Chapter 6: Road Trips
Um silêncio de espanto respondeu o anuncio de Fred, mas antes que alguém pudesse dizer alguma coisa, a porta dos fundos se abriu e Jorge entrou, o rosto vazio e confuso.
-Jorge! – Fred exclamou, disparando pela cozinha pra abraçar seu irmão. –Mas que diabos... Você está bem? O que aconteceu? Desapareceu bem na minha frente!
Jorge deu um olhar contundente pra Justino e depois olhou novamente pra Fred. –Mas, não pode ser, Fred... Você deve ter virado por um segundo.
-Não! – ele não notou Justino se aproximando silenciosamente atrás dele, a varinha em punho. –Um segundo você estava lá e "puf" não estava mais! – Justino balançava a varinha pra trás e pra frente, sussurrando baixinho... Uma neblina branca emanava da ponta de sua varinha. De repente ele a sacudiu pra frente, jogando a neblina ao redor da cabeça de Fred, como um laço. Fred ficou em silêncio enquanto a neblina encobria seu rosto e depois piscou confuso enquanto ela se dissipava. Todos observavam, prendendo a respiração, enquanto Fred se reorientava. Olhou pra Jorge e sorriu. –Que convenção ótima, Jorge! Obrigado por me levar junto!
Jorge assentiu. –O prazer foi meu. Obrigado por vir.
-Tenho que ir então. De volta a tundra.
-Diga oi a Carlinhos por mim;
-Digo sim. Até, todos! – ele acenou vigorosamente e saiu. Jorge se jogou em uma das cadeiras da cozinha.
-Bom trabalho, Justino. Você realmente devia trabalhar no Esquadrão de feitiços de memória.
-É o que vivo dizendo a meu chefe.
Todos se juntaram em volta dele. –Mas ele não estava vendo coisas, estava? – Harry perguntou. –Você realmente desapareceu.
-Achei melhor que ele não lembrasse... E tive que me livrar dele pra que pudéssemos discutir isso – Jorge disse.
-O que aconteceu? – Hermione disse, sentando ao lado dele e colocando uma mão em seu braço.
Olhou pra todos a sua volta, os olhos arregalados e confusos. Harry se inclinava sobre ele, examinando seus olhos e tomando seu pulso. –Sinceramente não sei. Num momento estava na convenção com Fred... No outro, estava no gazebo. De acordo com o relógio da cozinha, sumi por uma hora.
-Onde você estava?
-Não tenho idéia. Não tive nenhuma sensação da hora passar, é como se tivesse pulado. Meu relógio também esta uma hora atrasado.
Hermione olhou pra Harry. –Está pensando o mesmo que eu?
Harry afirmou com a cabeça. –Provavelmente. – ele sentou, uma expressão de repulsa no rosto. –Isso é um aviso pra mim. É uma mensagem dele... – parou e limpou a garganta. –quero dizer, das forças das trevas. Querem que eu saiba que podem pegar meus amigos em qualquer lugar, a qualquer hora.
-Mas o que fizeram comigo? – Jorge disse. –Não lembro o que aconteceu...
-Não se aflija, Jorge – Hermione disse. –Pra você, nada aconteceu. Me parece uma viagem no tempo. - Harry concordava.
-Não é possível – Justino disse. –Viagens no tempo não necessitam de amuletos?
-Sim, precisam. – Harry disse. –E só existem alguns amuletos legítimos.
-Os que são autênticos são fortemente guardados – Hermione completou. –Dá pra imaginar o caos se a magia de manipulação do tempo caísse nas mãos erradas, é muito regulada.
-Se eles encontraram um jeito de fazer feitiços de viagem no tempo sem um amuleto, não é boa noticia. – Harry levantou. –Vou pro escritório. De repente achei muita coisa pra fazer – ele virou e saiu. Hermione levantou e seguiu, alcançando-o no hall do segundo andar.
-Harry – ela sibilou. Ele parou e virou. –Isso é ruim, não é?
-Um eufemismo.
-Viagem no tempo também pode explicar como Allegra escapou.
-Eu sei. Pode ter simplesmente voltado meia hora, antes dos feitiços de contenção terem sido colocados e depois Aparatado. – ele cruzou os braços sobre o peito, balançando a cabeça. –Não queria dizer isso na frente dos outros, mas isso é mais que um aviso. É uma ameaça.
Ela concordou. –Também achei.- colocou uma mão no braço dele. –Mas existem precações que podemos tomar.
-E pretendo tomá-las. Vou começar a providenciá-las agora. – começou a virar pra ir pro quarto, mas ela o segurou.
-Queria ajudar.
Ele hesitou, pensando. –Certo. Deixa eu me trocar e vamos juntos.
No momento que chegaram ao quartel general da DI foram inundados por bolhas de Babel de outros bruxos, todas falando de vez, que os seguiram até a sala de Harry. Ele levantou as mãos. –Quietos todos vocês! – disse e Hermione fechou a porta da sala trás deles. –Um de cada vez! – ele apontou pra uma bolha laranja. –Esse é Galino da Vigilância e Captação de Informações. – ele disse a Hermione. –Prossiga, Galino.
-Harry, na ultima semana, houve um nível descomunal de atividades. Pessoas mudando, viajando, se reunindo. Posso dizer com certa certeza que ontem à noite houve uma sessão de emergência do Círculo.
-O Círculo?
-Sim, Dra. Granger. Um grupo de algumas dúzias de indivíduos que representam o pouco que há de uma estrutura de poder organizado entre aqueles que seguem as artes das trevas. A única qualificação pra ser um membro é a capacidade e coragem pra fazer outros bruxos das trevas fazerem o que você quer.
-Sorry estava lá? ou Allegra? – Harry perguntou.
-Acho que Sorry não estava lá. Quanto a Allegra... Não tenho certeza. Provavelmente. Não conseguimos recapturá-la depois que escapou da detenção ontem, mas ela esteve em várias reuniões do Círculo nos últimos meses.
-Sabemos o que aconteceu nessa reunião de emergência?
-Não. Me dê alguns dias, vou reunir alguns da inteligência.
-Certo. Dispensado. – a bolha laranja sumiu. Harry apontou pra uma bolha violeta clara.-Esse é Sabian. – Hermione se endireitou na cadeira, ansiosa por ouvir a voz do famoso, mas ainda desconhecido Sabian. –O que tem pra mim?
A voz que veio da bolha era um sussurro rouco, quase não, audível e estranhamente analítico -Carlisle oficialmente se tornou a razão de minha existência. Estou no rastro dele há uma semana e ainda não tive a chance de dar mais que uma olhada nele. Ninguém nunca me despistou por tanto tempo –parecia meio constrangido, meio irritado. –O nome dele de repente está em todos os lugares, às vezes parece estar até no vento. A comunidade das trevas está fervendo com conversas e rumores sobre ele, como se tivesse acabado de ser trabalhado. Estão dizendo... – o homem parou. –Estão dizendo até que ele vai tomar o lugar de Voldemort.
Harry olhou pra Hermione com uma expressão sombria. –Obrigado, Sabian. Ouça, você não precisa continuar...
-Vou continuar no rastro dele, Chefe. É como vingança agora. –A bolha violeta sumiu.
Harry suspirou. –Vocês agora... me passem seus relatórios, um de cada vez.
A bolha prateada. –Alguém tentou roubar o Cálice Mayzelean hoje de manhã. Os feitiços que o guardavam resistiram, mas o ladrão fugiu antes que o bruxo que o guardava chegasse. Ele não sabe como o ladrão escapou.
-Certo, vá até lá e veja o que consegue descobrir.
Bolha azul listrada. –Uma de nossas melhores agentes-duplas do Círculo tem quase certeza que está sendo seguida; está com medo que alguém tenha descoberto sua identidade.
-Diga pra ela entrar em contato com a Infiltração e prepararem pra ela saia imediatamente. Não podemos nos arriscar.
Isso continuou por alguns minutos até que todas as bolhas fizessem seus relatórios e recebessem suas ordens. Hermione observou impressionada Harry enquanto trabalhava. Nesse cargo ele executava comando e liderança, e os bruxos e bruxas sem nomes do outro lado da bolha aceitavam suas ordens sem hesitar ou questionar. Quando todas bolhas desapareceram, ele sentou.
-Isso tudo pareceu horrível – comentou.
-Bem-vinda a meu mundo. – respondeu. –Mas não está errada –pegou uma agenda grossa de capa de couro e começou a escrever. –A maioria desses acontecimentos se encaixa nos Padrões.
-Quais não se encaixam? Todos pareceram Voldemortesco pra mim.
-Ele não tentaria roubar o cálice Mayzelian. É um copo de bebida encantado que dá uma beleza fenomenal a quem beber dele.
Ela franziu a teste. –Pensei que eu tivesse ouvido falar de todos artefatos mágicos conhecidos pelo homem – ela disse.
-Tenho certeza que ouviu. O cálice é um dos itens cuja existência é mantida em segredo. Mas não há razão pra Voldemort querer roubá-lo. O ladrão provavelmente foi contratado por Trouxas que não sabiam exatamente o que iam comprar. