An Uncanny Resemblance



Disclaimer: Harry Potter não me pertence e tudo que vocês reconhecem pertence a J.K. Rowling. Essa história também é inspirada em “A Shattered Prophecy”, do Project Dark Overlord.


Chapter Twelve - An Uncanny Resemblance


Fazia quase nove horas que Harry estava trancado em uma cela no subsolo de Nurmengard. A cada minuto que se passava, o frio parecia piorar, fazendo-o tremer incontrolavelmente. Descobriu que sentar era insuportável, já que o chão de concreto apenas tornava mais intenso o frio em seu corpo dolorido. Preferiu ficar em pé, ocasionalmente se recostando nas paredes para se apoiar.


O adolescente fez o que pôde para se manter aquecido. Puxou as vestes mais para junto de seu corpo trêmulo. Mas já que suas mãos estavam com as algemas Kelso, que tinham uma corrente muito curta entre elas, mal conseguiu realizar aquela tarefa. Tentou preservar o máximo de calor possível, abraçando as mãos perto do peito. Bateu os pés no chão, tentando afastar a dormência que o frio trouxera. Eventualmente, soprava as mãos, tentando aquecê-las, percebendo, com desânimo, que suas mãos e dedos estavam começando a mostrar sinais de congelamento. Mas só serviu para deixar sua boca mais seca. Amaldiçoou-se por ignorar a taça com água naquela manhã. Descobriu que nenhuma refeição ou água era enviada às celas do subsolo. A última vez que tinha comido ou bebido alguma cosia tinha sido no café da manhã do dia anterior, na Mansão Riddle, então, agora, quase trinta e três horas depois, estava desesperadamente com fome e sede.


O ar estava pesado e vagaroso, apesar de estar tão frio, e fez o garoto sentir-se tonto. Seu peito doía com o esforço para respirar, e encontrou-se desejando que pudesse apenas desmaiar, para que o tempo passasse rápido.


Podia ouvir o som das ondas do lado de fora. Havia uma tempestade se formando lentamente, e o som das ondas estrondosas batendo contra a ilha rochosa na qual ficava Nurmengard era angustiante. Tentou ignorar, mas a sensação esquisita só continuava a crescer enquanto a tempestade parecia piorar. Quase conseguia distinguir o som da ventania, forte e violenta, assobiando fora dos muros da prisão.


Harry foi distraído quando ouviu uma porta ser aberta, antes de passos ecoarem pelo corredor. Ficou onde estava, recostado na parede, tentando com todas as forças parar de tremer. Jackson entrou em seu campo de visão e o jovem sentiu o ápice de sua raiva ao ver o homem sorridente.


- Então, você já se acalmou? – o loiro perguntou.


- Você começou. – respondeu Harry.


O guarda sorriu, inclinando a cabeça ligeiramente para observar o adolescente petulante.


- Sim, bem, foi culpa sua também. – ele disse. – Se tivesse apenas respondido às perguntas, eu não tinha perdido a paciência com você.


- Eu respondi suas perguntas. – o garoto apontou.


- Com respostas inúteis. – o homem respondeu.


Harry se endireitou, mas ficou onde estava.


- Como eu disse, isso não é problema meu.


Dessa vez, Jackson não ficou com raiva. Em vez disso, ele sorriu para Harry, quase como se achasse a resposta divertida.


- Sabe, quanto mais eu tento evitar, mais estou começar a gostar de você. – ele disse com uma risada. – Eu tenho que admitir, garoto. Você é corajoso.


- Estou emocionado. – respondeu Harry secamente.


O guarda lançou-lhe outro olhar inquietante antes de vasculhar o bolso e tirar a varinha. Imediatamente, o adolescente ficou tenso, encarando-a antes de seus olhos se focarem no rosto do homem.


- Já teve o bastante? – o loiro perguntou. – Se quiser, posso tirá-lo daqui e levá-lo para a outra cela lá em cima. Pelo menos é mais quente. – ele provocou.


Harry o encarou por um minuto, tentando decifrá-lo.


- O que aconteceu com ficar aqui a noite inteira? – ele perguntou.


O loiro deu de ombros.


- Você já esteve aqui por toda manhã e tarde. Acho que é o bastante. – ele respondeu. – Não acha?


O garoto ainda estava desconfiado. Não conseguia ver porque o guarda mudaria de ideia. Mas estava dolorosamente congelado, faminto e incrivelmente sedento. Seu corpo doía como nunca antes, e tudo que queria era um lugar quente para dormir. Caminhou até a porta, a única indicação de que estava querendo sair que estava disposto a dar.


Jackson riu e tocou a varinha na porta. Mas não disse o feitiço para abri-la. Parou e olhou para o jovem. O homem afastou a varinha da porta.


- Sabe, estou te fazendo um favor permitindo que saia mais cedo. – declarou. – Se tivesse feito o tipo de porcaria que fez comigo com um dos outros guardas, eles teriam deixado você aqui para sempre. – ele olhou para o adolescente, sorrindo para ele de novo. – Acho que já que estou mostrando tanta tolerância, você devia ser um pouco mais sociável, não é?


Harry apenas o encarou de volta.


- O que quer?  - ele perguntou, mais curioso que qualquer coisa.


O loiro sorriu triunfante. Seu olhar desceu do rosto do garoto para seu peito, e o jovem logo percebeu o que ele queria.


- O colar é especial, não é? – o homem perguntou com calma. – É por isso que está enfeitiçado para que mais ninguém possa tirá-lo. – ele levantou os olhos para encontrar os do rapaz. – Tire e me entregue, e eu vou deixá-lo sair.


Harry não estava surpreso com a chantagem. Ele já previra aquilo.


- Não. – respondeu simplesmente.


A expressão do guarda endureceu.


- Se quiser deixar essa cela, tem que me dar o pingente. – ele declarou.


- Eu não vou dar a você. – o jovem respondeu.


O homem hesitou, a varinha ainda na mão, mas sem apontar para a porta ou para o garoto.


- Deixe-me colocar dessa forma. – ele começou, aproximando-se da cela. – A única vez que vai sair dessa cela congelante é quando me entregar o colar. – ele disse, lenta e cuidadosamente, querendo garantir que o adolescente o entendera.


Harry deu um passo para trás, virando-se para caminhar de volta à parede. Recostou-se nela novamente e encarou o guarda de volta, com gélidos olhos verdes.


- Então eu acho que não vou sair. – ele respondeu.


Jackson o encarou abismado. Não podia acreditar que aquela foi a resposta que obteve. Guardou a varinha e olhou de volta para o garoto, balançando a cabeça para ele.


- A escolha é sua. – ele sussurrou antes de se virar para ir embora, deixando o rapaz sozinho novamente.


xxx


James, Remus e Sirius aparataram no continente. O vento forte batia em seus rostos, fazendo suas vestes levantarem ao seu redor. Felizmente, as coordenadas que James obtivera fizeram com que aparatassem no cais principal, do qual tinham que pegar um barco para Nurmengard, assim não tinham que lutar para caminhar em meio à ventania. Encontraram o bruxo que os atravessaria até a ilha. Só havia um problema.


- O que quer dizer com não pode nos levar? – perguntou James.


O homem de cabelos grisalhos encolheu os ombros.


- Exatamente isso, não posso atravessá-los. – ele se virou e apontou para o mar. – Estão vendo? –perguntou, referindo-se à maré violenta. – Isso é um aviso. Uma tempestade está se formando. Não vou levar um barco nessas águas. É perigoso demais.


James estava fora de si de aborrecimento.


- Você tem que entender, nós só temos autorização para entrar em Nurmengard hoje à noite! Você tem que nos atravessar!


O homem balançou a cabeça novamente.


- Desculpa, companheiro! Não posso fazer nada.


- Nós podemos levar o barco? – perguntou Remus.


O homem sorriu, mostrando os dentes tortos e amarelados.


- Claro! Podem levar um, mas não vão muito longe! – ele girou a varinha na mão. – Eles são magicamente ligados a mim, sabe. Só vão funcionar se eu os guiar.


James praguejou. Não conseguia acreditar que chegara tão perto, mas não poderia entrar em Nurmengard. Virou-se para o bruxo de idade, Dennis Marlin, encarregado de levar as pessoas para a prisão e trazê-las de volta.


- O tempo não está tão ruim assim. Certamente você pode lidar com a água? – ele indagou.


Marlin riu.


- Ah, sim, mas por que deveria arriscar? – ele virou os olhos castanhos para a água novamente. – Passei a maior parte da minha vida nessas águas. Conheço-as como a palma da minha mão. – ele olhou de volta para os três aurores. – Logo haverá uma tempestade, e, deixe-me assegurá-los, vai ser brutal!


