Ingenua, Revelações, e Decepçõ
Fique acordado na cama à noite
E pense sobre a sua vida
Você quer ser diferente? [diferente]
Tente esquecer a verdade
As batalhas da sua juventude
Porque isso é só um jogo
‘‘A vida é paradoxo tão complexo, cheia de buracos negros que nos levam para futuros distintos. Uma escolha errada pode nos condenar para toda a eternidade. Há vários caminhos a seguir, escolhas a ser feitas, mas qual será o certo? A vida, por mais que nós a julguemos previsível, é mais misteriosa e imprevisível do que se possa imaginar. Há tantas coisas obscuras que nós nunca se quer poderíamos imaginar que existe nesse mundo. Um exemplo? Mentiras, segredos... Hermione, tome cuidado! Eu sempre estarei com você, nunca se esqueça disso.’’
Ouvi sua voz grave e angelical sussurrando estas palavras em meu ouvido. Quem é ele? Não é alguém daqui, tenho certeza, mas esta voz é tão... conhecida, por falta de palavra melhor, para mim, não sei de onde, mais é! Sinto ela entrando em meus ouvidos, tão doce e calma, e, imediatamente, sinto uma calma imprescindível. No mesmo momento eu sei que já senti isso antes, mas que, infelizmente, não reconheço mais o causador da mesma – se é que um dia eu o reconheci. Tudo isto, essa calma, essa voz, parecem ser de um passado tão distante que nem mesmo eu, agora, posso me lembrar de quem é.
Sinto sua presença do meu lado, tão perto, me passando o seu calor. Sinto a sua mão, tão suave e carinhosa, afagando as minhas bochechas, e a sua respiração fazendo cocegas em meu rosto. Isso é tão estranho! Quem será esse tal desconhecido? Não parece ser ninguém que eu conheço! Fico curiosa, mas não ouso abrir meus olhos. Apesar de tudo, dos toques carinhosos e da sua voz calmante, estava com medo dele! Com medo do que ele poderia fazer comigo, mas, afinal, se ainda não fez nada agora por que faria depois?
Depois de muito pensar, sem nunca abrir os olhos, acabei por dormir com ele deitado ao meu lado – de alguma forma ele conseguiu se apertar na minha cama pequena e se deitar no meu lado. Sinto-me sendo abraçada na calada da noite, mas mesmo assim não ouso abrir meus olhos, e de repente uma sensação boa ocupa o meu coração. Sorrio, agora mais consciente do que nunca. Nunca tinha me sentido tão bem antes como agora em volta de seus braços fortes e musculosos, me arrepio por inteira, e, entregue a essa sensação, me aconchego mais a ele sentindo o seu calor misturado ao meu... Nossa, como é bom essa sensação! E de repente tudo mudou. Não estava mais com medo dele, e sim dele ir embora e me deixar a resmo, medo de abrir os meus olhos e ver que ele foi apenas fruto da minha imaginação. Suspiro, e então sinto a sua respiração em meu pescoço... Nossa! Me arrepio por inteira mais uma vez. Pelo amor de Merlin, alguém me explica o que está acontecendo?, Pergunto, confusa, a mim mesma antes de cair na inconsciência.
Acordo com o som dos passarinhos cantando e o sol batendo em meu rosto. Ainda de olhos fechados revivo a noite de ontem; quem era aquele desconhecido? Será que ele ainda está aqui? Suspiro, e lentamente abro meus olhos tentando ver, ao invés de sentir, o desconhecido que me acompanhou a noite toda em meus sonhos e, se possível, em minha vida real. Vazio. Ele não estava mais lá, se é que algum dia esteve. Tão nítido, tão preciso, tão vivido, será que foi apenas um sonho sem sentido? Ou foi real? E se foi, como ele entrou aqui? Já se passou uma semana desde que cheguei aqui na casa dos Wealeys e isso nunca aconteceu; por que hoje, por que agora?
Ninguém nunca tinha me causado tais sensações. Nunca tinha me sentido assim, nem mesmo com o Harry; estremeço ao lembrar dele e fico imaginando como será o seu sorriso. Sorrio, Quem é esse desconhecido que me causou tantas sensações em uma única vez, e, ainda por cima, conseguiu bagunçar a minha cabeça mais do que já estava afinal? Penso. Perguntas e suposições bombardeiam a minha cabeça à cada meio segundo.
Sobre o que ele estava tentando me alertar? Tenho certeza de que ele não sussurrou no meu ouvido todas aquelas palavras sem sentido – ainda, se depender de mim – por nada; parecia mais um alerta. Será que há alguma coisa rondando a minha vida que eu não saiba? E se há, por que eu não sei? Será que tudo não é apenas fruto da minha imaginação? Será que tudo não é apenas mais loucura minha?
Levanto-me da cama e me direciono para o banheiro com a minha toalha e roupas em mãos. Entro no banheiro, tentando esquecer tudo o que se passou ontem a noite. Não consigo. Ligo o chuveiro, e logo vejo a água quente cair desenfreadamente a minha frente. Gemo de prazer ao sentir a água quente contra a minha pele, então começo a refletir.
‘‘Há tantas coisas obscuras que nós nunca se quer poderíamos imaginar que existe nesse mundo’’
De repente estas mesmas palavras voltam a minha memoria, se repetindo varias vezes. Me lembro destas palavras, como não lembrar? Essa frase dita pelo desconhecido com certeza foi a que mais me marcou, sinto que há alguma coisa por trás dela e... Será que ela se aplica a mim também? Será que há obscuridade a minha volta? Ou não? Sou só eu que vivo na obscuridade? E se há, por que eu nunca descobri? Por que as palavras do que provavelmente é um fruto da minha imaginação me afetaram tanto? Será que essa frase é chave para encontrar as minhas respostas?
É uma linda mentira
É uma perfeita negação
Tão linda mentira para se acreditar
Tão linda,linda mentira, que me faz...
Suspiro, enquanto a água quente queima a minha pele e o vapor adentra as minhas têmporas. Sinto o meu corpo começar a enrugar, mas quem se importa? Seguro o meu cabelo molhado e os puxo, sentindo quase imediatamente a dor como consequência, totalmente confusa e enfurecida comigo mesma.Será que estou ficando louca, ou não? Meu Merlin, quantas perguntas! Eu não quero perguntas, e sim respostas... Minha mão treme, estou tão nervosa.
Se acalma e pensa, Hermione!, Dou uma ordem para mim mesma, tentando me acalmar. Estou deixando alguma coisa passar, mas o que? Começo a tentar lembrar de alguma coisa significante que se encaixe neste contexto. Depois do que me parecem horas, quando estou quase desistindo, uma lembrança invade a minha mente.
Era uma linda noite de verão. As estrelas brilhavam e a sua luz refletia-se no lago negro, o deixando com uma coloração negra acetinada, era lindo. Sorri a minha companhia que era extremamente agradável: Vitor Krum. Ao contrario do que muitos pensam ele é agradável, meigo, doce e ingênuo até certo ponto, alem de um ótimo amigo! Estávamos sentados sob a luz das estrelas em frente ao lago negro, perto do castelo, e, enquanto nós conversávamos, eu contava a ele sobre as minhas aventuras com meus amigos – omitindo algumas partes importantes, é claro. O horário de recolher já havia a muito sido burlado por nós dois, mas, por incrível que pareça, eu não me importava com isso, muito menos ele.
Vitor, em meio a nossa conversa, me disse uma coisa... Interessante, por assim dizer, e que realmente me marcou.
– Seus amigos são bem corajosos, não é? As historias do Menino-Que-Sobreviveu aqui neste castelo estão espalhadas pelo mundo bruxo inteiro, são bem famosas, sabe... Você é uma das melhores amigas dele não é? – Ele me perguntou com o seu sotaque búlgaro forte, olhando diretamente nos meus olhos. Fiquei confusa com a sua pergunta;claro que eu sou? Quem mais seria?, pensei confusa e brava com tal desconfiança. Não sabia que as nossas historias eram famosas, na verdade eu nem sabia que elas foram espalhadas por ai! Na minha concepção elas eram muito pessoais para serem espalhadas para o mundo bruxo inteiro, já pensou se algumas informações importantes caem em mãos erradas? Não quero nem pensar... Achei que ninguém sabia delas... Como assim? Quem espalhou as nossas historias? Olhei confusa para o Vitor que logo percebeu a minha confusão, e disse:
– Hey, não fique brava com a minha pergunta! Só perguntei por pura curiosidade. Se você é uma das melhores amigas dele, então porque não está em nenhuma das historias espalhadas por ai? Você, pelo o que me contou, ajudou ele a descobrir absolutamente tudo! Ele não é nada sem você, Hermione. Pelo o que eu entendi das aventuras que você me contou agora, é só por você, e mais ninguém, que ele e seus amigos estão vivos até hoje... Nas historias que nos contam sobre o famoso Harry Potter e suas aventuras em Hogwarts na Bulgária você não apareceu em nenhuma delas, na verdade eu nem sabia que você existia e que era amiga deles até te conhecer, é claro. Eu só achei esquisito eles tomarem o crédito pelas coisas que você fez e ainda faz! É muito injusto. Por isso perguntei, entendeu? Me desculpe se te ofendi, não foi a minha intenção – Ele falou, seu sotaque búlgaro extremamente forte, segurando a minha mão e tentando se desculpar pela pergunta indiscreta, mas o que ele conseguiu foi apenas me deixar mais confusa. Como assim não estava em nenhuma das historias? É claro que eu deveria estar, eles não seriam nada sem a minha ajuda! Talvez o Vitor esteja enganado, não é? Ou talvez não, Pensei duvidosa e confusa ao mesmo tempo.
