Capítulo 7: o bom, o mau e o i
Hermione estava sentada numa mesa do canto no três vassouras com uma caneca intocada de cerveja amanteigada à sua frente, balançando o pé nervosamente e tentando não dar muito na cara que estava vigiando a porta. Puxara o capuz de sua capa cobrindo seu rosto; havia muitas pessoas na cidade que a conheciam e não queria ficar presa com algum bate-papo informal com algum conhecido distraído.
O bar não estava lotado, apenas cheio o suficiente pra ela não parecer suspeita por estar sentada sozinha. Sua mente girava com milhares de perguntas e dúvidas. Tinha certeza de que quando Harry descobrisse o que ela fizera, teria alguns comentários a fazer e ela não tinha tanta certeza que não estava se colocando em perigo mortal. E se Sorry fosse servo de Voldemort? Matá-la seria um ótimo começo de carreira como mão direita de seu mestre.
Olhou para porta, e em um segundo ele estava ali. Estava logo na porta, do lado de dentro, olhando calmamente para ela. Não tinha certeza de como sabia que era ele, mas era dolorosamente claro que não poderia ser outra pessoa. Hermione piscou, sem conseguir esconder a surpresa... O que quer que ela estivesse esperando, ele não o era.
Parecia um anjo vindo do céu, apenas para fazer os mortais se sentirem inadequados. Ele era alto, forte e lindo, com traços de deus grego, uma cabeça de onde saiam grossos fios dourados que brilhavam como o sol e olhos azuis como o horizonte do céu de julho. Usava um casaco vinho que se destacava sua pele branca, luvas de couro pretas e uma longa capa verde musgo. Ele foi até a mesa dela e sentou ao seu lado, normalmente, como se fossem velhos amigos. -Olá, Hermione - disse.
Ela olhou pra ele, tentando em vão aferir sua lealdade apenas olhando para seu rosto. -Sorry?
Ele deu um sorriso que podia fazer o coração de mulher virar uma berinjela, expondo dentes brancos e perfeitamente alinhados. -Não devemos conversar aqui. Há um jardim nos fundos onde não haverão tantos ouvidos - disse, olhando ao redor para as outras mesas agrupadas em volta deles.
Ela levantou uma sobrancelha. -Se você pensa que vou sozinha com você então não tem o juízo que Deus deu a pequenos roedores.
-Entendo seus cuidados, mas não está em perigo... Pelo menos não de mim.
-Tenho certeza que os cidadãos de Tróia tinham a mesma certeza em relação ao cavalo.
Ele virou e a olhou nos olhos. -Você me chamou até aqui para descobrir se sou um bruxo das trevas. Eu vim, apesar de minhas dúvidas, pra te dizer que não sou. É risco suficiente pra meu disfarce só ser visto com você... Não posso arriscar que ouçam o que vou conversar com você.
Apesar de saber que ele poderia muito bem estar mentindo, o coração de Hermione se acalmou um pouco com a sinceridade de suas palavras. -Como posso saber que está dizendo a verdade?
-Não pode.
Ela o olhou nos olhos por um longo momento. -Certo, vamos.
Levantaram e saíram pela porta da frente. Hermione seguiu Sorry até os fundos. Ele andou pelos jardins até um espaço onde havia bancos de pedra em círculo. Sentou e cruzou as pernas. Por um tempo, não disseram nada. -Como está Laura?
Hermione não conseguia pensar numa resposta adequada por um momento, desprevenida pela pergunta fora do assunto. -Está bem - parecia faltar alguma coisa. Hermione pensou na expressão triste e solitária que ás vezes aparecia no rosto de Laura quando ela pensava que ninguém estava vendo. -Ela sente sua falta.
Ele balançou a cabeça que sim, uma expressão igualmente triste se abatendo sobre seu rosto. -Como eu sinto a dela.
-Não te chamei aqui pra falar de Laura.
-Não, mas não pode me culpar por aproveitar a oportunidade pra falar nisso. - ele mordeu o lábio e desviou o olhar. -Você me chamou aqui pra ver se sou algo que você nem conseguiu escrever no papel. Pode me dizer o que é cara-a-cara?
-Eu posso - disse uma voz no ar, do lado direito de Hermione. Os dois deram um pulo, ela colocando a mão no pescoço. Eles olharam quando a cabeça de Harry apareceu do nada, depois seus ombros e o resto de seu corpo enquanto ele tirava a capa da invisibilidade. -Ela te chamou aqui pra descobrir se você é o novo cãozinho de Voldemort.
-Harry! - Hermione gritou. Harry levantou e cruzou os braços sobre o peito, parecendo a personificação da autoridade severa. -Sei o que vai dizer...
Ele olhou pra ela pela primeira vez. -Discutiremos depois - disse, uma promessa de um dialogo difícil em sua voz. Hermione ficou em silêncio, ressentida por ser punida como uma estudante travessa. Ele virou pra Sorry. -Por enquanto, estou fascinado em ouvir o que Sorry tem a dizer.
-Ora, ora, ora... Se não é Harry Potter em pessoa - Sorry disse, com um sorriso irônico, num tom meio "já esperava isso" geralmente reservado para vilões dos filmes de 007. -Está virando um dia interessante. - voltou a se sentar no banco de pedra. Hermione e Harry fizeram o mesmo. Ela podia sentir a raiva direcionada a ela radiando de Harry; só esperava que ele pudesse a irritação dela pela interferência. -Como devemos fazer isso? - Sorry perguntou. -Querem me interrogar ou devo apenas contar a história de minha vida?
-Comece do início - Harry disse. -Sei que Hermione acha que te pré-julguei, e talvez esteja certa, mas vou tentar manter a mente aberta.
Sorry concordou com a cabeça, respirou fundo e começou a falar.
-Nunca quis nada disso. Sou apenas um naturalista, tudo o que queria era fazer meu pequeno trabalho e levar uma vida sem grandes coisas. Infelizmente pra mim, tenho um conhecimento vasto de um de antigo ritual pouco conhecido, chamado de "Passagem". Vejo pelas expressões de vocês que Laura lhes contou sobre ele. É um ritual bastante poderoso, capaz de trazer à tona habilidades mágicas naqueles que não as possuem. Minha mãe é descendente dos bruxos que criaram o ritual, e ele permaneceu em nossa linhagem, passado de mãe pra filha, durante séculos... O que não sabia era que o Círculo, não muito tempo atrás, desenterrou alguns textos antigos e descreveu o ritual. Entendam, a Passagem não só pode afetar os não-mágicos, mas se for usada devidamente em alguém que já um bruxo ou bruxa, pode virar uma arma poderosa. Não só bruxo é morto pelo ritual, mas cada feitiço ou encanto que tenha feito na vida é desfeito, e as conseqüências de todas mágicas que tenha usado são revertidas. Pode ver como isso pode ser devastador se cair em mãos erradas. Se fosse usado em você, Harry, por exemplo... Voldemort voltaria imediatamente a seu poder total porque o efeito original que teve sobre ele quando era um bebê seria desfeito. - Harry e Hermione trocaram um olhar preocupado. -O que o Círculo não percebe é que essas conseqüências, que não podem ser preditas completamente, podem ser tão prejudiciais a eles quanto a nós... Se existe uma coisa que falta num grupo de bruxos das trevas é visão. Eles querem tudo agora, dar longa vida à Voldemort e pronto.
-E então, sem saber, me tornei um homem procurado. O Círculo tinha alguns detalhes do ritual, mas o que não tinham era alguém que realmente tivesse tomado parte em um, e sabiam que seria muito fácil o ritual dar errado. Descobriram minha identidade e mandaram um de seus membros pra me capturar. Estava na Groenlândia trabalhando naquele problema da praga em suas plantações, tomando conta da minha vida quando uma noite, uns quatro meses atrás, fui atacado em minha tenda. Agora, não era tão habilidoso em magias de defesas, mas conseguir atrasar meu atacante por um tempo, usando meus punhos principalmente. Com certeza teria sido dominado se não fosse por um bruxo chamado Jack Liu.
-Jack? - Harry perguntou.
-Você o conhece?
-Sim. Ele é o que chamamos de regulador... Um bruxo que combate o mal como free-lance, por assim dizer. Ele possivelmente é o homem mais louco que conheci.
-Certo em todos as afirmações. Jack estava seguindo o bruxo que me atacou, e chegou literalmente em cima da hora. Diante de meus olhos ele matou o homem que me atacou e depois falou uma coisa que quase me convenceu que estava preso em algum tipo de seriado: "venha comigo ou estará morto em uma hora". Parecia tão louco, mas na minha situação, não precisou muito pra me convencer. Ele me disse que o bruxo que me atacou não estava sozinho e que outros chegariam em breve, então fui com ele.
-Mas eles não estavam tentando te matar. - Hermione disse.
-Ele não sabia disso e naquele momento, eu também não. Parecia lógico o bastante pra mim. Corremos e depois de alguns dias estava claro, até pra mim, que essas pessoas falavam sério. Não conseguíamos ficar num lugar mais que algumas horas antes que alguém viesse atrás da gente. Ainda não tenho certeza de como conseguiam nos encontrar tão rápido. Não podia continuar daquele jeito pra sempre, e não continuou. Uma noite, eles nos pegaram de guarda baixa e Jack foi ferido mortalmente. Mas aqui está a surpresa: antes dele morrer - e nunca vou perdoá-lo por isso - transferiu todas suas memórias e conhecimentos para minha cabeça.
-Não sabia que isso era possível! - Hermione disse.
-É - Harry disse. -Mas é um feitiço muito perigoso, tentado somente por aqueles que cresceram praticando. Várias culturas Orientais passam essa habilidade adiante, mas raramente a usam. Não estou surpreso que Jack tenha conseguido executá-la... Nessa linha de trabalho ele provavelmente estava se preparando para uma eventualidade como essa que enfrentou com você.
-Depois disso, não podia voltar atrás. Não tinha escolha a não ser assumir sua missão. Eu podia ter um resumo de suas experiências, mas não tinha seu bíceps nem a coordenação pra usar todas aquelas artes marciais estranhas que ele sabia. Sabia que não estava em forma a ponto de desafiá-lo diretamente como ele fez, então...
-Decidiu se juntar a eles - Hermione disse, sorrindo, começando a imaginar o que aconteceu. Harry ainda parecia cético.
-Exatamente. Decidi que devia entrar no Círculo e descobrir o quanto eles sabiam da Passagem. É um legado de minha família e vou estar acabado antes de deixar o Círculo usá-lo para seus propósitos. Planejava destruir os textos que eles encontraram e, se necessário, apagar as memórias dos membros que sabiam deles. Não sou bom com feitiços de memória, mas Jack com certeza era e com sua ajuda sabia que tinha uma chance. O primeiro passo era balançar meus perseguidores e sabia que se jogasse certo poderia formar uma fama pra mim de uma pessoa que o Círculo gostaria de recrutar.
-Eles já queriam te recrutar - Harry disse.
-Não. Eles queriam me capturar e me forçar a usar meu conhecimento da passagem. Não conseguiria muito como prisioneiros deles. Queria que me procurassem como um membro de igual padrão e com a Passagem como meu trunfo sabia que não seria muito difícil.
-Então começou a forjar uma reputação de bruxo das trevas - Hermione disse, fascinada.
-Virei a mesa e comecei a perseguir meus perseguidores. Cheguei a eles e os aprisionei com um feitiço do corpo preso pra me dar tempo pra escapar, sabendo que na hora que finalmente se libertassem começariam, sem saber, a me ajudar contando a outros o que acontecera.
-Sua reputação parece ter espalhado realmente. - Hermione disse. -Quinlan Cashdollar está convencida que você é o sucessor de Voldemort.
Sorry sorriu. -Quinn Cashdollar está por dentro disso. Ela está entre os poucos bruxos em posições proeminentes que listei para me ajudar falando de mim, por assim dizer. Por alguns meses, e com ajuda de Jack, consegui ficar fora das vistas de meus perseguidores do Círculo enquanto quem me ajudava continuava a plantar rumores. Eu aparecia aqui e ali pra forjar ataques dos quais podia levar o crédito.
-E isso funcionou? - Harry disse.
-Até demais, pra dizer a verdade. Minha reputação aumentou mais rápido do que podia prever. Ninguém sabia quem eu era, ninguém tinha me visto mais do que por alguns segundos, eu era esse onipresente e nebuloso fantasma e as pessoas acreditavam em qualquer coisa que alguém dissesse que eu tinha feito. Não demorou muito, quase todas atividades das forças das trevas eram atribuídas a mim. Não devia ficar surpreso... Quanto maior a mentira, mais as pessoas vão acreditar nela.
-Isso é Oscar Wilde? - Hermione perguntou.
Sorry balançou a cabeça, sorrindo. -Adolf Hittler. Enfim, o Círculo e seus seguidores não ligaram que eu estava tomando a atenção deles, tirou os holofotes deles por um tempo... eles são como baratas, sabe, não gostam da luz. Comecei a me preocupar se estava chamando atenção dos Executores das Leis Mágicas.
-Não chamou. - Hermione disse. -Um executor amigo meu nunca ouviu falar de você.
-Nem eu até uma semana atrás - Harry disse. -Isso é um credito pra você, meus agentes geralmente são excelentes - ele disse num tom mortificado. Hermione se perguntou se os bruxos da inteligência logo estariam dando explicações plausíveis do porque não foram tão excelentes nessa questão.
-Não era coisa minha, era coisa do Jack. Ele sabia tudo sobre ficar escondido e fora e de vista. O truque era me assegurar que o Círculo sabia somente o suficiente sobre minhas atividades pra atiçar seu interesse enquanto me assegurava da mesma força que os Executores viessem atrás de mim. Quinn fez muitos feitiços de memória por mim, isso posso dizer. - ele suspirou. -Os mantive longe o maior tempo possível, quando umas duas semanas atrás a hora pareceu certa. Entrei em contato com o Círculo e disse que os ajudaria com a Passagem se me fizessem um igual naquilo que eles chamavam de "organização". Concordaram, como sabia que concordariam, e depois me disseram que um tempo antes tinham seqüestrado um bruxo para praticar.
Harry ficou tenso. -Leland.
Sorry olhou tímido pra ele. -Correto. O ritual tinha dado errado, claro. Ele não estava morto, mas seu cérebro estava derretido. Tentei ajudá-lo. O melhor que pude fazer foi tirá-lo do estado quase vegetativo no qual o encontrei. Tentei fazer que soubesse que não queria machucá-lo, mas não tenho certeza se me entendeu.
-Foi você quem o levou praquela rocha no Canadá. - Harry disse.
