As Estrelas



 


Uma noite maravilhosa. As estrelas brilhavam como nunca antes visto, pelo menos para mim, e pareciam festejar em uma celebração fantástica de brilho e cor, a luz das mesmas lutavam bravamente contra o escuro desta noite. Era incrível como apesar de tudo ficavam tão bem juntas. Era uma junção perfeita, a brisa quente em uma noite gélida, com o luar e as estrelas para acompanha-la. Tudo nesta noite era reconfortante, mas, infelizmente, não o suficiente.


Me arrepiei quando vi o lugar na qual eu estava sem nem mesmo perceber, até agora. Uma sensação boa me dominou. O clima frio com a brisa quente causavam uma mistura de sensações em mim, era bom, e a paisagem ajudava para aumentar essa sensação, era tão reconfortante e acolhedor aqui.


Eu me encontrava em uma praça perto de casa, pequena mas charmosa ao seu jeito. Até hoje me lembro desta praça, como não lembrar? Era aonde a minha mãe me trazia todos os dias quando pequena. Ainda me lembro da minha mãe sorrindo e falando que esta praça era magica – rio com a lembrança –, sempre que ela falava isso eu perguntava ‘‘por que mãe?’’, e ela logo respondia que eu, quando pequena, era muito agitada, mas era só ela me trazer aqui e eu logo me acalmava; eu ria e dizia ‘‘bobagem mãe’’, mas eu sabia bem lá no fundo que era a mais pura verdade. Até hoje essa é uma das memorias mais reconfortantes que eu tenho, e que sempre aparecem para mim, tão de repente, quando estou naquele breu de dor e escuridão. Não sei por que, é verdade, mas mesmo assim tudo sobre esse lugar me traz paz, e com essa lembrança não seria diferente, não é? E até hoje esse método funciona, ainda me passa aquela paz, calma e tranquilidade que só este lugar, as estrelas e minha mãe consegue. E hoje uma das duas coisas que eu mais adoro estão juntas num só lugar: as estrelas e a pracinha. Que sorte a minha, não?


O lugar ainda continua o mesmo, não havia mudado nada desde a ultima vez que vim aqui. O verde ainda predominava, mas havia vários bancos feitos de madeira espalhados por todo o lugar e uma pequena área de recreação, no centro da pracinha, para as crianças brincarem. Ah, me lembrava daquela época em que eu brincava naqueles brinquedos! Meu preferido era o balanço; ficava horas e horas balançando naquele balanço tentando ir cada vez mais alto para ter aquela sensação momentânea de que podia voar.


Me divertia tanto nessa época, penso cheia de saudades. Por que eu tive que crescer? Suspiro, e relembro os momentos bons que tive quando ainda era apenas uma criança sapeca. Ah, a vida era tão mais fácil quando criança, que momentâneamente eu me pego desejando voltar a aquelas épocas em que a minha única preocupação era se divertir, mas então eu me lembro das pessoas maravilhosas que conheci ao longo da minha vida, e que antes eu nem sabia que existia. Ah, que saudade deles! Molly, Arthur, Fred, George, Percy, Gui, Krum (eu ainda mantenho contato com ele desde o torneio tribruxo), Ron, Gina, Luna, Neville, Dino, Simas, e por ultimo, mas não menos importante, o Harry. Meu doce Harry. Que saudade do meu lindo namorado! Suspiro, mergulhando na lembrança de um passado mais próximo, acontecido a dois meses atrás. Ainda me lembro como o meu amor por ele floresceu, tão inesperado e imprevisível, mas ao mesmo tempo tão ardente quanto o próprio fogo em seu cume*, e quando eu percebi já era tarde demais, simplesmente aconteceu. Fiquei tão assustada na época com a sensação e com as famosas borboletas que sempre apareciam na minha barriga assim que eu o via. Com ele tudo ficava bem, contando que estivesse ao seu lado, mas tinha medo de meus sentimentos não serem correspondidos e estragar a nossa amizade, então me fechei para todos, inclusive ele. Ainda me lembro quando ele se declarou para mim e eu senti que meus sentimentos, apesar de tudo, estavam sendo correspondidos. Foi um dos melhores dias que eu já estive.


Era véspera de natal, havia neve para todo o lugar, mas eu não me importava com isso, amava esta época, e ainda amo. Aquele frio gostoso embalando-me em um sono profundo ao mesmo tempo que o edredom me aquece criando um equilíbrio, ao meu ver, quase perfeito entre o frio e o calor é o que eu mais adoro nesta época. Eu estava dormindo tranquilamente quando ouvi um barulho na minha janela. Não me importei, estava completamente imersa – e feliz – em meu sonho.


Nele um Harry sorridente vem correndo em minha direção, sorrio a ele, e então eu percebo que havia só nos dois no paraíso. Sim, paraíso. Estávamos em um campo florido cheio de narcisos, a minha flor preferida, e rosas no alto de uma montanha isolada, aonde o sol estava em seu ponto máximo, e a luz refletia nos lindos olhos verdes de Harry, iguais aos de Lily, sua mãe, e em seu sorriso cativante, tão branco quanto a neve, o deixando quase angelical. Tudo estava perfeito, mas, de novo, o barulho de pequenas pedras se chocando com o vidro da janela se fez presente. Franzi o senho, quem estaria fazendo este barulho a esta hora da noite?


Me levantei da minha cama quentinha e logo o frio numa intensidade maior bateu a minha porta. Vesti um longo casaco para me aquecer que ia até o meu joelho e me pus a olhar quem estava fazendo todo esse estrondo para chamar a minha atenção. Minha surpresa foi completa quando vi um lindo garoto de cabelos porco espinho com uma cicatriz na testa, meio escondida pelos cabelos, e de lindos olhos verdes, mas dessa vez sem óculos – ele sempre usa óculos já que a visão dele é péssima, por isso eu estranhei –,como no meu sonho, sorrindo para mim e segurando uma vassoura em suas mãos. Eu sorri, já até sabia como ele tinha vindo até mim!


Fiz um sinal para ele esperar e desci silenciosamente as escadas que davam a saída da minha casa. Como ele sabia aonde eu morava? Até hoje ainda não sei como ele descobriu.


Quando abri a porta que dava a saída estremeci, o frio me assolou com tal intensidade até maior do que antes, mas logo foi substituído pelo calor dos braços de Harry. Naqueles braços eu não sentia frio e nem os problemas batiam a minha porta, lá tudo não passava de meras ilusões; me sentia em chamas com ele ao meu lado, tudo estava pegando fogo, inclusive eu. Sorri, quando ele sorriu para mim, aquele sorriso arrebatador que só ele consegue dar, e disse:


– Estava com saudade de você, Mione. Vamos passear? – Ele disse, seus olhos brilhando a luz da lua. Sorri e não tive como resistir, apenas assenti. Nós andamos até a árvore que tinha perto da minha casa e nos sentamos lá, seus braços ainda estavam a minha volta e eu ainda me sentia em chamas, então não senti frio quando me sentei na neve. Tudo estava muito bom, e eu não sabia, mas estava para melhorar ainda mais. Foi debaixo daquela árvore que ele me beijou. Foi quente, amoroso, mas ao mesmo tempo forte, com pegada. Eu, tão inexperiente como até hoje sou, tentei corresponder, é claro, e quase não consegui, mas logo peguei o ritmo. Foi o melhor primeiro beijo do mundo. Depois, eu, arfante e confusa, o perguntei o porquê dele ter me beijado já que nem ao menos gostava de mim, ele sorriu e a resposta que ele me deu foi mais surpreendente até do que o beijo. Até hoje me lembro das suas palavras.


– Simples, você nunca percebeu? Eu te amo. Te amo desde a primeira vez que a vi entrando no nosso vagão, no primeiro ano. Amo quando os seus olhos castanhos avelã brilham ao ver um livro. Amo ver você ler, a sua concentração para mim é a atitude mais sexy que você tem. Amo quando fiapos do seu cabelo caem em seu rosto e você delicadamente os prende de volta. Você em si já é encantadora, nunca percebeu o efeito que você causa em mim, não é? Eu já não aguento mais guardar esse sentimento dentro de mim, tudo me lembra você, e é por isso que eu estou aqui agora; eu vim aqui pedir para você me aceitar, me amar como eu amo você... Quer namorar comigo? – Ele falou olhando diretamente nos meus olhos. Fiquei sem palavras, sem reação, perdi até a fala. Apenas pude assentir e o beijar com todo o meu amor. Assim que o beijo acabou ele sorriu e revirou os olhos, me abraçando e sussurrando no meu ouvido ‘‘eu te amo’’. Nós passamos a noite ali, debaixo daquela árvore, conversando e sorrindo, e no final acabei adormecendo em seus braços. Quando acordei no outro dia estava deitada em minha cama como se nada tivesse acontecido; pensei que tudo o que aconteceu foi apenas fruto da minha imaginação por um segundo, mas o bilhete que ele deixou em cima da minha cama comprovou que tudo tinha sido real. No bilhete dizia:


A nossa noite ontem foi maravilhosa. Nem acredito que agora a garota que eu amo é minha namorada. Meu sonho se realizou no momento que você me beijou. Obrigado por ser minha, eu te amo!


Te espero na toca!


Do somente seu, Harry


Esse é um dia que eu sempre irei me lembrar! Ando até o meu querido balanço, que já está meio desgastado pelo tempo, e me sento no mesmo; começo a me balançar querendo ir as nuvens como antigamente. As estrelas mais uma vez brilharam para mim, e eu me senti no céu. Segurança e paz predominavam em mim. Sorri, enquanto uma estrela cadente passava sobre a minha cabeça, no céu, neste exato momento. Eu fecho os olhos e faço o meu pedido, e sei que neste momento ele veio de lá do fundo do meu coração.


Eu quero parar de me sentir sozinha, mesmo tendo um monte de gente que me ama a minha volta. Quero parar de viver nas sombras dos outros.


Eu sei que pedi dois desejos em vez de um, mas todos eles vieram do fundo do meu coração. As vezes eu me sinto tão só, mesmo tendo varias pessoas ao meu redor. Sinto-me como se uma parede invisível nos separasse; neurose da minha cabeça, eu sei, mas não consigo evitar de me sentir assim. Todos conseguem fazer coisas melhores do que eu, todo mundo se sobressai a mim, eu vivo na obscuridade por isso. Harry, Ron, Gina. Eu sinto que sou só uma mera sombras deles, me sinto vulnerável e sozinha ao lado deles. É coisa da minha cabeça, mas mesmo assim eu tenho a esperança de que se eu parar de viver em suas sombras esse sentimento inquietante suma. Quem sabe a estrela não resolva? Quem sabe...


 


*****************






A olhei e sorri. Tão inocente, tão meiga, tão boa. Ela não merece os segredos que estão por trás de tudo a sua volta! Queria tanto a ajudar, mas infelizmente sou apenas um par de olhos que estão sempre a seguindo para onde quer que ela vá, mesmo ela não percebendo. Esse é o meu trabalho afinal de contas, mas eu até gosto dele porque eu, mesmo só de vista, me apeguei a ela. Queria tanto interferir em sua vida e me apresentar, a abraçar e dar todas as respostas que ela precisa, mas eu não posso, infelizmente. Ela me lembra tanto a minha irmã, que saudades dela!


– Você, venha cá! Tenho uma missão para você – O meu superior falou, apontando para... Mim? Sorri. Finalmente eu vou poder me mexer, cansei de ficar parada há muito tempo, e com certeza é uma missão sobre ela. O que será?


Me aproximei cautelosamente dele. Sabia que ele era do bem, mas essa informação nunca me impediu de sentir medo dele. Ele era enorme, alem de poder me despedir do cargo a qualquer momento; como não sentir medo dele assim? Suspiro e olho o homem grande, com músculos em todo o lugar que se possa imaginar, rosto aristocrático que estava sempre em uma carranca, e olhos negros como ônix a minha frente. Sorrio a ele, tentando disfarçar o meu medo.


– Sim, senhor?


– Quero que você vá atrás dela, desça até la embaixo e a encontre. Quando a encontrar a ajude a descobrir a verdade, e acima de tudo, faça ela encontrar aquele que trará a verdadeira felicidade a ela! Ela já se desviou demais do caminho e se continuar assim pode ser que morra antes do previsto. Os meus superiores tem planos maiores para vocês duas, agora vá e não me decepcione, ouviu bem? Se não, estará despedida.


– Sim, superior – Falei, sorrindo radiante a ele. Agora é a minha hora de brilhar! Quem sabe agora eu não ganhe uma promoção, hum? Sorrio mais uma vez, e então tudo muda.


 


*O ponto cuminal (culminante) é o temo empregue para se referir ao ponto mais elevado de um cume.



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