Remus e Sirius se entreolharam. Estavam prontos para se virar e partir. James, no entanto, não estava convencido.


- Em quanto tempo? Porque só leva uma hora do continente até Nurmengard. – ele argumentou. – Podemos atravessar antes que a tempestade comece.


O home grisalho parecia surpreso.


- Você sabe um bocado sobre Nurmengard. – riu-se ele.


- Ossos do ofício. – respondeu James. – Então, vai nos levar?


Marlin sacudiu a cabeça novamente.


- É uma questão de segurança. Não vou levá-los.


James virou-se para encarar os amigos antes de olhar novamente para o homem. Ele enfiou a mão no bolso das vestes.


- E agora? – perguntou, segurando um pequeno saco cheio de moedas de ouro. – Podemos atravessar antes da tempestade?


Marlin olhou cuidadosamente para o saco, antes de erguer os olhos para o rosto do auror novamente.


- É realmente perigoso…


- Eu acredito em você. – interrompeu James. – Mas eu também acredito que podemos atravessar para Nurmengard antes que a tempestade comece. – ele balançou o saco gentilmente, fazendo os galeões chacoalhar dentro. – O que acha?


Marlin parecia incerto.


- Eu não sei, ainda vai ser uma jornada dura…


James enfiou uma mão no bolso da calça, puxando um punhado de moedas de ouro e acrescentou-as ao saco.


- E agora? – perguntou, balançando o saco na frente do homem.


Marlin pegou o saco do auror, um sorriso em seu rosto.


- Todos a bordo! – ele riu.


xxx


O adolescente andou ao longo da pequena cela num esforço para manter-se aquecido. Não sabia mais o que fazer, então manteve o ritmo, tentando ao máximo se manter ativo. Sua cabeça estava latejando dolorosamente, a dor piorou com o frio.


- Vamos lá, Harry! Não pense sobre isso! – murmurou para si enquanto esfregava a cicatriz com as mãos atadas. Forçou-se a se manter em movimento.


Podia ouvir o som rápido e estrondoso da água, batendo na ilha rochosa, e sentiu o frio aumentar por conta disso. Não sabia como o enfrentaria pelo resto da estadia em Nurmengard. Não tinha dúvida de que Jackson ia mantê-lo ali até que concordasse em entregar o pingente. O garoto zombou de si mesmo. Morreria antes de entregar a Horcrux de seu pai ao Ministério. Fez uma pausa e passou os olhos pela cela. Provavelmente morreria ali por não entregar o pingente. Balançando a cabeça para afastar o pensamento, retornou ao seu ritmo rápido. Não era bom pensar nessas coisas.


Apenas quando Harry olhou melhor enquanto caminhava, foi que notou. Parou a meio passo, parando completamente em seguida. Estreitou os olhos ao avistar a mancha escura, espalhando-se continuamente pelo chão do corredor, do lado de fora da cela. Caminhou até as grades, olhando para a estranha visão. As tochas tremulantes nas paredes do corredor davam-lhe luz suficiente para distinguir o que estava vendo, apenas não conseguia acreditar.


Um fluxo constante de água se espalhava desde o lado mais distante do corredor e lentamente o atravessava, invadindo as celas. O garoto se afastou quando um fio de água entrou na sua. Olhou para ele em surpresa. O que diabos estava acontecendo?


xxx


No térreo, dentro da sala de descanso dos guardas, dois deles estavam ocupados conversando, tomando suas xícaras quentes de chá, discutindo sobre seu prisioneiro mais jovem.


- Não posso acreditar que ele tem apenas dezesseis anos. – disse Davis, sacudindo a cabeça. – Pensei que fosse muito mais velho, a julgar por todas as coisas que fez. – tomou um gole do chá enquanto recontava os detalhes que lera no jornal da manhã. – É um pouco triste, não?


Jackson deu de ombros.


- Ele é a própria semente do mal. – ele disse. – Não sinto pena dele.


Davis arqueou uma sobrancelha para ele, mas não contestou. Voldemort era mau em todos os sentidos da palavra.


- Você vai mesmo mantê-lo nas celas inferiores? – o guarda perguntou.


O loiro fez uma careta.


