The First Day
Disclaimer: Harry Potter não me pertence e tudo que vocês reconhecem pertence a J.K. Rowling. Essa história também é inspirada em “A Shattered Prophecy”, do Project Dark Overlord.
Chapter Eleven – The First Day
O Profeta Diário chegou na manhã seguinte com a manchete: “O Lorde das Trevas tem um Herdeiro!” na primeira página. O Ministro revelara à mídia na noite anterior a notícia de que Você-Sabe-Quem tem um filho, conhecido apenas como o Príncipe Negro. Ele deu uma declaração completa, anunciando que sua elite do Esquadrão capturara o garoto, que enfrentaria um julgamento em breve.
“É direito de todo bruxo ter um julgamento justo e objetivo”, Fudge foi citado no jornal, “Mesmo aqueles que não se consideram parte de nossa sociedade. Esses chamados bruxos das trevas contrariam as regras e regulamentos que regem a vida do resto do mundo mágico, mas, como Ministro da Magia, eu ainda lhes darei a chance de fazer a coisa certa e confessar seus crimes. O filho d'Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado vai enfrentar um julgamento e será julgado por seus crimes contra o mundo mágico. Os detalhes exatos de quando acontecerá ainda não foram finalizados, mas eu lhes asseguro que a justiça será feita!”.
James empurrou o jornal de lado com raiva. Não queria mais ler os fabricados e pré-concebidos discursos do Ministro. Sabia que Fudge não queria conceder um julgamento ao Príncipe Negro. Só estava fazendo isso para ganhar apoio popular. Ele já decidira o destino do garoto: o Príncipe Negro ia receber o beijo do dementador, não havia dúvida sobre isso. O julgamento era de fachada, arquitetado pelo Ministro para que pudesse mostrar ao mundo que líder justo ele é. O auror esfaqueou seu bacon raivosamente, quase rachando o prato em dois.
- Calma, James! – disse Lily à mesa. – É minha louça favorita.
- Desculpa. – ele murmurou.
- Eu sei como se sente. – disse Sirius, antes de tomar um gole de chá. – Eu estava chateado também. Eles sequer mencionaram todo o trabalho que tivemos para atrair o Príncipe Negro. – ele fez uma careta. – Impressionante captura pela elite do Esquadrão, sim, certo! – zombou.
O outro não respondeu, mas largou o garfo, desistindo do café da manhã.
- James, você está bem? – a ruiva perguntou, olhando preocupada para o marido. – Você não tocou na comida.
- É, vamos lá, bacon e ovos! – disse Sirius, acotovelando o amigo. – Seus favoritos! – ele pegou uma tira de bacon do prato do outro e a levou à boca. – Ou são os meus favoritos? – ele riu.
- Por que está aqui? – perguntou Lily, seus olhos se estreitando para ele.
- Eu queria tomar café da manhã. – disse Sirius, fingindo uma expressão confusa. – Estava com fome. – ele fez beicinho.
Lily revirou os olhos.
- É uma luta interminável com você: alimentar o sempre faminto! – ela disse.
Sirius sorriu para ela.
- Ah, admita, Lils. Você gosta quando estou por aqui.
A ruiva fez uma careta ao se levantar, limpando a mesa.
- Eu não gosto, não gosto mesmo. – ela respondeu.
Sirius riu e voltou a atenção para o amigo, que ainda parecia perdido em pensamentos.
- Ei, Pontas? O que está te fazemdp abusar da massa cinzenta? – ele perguntou.
James olhou para ele, mas sacudiu a cabeça.
- Nada. Não é nada.
A porta que dava da cozinha para a sala de estar foi aberta e James se distraiu ao observar Damien, que estava sentado no tapete, jogando xadrez com Ron. Estava feliz que o ruivo estivesse ali, ficando por uma semana com seu filho. Amenizava o tédio que o menino sofria durante as férias de verão.
Observou o filho de doze anos continuar o jogo que eles tinham começado na noite anterior. Os garotos tinham deixado o tabuleiro montado na noite passada para que pudessem continuar pela manhã.
- Eu não me importo com o que aconteça, eu vou bater você dessa vez. – disse Damien, movendo uma peça pelo tabuleiro.
O ruivo sorriu para o mais novo.
- Desista, companheiro! – ele provocou. – Eu sou um profissional. Você não vai me bater. – Ron fez a jogava, fazendo o peão do amigo sair voando do tabuleiro.
Damien olhou irritado para o mais velho antes de voltar o olhar para o jogo. Olhou determinado para o tabuleiro, pensando cuidadosamente na próxima jogada. De repente, moveu o peão por três casas, ultrapassando o do ruivo e nocauteando-o para fora do caminho. Mesmo à distância, James podia ver que a jogada não era permitida.
- Ei! – protestou Ron. – Você não pode fazer isso!