Sorry afirmou. -Se não podia ajudá-lo, tinha que ao menos deixá-lo longe do Círculo. Disse pra eles que ele escapara e mandei um bilhete pra uma bruxa que morava perto, descrevendo como ela podia encontrá-lo.
Hermione observou o rosto de Harry. Ela estava convencida, mas não podia dizer se ele também estava. Olhava para Sorry com uma expressão penetrante que revelava muito pouco. -Imagino que depois de ter ganho acesso ao pequeno clube descobriu algumas coisas que preferia não saber. - ele disse.
Sorry franziu a sobrancelha. -Quer dizer como o fato de que Voldemort não está tão morto quanto as pessoas acham? Foi um choque, acredite. - o rosto dele ficou sério. -Depois disso, sabia que não podia voltar. Não era mais sobre mim, ou a Passagem. Era sobre a segurança e existência futura de todos bruxos e bruxas do mundo, incluindo minha Laura.
-Não acredito que chegou a tenente de Voldemort em tão pouco tempo - Harry disse.
-Não cheguei. É mais um rumor que está circulando... Mas não fui eu quem o começou. Admito que achei engraçado. Tenho uma posição de certo prestigio por causa de meu conhecimento da Passagem e de todas as coisas horríveis que eles pensam que fiz, mas estou longe de ser um membro do santuário restrito.
-Se não é você, então quem é?
Sorry olhou pra ele sem expressão. -Você já sabe a resposta dessa pergunta.
Harry afirmou. -Allegra.
-Sim. Sei que teve muito contato com ela, Harry, e provavelmente acha que a conhece. Estou aqui pra dizer que não a conhece. É muito perigosa, e está pessoalmente envolvida no retorno de Voldemort com sua força total. Ela tem um buraco negro no lugar do coração. Não tem idéia do que ela é capaz.
-Estou bem ciente de suas capacidades - Harry disse. -Ela sempre foi meu adversário mais... frustrante. - ele levantou, parando em frente a Sorry. -Por que nunca me procurou pra pedir ajuda? Essa operação que montou sozinho é o que faço no meu trabalho, sabe.
Sorry afirmou. -Eu sei, não ache que não pensei nisso. Mas não podia arriscar. Você é muito... muito Harry Potter. Não podia arriscar entrar em contato com você, as chances de alguém descobrir eram muito grandes. Passei meses construindo uma reputação e me insinuando para o círculo, e não poderia colocar tudo em risco por ser visto com você... E quanto mais esperava, mais difícil ficava. Você acreditaria na minha palavra depois da reputação que consegui? Do jeito que está, você provavelmente não acredita em mim.
Harry ficou em silêncio por alguns segundos. -Acredito em você, Sorry. Talvez não seja inteligente de minha parte, mas não posso esquecer o fato de que se realmente fosse um membro do Círculo, estaria colocando sua posição em risco por não matar pelo menos um de nós dois. - ele sorriu. -E também tem isso aqui - ele disse, enfiando a mão no bolso e puxando um cristal pontiagudo. Hermione arregalou os olhos... Era o bisbilhoscópio de bolso que Rony trouxera para ele do Egito. -Um amigo me deu isso no meu décimo terceiro aniversário. Ele pensou que era lembrança para turistas... Nunca se sabe quando vai encontrar um talismã verdadeiro. Se você não fosse de confiança, eu saberia. - suspirou, recolocando o bisbilhoscópio no bolso. -Mas tem algo que não esta nos contando.
-O que te faz dizer isso?
-Mais ou menos uma semana atrás pedi a meu melhor agente para reunir informações sobre você e ele encontrou muita coisa. Ouviu seu nome em todo canto e ficou muito constrangido por não ter ouvido antes. Ele não devia ficar constrangido, não é? Não havia nada para ouvir. Numa semana ninguém sabia de você, na outra, todos sabiam. Por que isso aconteceu?
Sorry ficou apenas olhando para Harry por um tempo, sem expressão. Harry respondeu ao olhar, esperando. Finalmente Sorry expirou e abaixou a cabeça. -Uma semana atrás, descobri que o Círculo tem magia para manipular o tempo... Uma magia que não necessita de um talismã. Pode imaginar meu horror. Com esse tipo de magia muitas coisas se tornam possíveis. Percebi naquele momento que estava enterrado. Precisava de ajuda, e rápido. Intencionalmente, permiti que algumas pessoas da inteligência soubessem de minhas atividades e soltei Leland sabendo que ele lhe diria sobre mim, se pudesse. Esperava atrair atenção de pessoas como você, Harry, sabendo que depois que você começasse a investigar descobriria o que estava acontecendo. - ele sorriu para eles. -Não posso dizer o quanto fiquei aliviado por receber o bilhete de Hermione. Mesmo com as memórias de Jack, no fim das contas sou apenas um naturalista. Esse não é meu jogo. Eu... - suspirou. -Acho que queria entregar a responsabilidade para os profissionais.
-Bem, deveria ter feito isso no inicio, mas entendo que esse tipo de coisa pode facilmente sair do controle. Antes que perceba, está até o pescoço em algo que não tinha nenhum interesse em estar envolvido. - Harry disse.
-O que vai acontecer agora? - Sorry perguntou.
-Não sei. Me pediu ajuda e agora descubro que não posso te oferecer muita. Acabei de perder minha fonte mais próxima do Círculo, e não vou conseguir que um agente se infiltre rápido o suficiente pra ser útil. Esse tipo de operação leva muito tempo, como já aprendeu. Não pode querer que um agente apareça na porta deles e esperar que confiem nele. - se afastou alguns passos, olhando para o longe. -Estão planejando intensificar as ações, certo?
-Ouvi dizer que mandaram um aviso pra você.
-Eu recebi.
Sorry passou a mão no cabelo. -Não está errado sobre a intensificação. Eles me fizeram examinar os textos da passagem para que pudesse guiá-los no próximo ritual... Assim que tiverem alguém em quem usar. Não sei em quem planejam fazer a passagem, mas tenho uma boa aposta que você é o candidato numero um. Só posso adiar um pouco.
-E quanto à magia de manipulação do tempo.
-Não sei exatamente como funciona, mas seu que só funciona com intervalos pequenos. Não acho que possam usar muito, também. Uma vez vi Allegra logo após ela ter feito os feitiços e ela estava arrasada e quase inconsciente. Ficou no quarto dela quase um dia inteiro.
-Tem alguma idéia do que posso esperar deles?
-Odeio dizer isso toda hora, mas não sei. Mas sei que Allegra tem passado muito tempo com seu consultor de astrometria. Não sei como ela se comunica com Voldemort, nenhum de nós o viu, mas ela tem voltado com muitas ordens, dizendo que são diretamente dele. Ele está planejando algo, isso é certo, e tenho a sensação que não vai demorar até que a gente descubra o que é.
Harry afirmou. -Suspeitava disso.
-Me parece que o melhor curso de ação pra eles seria capturar Harry - Hermione disse -uma vez que ele esteja satisfeito que o ritual da passagem vai funcionar como esperado.
-Não poderíamos ter planejado isso melhor - Harry disse. -Se a única coisa no caminho dele é o pouco conhecimento do Círculo da passagem, então você pode segurá-los até que eu encontre uma maneira de detê-los.
-Isso não nos ajuda a saber quando eles podem ir atrás de você - Sorry disse.
-Já estão atrás de mim. Voldemort me culpa por sua perda de poder, como deveria. Não vai ficar satisfeito só de me capturar. Prefere me torturar, até que me entregue por minha vontade. Ele sabe que para poupar a vida de inocentes me sacrificaria com prazer e então ameaça a vida das pessoas que amo. Já começou. - a expressão de Harry estava em branco. -Se não o deter antes, ele vai matar alguém. Não vou permitir que isso aconteça... Não de novo. - ele desviou o olhar. Hermione mordeu o lábio, sentindo um nó na garganta. -Talvez devesse me entregar agora mesmo.
Hermione pulou. -Não se atreva! Ele vai fazer a passagem em você e vai recuperar todo poder! Isso não vai ajudar a ninguém, e sem você, não sei quem poderia derrotá-lo!
Harry esfregou sua testa, distraído, apertando os dentes com tanta força que os músculos de seu queixo se destacavam como nozes. -Droga, não consigo pensar direito. Preciso sentar, consultar meus colegas e formular alguma estratégia.
Sorry levantou. -Tenho que voltar. Vão sentir minha falta.
-Certo, mas preciso de um jeito de te contatar constantemente. A DI possui algumas corujas encantadas que ficam invisíveis durante o vôo, vou mandar uma por dia pra você e pode mandá-la de volta com qualquer informação nova. Concorda?
Sorry concordou e os dois homens apertaram as mãos. Sorry virou pra Hermione. -Obrigado, Hermione, por ser otimista o suficiente pra pensar que eu poderia não ser tão mal, afinal.
Ela sorriu e apertou a mão dele. -Só estou feliz por estar certa.- Sorry de um passo para trás, segurou a ponta da capa e a jogou sobre seu corpo... Ela o cobriu, dobrando-se e sumindo junto com seu dono.
Harry e Hermione ficaram parados por alguns longos segundos. -De nada. - ela finalmente disse.
Harry virou e olhou pra ela, descrente. -Você espera que eu agradeça a você?
-Bem, por que não? Graças a mim você entrou em contato com uma peça muito valiosa do Círculo!
-Isso não muda o fato de ter sido extremamente idiota por ter vindo aqui sozinha, e até mesmo entrar em contato com ele! E se ele realmente fosse um bruxo das trevas? E aí?
-Por que insiste em me tratar como se eu precisasse de proteção vinte e quatro horas por dia? Marquei no lugar mais seguro possível!
-E como, exatamente, está qualificada a determinar isso?
-Está apenas irritado porque você não pensou nisso antes!
-Estou irritado porque podia ter sido morta! - ele gritou. Suspirou e relaxou, espantando a raiva. Hermione relaxou e sua irritação diminuiu. Era difícil ficar com raiva dele quando sabia que ele só estava irritado porque se preocupava, e também não podia negar que ele estava certo. Se Sorry fosse um bruxo das trevas ela seria notícia amanhã. Harry passou a mão no cabelo, já arrepiados de tanto ele fazer isso. Ele avançou, esticou os braços e a abraçou; Hermione respondeu ao abraço. Odiava discutir com ele e sempre ficava feliz quando a briga acabava. Ele repousou o queixo na cabeça dela. -Sabe o que passei no tempo entre descobrir que tinha sumido até te achar no 3 vassouras? Tinha certeza que ia chegar aqui e encontrar seu corpo.
Ela podia sentir o coração dele batendo contra sua bochecha. -Não era pra você saber até que tivesse terminado.
Ele a afastou e a olhou. -Não tem que me provar nada, sabe.
-Não era pra provar alguma coisa. Queria saber a verdade sobre Sorry e sabia que você não seria receptivo à idéia de descobrir isso. Nem tudo é sobre você, sabe.
Ele sorriu. -É justo. - ele apertou o abraço um pouco e depois a soltou. -Venha, vamos sair daqui. - Hermione concordou com a cabeça; andaram de volta até a rua. -Que tal uma passada na Dedosdemel? Estou morrendo de vontade de uns doces
Lupin desceu trotando as longas escadas até o laboratório de poções, sua bolha flutuando a sua frente. O laboratório não se movia tanto quanto áreas mais críticas da DI, mas não custava ser cuidadoso. A mestre de Poções não estava, mas esperava que ele viesse. Era o primeiro dia de lua cheia, e se Lupin não tomasse sua poção mata-cão, estaria colocando todos a seu redor em perigo mortal.
Ela deixara o cálice fumegante sobre a mesa para ele, com um bilhete lembrando que deveria tomar antes do sol se pôr, como se ele precisasse de lembrete. Lupin ficou ali parado, pensando.
Ele passara a maior parte do dia verificando a segurança de Bailicroft e das pessoas que lá moravam. Ele e alguns bruxos do Ministério da secretaria de Defesa Contra Artes das Trevas instalaram um sistema complexo de proteções ao redor da mansão. Amuletos de proteção, de alarme, contra-feitiços, anti-aparatação... Não foi muito fácil conjurar tudo, especialmente considerando que os portões eram muito altos. Lupin ficou bastante envaidecido de Harry tê-lo encarregado de proteger sua casa e seus amigos, e estava completamente determinado a não decepcioná-lo.
Era estranho pra ele lembrar dos dias num passado não tão distante quando era professor de Harry, ensinando-o sobre bichos-papões e dementadores e grindylows e quem sabe o que mais. Todo o ano que passara em Hogwarts era meio que um borrão. Foi aterrorizador e imensamente gratificante. Apesar da grande maré de azar que teve depois de sair, exacerbada pela notoriedade que teve depois de ensinar lá, não se arrependia da experiência. Relembrando, uma das partes mais gratificantes daquele tempo, foi a interação com o jovem Harry. Ele ainda não tinha autoconfiança na época, mas Lupin o olhava nos olhos e via o bruxo poderoso escondido dentro dele, esperando que fosse maduro o suficiente para se mostra de verdade. Ele tentou ajudar Harry a entrar em contato com esse potencial dentro de si e gostava de pensar que teve pelo menos um pouco de sucesso. Estava excessivamente orgulhoso do bruxo e do homem que Harry se tornou, mas não tinha certeza do quanto de credito tinha nisso, apesar de Harry mencioná-lo freqüentemente junto com Dumbledore e Sirius como seus heróis pessoais.
Lembrava do dia a três anos, quando ele reencontrou Harry Potter de forma bastante dramática. Estava trabalhando como caçador de vampiros, mas onde quer que fosse, sua reputação parecia chegar antes... As pessoas hesitavam em deixar um lobisomem lutar por eles. Vagava de cidade em cidade, sem casa e cada vez mais sem esperança, e às vezes era forçado a realizar pequenos furtos para se alimentar... Um pão de um carregamento, algumas maçãs de caminhonete de um fazendeiro. Esses atos desonrados o perturbavam, mas pensamentos de uma consciência culpada ficavam bem atrás de pensamentos de uma fome cortante. O ponto mais baixo de sua vida foi quando foi preso por colocar um cartaz anunciando seus serviços num quadro de avisos na esquina de uma cidadezinha. O juiz local era um homem duro, insensível... Dera um sermão sobre solicitação sem licença e o colocara na cadeia sem mesmo perguntar seu nome. Remo ouviu as grades baterem e sabia que não podia descer mais o nível. No dia seguinte, o juiz o arrastou até a praça da cidade e anunciou para multidão que se formava que o lobisomem tinha vindo para caçar suas crianças inocentes e os roubar durante a noite e comê-los. Horrorizado e chocado com o comportamento medieval e completamente clichê, Lupin só pode ficar olhando enquanto as pessoas da cidade, incitados pelo juiz, se apressaram pra agarrá-lo e provavelmente enforcá-lo na árvore mais próxima. Em parte por puro terror, mas em maior parte por exaustão e fome, ele desmaiou... Quando atingiu o chão estava apenas um pouco atento às pessoas gritando e apontando para cima, e luzes de raios atingindo o chão perto da multidão, afastando seus quase linchadores para todas direções.