- Claro que não! Posso ser imprudente, mas não sou idiota. – ele pegou a xícara. – Ele vai morrer de hipotermia naquele lugar. Eu só quero que pense que vai ficar lá. Dessa forma ele vai fazer o que eu pedir, sem insolência.


- E o que é, exatamente? – perguntou Davis, sabendo o que o amigo queria do garoto. – Porque você quer tanto o pingente? – perguntou sem rodeios.


Jackson hesitou em responder.


- Não é só um pingente. Não seria tão fortemente protegido se fosse só um colar. Quero ver o que tem de tão especial, já que está tão seguramente enfeitiçado.


- Então, é só uma questão de curiosidade? – perguntou o outro. – É por isso que está sendo tão duro com ele?


- Por isso e para quebrar o espírito dele. Ele é muito confiante. Precisa ver onde está e que não é ele quem está mais no controle, e sim nós. – o loiro tomou um gole de chá. – Quanto mais cedo aprender isso, as coisas ficarão mais fáceis para ele.


Davis assentiu em entendimento, e os dois ficaram em silêncio por um minuto.


- Quando vai trazê-lo de volta aqui para cima? – perguntou o guarda.


Jackson sorriu.


- Mais uma hora, pelo menos. – ele disse. – Vou buscá-lo por volta das sete. Dessa forma, ele pode engolir o orgulho e jantar antes de dormir na cela quente para se recuperar do frio. – ele sorriu para o outro guarda. – Malditos adolescentes, idiotas esquentadinhos!


Xxx


Harry puxou as barras da cela, tentando com todas as suas forças separá-las. A cela era velha, mas magicamente reforçada, as barras não se moveriam. Bateu as mãos nas grades com raiva, conseguindo nada mais que uma dor aguda nelas.


- Muito engraçado, Jackson! – ele gritou. – Se isso é uma tentativa de me assustar, não vai funcionar!


Tinha certeza que a água inundando a cela era uma brincadeira do guarda. Uma forma de assustá-lo para que entregasse o pingente. Estava esperando o rosto risonho do homem aparecer a qualquer segundo agora, zombando dele e exigindo o colar em troca de ser salvo do afogamento.


Mas a água já tinha passado dos seus joelhos e não havia nenhum sinal do guarda. O adolescente chutou as barras novamente numa frustração desesperada.


- Ei! Jackson! – ele gritou. – Pare com isso, seu filho da mãe!


Mas não obteve nenhuma resposta.


A água congelante continuava a invadir a cela, preenchendo-a num ritmo alarmante. Harry podia ver que não era apenas sua cela que estava sendo inundada. As celas vazias ao lado estavam se enchendo de água também. Achou estranho que elas estivessem sendo inundadas. Se fosse uma tentativa de assustá-lo, certamente apenas a sua seria atingida.


Então, um terrível pensamento lhe ocorreu. E se isso não fosse uma brincadeira de Jackson? E se fosse um dilúvio de verdade? Sabia que nenhum guarda ia verificá-lo essa noite. Não havia refeição a ser entregue e Jackson provavelmente só viria vê-lo pela manhã. Mas então, seria tarde demais. Ele já teria se afogado.


Puxou as algemas Kelso em seus pulsos, tentando tirá-las desesperadamente para abrir a porta da cela e sair. Mas não importava o quanto as puxava, ou quão brutalmente tentava forçar suas mãos para fora delas, as algemas permaneciam onde estavam.


- Droga! - ele praguejou, desistindo das algemas. – Droga! ...droga!


A água estava agora na cintura de Harry, entorpecendo seus membros inferiores com a baixa temperatura. O garoto se esforçou para pensar direito. O frio já estava insuportável, e agora com a água gelada o ameaçando, não conseguiu não deixar o pânico tomar conta de si.


Tentou a porta novamente, desejando que sua excepcional magia bruta se manifestasse, passando as algemas Kelso e destrancando-a. Mas não importava por quanto tempo mantivesse as mãos na porta ou o quanto se esforçasse para quebrar as algemas, sua magia não conseguia ultrapassar as algemas.


Harry afastou as mãos, envolvendo-as ao redor das grades e puxando-as violentamente de novo. Precisava sair da cela. O teto dela era muito mais baixo do que o do corredor principal. Se pudesse sair da cela e chegar ao corredor, teria chance de sobreviver.


xxx


Jackson estava no escritório principal, falando com um colega de trabalho, Hugh Beckett, sobre alguns prisioneiros de Nurmengard, quando ouviu uma batida na porta. Ele franziu o cenho, ninguém costumava bater à porta. O escritório estava disponível para qualquer guarda que precisasse dele. Antes que ele ou o outro pudesse perguntar quem estava lá, a porta abriu e um Davis atônito entrou, com três aurores de vestes azuis em seu encalço.


- Jackson, você tem que ver isso. – disse Davis ao entrar.


O loiro não teve chance de imaginar do que seu colega estava falando. Ele viu no instante que os homens entraram atrás do guarda. O cabelo bagunçado e as características notavelmente semelhantes fizeram-no estender a mão para a varinha por reflexo.


- Uau! – James interrompeu o passo, jogando as mãos para cima, quando o guarda tirou a varinha e apontou para ele. – O que está fazendo?


Atrás dele, Remus e Sirius sacaram as varinhas, apontando para o guarda de cabelos loiros.


- Jackson, está tudo bem. – disse Davis, estendendo a mão para ele. – Eu os averiguei. São aurores do Ministério. As autorizações foram verificadas.


O loiro ainda não estava convencido.


- Quem é você?  - perguntou ao bruxo que estava mirando.


- Auror James Potter. – respondeu o outro. – Você se importa em abaixar a varinha? – perguntou ironicamente. – Estamos do mesmo lado, sabia?


Jackson abaixou a varinha, fazendo Remus e Sirius repetirem a ação. O guarda encarou James com os olhos arregalados.


- Você se parece… muito com… - ele parou de repente, estreitando os olhos para o auror. – Espere, você disse Potter? Auror James Potter? – ele perguntou.


James estava olhando para o guarda com grave antipatia.


- Sim. – repetiu com firmeza. – Por quê?


O loiro o encarou sem palavras.


- O auror Potter que derrubou Karkaroff? – perguntou Jackson. – Você é o auror que descobriu que Dolohov era um Comensal da Morte? – ele olhou para o homem com admiração. – Eu ouvi sobre você. Você é um tipo de lenda no que diz respeito à captura de Comensais da Morte.


James relaxou um pouco. Um sorriso desajeitado apareceu em seu rosto.


- Sim, bem, eu não fiz isso sozinho. Tive bastante ajuda. – ele riu, olhando para os amigos, que estavam sorrindo de volta para ele. O auror olhou de volta para o guarda. – Você costuma atacar qualquer um que vem ao seu escritório? – perguntou a Jackson.


O guarda pareceu sair do torpor. Seus olhos se afiaram quando assimilou o rosto semelhante novamente.


- Não, eu… desculpa. Você me pegou de surpresa. Você tem uma estranha semelh…


Um súbito sinal sonoro o interrompeu, fazendo todos os homens na sala olharem para a prateleira de madeira, contendo mais de uma dúzia de esferas transparentes. Uma delas estava piscando.


- O que aconteceu, agora? – murmurou Beckett, caminhando até a esfera. Ele a encarou por um segundo. – Outra inundação. – anunciou. – Parece que temos uma toda vez que tem uma tempestade. – ele se virou para encarar seus colegas e os aurores.


Jackson murmurou algo baixinho. Estava ficando tão cheio daquilo. Toda vez que o clima ficava instável ou uma tempestade acontecia, o aumento da maré causava graves inundações. Mas, é claro, nada era feito a esse respeito. Apenas tinham sido ordenados a manter os prisioneiros fora da zona afetada.


- Deixe-me adivinhar, subsolo sudoeste novamente? – ele perguntou.


Beckett sacudiu a cabeça.


- Não é o sudoeste dessa vez. – ele disse.


Jackson e Davis pararam, a cor sumindo rapidamente de seus rostos.


- O quê? Sudeste? – perguntou Davis.


Beckett olhou de volta para a esfera e assentiu.


- Sim.


- Não, não, não! – o loiro correu para as esferas, afastando Beckett do caminho. – O sudeste nunca inunda! É sempre o sudoeste! – ele protestou, verificando a esfera e vendo, para seu desânimo, que, de fato, era a esfera do sudeste que estava piscando, sinalizando que a área estava com problema.


- Esse lugar é um lixo! – murmurou Sirius baixinho.


- Prisão, Sirius. – lembrou-lhe Remus, em voz baixa também. – É uma prisão, não um resort.