O moreno arqueou uma sobrancelha para ele.
- Não posso? – perguntou com um sorriso.
As palavras simples e inocentemente faladas atingiram James com um soco no estômago. Ele ficou encarando o filho. As palavras girando em sua mente. A forma que o menino tinha dito aquelas duas palavras, sua voz, o tom de zombaria, o ligeiro toque de riso, era igual. A forma de Damien falar era mais inócua, mas, ainda assim, havia uma semelhança. Uma semelhança muito assustadora. A memória de um garoto com uma máscara prateada, virando-se para encarar Kingsley antes de pronunciar as mesmas palavras, da mesma forma, voltou para James como uma onda e o atingiu. A voz do Príncipe Negro ecoou em sua cabeça.
Sem uma palavra, o auror levantou-se rapidamente, ignorando os dois meninos na sala de estar.
- Pontas? – Sirius olhou para o amigo, que, de repente, levantou-se apressadamente da mesa.
- James? O que houve? – Lily perguntou, afastando-se da pia.
- Nada, eu… eu só tenho que, fazer uma coisa. – ele murmurou, dirigindo-se à porta.
- James? O que foi? Aonde você vai? – a ruiva perguntou, bloqueando seu caminho.
- Eu tenho que resolver uma coisa. – ele disse, ainda perdido em seus pensamentos, sem prestar muita atenção na esposa. – Eu volto logo. – ele prometeu e correu para a porta dos fundos, abrindo-a e desaparecendo.
- James? – chamou Lily, mas o marido já tinha ido embora. Ela se virou para encarar um Sirius surpreso, ainda sentado à mesa da cozinha. – Eu não sei o que deu nele. – ela disse. – Ele tem agido engraçado desde ontem.
O amigo se levantou e caminhou até a ruiva.
- É toda essa coisa do Príncipe Negro. Está bagunçando com a cabeça dele. – o homem disse.
Ela assentiu.
- Ele não parou de se estressar com isso ontem. – ela disse, mordendo o lábio, preocupada.
Seus olhos esmeraldas encararam a porta novamente, demorando-se no local em que o marido desaparatara. Sirius não conseguia suportar ver Lily tão abatida, então, fez o que geralmente fazia para distraí-la: começou a irritá-la.
- Isso tudo é culpa sua. – ele acusou.
A ruiva virou-se abruptamente para ele.
- Como? Minha culpa? – ela perguntou.
- Se você o desestressasse um pouco mais no quarto, James seria muito mais relaxado e feliz. – disse Sirius.
Lily ficou boquiaberta.
- Perdão? – ela disse. – O que acontece em nosso quarto não é problema seu!
- Eu se, eu sei. – o amigo descartou com uma aceno de mão. – É privado. – ele fez sinal de aspas com as mãos. – Mas, estou te dizendo. Se você desse a ele um pouco de carinho antiestresse, ele não se importaria com quem recebe o beijo do dementador!
A ruiva olhou furiosa para ele.
- Você é louco! – ela disse, voltando para a pia.
- Sabe o que devia fazer? – ele disse, seguindo-a. – Hoje à noite, prepare uma refeição especial para ele, acenda algumas velas e vista sua camisola rendada vermelha e preta. Isso vai animar o velho Pontas! – ele sorriu.
Lily parecia completamente ofendida.
- Você esteve mexendo nas minhas coisas, seu pervertido? – ela perguntou.
- Não! – ele franziu o rosto. – Eu nunca faria isso! E eu me ressinto com a acusação!
- Então como sabe que eu tenho uma coisa dessas? – ela desafiou.
- Eu não sabia até agora. – ele sorriu.
- Saia! – a ruiva disse, apontando o dedo para a porta.
Sirius piscou para ela, mas foi para a porta obedientemente. Ele soprou-lhe alguns beijos, sua forma de dizer “Eu-estava-só-provocando-então-não-fique-chateada” e saiu da cozinha.
Lily voltou para a pia, mas um pequeno sorriso encontrou seus lábios com as palhaçadas do amigo. Ele a irritava profundamente, mas sempre conseguia fazê-la sorrir.
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Era impossível saber se era de manhã ou não sem uma janela para a luz do dia entrar. Preso numa cela escura, sem nada que indicasse o tempo, fazia Harry se sentir como se estivesse lá há dias ao invés de horas. A única tocha se apagara há horas e mesmo que o garoto pudesse acendê-la sem varinha, não sentia necessidade disso. Por que ter luz na cela, afinal? Não tinha nada para estudar.
Recuperara a consciência durante a noite e mesmo que a cicatriz ainda estivesse doendo e sua perna e costelas latejassem dolorosamente, sentia-se melhor que antes. A dor não era mais tão aguda e diminuíra. Era apenas uma pequena melhora, mas estava grato mesmo assim. Sempre se recuperava rápido.