Abriu os olhos e se encontrou deitado numa cama olhando para um par de olhos verdes brilhantes por trás de lentes. Quase sem acreditar que não estava morto, levou um momento para perceber que este era seu ex-aluno, Harry Potter, já adulto, que interveio e o resgatou. Abismado só pela presença dele, as pessoas da cidade soltaram Lupin de boa vontade e Harry o levou de volta para casa onde estava alojado enquanto cumpria uma missão numa cidade próxima. Ele lhe dera comida e repouso, enquanto procurava em sua mente suas experiências. Depois de quatro dias, lhe oferecera o emprego que tinha agora. Num ponto, quando Harry estava fora da casa, Lupin chorou de alívio. Harry acreditara nele quando ninguém acreditou, confiara nele quando ninguém faria o mesmo. Harry nunca quis aceitar as palavras de agradecimento de Lupin, dizendo que ele estava apenas empatando, depois de toda ajuda que Lupin lhe dera, mas Lupin não tinha nenhuma ilusão sobre quem devia a quem... Se Harry não tivesse intercedido, aquelas pessoas o teriam matado. Mesmo que não matassem, não teria sobrevivido muito do jeito que estava indo. Então ele ficaria arrasado se falhasse com ele agora em algo tão importante.
Mas nada disso importaria se saísse de noite pelas ruas comendo pessoas. Pegou o cálice, curvando os lábios... A poção mata-cão não era a experiência mais prazerosa, mas pelo menos a mestre de poções da DI não se dava ao trabalho de adicionar ervas de gosto horrível como um certo professor de Hogwarts costumava fazer. Fechou o nariz e tomou todo o conteúdo numa golada só, controlando a vontade de vomitar.
Deixou o cálice na mesa e começou a retornar para sua sala. A poção estava revirando em seu estômago como sempre... Ele normalmente tinha uma sensação de desconforto por alguns minutos e depois voltava ao normal.
Remo alcançou o topo das escadas e parou, seu estômago mexendo subitamente. Franziu a testa, uma mão esfregando o abdome... Isso é estranho, pensou. Deu mais alguns passos e parou novamente, arregalando os olhos. De repente, uma dor terrível rasgou sua barriga e ele se curvou, gritando. Viu através das lágrimas em seus olhos bruxos se aproximando e se curvando sobre ele, mas não importava, e a única coisa no mundo era essa dor, como se ele estivesse sendo rasgado em pedaços por açougueiros. Gritou novamente, caindo no chão. A dor passou por seu pescoço e cabeça e batia por trás de seus olhos. -Mata-cão... - ele sussurrou para os bruxos sobre ele que o olhavam preocupados. -Veneno... - a cabeça caiu sobre o chão de pedra, sua visão escureceu e ele não sabia mais nada.
Laura enfiou os documentos da noite em sua pasta, nem se preocupando mais se estavam amassando. Raymond, o secretário dela, entrou na sala, uma expressão petrificada em seu rosto. -Hã... Srtª Chant?
-O que foi agora? Podemos não fazer isso novamente, por favor? Minha cabeça já está sangrando com tudo isso.
-É só que recebi esses memorando da Marian...
-Ah, que Marian vá pra merda - Laura murmurou, seu bom humor de costume tinha se escondido em algum canto distante de sua personalidade. -Somos os únicos nesse maldito prédio, já passei catorze horas aqui hoje e não vou ficar nem mais um minuto. Tenho uma massagem no pé me esperando em casa.
Ela pegou sua pasta e capa e passou pelo jovem que gaguejava pelo corredor. -Devo...
-Coloque em cima de minha mesa, eu dou uma olhada amanhã. Suponho que sejam mais exigências para reunião com Fudge... Estou começando a desejar que nunca tivesse feito com que concordassem. -Raymond a seguiu pra fora do prédio.
-Mas se você olhasse só esse em particular...
Laura parou na calçada da entrada, levantando a mão pra impedir que Raymond continuasse. -Ray, que parte de "estou indo pra casa" não penetrou nessa cabeça dura? Não posso...
Nesse momento, sem avisos, a elegante mansão no estilo Tudor que abrigava a sede da CMPS explodiu num grande lançamento de chamas e fogo. A onda de choque derrubou os dois no chão, a pasta de Laura voando de sua pra cair em uma cerca de madeira, a dor cortando uma de suas pernas quando ela bateu no concreto. Ela caiu no chão, chocada, olhando para o inferno que era seu lugar de trabalho apenas alguns momentos antes. -Mas que merda - gemeu, arregalando os olhos de terror. -Ray! Você está bem? - ela lutou para se sentar. Ray estava virando.
-É, vou sobreviver... Mas Laura... Por Deus, havia mais alguém lá?
Laura tentou ficar de pé, mas a dor que veio desde o lado de direito até o quadril... Ela olhou pra baixo e seu estômago revirou ao ver o osso de sua canela aparecendo no lado da perna. Ela ficou apenas sentada entre os detritos, sangue escorrendo por seu rosto de um corte em sua testa, bruxos e bruxas vindos de todas direções. Ela não ligava pra eles, apertava as mãos contra as bochechas. -Ah senhor Jesus... - ela gemeu. O prédio queimava alegremente, as chamas voando para o céu e formando nuvens de fumaça negras que iam até os observadores chocados.
Harry e Hermione saíram da Zonkos felizes, cheios de uma nostalgia adolescente. -Não acredito que comprou fogos de artifício - ela disse. -Isso não é contra a lei, depois que você deixa de ser adolescente?
-Tive uma vontade repentina. Posso até suspeitar que eles foram enfeitiçados.
-O que vai fazer com eles?
-Ah, pensei em dispará-los do gazebo... Se eu tiver cuidado, poso conseguir que um entrem direto no quarto de Cho.
Ela começou a rir e deu um tapa no braço dele. A noite caíra em Hogsmeade e as pessoas andavam pra cima e pra baixo na rua cheia de lojas... Hermione viu alguns casais andando de mãos dadas, as cabeças próximas em conversas íntimas. Nenhum deles sabia nada de Allegra, ou magia para manipulação do tempo, ou da passagem... E todos eles tinham certeza absoluta que Voldemort se fora para sempre. Ela olhou para Harry e viu que ele estava pensando a mesma coisa. -O que você vai fazer? - perguntou baixinho.
Ele suspirou. -Não quero pensar nisso agora. Vou pensar amanhã.
-Mas parece que encontrar Sorry devia ter sido uma coisa boa.
-Você acha, não é? O que ele me disse apenas reforça o quanto Allegra é perigosa, e ilustra como ela está tendo sucesso em esconder as coisas de mim. Não tinha idéia de que ela era a nova vice de Voldemort. Os dois têm me usado como um violino e não gosto muito disso.
-Vai derrotá-lo. Já fez isso antes.
-Talvez, mas a que custo? Allegra poderia ter matado Jorge, mas ela não o fez, apenas pra me atormentar por saber que ela podia ter matado. Se continuar assim, ela vai parar de pegar leve nos golpes.
-Você disse que estava tomando precauções.
-Estou, mas é um exercício de futilidade. Não há casa segura o suficiente, não há lugar seguro suficiente, não há magia forte o bastante. Se ela decidir que quer machucar um de vocês, então uma hora terá sucesso... A não ser que eu a detenha antes.
Ele soou tão triste e parecia tão preocupado que Hermione queria apenas fazê-lo sentar, enrolá-lo numa coberta e dar um pouco de sopa. Ela pegou a mão dele, ele enlaçou os dedos nos dela, dando um sorriso agradecido. -Vamos caminhar até o lago. Lembra de todas as tardes de primavera que passamos lá? Dino e Simas discutindo sobre futebol? Neville correndo atrás de Trevo? - ele sorriu.
-Certo. É uma boa noite para caminhar.
E era. Frio o suficiente pra ser confortável, com uma brisa leve. Pegaram o caminho que levava ao lago do "Cabeça de Javali", longe das luzes da rua principal. A luz da lua refletia na superfície do lago, fazendo Hermione pensar em Lupin. Passeavam ao redor do perímetro da água em silêncio, apenas aproveitando a fragrância do ar noturno.
Depois de alguns minutos, Hermione começou a sentir Harry ficar tenso. Os dedos dele apertavam os dela e ele matinha cuidadosamente uma expressão em branco. Não perguntou nada a ele, pois alguns instintos lhe diziam para não o fazer. Não teve que esperar muito.
-Não olhe a sua volta - ele disse baixinho, pelo canto da boca. -Continue andando normalmente. Estamos sendo seguidos.
-Quem é?
-Provavelmente um dos capangas de Allegra.
-Só um?
-Sim. Ele é só um aperitivo. - ele suspirou. -Não esperava que começasse tão cedo.
-O que fazemos?
-Esperamos que ele avance primeiro, depois veremos. - ele a guiou pra fora da rua principal por uma que se ramificava e levou até uma pequena clareira protegida por árvores... beco sem saída. Eles entraram na clareira, sem falar, e então, de repente, Harry a empurrou. Ela tropeçou e caiu num arbusto, olhando pra trás a tempo de ver um homem grande entrando na clareira, preparando seu braço num murro que assoviou quando cortou o ar. Harry se abaixou e deu a volta no homem, gesticulando pra que ela ficasse ali. O atacante virou e encarou Harry, sorrindo e parecendo como se seu QI competisse seriamente com a medida de sua cintura.
-Você Potter?
Harry se preparou pra um novo ataque e assentiu. -É bom que verifique minha identidade antes de começar com tratamento a base de punhos. Um pouco de controle de qualidade é bem vindo. Não queremos que o homem errado seja esmagado, não é?
O sarcasmo de Harry passou longe do troglodita. -Ela disse que eu devia tomar cuidado, mas você não parece muita coisa.
-Odeio ser estraga-prazeres, mas você nem de longe é o primeiro a fazer esse mau julgamento, parceiro.
O cara deu um riso bobo. -Está prestes a entrar no mundo de dor, cara.
Harry se posicionou melhor. -Isso é o melhor que pode fazer? Um "mundo de dor?" Seria demais pedir uma discussão pré-luta decente? Estou fazendo meu melhor, seria bom que fizesse o mesmo.
O troglodita franziu a testa. -Hã?
Harry abriu os braços. -Vamos fazer isso ou não?
-Ela disse que tenho que colocar você e a vadia no hospital. Não leve para o lado pessoal.
-Claro que não - Harry disse, apesar de seus olhos terem se estreitado a pequenos riscos letais. Ele levantou a mão e tirou os óculos, colocando-os com cuidado num banco próximo. -Vamos com isso, certo? Tenho que ir pra casa e limpar minha lareira.
Sem mais delongas, o capanga avançou, lançando um punho do tamanho de um frango em sua direção. Harry rapidamente deu um passo para o lado e esticou o pé, levando-o ao chão. Hermione puxou sua varinha, mas Harry fez que não. O capanga se levantou. Antes, ele parecia até com pena por ter sido mandado pra acabar com os dois, mas agora parecia feliz por ter uma desculpa. Levantou, encarou Harry e começou a lançar murros nele de todas direções. Harry esquivou e desviou, bloqueando a maioria dos golpes até que finalmente abaixou quando deviria ter desviado e um o atingiu bem na face. Ele cambaleou pra trás um pouco, inclinado com uma mão na bochecha. O capanga hesitou, dando um passo para frente para ver se Harry estava abatido. Levantou o punho novamente e Hermione fez uma careta, a varinha preparada, pronta pra impedir que o cara deixasse Harry nocauteado pelo resto da semana... Mas não precisou. Quando o capanga ia atingi-lo, Harry se endireitou abruptamente e seu punho acertou no queixo do homem. Ele cambaleou para trás, surpreso. Harry rapidamente ficou de lado e atirou a perna contra a barriga de seu adversário. Ele se curvou, apertando o estômago; Harry girou e deu a volta com a perna, seu pé acertando no queixo do troglodita; ele caiu de bunda com o rosto sangrando. Harry recuou e colocou a mão na bochecha novamente.
-Ai, - ele resmungou, massageando a marca que o punho do cara tinha deixado. Ele olhou para Hermione. -Você está bem?
Ela apenas ficou olhando pra ele impressionada. -Estou bem, mas... ele... você... - ela olhou pra trás dele, seus olhos se arregalando. -Cuidado!
O capanga, voltando como um vaso ruim, abraçou Harry por trás, prendendo os braços dele e o levantando do chão. Harry balançou as pernas no ar, tentando se libertar. Hermione levantou a varinha novamente. -Sem magia! - Harry gritou. Pensando que ele estava fora de si, ela abriu a boca pra incapacitar o capanga mesmo assim. -Expelliarmus!- Harry gritou antes que ela pudesse dizer qualquer coisa. A varinha dela voou de sua mão pelo ar até o outro lado da clareira. Hermione não podia acreditar. Ficou apenas olhando, sem o que fazer... Estava desarmada e não achava que nessa situação conseguiria atingir a concentração suficiente para fazer magia sem a varinha.
Harry tinha seus próprios problemas. O aperto do capanga era como uma barra de metal e não importava o quanto lutasse ele continuava segurando. Hermione começou a temer que ele ficaria sem ar... E então Harry de repente jogou a cabeça para trás violentamente, acertando o nariz do capanga. O homem o soltou de vez, uma mão no rosto, e recuou alguns passos. Harry aproveitou a oportunidade e acertou o rosto dele com as costas das mãos.-Seu pequeno canalha! - gritou, sua boca sangrando junto com o nariz.
-Eu te avisei! - Harry disse. -Tive um ótimo professor de combate corpo a corpo! - o capanga avançou sobre ele, jogando o braço pra frente; Harry se curvou para trás e o punho do adversário na frente de seu rosto. Ele segurou o braço dele quando ia para frente e deu um passo para dentro, de modo que suas costas ficassem para ele... Hermione assistia, impressionada, enquanto Harry o jogava sobre seu quadril, usando a própria força do homem para jogá-lo no ar. Ele fez um barulho impressionante quando chegou ao chão. Harry colocou o pé sobre o pescoço do cara, pressionando o suficiente pra que sua bota deixasse marcas, mas não o bastante para machucá-lo.