Sem mais uma palavra, Jackson e Davis saíram correndo da sala em alta velocidade. Perplexos e curiosos, os três aurores correram atrás deles, saindo do escritório e seguindo por um corredor escuro.


- O que está acontecendo? – perguntou James, alcançando-os. – Há algum problema?


Jackson correu para as portas pesadas de metal e as abriu, revelando uma escada em espiral que levava para baixo.


- Há um grande problema! – ele disse. – Fudge vai arrancar minha cabeça!


O homem começou a descer, Davis, James, Sirius e Remus o seguindo.


- Por quê? O que você fez? – perguntou Remus.


- Coloquei o garoto, o Príncipe Negro, numa das celas aqui embaixo. – o loiro explicou enquanto descia correndo os degraus.


- Você o quê? – perguntou James, quase tropeçando nas escadas. – Por que você ia trancá-lo aqui?


- Ele estava sendo insolente. – explicou Jackson. – Eu o estava interrogando e ele tentou revidar. Era para ser apenas por um curto tempo, só para fazê-lo se comportar. – o homem pulou os últimos degraus e correu para as portas duplas que estavam à frente.


- Por que trancaria alguém aqui quando sabe que o lugar é vulnerável a inundações? – perguntou Remus com raiva.


- É a primeira vez que essa área inundou! – o loiro disse, puxando a varinha. – Eu não colocaria a vida de nenhum dos meus prisioneiros em perigo. Levo o meu trabalho a sério!


- É claro! – zombou Sirius.


Jackson ignorou o comentário e lançou depressa um feitiço de bolha na porta, revestindo a entrada numa cintilante bolha transparente.


- Alohomora! – ele gritou.


As portas abriram e a bolha revestindo toda a moldura da porta foi a única coisa que impediu a repentina corrente de água de derrubar os homens no chão.


- Ah, merda! – praguejou Jackson quando viu o corredor do subsolo.


A água enchera a câmara, quase alcançando a metade. Atingira o ponto onde as tochas estavam penduradas na parede e as apagara, tornando muito escuro para ver dentro das celas.


- Lumos!


Jackson e Davis acenderam as varinhas, tentando enxergar o interior das celas. Os três aurores fizeram o mesmo, ajudando a ver melhor a situação.


A água as alagara completamente, estava quase tocando o teto das celas, mas, mesmo assim, continuava a subir, enchendo a própria câmara.


- Chegamos muito tarde! – exclamou Davis.


James sentiu o estômago apertar dolorosamente com a visão. O garoto estava trancado em uma daquelas celas, incapaz de sair, enquanto a água continuava a enchê-la. Sentiu-se enjoado com o pensamento do jovem se afogando, completamente incapaz de se salvar.


- Ah, Deus! Ele está morto! – Jackson estava em pânico. – Eu o matei! Ah, merda! Estou morto. Fudge vai arrancar minha cabeça! Merda!


- Em qual cela ele estava? – perguntou James, agarrando o braço do loiro para fazê-lo olhar para ele.


- Na… na… na quarta. – murmurou Jackson, ainda em choque com o que fizera sem querer.


O auror rapidamente soltou o homem e tirou sua veste externa antes de chutar os sapatos.


- James! O que você está fazendo? – perguntou Remus, adiantando-se para segurá-lo.


- Ainda podemos ter uma chance. A água acabou de ultrapassar o teto das celas. Ele ainda pode estar vivo. – o homem explicou depressa. – Se eu conseguir chegar à cela, posso destrancá-la e tirá-lo de lá.


- Você está louco? – perguntou Sirius. – Não tem como ele ter sobrevivido. A água está congelando! Se ele ainda não se afogou, teria morrido por estar na água gelada por tanto tempo. – o auror agarrou o amigo. – Pontas, ele está morto!


James se soltou do aperto dos dois homens.


- Você não sabem! Mesmo assim eu tenho que tentar!


James conjurou o Feitiço Cabeça de Bolha em si, permitindo-se respirar embaixo d’água, e, sem pensar mais um segundo, pulou através do feitiço de segurança na porta e na água congelante. Assim que mergulhou, o frio o atingiu como um soco no estômago. Ele engasgou, numa reação involuntária ao choque da água fria. Se não fosse o feitiço da bolha, teria engolido água.


Estava escuro como breu. Não conseguia dizer qual caminho levava para cima e qual levava para baixo. O momento de desorientação lhe fez xingar. Perderia o Príncipe Negro se não chegasse logo até ele.