Harry deitou de costas com as duas mãos abaixo da cabeça para protegê-la do chão frio, e encarou sem rumo a escuridão. Não tinha dormido, não conseguira. Sua menta ainda estava muito focada em sua atual situação para lhe permitir dormir.
A tocha estava encantada para se acender, e, assim que chegou a hora, ela queimou com uma súbita explosão de fogo, lançando uma luz oscilante na cela do garoto, que suspirou e fechou os olhos, preparando-se para suportar a tortura que sem dúvida o aguardava. Sabia que os guardas usariam seu interrogatório como uma desculpa para machucá-lo. Não era ingênuo quanto as suas intenções. Mesmo que respondesse a todas as perguntas, o que não estava planejando fazer, eles ainda iriam feri-lo por quem ele era. Seu pai sempre lhe dissera que havia pessoas nesse mundo que iam machucá-lo apenas por ser seu filho.
Um pequeno estalo trouxe consigo uma tigela e uma pequena taça no canto. O adolescente ficou onde estava, ignorando o “café da manhã”. Não se sentia particularmente faminto. Disse a si mesmo que era melhor se estivesse com o estômago vazio. Ao menos não teria nada para vomitar durante a tortura.
Ouviu os passos que ecoavam à distância se aproximando dele. Respirando fundo e se sentou, com o objetivo de parecer o menos vulnerável possível.
Jackson manteve-se fiel à sua palavra e chegou à porta da cela de Harry.
- Bom dia! – ele cumprimentou com um largo sorriso. Bateu com a varinha nas barras de ferro, fazendo o som ecoar ao redor da cela. – Dormiu bem? – ele perguntou.
- Perfeitamente. – o adolescente respondeu.
Jackson olhou para a tigela de mingau e a taça de água, que estavam intactos.
- Vejo que não comeu seu café da manhã. – o loiro disse. – Qual é o problema? Não atende aos padrões habituais do Príncipe?
Harry sorriu de lado.
- Eu costumo tomar um café da manhã gourmet. – o garoto entrou no jogo para irritar o guarda.
O homem inclinou a cabeça para o lado, examinando-o. Tinha que dar ao garoto o que lhe era devido. Para alguém tão jovem quanto ele, numa situação desse tipo, ele mantivera a calma e não mostrara medo algum. Merecia algum tipo de respeito.
- Tudo bem, vamos começar com isso. – o loiro disse, destrancando a porta e a abrindo. – Levante-se.
O jovem obedeceu, ficando de pé e ignorando a forma que seu corpo dolorido protestava. Os dois guardas que vieram com Jackson entraram na cela e o conduziram para fora, um de cada lado, mas sem tocá-lo.
Semelhante à noite anterior, Jackson liderou o caminho enquanto Harry seguia com os dois guardas, assegurando de que ele não tentasse nada. Os homens levaram o adolescente a um conjunto de largas escadas de pedra e começaram a subi-las. As escadas pareciam nunca acabar. Eles continuaram a subir, indo cada vez mais alto na fortaleza do edifício, até que enfim chegando ao piso superior. Os guardas empurraram o garoto em uma sala.
A pequena sala tinha apenas três móveis. Uma mesa retangular e duas cadeiras, uma de cada lado. O garoto notou a diferença nas cadeiras instantaneamente. Uma era alta, feita de madeira maciça e irradiava um senso de autoridade. A outra era de metal, com braços que tinham correntes e algemas penduradas. Uma corrente longa e grossa estava envolta no assento, pendendo ameaçadoramente sobre a borda.
Harry foi arrastado até a cadeira de metal e sentou antes que os dois decidissem sobre prendê-lo na cadeira. A corrente grossa foi arrastada pela cintura do garoto e apertada até que pudesse senti-la cravando em si. Seus braços foram puxados para trás da cadeira, surpreendendo-o. Pensara que fossem usar as algemas, mas os guardas decidiram que seria uma posição muito confortável para o filho de Voldemort. O adolescente sentiu a picada árdua das algemas de metal em seus pulsos quando foram amarrados nas suas costas. A pressão da amarração apertada machucou seus ombros de cara, fazendo-o gemer mentalmente. Sabia que ficaria nessa posição por algumas horas, no mínimo. Como seus ombros ficariam até lá? Seus tornozelos foram algemados às pernas dianteiras da cadeira, as algemas tão apertadas que cortavam sua pele. Sentiu a primeira pontada de vulnerabilidade o atingir quando percebeu quão fortemente estava acorrentado. Não podia lutar de forma alguma, os obstáculos de metal já estavam cravando na pele de seus pulsos e tornozelos, e a corrente ao redor da cintura estava tão apertada que doía.