– Eu preciso ir, Vitor. Está tarde e eu estou com muito sono, nos vemos amanhã? – Falei a ele, confusa, mas demostrando que não estava brava ou com raiva do mesmo. Ele apenas assentiu, e se despediu com um beijo em testa e um ‘‘até logo, Hermione’’, então se foi. Eu andei até o meu salão comunal da Grifinoria em silencio, com medo de Flich me pegar, mas com os pensamentos a mil. Lembro-me de dormir com palavras de Vitor se repetindo em minha mente. Suas palavras dominaram os meus pensamentos, e os meus sonhos naquela noite. No dia seguinte fui tirar satisfações com os meninos, Harry e Ron, sobre tudo o que tinha acabado de descobrir, mas logo fui tranquilizada pelos mesmos. – Não se preocupe, Mione. Deve ser apenas um engano de Krum, ele deve ter se confundido! Todos podem se confundir um dia, não é? Coitado, é muita coisa para assimilar com o Torneio Tribruxo... Ele deve estar super estressado e com varias coisas na cabeça, e se confundiu. Eu mesmo estou assim, ainda não descobri a pista do ovo e estou quase pulando de uma ponte com tanta pressão em cima de mim! Ele deve estar assim também... Pode ficar tranquila! Somos amigos, você seria a primeira que eu contaria se descobrisse algo do tipo, mas é obvio que isso é impossível! Ninguém daqui contou nada, e se contasse, você acha que eu iria esconder algo de tal gravidade de você? É claro que não, pode ficar tranquila que esse é o nosso segredinho de estado! – Harry disse, brincalhão mas com um certo grau de seriedade em sua voz, assim que eu o enfrentei. Estava preocupada com esse assunto, e, apesar dele estar com um olhar estranho, eu acreditei. Fiquei tranquila sobre esse assunto depois disso; por que ele mentiria para mim sobre isso afinal? Não vejo o porquê, mas desde esse momento – mesmo eu não percebendo na época – os meninos tentaram a todo o custo me separar do Vítor, e até hoje eles pensam que conseguiram. Rá! Mal sabem que eu mantenho contato com ele desde o Torneio. Ele foi o único que eles finalmente não conseguiram afastar de mim.
É hora de esquecer o passado
Passar uma borracha no que aconteceu (No que aconteceu)
Será que é verdade o que o Vítor me disse? Naquela época eu deixei de lado, procurei não me preocupar com isso, acreditava e confiava plenamente nos meus amigos, mas agora... Sinto que há vários buracos mal remendados em torno dessa historia. Há coisas que não foram explicadas e eu quero saber a resposta delas! Será que era sobre isso que o tal desconhecido estava tentando me alertar?, Penso extremamente confusa. Apesar de tudo, eles não fariam isso comigo, não é? Não mentiriam para mim, eu sou a melhor amiga deles, eles me amam... Não amam?
Mais lembranças bombardeiam a minha mente. Me apoio na parede do banheiro. Minha cabeça está doendo tanto, sinto que estava perdendo o controle de mim mesma, e de repente já não me aguento em pé. Com as pernas bambas, escorrego até o chão do banheiro com a mão na cabeça. Tudo doía. A água quente de repente ficou insuportável! Bolhas e queimaduras começavam a se formar em meu corpo todo. Eu estava quente, literalmente! Estava em chamas, mas de tão absorta em meus pensamentos nem me importei com a dor. Um turbilhão de imagens com cada vez mais intensidade se passavam com uma rapidez notável em minha mente. A dor que estava sentindo em minha cabeça era insuportável, e, misturado com a dor física que estava sentindo naquele momento, era alucinante. Dou um gemido rouco de dor. Minhas costelas e meus pulmões doíam tanto quanto a minha pele naquele momento. Será que eu engoli água sem querer? Talvez...Tento desligar o chuveiro, mas já era tarde demais! Fico sem forças, e até mexer um músculo insignificante doía. Grito um ‘‘socorro’’ que sai mais como um sussurro, e, sem forças, dou um ultimo gemido rouco antes de desmaiar.
