A Visão Indesejada
Os dois irmãos estavam quietos.
Kevin olhava as arvores pela janela, enquanto Nathan permanecia sentado na cama.
Nathan não havia mencionado algo para Kevin: o fato dele ter os mesmos pesadelos toda noite, ou melhor, pesadelos parecidos, sempre com o mesmo sentido. Ele sonhava sempre com uma sala escura, repleta de Grepels modificados enfurecidos, o chão com poças de sangue, e Alceu e Kevin lutando. Kevin, com sua varinha erguida, apontada para Alceu, não tão longe. Alceu apontava a varinha para Kevin, e os dois diziam coisas horríveis, uma conversa nada esperada por pais e filhos. Nathan estava apenas avistando a luta de longe, como se estivesse preso em algo. As vozes de Kevin e Alceu ecoavam, como os grunhidos dos Grepels modificados. A sala fria parecia se estreitar cada vez mais, fazendo Nathan se sentir um tanto sufocado. Nathan se debatia e esperneava, mas nada de ser libertado. Quando Nathan conseguira se libertar, Alceu e Kevin morriam por seus próprios feitiços. E o sonho sempre termina com Nathan chorando agachado em uma poça de sangue, e os Grepels modificados levando os corpos de Kevin e Alceu para longe dali, mergulhando no fundo escuro da sala.
Sempre que Nathan pensava no pesadelo, sentia um leve calafrio. Nathan passou a mão pelo rosto, e suspirou. Será que meu pesadelo é um aviso? - pensou.
- Nathan. - disse o irmão. Nathan olhou para o irmão e percebeu que seus olhos se fixavam na entrada da enfermaria. Ele olhava para Zara, que estava parada na entrada da enfermaria, com as mãos na cintura.
- Oi, meus fãs. - disse Zara, entrando na enfermaria e acenando, como uma atriz no tapete vermelho.
- Você de novo. - grunhiu Kevin. - O que quer agora?
Te matar para completar minha vingança contra Alceu, baby. - pensou Zara, se perguntando o que aconteceria se ela dissesse mesmo aquilo.
- Hey, não quero atormentar ninguém aqui, tá legal? - Ela parou quando estava a dois metros de distância de Kevin. - Vim para ser amiga de vocês.
Nathan soltou uma leve risada. Ela o fitou com cuidado.
- Não é uma brincadeira. Eu... Quero mesmo ser amiga de vocês. Parecem ser divertidos. - ela olhou novamente para Kevin, sorrindo.
- Diga logo o que você quer. - disse Kevin.
- Eu quero ser amiga... - ela parou de sorrir. - Ah! Vocês não acreditam mesmo em mim! - ela sacou sua varinha, e Nathan sentiu um pouco de medo.
- Expecto Patronum! - disse ela, e algo se formou na ponta de sua varinha. Demorou alguns segundos para os dois notarem que era um cão.
O cão de luz, correu em direção a Kevin, e de repente, saltou nos ares e começou a latir. Nathan não conseguiu esconder o quanto ele havia achado legal aquele feitiço.
- Puxa! - disse ele. - Isso é incrível!
- Meu feitiço favorito! - disse Zara.
Kevin riu quando o cão deu a volta por ele, e depois saltou novamente pelos ares.
- Viram? Quero ser uma amiga.
Nathan assentiu.
- Bem... Podemos te dar uma chance. Uma chance de ser nossa amiga. - disse Nathan, se levantando da cama.
Kevin engasgou.
- Podemos? - indagou ele, arregalando os olhos.
- Podemos. - disse Nathan, cumprimentando Zara.
Os olhos azuis de Zara encontraram os olhos castanhos escuros de Nathan, e Zara sorriu sem esforço algum. Por um instante, ela pareceu sem fôlego.
- ... Obrigada. - disse ela, soltando a mão de Nathan.
Então Zara sentiu algo, algo forte que pareceu vir rápido, e de alguma forma, ela não conseguiu ver mais nada.
...
Zara via um homem pálido com vestes escuras e rasgadas, caminhando por uma floresta ainda mais escuras que suas roupas. Ele caminhava devagar e friamente. Ela percebeu que em uma das mãos, ele segurava uma varinha. Ele subia uma pequena colina, e quando chegou no topo, avistava um castelo. Era Hogwarts. Ele avistava Hogwarts, que parecia estar quase destruída. Então o homem virou-se, e Zara conseguiu ver seu rosto: era Alceu, mas com o rosto mais magro e acinzentado.
A imagem mudou em um piscar de olhos.
Zara caminhava pelos corredores de Hogwarts depressa, estava tensa e estava com sua varinha erguida, e procurava por algo.
O Tesouro de Hogwarts. - ela adivinhou. Ela procurava o tesouro que havia sonhado dias atrás.
- A guerra virá, Zara. Não será fácil enfrentá-la. E você deve achar o tesouro antes que ela termine, ou morrerá. - disse uma voz, nos ouvidos de Zara.
Ela estremeceu, mas continuou a caminhar. Então, quando virou um corredor, se deparou com Alceu. Ela pensou em berrar, mas sua voz sumiu.
- Avada Kedavra! - berrou Alceu, com a varinha apontando para Zara.
...
Zara havia acordado. Pam colocava um pano molhado em sua testa. Ela estava deitada em uma das camas da enfermaria, Kevin, Nathan e Pam estavam ao seu redor.
- Pessoal...? - disse ela, com a voz trêmula.
- Zara... Você desmaiou... O que houve? - indagou Nathan, parecendo um tanto preocupado.
- Eu... - ela respirou fundo - Eu preciso encontrar o Tesouro de Hogwarts!
- ... Tesouro? Do que você está falando? - indagou Pam.
- Nada - ela balançou a cabeça. - Não é nada.
- Zara. Conte a verdade. - disse Pam.
Por algum motivo, Zara não conseguia mentir para Pam.
- Tive uma visão... E sei que Alceu está por perto. - exclamou Zara.
Comentários (1)
O dom da Zara tem suas partes ruins, mas mesmo assim acaba sendo um benefício, afinal agora ela sabe que precisa procurar o tesouro. E eu acho que essa vingança que ela está tramando vai acabar não dando certo, já que ela vai se tornar amiga de Kevin e até algo mais de Nathan, mas isso deve demorar, não tenho certeza. Ótimo capítulo, como sempre. Dani.
2013-07-15