Viu quando os guardas se afastaram depois de garantir que as correntes e algemas estavam tão apertadas quanto podiam. Jackson o encarava, o sorriso irritante em seus lábios novamente ao observá-lo. Com passos lentos, o loiro caminhou até ele, os passos estalando alto pela sala. O homem parou e sentou-se à mesa, bem na sua frente.
- Você parece ser um garoto inteligente. – ele começou. – Então sabe o que vai acontecer em seguida. Se responder nossas perguntas e nos der todas as informações que precisamos, vamos deixá-lo em paz até a data do julgamento. – explicou Jackson. – No entanto, se quiser ser estúpido e resistir, e não quiser compartilhar, então, só vai se machucar. Vai ser arrastado para cá, amarrado dessa forma e interrogado todos os dias, até que nos dê respostas. Mas eu não quero dar mais trabalho ao Curandeiro Bennett, então vamos tentar nos entender, o.k.?
Harry sorriu de lado em resposta.
- Me entender com a escória do Ministério? – o garoto perguntou, seu sorriso transformando-se num olhar de desprezo. – Eu prefiro morrer primeiro.
Jackson parecia desapontado. Ele lançou um olhar demorado ao adolescente antes de quebrar o contato visual. Sacudiu a cabeça antes de vasculhar as vestes e tirar um pequeno frasco com um líquido transparente.
- É nossa experiência com assassinos monstruosos e insensíveis assim como você, que muito raramente dizem a verdade. – ele levantou o frasquinho. – Algumas gotas de Veritaserum, no entanto, livra-nos desse problema.
Harry ficou rígido, apesar de suas tentativas de parecer calmo. Olhou para o frasco com apreensão, sua mente tentando furiosamente encontrar uma forma de proteger o pai.
Jackson inclinou-se para frente e colocou a mão no ombro do adolescente, sorrindo para ele.
- Hora de nos contar tudo que sabe, garoto. – ele disse.
Harry não podia fazer nada, a não ser encará-lo com raiva. Apertou os lábios com força e recuou quando o loiro aproximou o frasco. O homem suspirou e olhou para o guarda à esquerda do rapaz, acenando para ele. O guarda virou a varinha para o adolescente.
Ele murmurou um feitiço e uma bola de luz disparou de sua varinha, atingindo Harry nas costelas e sacudindo seu corpo já machucado e dolorido. Suas costelas explodira em uma dor torturante, fazendo-o gritar, contorcendo-se para o lado o máximo que podia em suas amarras. O outro guarda moveu-se por trás dele e estendeu a mão, pegando um punhado de seu cabelo e puxando sem piedade, pressionando a cabeça dele para trás. Jackson já agarrara seu rosto num aperto rude. Ele derramou três gotas de Veritaserum na boca do adolescente. Os homens o soltaram, deixando o jovem ofegante recuperar o fôlego.
O loiro esperou um momento, seus olhos azuis fixos em Harry, observando o garoto ofegar, obviamente de dor, mas ele se endireitou lentamente. A raiva em seus olhos esmeraldas era intimidante, tinha que admitir, mas o rapaz estava seguramente amarado, então não poderia revidar.
Jackson tirou uma pequena esfera prateada e a tocou, iniciando a gravação do interrogatório. Inclinou-se de modo que seu rosto estava a apenas alguns centímetros de distância do garoto.
- Você é quem os Comensais da Morte se referem como, O Príncipe Negro? – ele fez uma pergunta teste, uma que ele sabia a resposta.
O adolescente cerrou os dentes, mas a resposta veio dele.
- Sim.
O loiro sorriu e recostou-se. Cruzou os braços sobre o peito e observou o garoto por um momento.
- Qual é o seu nome? – ele perguntou. Estava curioso para saber.
O jovem fechou os olhos enquanto o nome era despejado de sua boca.
- Harry.
Jackson ergueu as sobrancelhas.
- Harry? – ele repetiu. – Um nome muito comum. Não o que eu esperava de Você-Sabe-Quem. – ele riu. – Você não tem um sobrenome? – ele perguntou atrevidamente.
- Eu tenho, mas não o uso. – o garoto rosnou.
O homem fez a próxima pergunta, uma que queria saber desde que o vira a primeira vez.
- Quantos anos você tem?
- Dezesseis. – veio a resposta.
O sorriso de Jackson fugiu do rosto. Dezesseis? Pensara que o rapaz fosse mais velho. Ele agia como se fosse mais velho e o loiro presumira que já fosse maior de idade. Estava esperando que dissesse ter dezoito anos, no mínimo. Trocou um olhar com os outros dois que estavam na sala, e até eles pareciam surpresos. Estavam lidando com um menor. O homem olhou de volta para o adolescente, encarando-o, e viu que ele, de fato, parecia jovem o bastante para ter dezesseis, mas sua personalidade dava a impressão de que fosse mais velho.