Esconda-se atrás de um rosto vazio
Não tem muita coisa a dizer
Porque tudo isto é só um jogo
*******
Era uma linda noite de primavera em Hogwarts. Sentei no sofá que havia em meu salão comunal da Grifinoria junto com os meus melhores amigos: Ron e Harry. Sorri a eles, que estavam rindo e se divertindo juntos. Novamente me senti deslocada, excluída,como se o meu lugar não fosse ao lado deles. Sozinha e incomodada, me despedi deles com a desculpa de que iria dormir, mas eu bem sabia que a verdade não era esta. Iria passar a noite toda em insônia. Eles logo acreditaram e se despediram de mim, mas quando eu estava quase no fim da escada que dava para dormitório feminino escutei o meu nome. Curiosa com o meu nome sendo mencionado virei para trás, mas não havia ninguém lá. Percebi que Ron tinha mencionado o meu nome, e, curiosa, me escondi tentando ouvir a conversa deles discretamente. Encolhida em meu esconderijo, não vi quando Gina chegou, apenas escutei a sua voz dizendo:
– Finalmente ela se foi! Não aguentava mais ter que esperar ela sair para que eu possa falar com vocês sem a voz irritante dela de sabe-tudo. ‘‘Vocês tem que estudar se quiserem passar’’, ‘‘parem de jogar xadrez bruxo, não tem coisa melhor para fazerem não?’’sinceramente... Sabe-tudo! Rá! Grande piada; se ela realmente soubesse tudo... – Gina falou, venenosa, mas foi interrompida pelo Rony. Será que ela pensa tudo isso de mim? Logo de mim que sempre tentou ajuda-la em tudo?, Pensei extremamente magoada, com lagrimas nos olhos.
– Nem fale isso... Por Merlin Gina, nós precisamos dela, você sabe disso! Se não fosse por ela nós não estaríamos mais aqui, vivos até hoje. Ela salvou as nossas vidas mais de uma vez, tanto a sua quanto a minha, ou não se lembra do episodio da câmera secreta? Se não fosse por ela nós nunca te acharíamos viva lá dentro. Pior, se não fosse por ela entrar com a gente na câmera e te salvar, descobrindo que tínhamos que acabar com o diário, você já estaria morta! Pena que ela foi petrificada na última hora por olhar através da água para o basilisco sem querer. – Sorri nessa hora... Sabia que algum deles iria me defender! Eles são meus melhores amigos, e não deixariam ninguém falar mal de mim, não é? Meu sorriso sumiu quando ouvi a próxima parte. – Mentira, eu não senti qualquer pena quando ela foi petrificada, fiquei até feliz... Achei bem feito! Você sabe que, tanto quando você, eu quero me livrar dela, mas é impossível! Por que você acha que eu sempre a salvo, mesmo querendo deixar ela morrer? Simples, nós precisamos dela do nosso lado, fazendo o trabalho pesado e a gente levando... – Ele não pode terminar a sua frase porque sem querer eu acabei tropeçando em alguma coisa e caindo, anunciando a minha presença, que até então estava bem escondida, ao lado deles. Eles me olharam surpresos, mas logo sorriram – um sorriso estranho, devo dizer. Ron se pronunciou mais uma vez dizendo com a cara mais deslavada possível:
– Mione, nós nem te vimos ai! Você não tinha ido dormir? É... O que você estava fazendo escondida ai? Escutou alguma coisa da nossa conversa? – Eles tentaram disfarçar, eu percebi, então os olhei com a sobrancelha arqueada. Será que eles acham que eu sou tão idiota assim? O que eles acham que eu sou?, pensei bastante magoada e brava com eles. Quem eles pensavam que eram para falar assim de mim?
