Prótologo



Eu sempre senti que a vida guardava mais para mim do que apenas ser o capacho dos outros. Sempre quis ser reconhecida, e não viver sobre as custas do menino que sobreviveu. Sempre sobre as suas costas. Sempre sendo seu estorvo pessoal. Não sei nem porque ele sempre me salva, afinal eu sou apenas uma mera peça descartável em seu jogo desprezível. Talvez eu saiba a resposta; talvez eu não seja tão descartável assim; talvez eles precisem de mim, porque mesmo eles não querendo, a verdade é que, sempre, no final das contas, eles vão precisar de mim, uma hora ou outra, é sempre assim; talvez eu seja apenas o cérebro do grupo, talvez...


Mesmo eu sendo da Grifinoria, casa dos corajosos, a verdade é que eu sou uma fraca, covarde. Não honro a minha casa. E quando tento, sempre falho. Eu sempre lutei para me sobressair da sua luz, mas parece que nunca é, e nem será, o suficiente. As vezes acho que sou boazinha demais, sempre me importando de mais com os outros e sempre esquecendo de mim, sendo que os outros levam os créditos pelas coisas que eu fiz. Sim, eu. Historias contadas, mas nunca a verdade revelada. Eu não me importava, é verdade, mas abri os meus olhos. Sempre me senti sendo desprezada, usada, e depois jogada fora. Por eles. Sempre eles. Me sinto uma marionete em suas mãos. Os consideram do bem, mas sempre existe os dois lados da moeda, não? Se dizem meus amigos, mas sempre me magoam. Todos me magoam, e eu, como a idiota que eu sou, deixo. A vida para mim é nada mais, nada menos do que uma encruzilhada. Dois caminhos a escolher. Um mais sofrido, mas que no final vai trazer bons frutos, e um aonde predomina a mesmice, sempre sofrendo. Circulando e circulando, sempre o mesmo caminho, mas nunca um final concreto. Esse parece ser o que eu escolhi inconscientemente, não é? Sim, parece, e foi. Mas as coisas estão para mudar, eu finalmente abri os meus olhos. A era da Hermione Granger está chegando; esta será a minha era e ninguém irá me atrapalhar.


Olho para a linda garotinha dormindo na cama ao lado. Seus lindos cabelos castanhos com varias mechas loiras estão espalhados pela cama, suas feições angelicais estão tão calmas, sem o medo que eu vejo constantemente em suas expressões faciais, toda encolhida em baixo dos lençóis, sua pequena mãozinha está abraçando seu ursinho, o primeiro que eu lhe dei, suas pálpebras estão fechadas cobrindo a imensidão violeta que são os seus olhos. Tão pequena, tão inocente, tão indefesa. Como uma criatura pode fazer mal a uma criança, praticamente um bebê, tão doce quanto ela? Que pessoa terrível faria algum mal a minha pequena anjinha? Logo um nome me veio a cabeça. Desprezível! Ele é desprezível!


‘‘Não, eu nunca deixarei ele tocar em um fio de cabelo dela. Nunca. Nem que para isso eu dê a minha vida, por ela. Tudo por ela’’ Penso, completamente decidida. Não na minha anjinha, nela não. Ela é a minha anjinha, e somente minha. Sim, ela é. Ela me salvou daquela vida terrível a qual eu levava. Minha anjinha é tão forte. Ela me livrou das mentiras que me rondavam. Minha anjinha é tão verdadeira. Ela me ensinou a verdadeira felicidade.Minha anjinha é tão encantadora. Ela me tirou daquela escuridão inconsciente na qual eu vivia. Minha anjinha é carinhosa, ela é a luz em sua própria essência. Minha anjinha parece um anjo, por isso o apelido, na verdade ela é um anjo. O meu anjo!


Sorrio para ela, e assim adormeço, com ela em meus pensamentos.

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