Sacudindo a surpresa, Jackson reassumiu seu papel. Cruzou o olhar com o garoto, pensando na próxima pergunta e que efeitos saber sua resposta teria para o mundo mágico.
- Onde está Lorde… V-Voldemort? – ele perguntou, hesitando em dizer o nome do bruxo das trevas.
Harry olhou direto para ele ao responder.
- Em casa.
O loiro piscou. Não era a resposta que estava esperando.
- Onde é a casa de Voldemort? – ele perguntou.
- Na Mansão Riddle. – o garoto respondeu.
O home praguejou mentalmente. Eles já sabiam disso.
- Onde fica a Mansão Riddle? – Jackson perguntou.
- Sob o Feitiço Fidelius. – o jovem respondeu. Ele não podia responder àquela pergunta, mesmo sob Veritaserum.
O loiro encarou o adolescente por um momento.
- Quem é o guardião do segredo? – ele perguntou.
- Lorde Voldemort. – Harry respondeu.
Jackson praguejou. Devia ter esperado por isso. O Lorde das Trevas não confiaria em ninguém além dele mesmo. Ele pressionou, se não podia obter respostas sobre Voldemort, ia ter que se contentar com os Comensais da Morte.
- Quais são os nomes dos Comensais da Morte de Voldemort? – ele perguntou.
O garoto fez uma pausa, seus lábios fechados e encarando o homem à sua frente. O loiro sabia que a poção ia forçar a resposta dele. Tudo que tinha que fazer era esperar. Efetivamente, ele abriu a boca para responder.
- Igor Karkaroff, Regulus Black, Larry Hunt, Rudolphus Lestrange...
- Os que não estão mortos! – vociferou Jackson, todos os sinais de sorriso apagando-se de seu rosto.
Harry não respondeu, já que o homem não fez uma pergunta de verdade, ele não tinha que responder.
- Quais os nomes dos Comensais da Morte que ainda estão vivos? – Jackson exigiu.
Novamente, o garoto pareceu lutar por um momento antes de responder, mantendo os olhos fixos no homem.
- Antonin Dolohov e Bellatrix Lestrange.
O loiro cerrou os dentes, seus olhos brilhando com raiva para o jovem.
- Nós já sabemos sobre esses dois! – ele cuspiu.
- Isso não é problema meu. – o adolescente respondeu.
Jackson perdeu a paciência e atacou. Seu punho atingiu Harry, chicoteando seu rosto para o lado. A cadeira quase tombou com a força do golpe, mas os guardas que estavam ao lado a firmaram.
O loiro agarrou um punhado do cabelo do rapaz e puxou sua cabeça para cima.
- Diga o nome dos Comensais da Morte que o Ministério não sabe! – ele gritou.
- Jason Riley… Thorfinn Rowle.
- Eles estão mortos! – o homem trovejou, intensificando o aperto.
- O Ministério… não sabia, eles eram… eram Comensais da Morte. – Harry engasgou, sorrindo da expressão assassina do guarda.
- Seu pequeno bastardo! – o loiro soltou o cabelo dele e o acertou novamente.
- Jackson! Pare! – um dos guardas o puxou para trás e para longe do rapaz. – Se acalme!
O garoto arquejou para respirar, saboreando o acobreado gosto de sangue em sua boca. Ele cuspiu, olhando para o guarda irritado.
- Ele só está te provocando. – o outro disse ao loiro. – Não perca sua paciência.
Jackson expirou profundamente. Sabia que o adolescente estava testando sua paciência. Não lhes dissera uma única coisa que fosse útil. Estava manipulando o Veritaserum, dizendo a verdade, mas sem dar respostas.
O loiro passou a mão pelo cabelo e expirou novamente. Caminhou até o jovem e novamente se recostou na borda da mesa, agarrando-a, como que se forçando a não alcançar o garoto de novo.
- Tudo bem, Harry. – ele disse, tentando sorrir calmamente para ele. – Vamos tentar de nodo.
O homem pensou cuidadosamente em como proferir a pergunta para forçar algumas respostas verdadeiras do Príncipe Negro.
- Diga os nomes dos Comensais da Morte que estão vivos, mas estão escondidos do Ministério.
- Fenrir Greyback, Mark Jugson e Evan Rosier. – o garoto respondeu.
O aperto do guarda na mesa estava tão forte que os nós de seus dedos estavam brancos.
- Todos esses homens estão em fuga. – ele sibilou. Eles já sabiam sobre eles estarem com Voldemort.
O jovem sorriu de lado.
- E, portanto, estão escondidos do Ministério.
- Certo! É isso! – Jackson se levantou, gesticulando para os guardas desatarem o adolescente.
Quando os homens reclamaram, o loiro se virou para tocar a esfera prateada e parar a gravação. Ele se virou e viu os guardas desatando Harry e puxando-o da cadeira, de modo que estava de pé.