– Ah, sim, eu escutei cada maldita palavra que vocês disseram sobre mim. Quanta consideração não é? E pensar que um dia eu fui amiga de vocês... Há! Quanto desperdício. Fui tão ingênua em relação a vocês, admito, mas não se preocupem... Já acabou! Não esperem qualquer coisa de mim, principalmente ajuda, por que nunca mais terão. E, ah, esqueci de mencionar, espero que o tio Voldy te mate Harry! Na verdade espero que ele mate todos vocês... Adeus, povinho inútil – Falei pausadamente com tanto veneno que até eu mesma me surpreendi, me senti uma perfeita Sonserina neste momento. Minha visão estava em vermelho sangue, eu estava ardendo em ódio por quem eu nunca pensei sentir. Quem diria não é? O mundo dá voltas, e pensar que eu fiquei doente por causa deles. Rá, você é uma idiota, Hermione! Ficou doente de tanto estudar, parou varias vezes na enfermaria por falta de alimento em seu organismo por nada! Para ajudar alguém que nunca deu a mínima para você. Grande desperdício! Todos os sacrifícios que eu fiz na minha vida foram para uns nadas que nem eles, grandes idiotas! Eu fui usada igual a uma camisinha: de grande serventia, mas depois de usada totalmente é jogada fora como um nada. Era assim que eu me sentia, mesmo que eles ainda não tenham me jogado fora, mas, pelo jeito que eles falaram de mim, isso a não estava muito longe de acontecer. Uma perfeita camisinha. Era isso que eu era naquele momento. De grande serventia a eles, e por isso usada, mas incomoda, prestes a ser jogada fora quando os seus ‘‘ serviços’’ não fosse mais necessários. Uma perfeita camisinha. Só tem um problema no plano deles, eu descobri! Fui eu quem os jogou fora agora... Uma pena para eles, não?, Pensei extremamente irônica e sarcástica. As mascaras, uma por uma, caíram mostrando a verdadeira face deles; sorrisos maliciosos e uns até... Maquiavélicos cresceram em suas bocas comprovando a verdade. O que eles estavam planejando?
– Ownt! Finalmente o nosso cordeirinho descobriu, não é? Finalmente, não aguentava mais fingir que sentia alguma simpatia por você, garota! A verdade é que você é insuportável, ninguém te aguentava mais, inclusive eu!! Nunca percebeu que nós te usávamos? Tão ingênua... Ainda bem que agora nós nunca mais iremos precisar olhar na sua cara... – Gina falou perdendo a compostura com um olhar tão maniaco que até me deu medo, mas foi interrompida pelo Harry, que até agora não tinha se pronunciado. Como eles puderam fazer isso comigo?, Pensei humilhada, enquanto tentava segurar a enorme vontade de chorar. Meus olhos ardiam, deveriam estar vermelhos, mas eu não me importava... Não iria dar o gostinho a eles de me ver chorando. Não, isso definitivamente não!
– Gina, se acalme! Nós precisamos dela, por que você tem que ser tão impulsiva? Não podia pensar antes de falar o que vem a cabeça? Estragou tudo, sua louca. Nós podíamos desmentir, sabia? Ela acreditaria, ela é muito ingênua para desconfiar de qualquer coisa sobre nós, idiota. Agora nós vamos ter que tomar medidas mais drásticas – Falou ele com uma pitada de zombaria em sua voz, mas raivoso. Seu olhar era tão intenso, malicioso e malvado ao mesmo tempo que meteria medo no mais bruto dos homens. Tive de recuar um passo. Medo. Palavra que estava me definindo naquela maldita hora. Estremeci quando seus olhos se fixaram em mim. Ele era louco, definitivamente louco! Antes que eu tenha a chance de me defender ou até mesmo pegar a minha varinha ele já estava com a sua em mãos e à apontava para mim – Obliviate – Ele disse e essa palavra foi a última coisa que eu ouvi antes de apagar. No outro dia eu acordei na enfermaria com eles a meu lado. Era estranho! O dia anterior era uma como nevoa tão espessa que nem mesmo eu poderia passar, não me lembrava de nada. Eles me disseram que tinha batido a cabeça quando cai da escada, mas eu sentia, bem lá no fundo, que não era isso. Como, eu me perguntava, se eu não me lembrava nem mesmo que subi as escadas? No final das contas acabei acreditando, e desde esse dia sinto com mais intensidade aquelas sensações inquietantes quando estou com eles. Desde esse dia eu comecei a sentir que sou mera sombra deles, e que estou vulnerável – como se a qualquer momento eles fossem me apunhalar pelas costas, e eu não pudesse fazer nada.
*******
Acordei com uma enxaqueca terrível, e, ainda de olhos fechados, tento elevar a minha mão a cabeça, numa tentativa – falha – de amenizar a dor, mas não consigo. Tudo doía. Até respirar doía. Eu estava completamente dolorida e acabada, um trator parecia ter passado sobre a minha cabeça e o meu corpo estava da mesma forma. Com a pouca força que eu tinha tentei abrir meus olhos, mas falhei miseravelmente. Onde eu estou? Senti que estava deitada em alguma coisa macia, tentei mais uma vez abrir os meus olhos e desta vez consegui. Assim que me acostumei com a claridade do local vi que estava em minha cama. Como eu vim parar na minha cama? Que eu me lembre eu estava no chão do banheiro, deitada e... Nua. Desesperada, olho para o meu corpo tentando ver alguma nudez, mas em vez disso vejo que estou vestindo uma camisa masculina do time da Grifinoria. Franzi o cenho com a minha descoberta...Como assim? Quem me vestiu? Só de pensar alguém me vendo como vim ao mundo sinto o meu rosto corar violentamente.
Olho em volta, o quarto está vazio. Olho para o meu corpo, dessa vez com mais atenção, o analisando, e vejo que ele não esta com tantas bolhas e queimaduras como deveria estar. Alguém deve ter cuidado de mim, mas quem? Suspiro, e imediatamente sinto uma dor sufocante, de certa forma, em minhas costelas e pulmões. Será que eu me machuquei tanto assim?
Tomo coragem e reúno minhas forças restantes para tentar me levantar desta cama, mas é em vão! Eu não consigo, minhas costelas doem, e quando tento uma vertigem toma conta de mim. Bufo, impaciente. Não quero ficar de uma cama sem fazer nada! Apesar de toda a dor, por algum motivo não aparente eu me sinto... Hiperativa, mesmo não tendo forças para quase nada. Você consegue, Hermione! Você consegue, força! Tento me levantar de novo e consigo – depois de muita dor e sofrimento – finalmente.
Isso, você é demais, Hermione!, penso vitoriosa por finalmente ter conseguido. Me dirijo até a porta e, ignorando a vertigem que estava cada vez mais forte, tomo folego para o que viria a seguir. Começo a andar, cambaleante, pelos corredores vazios e... Silenciosos? Os corredores nunca ficar silenciosos aqui na casa dos Weasleys. O que está acontecendo aqui? Será que todos saíram e me deixaram sozinha?
Desço as escadas segurando o corrimão fortemente, tentando não cair de cara no chão. Tudo rodava a minha volta, e eu, zonza e cambaleante, tentava me certificar de que não cairia do alto da escada, verificando varias vezes o mesmo degrau. Depois do que me pareceram séculos, entre tropeços e quedas, não fatais, é claro, finalmente consigo chegar a sala de estar. Cansada pelo meu esforço físico, ainda mais nestas condições, procuro desesperadamente algum lugar aonde eu possa me sentar. O sofá, é claro! Ando em direção ao sofá e, ofegante, praticamente me jogo lá.
1, 2, 3... Contava, tentando acalmar as batidas do meu coração que pareciam estar a mil por hora. Assim que consegui me acalmar e tudo parou de rodar me concentrei em analisar o lugar. Também estava vazio. Aonde será que eles foram? Nem escureceu ainda.
Depois de recomposta, não totalmente, mas o suficiente, tento procurar alguma alma viva dentro desta casa alem de mim, é claro. Andava cautelosamente entre aqueles corredores estreitos, mas a cada passo tudo doía. Eu estava realmente moída. Andava apoiando-me nas paredes dos corredores para evitar que a dor ganhasse. A fadiga me dominava, eu estava exausta. Suspiro, quando vejo que estou em frente ao quarto dele. Harry. Ah, que saudade do meu Harry de dois meses atrás! Ele tem agido tão friamente comigo, nem me beija mais. O que está acontecendo com ele? Abro a porta de seu quarto compartilhado com o Ron tentando encontra-lo, quero conversar com ele, mas quando vejo o local sei imediatamente que está como o resto da casa. Vazio. Entro em seu quarto e imediatamente sinto o seu cheiro incomum de verão, sol, chocolate e maresia misturado com outras fragrâncias desconhecidas que com certeza deve ser de Ron. Atraio o ar ás vias respiratórias profundamente tentando guardar seu cheiro na minha memoria. Ignoro a dor que veio em seguida porque eu sei que esse meu esforço valeu a pena. Uma tontura muito forte me bate agora. Tonta, me inclino tentando apoiar-me novamente na parede. Tudo volta a rodar. A dor de cabeça, que antes tinha sumido, volta com força total.
Harry. Harry. Harry.
Seu nome se repetia varias vezes em minha mente, e de repente tudo volta a tona. Novamente tento me segurar nas paredes para evitar de cair, tudo rodava e eu já via tudo duplicado... Droga, o que está acontecendo?
Escorrego até o chão arranhando as paredes, deixando a minha marca nelas, e, então, gemo de dor. Tudo parecia me comprimir, inclusive as paredes, e estavam cada vez mais perto, me sentia sufocada. Sem ar, praticamente me jogo no chão enquanto todas aquelas lembranças que parecem mais um sonho terrível voltavam.
É uma linda mentira
É uma perfeita negação
Tão linda mentira para se acreditar
Tão linda, linda mentira, que me faz...
Depois do que me pareceram dias ou até mesmo meses de dor, as lembranças dolorosas finalmente acabaram. Eu já me lembrava de tudo. Absolutamente tudo. Como eles foram capazes disso? Meus melhores amigos... Eu confiei neles, eu dei a minha vida por eles, e é assim que eles me retribuem? Lágrimas traiçoeiras começaram a molhar o meu rosto. Me encolho, e é naquele chão mesmo que eu choro como nunca visto antes.
Meu namorado. Meu melhor amigo. Minha confidente. Como? Como essa desgraça foi acontecer comigo? Eu sempre os amei, eu sempre cuidei deles como se fossem meus próprios filhos. Traída, sozinha, humilhada, usada. Era assim que eu me sentia. Talvez tenha sempre sido assim, e eu é que nunca percebi, até agora. Eu sou uma idiota! Uma completa idiota!
Me encolho mais no chão ficando em posição fetal, despedaçada. Lágrimas e mais lágrimas desciam pelo meu rosto. É verdade, eu fui tão ingênua, acreditava em todo mundo, pensava que minha vida era um conto de fadas! Há, lerdo engano o meu... Mas já acabou, infelizmente acabou, e da pior maneira possível. A verdade é que não existe conto de fadas, existe a realidade, e quanto mais cedo eu aprender isso melhor.
Todo mundo está olhando para mim
Estou andando em círculos, babe
Um desespero silencioso está crescendo
Eu tenho que me lembrar isso é só um jogo
Agora eu entendo o porquê deles sempre me colocarem para baixo, sempre falando que eu sou um nada, apenas uma rata de biblioteca. E eu aceitava, e ainda dava razão a eles. Eles sabiam que eu era muito mais do que eles jamais foram, por isso me odiavam. Sim, agora eu percebo o porquê dos olhares raivosos que eles sempre tratavam de disfarçar direcionados a mim. Agora eu entendo o porquê deles privarem a minha convivência com alguém de fora, sempre afastando os meus novos amigos quando eu conseguia algum, me prendendo ao lado deles. Eles tinham medo. Sim, medo! Medo de que eu os abandonasse, medo de que eu descobrisse alguma coisa sobre o planinho ridículo deles, já que todo o colégio sabia. Por isso o Obliviate que eles me lançaram! Eles achavam que eu nunca iria me lembrar daquele maldito dia, mas eu me lembrei. Rá! Eu me lembrei! Eu pude reverter um feitiço de tamanha intensidade e concentração sem o contra-feitiço –não sei como, é verdade, mas ainda ei de descobrir o ‘‘como’’ de o ‘‘porquê’’.
Meu corpo todo treme e o choro fica mais forte, acabo me engasgando com o meu próprio choro. Agora eu percebo o porquê dos olhares de pena, ironia e puro sarcasmo – esses são da sonserina – que todos me lançavam quando eu estava longe deles... Traída, eu fui traída por todos naquela escola, inclusive os professores! Eles sabiam, todos sabiam, menos eu, a idiota e boba Hermione Jean Granger. O único que se deu ao trabalho de me avisar foi o meu pior inimigo, Draco Malfoy. Quem diria, não é? O meu inimigo foi mais amigo do que todos os meus ‘‘amigos’’ juntos, mas eu como a meleca de trasgo que eu sou, não acreditei e ainda o xinguei. Pior, o humilhei, dando um soco – muito bem dado por sinal – no nariz dele. Você é uma meleca de trasgo, cocô de hipogrifo, Hermione!
E o pior de tudo isso é que, por mais duro que seja, é a mais pura verdade. Não há mais mentiras, segredos, nada... A verdade doí, mas liberta também. Agora eu sou livre! Agora eu posso voar, sem nenhuma teia de mentiras para me segurar. Sorrio, pelo menos isso de bom! Penso.