De repente, duas explosões de luz queimaram acima de sua cabeça, abrindo caminho na superfície da água e dando a James a luz necessária. As bolas de luz dourada caíram na água, bem diante dele. O auror sorriu, pelo menos Remus e Sirius estavam pensando direito.


Nadou rapidamente, as duas bolas de luz flutuando ao seu lado. Virou para a direita, tentando decifrar a direção das celas. A luz era útil, mas apenas para o ambiente próximo. Nadou mais adiante, forçando-se a ir o mais rápido possível. Avistou barras de metal à sua frente. Alcançara as celas, agora tinha só que descobrir qual delas era a quarta sem perder muito tempo. Era difícil se orientar direito embaixo d’água.


Imaginou quando tempo alguém podia segurar a respiração embaixo d’água. Um minuto, dois, três, talvez quatro no máximo? Sabia que alguns, como os nadadores profissionais, podiam prender a respiração por mais de cinco, seis minutos, mas quanto tempo alguém que recentemente fora machucado podia segurar a respiração? Seus pensamentos o fizeram nadar freneticamente, tentando alcançar as celas o mais rápido que podia. Alcançou uma e agarrou as grades, espiando na escuridão. Direcionou uma das bolas de luz a entrar na cela. Ela entrou e ele viu que estava vazia. Afastou-se da cela e nadou para a próxima, que estava vazia também.


Com um senso de urgência, James nadou para a próxima, desejando ser o mais rápido possível. Agarrou as barras da cela seguinte, as luzes flutuando ao seu lado. Antes que o auror pudesse olhar para dentro, algo agarrou as grades. Sentiu dedos roçando os seus. Assustado, olhou para cima bem quando as duas bolas de luz flutuaram em direção a sua cabeça. A luz brilhou, permitindo-lhe ver o garoto do outro lado das grades. O familiar par de olhos verde esmeralda piscaram surpresos para ele.


James engasgou, o feitiço da bolha permitindo a reação, caso contrário, teria engolido um monte de água. Encarou o garoto, uma jovem réplica de si mesmo, mas com os olhos verdes de Lily. O auror foi tirado do estupor quando os olhos verdes se estreitaram para ele e as grades que estava segurando balançaram um pouco. Percebeu que o garoto as estava puxando, tentando sinalizar que queria sair.


James saiu do choque e rapidamente apontou a varinha para a porta, conjurando o feitiço para destrancá-la. Abriu a porta e agarrou o garoto pelas vestes. Puxando-o, nadou para cima, tentando chegar à superfície o mais rápido possível. Podia ver as bolhas de ar saindo da boca do rapaz. Eles romperam a superfície da água em questão de segundos. O auror findou o feitiço da bolha e concentrou-se no adolescente, tossindo e arquejando desesperadamente por ar. Nadou em direção ao grupo de bruxos que os esperava.


- Ah, graças a Deus! – disse Jackson aliviado, vendo que o jovem ainda estava respirando.


Remus e Sirius aproximaram-se do limiar da porta, estendendo as mãos para ajudar o amigo com o garoto. Davis e Jackson estenderam as mãos também. James nadou desajeitadamente, um braço ao redor do rapaz e o outro impulsionando a água. Alcançou a porta e primeiro empurrou o adolescente para fora da água congelante. Davis e Remus seguraram-no pelo braço e o puxaram. O lobisomem notou as algemas nas mãos do garoto enquanto agarrava seu braço para puxá-lo para fora e olhou com raiva para os guardas.


Remus e Davis depositaram o jovem, que ainda estava tossindo e arquejando, no chão. Sirius e Jackson ajudaram James a sair da água.


- James, você está bem? – perguntou Sirius preocupado, quando o amigo caiu contra a parede, apoiando-se nela.


O auror não respondeu. Ficou no chão, os olhos fixos no garoto trêmulo à sua frente. Remus e Sirius olharam para o adolescente também, vendo-o propriamente dessa vez. O rapaz de cabelos escuros virou o rosto ligeiramente na direção deles, encarando-os antes de seus olhos voltarem para James. Remus e Sirius viram os olhos verdes afiados e o rosto que se assemelhava a um jovem James Potter.


- Ah, Deus! – engasgou Sirius. – James... o quê...?


James não disse uma palavra, mas continuou a encarar o garoto, não ousando acreditar no que via diante de si.

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