- Você se acha muito esperto, não é? – perguntou Jackson, caminhando até ele e ficando a poucos centímetros de distância do garoto de dezesseis anos.
Sob o efeito do Veritaserum, ele respondeu sincero.
- Sim.
O loiro olhou de soslaio para ele.
- Bem, vamos ver quão esperto você é!
O homem agarrou Harry pelo colarinho das vestes e o puxou, atirando-o furiosamente para o outro lado da sala. O garoto bateu na mesa, cuja borda golpeou suas costelas. O adolescente quase caiu no chão de dor. Sua visão ficou branca e ele agarrou a ponta da mesa para não cair mais. Uma mão o agarrou por trás e o virou.
Foi quando a determinação do jovem estalou. Seus instintos de sobrevivência assumiram o controle e ele reagiu. Golpeou as mãos de Jackson para longe de si antes de fechar a mão em punho e socá-lo bem no rosto. O loiro caiu, chocado. Os dois guardas apontaram as varinhas para o garoto, mas antes que pudesse acertá-lo, Harry ergueu a mão e fez um gesto largo com ela, derrubando-os, como se um feitiço invisível os tivesse alcançado. Ambos atingiram a parede com um alto estrondo e caíram no chão.
Jackson estava com a varinha apontada para o adolescente e lançou uma maldição de corpo preso nele. O garoto facilmente escapou do feitiço antes de jogar o homem para trás, sem varinha também. O loiro atingiu a parede, batendo a cabeça contra ela. A mão de Harry mirou a cadeira de metal à qual estivera acorrentado, e, arrastando a mão no ar, a cadeira deslizou pelo chão, colidindo com o loiro, batendo nele com uma força brutal e fazendo-o dobrar de dor.
Os outros dois guardas ficaram de pé novamente, as varinhas em punho. Ambos lançaram maldições no rapaz, mas não conseguirem atingir o alvo. Outro feitiço sem varinha de Harry, e eles foram arremessados, um para cada lado da sala, colidindo com as paredes antes de caírem no chão, inconscientes. A porta atrás do garoto se abriu de repente e três guardas entraram correndo. Antes que o jovem pudesse reagir, foi detido no chão, dois guardas o prendendo, puxando seus braços para trás e segurando-o ali.
- O que diabos está acontecendo? – um dos recém-chegados perguntou, a pergunta direcionada a Jackson. – A gente te viu através da esfera de segurança. Por que o desamarrou? – o homem perguntou.
Harry sentiu as algemas de metal novamente em seus punhos, prendendo suas mãos para trás. Foi colocado de pé grosseiramente e mantido assim pelos dois guardas que o prenderam. Estava respirando pesadamente, raiva e vingança não saciada zumbindo dentro dele enquanto olhava para Jackson. O loiro o encarava, ofegando também. O homem mal conseguia se endireitar propriamente por conta da cadeira de metal que se chocou contra ele. Harry sabia que, pelo menos, quebrara uma costela dele.
O garoto sorriu de lado para ele.
- Parece que não fui o único a se machucar. – ele zombou.
Jackson disparou na direção dele, mas o outro guarda o impediu, segurando-o pelo braço e o afastando.
- Ei! O que está fazendo? – o guarda de cabelos castanhos perguntou, surpreso por Paul Jackson ter acatado um prisioneiro. Normalmente ele era o mais calmo deles. – O que está acontecendo?
O loiro saiu do aperto de seu colega, os olhos azuis fixos em Harry. Ele apontou o dedo para o garoto.
- Você vai pagar por isso! – ele rosnou. O homem olhou para os dois guardas que seguravam o rapaz. – Levem ele para a área mais baixa, a sudeste. – ele instruiu e virou-se para o guarda de cabelos castanhos, enquanto o jovem era puxado porta afora. – Davis, me dê um par de algemas Kelso.
- Jackson, o quê…?
- Apenas pegue as algemas! – o homem vociferou, antes de seguir atrás do garoto.
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Harry foi arrastado para a área mais baixa de Nurmengard pelos dois guardas, Jackson seguindo atrás deles. Assim que foi puxado para o corredor longo e sinuoso da parte subterrânea da prisão, sentiu os efeitos. Era mais difícil respirar ali, o ar parecia pesado e denso. Não sabia se era porque estavam no subsolo ou se era algum feitiço. Era mais frio também. A cela que estava na noite anterior era quente e abafada, mas ali era frio. Viu uma única fileira de celas ao longo da parede.
Foi arrastado para uma das celas, mas, ao invés de forçá-lo a entrar, os guardas golpearam seu rosto contra as grades primeiro. As algemas foram tiradas rudemente de seus pulsos e ele foi virado para encarar Jackson. Duas varinhas foram apontadas para sua face, mas nenhum feitiço foi disparado contra ele.
O guarda de cabelos castanhos, Justin Davis, entregou um par de algemas ao loiro.