Agora eu vejo com clareza, vejo os meus erros mais claramente. Eu tinha medo também. Me submetia as vontades deles porque sempre fui só, nunca tive muitos amigos, era a excluída da sala. Quando os conheci precisava desesperadamente de amigos, então eles apareceram e eu fiquei tão feliz que... Bom, eu achei que finalmente tinha encontrado o meu lugar, achei que era ao lado deles. Inferno sangrento! Eu sou uma burra mesmo! E o pior é que eu me ceguei por causa disso, fechei os olhos para as coisas que estavam a minha frente porque tinha medo de ficar sozinha novamente. A verdade é que eu sempre odiei ficar sozinha, e pensei que tinha encontrado alguém para me proteger dessa solidão, me abraçar quando estivesse sentindo medo, mas vejo que me enganei. O que essa cegueira me trouxe foi apenas mais solidão e tristeza, e eu nunca tinha percebido, até agora.
Como não vi isso antes? Será que fiquei tão cega assim? Pois é, sim, eu fiquei. Tão cega que nem percebi que era um mero fantoche na mão deles. Apenas mais um brinquedo– de vários, eu suponho – em suas mãos. Eu habitava em um jogo desprezível! Eles me controlavam, faziam o que tinham vontade de fazer comigo, e depois me sacrificavam, me machucavam, para sobreviverem mais um dia neste jogo ridículo. Apenas mais uma boneca de porcelana que eles usaram e abusaram para depois jogarem fora. Será que eu fui a única a cair em sua teia de mentiras? Talvez, mas é bem provável que não. Será que eu fui a única que fui usada como um mero brinquedo sem valor? Claro que não, por que eles iriam se contentar comigo quando tem vários a sua frente para eles ‘‘brincarem’’?
E o meu namoro com o Harry, Será que foi tudo fachada? Claro que foi, sua jegue! Agora eu entendo o porquê dele estar tão frio e distante comigo desde que cheguei aqui... Seus beijos antes tão calorosos agora são frios e gélidos como o pior dia de inverno; não me trazem mais aquele calor que me incendiava como antes! Eu pensei que era somente uma fase e que logo tudo iria se acertar, mas, agora eu percebo o meu engano, não era! Tão ingênua eu sou, não? Dizem que a ingenuidade é uma benção, grande engano! Está definitivamente não é a minha opinião. A ingenuidade apenas te engana, cobre a tua visão e quando você vê, já é tarde demais.
Acho que eu já sabia, bem lá no fundo. Sempre havia aquele pressentimento sobre eles que realmente me incomodava, mas eu pensava que era coisa da minha imaginação fértil. Agora eu sei, não era. Este foi apenas mais um engano meu! Outro dos vários que eu cometi. Acho que essa é a palavra que me define agora. Engano. Minha vida foi uma mentira, um perfeita mentira! O que falta eu descobrir agora?
Tão linda, linda
Tão linda, linda, é uma linda mentira...
Tão linda, linda, é uma linda mentira...
Tão linda, linda, é uma linda mentira...
Tão linda, linda Mentira...
Eles não merecem a minhas lagrimas, definitivamente não merecem! Paro de chorar imediatamente, e passo a mão em meu rosto molhado tentando limpar os resquícios de lágrimas que ainda me resta. Sinto os meus olhos arderem e a minha garganta se aperta, mas não dou o braço a torcer. Sem lágrimas. Eles não merecem absolutamente nada de mim! Levanto do chão com uma coisa na cabeça: tirar tudo a limpo. Eles vão ver só com quantos paus se faz uma canoa! Ah, se vão.
Enfurecida – e ignorando a dor –, caminho até a saída deste quarto maldito, mas uma coisa me chama a atenção. Um bilhete. Um bilhete rosa cálido com um coração no centro jaz em cima da cama de Harry. Vencida pela curiosidade me aproximo da mesma e imediatamente sinto um perfume feminino forte presente nele. O que será que há ai dentro?Penso curiosa, e logo abro o bilhete que estava dobrado no meio. Quando leio o conteúdo o meu mundo desaba novamente.
É uma linda mentira
É uma perfeita negação
Tão linda mentira para se acreditar
Tão linda, linda mentira, que me faz...
Comentários (2)
uaauuu Harry, Gina e Rony são uma bando de falsários!!! Hermione vingue-se vingue-se!!!!!!! Estou adorando essa fic!!! Draco escreve certo por linhas tortas, adoro esse sonserino!!!
2014-01-11Obrigada pela dedicatoria que tenso esse capitulo.Bando de f. da p. Fiquei horrorizada com essa manipulaçao toda da Mi. Desde que ela de a volta por cima e de o troco neles. Mal vejo a hora. Leitora indignada e solidaria a Mi.
2013-07-30