-Por que me desarmou? - Hermione gritou. -eu podia ter ajudado!
Ele olhou para ela. -Podemos conversar depois? Estou um pouco ocupado no momento.
-Isso é algum tipo de amostra de testosterona de macho pra mim?
-O que, a dança swing não é macho o suficiente pra você? Ele começou!
-Então porque você não... Harry, cuidado! - ela gritou. Notando o quanto estavam concentrados na conversa, o capanga de Allegra aproveitou. Ele deu uma volta com o braço, tirando a perna de Harry por baixo e derrubando-o no chão. Hermione pulou para trás, sentindo-se culpada por distraí-lo. Harry rapidamente se levantou, mas não rápido o suficiente para esquivar de outro golpe. O murro o fez cambalear sobre os calcanhares; antes que pudesse se recuperar, o homem tinha suas mãos no seu pescoço. Os braços de Harry escorregavam das mãos enormes, seu rosto ficando roxo. Assustada, mas sabendo que tinha que fazer alguma coisa, Hermione respirou fundo e pulou nas costas do capanga, apertando o pescoço dele e batendo na cabeça e ombros o mais forte que podia. O capanga largou Harry e começou a rodar em círculos, tentando soltar Hermione; ela se segurou o quanto pode. Ele balançou para um lado e Hermione não conseguiu manter a força... Escorregou do pescoço dele; o capanga a segurou e bateu em seu rosto. A dor explodiu em sua cabeça e depois se espalhou por todo seu corpo quando ele a jogou no chão.
Ela ouviu Harry fazer um barulho que ela pensou que ele não fosse capaz de produzir, um rugido de raiva que fez até mesmo esse primata forte recuar. Ela olhou para cima, seus olhos lacrimejando e sua bochecha latejando, em tempo de ver Harry avançar sobre o homem, lançando golpe após golpe enquanto desviava os que vinham em sua direção. Estava certo... Ensinaram muito bem a ele. Até mesmo ela conseguia ver que enquanto o capanga era desajeitado e desastrado, confiando principalmente na massa corporal, Harry era rápido e eficiente. Movia-se com leveza, sua capa voando a seu redor... Hermione lembrou de seu sonho da câmera secreta. Do mesmo jeito, ela assistia enquanto ele lutava contra um adversário, mas não tinha idéia do porque ele não puxava logo sua varinha e mandava o homem para o mundo invisível.
O capanga ainda conseguiu alguns bons ataques de raspão em Harry, mas pagou por eles. Finalmente Harry o nocauteou com uma voadora que acertou seu queixo, fazendo um barulho parecido com uma melancia sendo acertada por uma bigorna. O cara caiu como uma pedra. -Viu? Isso é o que acontece quando alguém a chama de vadia na minha frente. - Harry disse. O atacante não se mexeu. Harry expirou com força, dobrando e apoiando as mãos nos joelhos para recuperar o fôlego. Hermione veio até ele. -Meu Deus, você está bem?
Ele levantou e palpou o abdome com os dedos. -Vou sobreviver. - ele virou e tocou a bochecha dela onde uma equimose estava se formando. -Nossa, ele te acertou em cheio. - disse, olhando feio para o capanga inconsciente no chão.
-Ah... você está sangrando. - ela disse, puxando um lenço do bolso. Ele ficou em pé pacientemente enquanto ela cuidava de um corte em sua testa.
-Não foi muito esperto, o que você fez. - ele disse, mas seu tom era de admiração. Pegou seus óculos e os colocou.
-Te salvei, não foi?
-Teve sorte de ter conseguido apenas um olho roxo.
-Por nada, pela segunda vez. Notei que você não estava dando muitas chances à paz.
-Não, mas esse é meu trabalho. Fui treinado pra fazer esse tipo de coisa.
Ela abaixou o lenço. -Por que? Por que precisa disso? Por que não o transformou logo em uma salamandra?
Ele franziu a testa, como se estivesse confuso por ela não saber a resposta pra essa pergunta. -Hermione... Aquele cara era um trouxa. Não posso usar magia contra trouxas. É contra a lei... Além disso, não é justo.
-Justo? Ele está tentando te matar e você se preocupa se é justo?
-Ele não estava tentando me matar, você ouviu. Mesmo que estivesse, bem... há coisas mais importantes do que não ser morto, sabe. Não gostaria de ganhar uma briga usando magia contra um trouxa. Seria... não sei, covardia. Como um exército usando metralhadoras contra um oponente armado com paus e pedras.
-E se ele tivesse uma faca? Ou uma arma?
-Então eu teria usado magia contra a lâmina ou balas, mas não contra ele. Não é permitido usar magia em trouxas, você sabe disso. Por isso Allegra manda trouxas fazer esse tipo de trabalho sujo... Anula qualquer vantagem mágica que eu poderia ter. Mas somos treinados pra igualar as forças. Passei um ano apanhando loucamente de Lefty Mamakos para que caras como esse desperdício de pele na nossa frente não levasse a melhor quando eu não posso usar minha varinha.
Ela suspirou. -Acho que está certo. É só que... você poderia se machucar de verdade.
-Não é provável – respondeu, sorrindo. -Não quero me gabar, tive o escore de treinamento acumulado mais alto na D.I. desde a época de Lefty. - ele virou e foi até os arbustos. -vamos achar sua varinha, certo? - se inclinou e começou a procurar no chão.
Hermione ficou parada, os braços cruzados sobre o peito, ainda processando o que acontecera. -Você acha que ela sabe sobre Sorry? A hora parece conveniente demais pra ser uma coincidência.
-Aqui está! - ele disse, levantando e segurando a varinha. Ela a pegou e colocou na bolsa. -Coloquei uns feitiços traiçoeiros ao redor do três vassouras enquanto você esperava ele chegar lá, não sei como ela poderia saber. Mas realmente é uma hora estranha. - ele franziu a testa. -Se ela sabe, não há muito que possa fazer sobre isso. Espero que as memórias de Jack seja suficientes para que ele consiga fugir rápido. - ele se aproximou e ela suspirou. -Lamento que estivesse aqui pra ver isso.
-Eu também - ela disse, tocando o machucado com um dedo e fazendo uma careta.
-Deixa eu cuidar disso. - ele disse levantando uma mão até a bochecha dela. Os dedos dele começaram a brilhar com uma luz laranja suave quando os colocou contra a pele dela. Ela podia sentir sua bochecha formigando enquanto ele massageava o machucado por alguns segundos. Hermione olhava o rosto dele, hipnotizada... Ele olhava, não para a bochecha dela, mas em seus olhos. Sua expressão era de uma estranha concentração, como se nunca a tivesse visto antes e estivesse tentando memorizar cada detalhe de seu rosto. Um nó se formava na boca do estômago... Ela podia sentir que o machucado desaparecera, mas ele ainda alisava sua face. Ela estava repentinamente consciente do quão próximos estavam; podia ver sua barba começando a crescer em seu rosto e sentir o cheiro de pinho de seu sabão. Esse é Harry, ela pensou. Não era pra eu estar aqui pensando em no cheiro dele, pelo amor de Cristo. Ela desviou olhar e Harry tirou a mão de sua bochecha, deixando um rastro de calor.
-Obrigada - disse, tocando a pele suave onde a marca estava. -Onde aprendeu isso?
-Campo de treinamento. Primeiros socorros.
-Podia usar um pouco em você.
-Estou bem. Vamos sair daqui. - eles saíram da clareira, deixando alguns metros de distância entre eles, mas não chegaram muito longe. Do céu veio uma mancha branca que pousou no ombro de Harry. -Edwiges! - ele disse, pegando o bilhete do seu bico. Hermione deu a Edwiges metade de um bolinho que colocara em sua bolsa enquanto esperava por Sorry; Harry leu o bilhete. Ela observou quando seu rosto ficou branco como um fantasma e ele sentou pesadamente... não foi bem sentar, uma vez que suas pernas de repente não agüentavam mais segurá-lo. Felizmente havia um banco atrás dele ou então pararia no chão. Olhou pra ela com uma expressão nua de horror no rosto que era quase infantil em sua confusão chocada.
-O que? - ela disse, com um frio no estômago. -O que aconteceu?
-É de Justino. Alguém explodiu a sede da CMPS em Londres. Foi destruída, está no chão.
O sangue de Hermione esfriou como gelo. -Ah, Deus. - murmurou. -Laura?
-Não diz. Ele disse apenas que devíamos ir até o hospital do Ministério. - ele levantou, esfregando os olhos e a pegou pela mão. -Vamos.
Hermione manteve a compostura por pura força de vontade enquanto ela e Harry subiam as escadas do Hospital do Ministério. Se Laura estivesse machucada, ou Deus a livre morta, não sabia como agüentaria.
Eles entraram na sala de espera circular. Justino já estava lá. Levantou para encontrá-los, parecendo exausto e abatido. -Justino! - Hermione disse, se apressando até ele. -Laura... ela está...
-Ela está bem - disse, fazendo gestos calmantes com as mãos. -Ela se machucou, mas vai ficar bem. - Harry e Hermione trocaram olhares aliviados e Justino puxou os dois pra um abraço a três.
Depois de passado o alívio inicial, Justino os guiou pelo corredor até o quarto de Laura. -O que diabos aconteceu? - Harry perguntou, seus lábios pressionados com força, até que desapareceram numa fina linha branca.
-Eu não sei. Laura disse que tinha acabado de deixar o prédio quando explodiu. Se tivesse saído quinze segundos depois ainda estaria lá dentro.
Hermione olhou o rosto firme de Harry. Um ataque neles em Hogsmeade, o prédio de Laura explodindo... O coração dela bateu descompassado ao pensar o que estaria acontecendo com seus outros amigos no momento.
Laura estava sentada na cama, discutindo com a enfermeira. -Por que não posso usar meu pijama? Não faz sentido algum! - ela parou ao vê-los. -O que, sem flores? - ela disse, dando um sorriso cansado.
Hermione se apresou para abraçá-la. -Ah, querida, você está bem?
-Estou bem. Quebrei a tíbia... Isso foi bem gosmento, pra falar a verdade... E cortei a testa, mas me consertaram na hora. - Harry foi para o outro lado da cama, dando um sorriso forçado. Laura olhou para ele com uma expressão séria no rosto. -Harry... Cinco pessoas se machucaram na explosão. Graças a Deus ninguém morreu, mas... Isso foi... Tem relação com...
-Receio que sim, Laura. Como você sabe, existem forças das trevas no mundo, e luto contra elas desde meus onze anos. Querem que eu me renda, e pra me atingir, estão atacando as pessoas a meu redor. Lamento que isso tenha acontecido. Tudo o que poso dizer é que prometo que vou encontrar os responsáveis e fazer com que paguem.
Laura assentiu, uma lágrima escorrendo por seu rosto. -Tenho que contar a Sorry o que aconteceu...
-Mando a notícia pra ele. - Hermione disse.
Uma das bruxas enfermeiras entrou. -Sr Potter? Tem uma mensagem pra você na recepção.- Harry olhou pra Hermione, o mesmo pensamento passando na cabeça dos dois: agora o que? Sem dizer nada, ele saiu do quarto com a enfermeira.
-Vai ter que passar a noite aqui? - Justino perguntou a Laura.
-Acho que não. A médica disse que podia ir pra casa assim que estivesse satisfeita que minha tíbia está curada.
-Mandei uma coruja para Jorge, ele disse que não poderia sair agora, mas que estaria aqui logo.
-Volto já - Hermione disse, alisando o braço de Laura. Ela levantou e saiu pelo corredor, sentando em um dos bancos e deixando seus olhos fecharem. A completa seriedade da situação estava caindo sobre ela... Até agora parecia quase como um jogo. As bolhas de Babel, os corredores que se mexiam, os agentes misteriosos, até mesmo a briga de Harry no parque... mas agora pessoas poderiam ter morrido e Laura era uma delas. Levantou os olhos e avistou Harry voltando pelo corredor, e a aparência dele a esfriou até os ossos. Estava andando rápido e determinado, e pela primeira vez ela teve a impressão que o via da mesma forma que os inimigos dele... Como alguém com quem não se deve brincar. Suas roupas pretas pareciam fazer seu corpo desaparecer contra a capa preta que ondulava atrás dele, toda sua forma parecia se misturar com as pedras negras do corredor, de modo que seu rosto pálido parecia estar flutuando sozinho. Sua face estava branca como papel, fazendo um contraste ainda maior com sua camisa de gola alta, seu cabelo para cima em todas as direções e seus olhos brilhando na pouca luz. Nesse momento, ele parecia o próprio espectro da morte.
Ela levantou, sem querer ouvir o que ele ia dizer. -O que? O que foi?
Ele parou em frente a ela e falou num tom firme, pedagógico. -Lupin está no Confinamento, em situação critica, a poção mata-cão estava envenenada. Ele pode não sobreviver. Argo Pfaffenroth desapareceu por três horas. Ela saiu do escritório como de costume, o marido dela ligou para DI porque ela não tinha chegado em casa. Mais tarde ela foi aparatada até a enfermaria da DI, intacta a não ser por alguns cortes superficiais em seu braço. O carro dela foi encontrado do lado da estrada com a palavra "Potter" escrita no pára-brisa com o sangue dela.
Hermione achou que ia desmaiar. -Ah meu Deus. - conseguiu dizer. Parecia que o único jeito pra que Harry se mantivesse calmo era se desligando completamente.
-Vou para casa checar as proteções... Você e Justino fiquem aqui. Mais tarde preciso que voltem pra casa... Vão estar mais seguros lá e quero você em casa pro caso de termos mais notícias, boas ou ruins. Justino pode levar Laura quando ela estiver pronta.
Ela assentiu. -O que vai fazer então?
-Tenho que fazer alguns preparativos. Não vou ficar parado e ver enquanto ela destrói vidas inocentes. É hora de eu atacar. - ele começou a ir, mas Hermione o segurou.
-Harry, por favor, tome cuidado. Eu... - o ar ficou preso e um nó subiu pela garganta. -Não deixe que eu receba uma coruja informando que acharam você no lado da estrada.
A expressão dele suavizou um pouco; ele esticou a mão e tirou uma mecha de cabelo que estava no rosto dela. -Vou ficar bem. Não se preocupe. Vou estar em casa logo e então vou te dizer... - ele parou e pareceu pensar melhor no que ia dizer. -Vou te dizer o que deve ser feito. - ele se inclinou e beijou-lhe a testa, depois virou e foi embora. A cada passo sua figura ficava cada vez mais indistinta, depois transparente e então havia apenas o corredor, vazio onde ele estivera apenas alguns segundos antes.
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