- Não tente nada! – advertiu Jackson e, para reforçar o que foi dito, um dos guardas pressionou a ponta da varinha contra a testa do adolescente. O loiro agarrou os pulsos do garoto e os algemou, ignorando quão vermelhos e feridos estavam.
Quando Harry estava algemado com as mãos para frente, Jackson o agarrou e arrastou para a porta da cela. A porta foi destrancada e aberta antes que o jovem fosse empurrado para dentro. Ele se virou para encarar o loiro quando a porta se fechou, um clique alto provando que estava trancada.
- Uma noite aqui e vai estar pronto para me contar tudo! – rosnou Jackson e apontou o dedo para ele. – Você causou isso a si mesmo!
O homem se virou e foi embora, os outros três guardas o seguindo. Um forte estrondo e o adolescente sabia que estava sozinho.
Harry não podia deixar de tremer. O frio era intenso e ele só estava com uma camiseta fina sob as vestes. Olhou para as algemas em seus pulsos, percebendo o trabalhado “K” nelas. Mexeu os dedos, torcendo-os para conjugar uma pequena bola de fogo. Nada aconteceu. O garoto praguejou.
Moveu-se rapidamente em direção à porta da cela, colocando as mãos algemadas sobre placa quadrada na porta. Tentou destrancá-la, como fizera na noite passada. Nada aconteceu. O adolescente caiu para trás, desapontado. Sabia o que significava o “K” agora. Os guardas o algemaram com algemas Kelso, assim nomeadas em homenagem ao bruxo que as inventara, Caluim Kelso. Elas inibiam magia sem varinha, foi por isso que Jackson as colocara nele.
Harry se esforçara tanto para manter a calma e não usar magia sem varinha. Seu pai sempre lhe dissera para nunca revelar seu potencial completo ao inimigo. O elemento surpresa era o que às vezes vencia a batalha. Mas não conseguira se controlar e seus instintos de autoproteção fizeram os guardas saberem que podia fazer magia sem varinha, e eles impediram isso usando as algemas.
O garoto caiu para trás, tremendo horrivelmente na cela fria, seu peito doendo com o esforço que estava fazendo apenas para respirar. Estava preso ali, incapaz de usar magia para sair ou se manter confortável. Olhou para o teto da cela e suspirou, a respiração nevoando à sua frente. Tinha que esperar um dia inteiro para sair dali.
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Estava no fim da tarde quando James fechou ao quartel-general. Estava feliz por ver que Remus estava presente também, obviamente para ver Sirius.
- Ei, Pontas! – cumprimentou Sirius quando o amigo saiu da lareira, chegando via flú. – Que surpresa. Não achei que Lily fosse deixá-lo vir, depois que você fugiu dela essa manhã!
O homem não respondeu à piada, fazendo o amigo franzir o cenho para ele.
- Está tudo bem? – perguntou Remus.
- Sim, agora está. – disse James.
Ele correu até eles, puxando dois rolos de pergaminho. Entregou um a cada.
- O que é isso? – perguntou Sirius.
- Suas permissões. – disse James. – Para Nurmengard.
Ambos levantaram a cabeça rapidamente para encará-lo.
- O quê? – indagou Sirius.
- Como conseguiu isso? – questionou Remus.
- Não foi fácil. – James suspirou, sentando-se em uma cadeira. – Eu tive que fazer Robertson mexer os pausinhos. Não foi fácil e me levou quase oito horas para conseguir fazê-lo dar essas permissões. – ele gesticulou para os rolos de pergaminhos antes de tirar os óculos, esfregando os olhos cansadamente.
- Robertson fez isso para você? – perguntou Sirius surpreso.
- Sim, e isso me lembra uma coisa, você ainda tem o bastão de batedor autografado por Bagman? – ele perguntou.
- É claro! – riu Sirius. – Uma das minhas poucas possessões!
James fez uma careta.
- É, você vai ter que entregá-lo a Robertson. – ele informou ao amigo.
- O quê? Por quê? – perguntou Sirius.
- Desculpa, cara. – James encolheu os ombros. – Foi o que selou o acordo e Robertson sabia que você tinha o bastão e não aceitou nada mais do que ofereci. – James explicou.
- Eu não sabia que ele era fã de Bagman. – acrescentou Remus.
- Ele não é. – respondeu James. – Mas desde a morte de Bagman, qualquer coisa com sua assinatura vale uma fortuna. – ele sacudiu os ombros. – Eu teria oferecido dinheiro, mas seria considerado suborno.
- Me desculpe, mas por que é que eu estou abrindo mão do meu autêntico e magnífico bastão autografado por Ludo Bagman? – indagou Sirius, ainda sem conseguir superar o fato de o amigo tê-lo penhorado.
- Porque isso é mais importante. – o outro explicou, segurando sua própria permissão para Nurmengard.
Os dois homens se acalmaram, encarando o rolo de pergaminho na mão do amigo.
- Pontas… – começou Remus.
- Eu me recuso a sentar e simplesmente aceitar que alguém pegou o Príncipe Negro primeiro. – James cortou o amigo. – Nós fizemos o trabalho duro, nos esforçamos e eu quase fui morto por ele. – ele lembrou aos amigos. – Acho que isso me dá o direito de vê-lo.
Remus e Sirius se entreolharam antes de o primeiro se virar para James.
- James, nós entendemos porque quer vê-lo. – ele disse. – É natural sentir o que está sentindo. – ele continuou, falando cuidadosamente. – Mas, isso não é certo.
James parecia confuso.
- O que não é certo? – ele perguntou.
Remus hesitou em dizer as palavras e, ao invés disso, abaixou a cabeça para desviar o olhar. Sirius assumiu o comando.
- Olha, Pontas, cara. – ele começou. – Ninguém pode te culpar por sentir raiva e vontade de... de... fazer... alguma coisa, mas nós não somos assim. Não somos assim! – ele insistiu.
- Do que é que vocês dois estão falando? – perguntou James, completamente confuso.
- James, você está obcecado com o Príncipe Negro desde que descobriu sobre ele. – disse Remus. – Mesmo agora que ele foi capturado e logo será sentenciado, não é o bastante para você. – os olhos dele procuraram os de James. – Eu sei que quer machucar Voldemort. – disse baixinho. – Você quer machucá-lo pelo que fez... a Harry. – ele viu a agitação nos olhos do amigo com o nome de seu filho falecido, mas continuou. – Mas se você ferir o filho dele, não vai mudar nada, não vai vingar a morte de Harry. Combater fogo com fogo só vai levar a um incêndio maior.
James se levantou, sua mandíbula apertada e as mãos fechadas em punho.
- Vocês acham que eu quero ir a Nurmengard para machucá-lo? – ele perguntou entredentes.
- Não quer? – perguntou Sirius baixinho.
- Não! – James esbravejou. – Não, o que acham que eu sou? – ele gritou. – Não tem nada a ver com vingança! Eu quero matar Voldemort pelo que aquele bastardo fez a...! - ele sentiu o coração apertar com força quando a imagem do seu filho apareceu em sua mente. Não conseguia sequer dizer o nome dele sem sentir a dor no peito. Respirou fundo. – Eu não vou machucar o filho dele. – declarou um pouco mais calmo. – Essa não é minha intenção.
Seus dois amigos pareciam imensamente aliviados.
- Graças a Deus! – respirou Sirius.
- Então, qual é a sua intenção? – perguntou Remus. – Por que está fazendo tudo isso apenas para vê-lo?
James parou, sem saber o que dizer. Ele mesmo não sabia por que queria ver o filho de Voldemort. Apenas sabia que tinha que vê-lo.
- Para ser sincero, eu não sei. – ele disse, se jogando na cadeira novamente. – Eu não consigo explicar, mas é como se, como se meu instinto ou alguma coisa estivesse me dizendo para ir vê-lo. – tentou explicar. – Sei como isso vai soar, mas... mas eu sinto que preciso falar com ele, eu preciso vê-lo.
Os outros dois pareciam surpresos.
- E isso não tem nada a ver com qualquer tipo de vingança? – perguntou Sirius, parecendo incerto novamente.
James negou veementemente com a cabeça.
- Não, não! – ele vociferou. – Eu te disse, eu não quero machucá-lo.
- Então, quando chegarmos a Nurmengard, e ai? – questionou Remus. – O que vamos fazer? Sobre o que vamos falar com ele? – ele perguntou em seu comportamento sério habitual. – Acha mesmo que o garoto que tentou te matar vai falar civilizadamente com você?
James ficou em silêncio.
- Eu não sei. – ele admitiu baixinho. – Tudo que sei é que quando eu encontrá-lo vou pensar em alguma coisa.
Sirius olhou entre os dois amigos.
- Então, quando partimos para Nurmengard? – ele perguntou.
- Agora. – respondeu James. – Nós só temos autorização até hoje à noite. –explicou aos dois homens chocados. – Tenho as coordenadas. Aparatamos para o continente mais próximo e em seguida saímos de barco. – ele olhou para os amigos. – Vai ficar tudo bem? –perguntou, percebendo, pela primeira vez, que eles poderiam não querer acompanhá-lo.
Remus sorriu e Sirius deu uma risada.
- O que estamos esperando? – perguntou Sirius. – Vamos para Nurmengard!
James sorriu aliviado. Sempre podia contar com os dois melhores amigos. Segurou o rolo de pergaminho firmemente na mão, encarando-o.
- É. – ele concordou baixinho. – Vamos para Nurmengard.
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