarry Styles mais tarde, o meu atraso foi culpa dele. Sam disse que tinha que ir pra casa mais cedo, mas depois de trocarmos telefones e derivados, nos prometeu que nos ligaria mais tarde; talvez ele fosse conosco até o centro de Londres tirar as fotos. Eu ia adorar, o cara era um fofo! Assim que saímos, eu e Aninha vimos um grupo de umas cinco meninas sentadas naquele mesmo murinho que eu estava quando cheguei à escola; uma delas segurava o Iphone na mão e tremia ao mesmo tempo que chorava. Fiz careta pra Aninha e quase deixei passar em branco, mas o timbre de voz do garoto que falava no vídeo que as meninas assistiam me chamou a atenção. Era o timbre de voz do Harry.
- Elas devem estar ouvindo a entrevisa que eles deram hoje pra Rádio Capital – falei baixo. – Harry me disse que eles estavam indo pra lá.
- Sssshhh, vamos ouvir – Aninha fez sinal pra eu ficar em silêncio e, delicadamente, ficamos próximas às meninas que ouviam a entrevista no Iphone.
Entrevistadora: Harry, você causou um furor hoje cedo lendo uma mensagem e dizendo que era de uma pessoa especial. Pelo amor de Deus, quem é essa pessoa?
Harry: Ahhh, tem como não falarmos sobre isso?
Liam: É realmente particular.
Entrevistadora: Acho que vocês deveriam saber que agora é meio difícil esconder alguma coisa da mídia.
Louis: Nós sabemos disso, mas realmente não sabíamos que ia causar essa revolta toda. Todos nós temos pessoas especiais em nossa vida, mas não indica que necessariamente estamos em algum tipo de relacionamento.
Harry: Exato. Ela é realmente uma amiga muito especial e eu tenho um grande carinho por ela, mas não estamos juntos nem nada.
Entrevistadora: Suas fãs ameaçaram se matar caso você estivesse namorando.
Zayn: Isso é um exagero. Nós amamos nossas meninas e elas são tudo na nossa vida; não estaríamos em lugar algum se não fosse por elas.
Niall: Por favor, fiquem vivas e em segurança. Amamos vocês mais assim do que falando que vão se matar ou algo do tipo.
Entrevistadora: E se vocês começarem a namorar e algumas fãs mandarem ameaças para a garota de vocês?
Harry: Então essa pessoa não pode ser considerada fã. Fã nos apóia e quer nossa felicidade; ameaçar alguém que amamos nos deixa triste e chega a ser doentio.
Entrevistadora: Algum dia vamos saber quem é essa garota especial da mensagem, Harry?
Harry: Conversei com ela poucos minutos atrás, como eu já disse ela é uma grande amiga e eu tenho um carinho enorme por ela. Vamos continuar sendo amigos e, não sei, se algum dia alguém nos ver juntos então vocês vão saber quem ela é.
Louis: Por favor, a tratem com respeito.
Liam: Sim, nós a amamos e queremos que vocês possam amar elas também.
Entrevistadora: Elas?
Niall: Ela tem uma amiga que é nossa amiga também. Amamos as duas.
Zayn: Vamos parar de falar sobre isso, rapazes?
- ELAS? SÃO DUAS?
- Harry falou com ela minutos antes da entrevista – uma menina ruiva falava, tremia e chorava. – Quem é ela, meu Deus? Quem pode ser essa vaca?
- Eles são muito lindos, mas será que não percebem que desse jeito estão nos matando? Nós não queremos eles namorando.
- Deus me livre, Deus me livre!
- One Direction precisa pensar mais nas fãs. Nós somos TUDO pra eles, eles não podem nos decepcionar ficando com garotas.
É isso mesmo? As fãs queriam que eles fizessem celibato e permanecessem virgens e solteiros pro resto da vida? Só eu acho que elas estão confundindo com os Jonas Brothers? Olhei em desespero pra Aninha, que agora tinha o tom de pele mais pálido. Niall disse sobre ‘ a amiga’ e que a ama também – eu sei que o verbo ‘amar’ aqui não é exatamente como uma paixão, mas a cabeça da Aninha deve estar a mil – e agora o mundo inteiro sabe que One Direction tem duas amigas, que Harry sente um grande carinho por uma delas e o Niall ama a outra. E o Liam disse que NOS AMA! Tá, quem está passando mal agora sou eu.
Puxei Aninha pra longe daquelas meninas e caminhamos até o nosso apê caladas. Agora eu estava no mesmo quarto que ela, então ficaríamos juntas o tempo todo. Esse silêncio estava me matando e de novo eu me lembrei de McFly, ‘Silence is a Scary Sound’, e como é! Me sentei na cama ainda meio zonza e vi Aninha pegar o computador e ligá-lo de forma rápida, a página que ela entrou era óbvia, Twitter, e também o Tumblr. Como era de se esperar, o fandom 1D estava aos prantos, indo à loucura; apenas alguns comentários eram razoáveis dizendo que os meninos estavam certos em namorar e que deviam dar apoio. Em contra partida, a maioria dos comentários eram ofensivos, maldosos e exagerados. Mordi os lábios confusa, não conseguia entender o que se passava na cabeça dessas garotas; uma coisa é você sentir ciúme do seu ídolo e, claro, ficar meio chateada porque ele está namorando ou tá de rolo com alguém, isso é normal! Eu senti isso pelo Joe Jonas quando ele namorou a Camilla Belle, e pior ainda quando o Danny começou a namorar a Georgia, mas eu nunca desejei a morte delas, eu nunca quis me matar porque eles estavam namorando. Na verdade, depois de um tempo, eu comecei a achar eles lindos, eu acho que o Danny super combina com a Georgia, embora ela seja altamente irritante. Mas o que vou fazer? Eu não tenho a MÍNIMA chance com ele, vou querer me matar por isso? Vou querer matar ela por isso? John Lennon tá aí pra mostrar até que ponto o fanatismo pode levar uma pessoa. Lembrete: manter o livroO Apanhador no Campo de Centeio longe das fãs do One Direction. Se Mark David leu esse livro e matou John Lennon, vai saber o que as fãs podem fazer com um dos meninos da banda ou alguém que se aproxime da banda.
Ai, eu sou nerd demais.
- Rhanninha – Aninha me chamou meio rindo. – Você não vai acreditar em quem está te defendendo.
- Hã?
- Georgia Horsley é o nome da namorada do Danny?
- É sim... Que foi?
- Vem ver o que ela acabou de escrever no Twitter – Aninha me virou o Mac pra eu ler o último tweet da Miss e eu fiquei sem ar.
@GeorgiaHorsley1 só eu estou achando ridículo o que estão falando da garota do Harry Styles? Vocês nem a conhecem, amadureçam xxxxx
- Retiro tudo o que eu já disse dela em toda a minha vida! – Falei rindo. – Nossa, que surpresa.
- Ela deve saber muito bem o que é sofrer cyberbulling – Aninha disse dando de ombros e pegando o Mac de volta. – Achei legal da parte dela.
- Eu achei o máximo – sorri. – É de mim que ela tá falando! Eu... Caramba, que emoção.
- Tá vendo, é assim que me sinto quando você fala do 1D – ela riu – McFly é muito amigo dos meninos?
- Não sei, eles já trabalharam juntos, mas não sei se são amigos – dei de ombros.
- Hm...
- Escuta, vou mandar mensagem pro Harry. Quero saber que horas podemos ir pra lá, e ainda temos uma tarde toda de fotos pela frente.
- Você quer mesmo ir pra casa deles?
- Aninha – suspirei. – Não quero me afastar dos meninos, eles são legais.
- Não quer se afastar dos meninos ou do Harry?
- Cala a boca – disse entre os dentes e vi Aninha abafar uma risadinha.
Peguei o telefone e antes mesmo de pensar em mandar a mensagem, o Iphone já acusava uma ‘nova mensagem deHarry Styles’. Sorri sozinha, até nossos pensamentos estavam ficando sincronizados e... deixa pra lá.
‘Esteja pronta às 19h. Paul vai parar na esquina e vai buzinar três vezes. Não se atrase – Harry X’
Segurei com força o celular em minhas mãos, Harry estava pensando em mim durante o dia mais do que eu estava pensando nele. Isso era bom sinal, não era? Quer dizer que nossa amizade estava de verdade amadurecendo, e não tinha motivo para as fãs me odiarem. Ele disse que só sente um carinho por mim, como amiga. Óbvio, faz uns dez dias que nos conhecemos, não tem como ser nada demais... É isso. Respondi a mensagem correndo agradecendo e falando que estaríamos prontas e pedi para eles pedirem pizza, iríamos estar com fome. Olhei pra Aninha, que ainda estava com cara de preocupada olhando pro computador. Onde estou me metendo dessa vez?
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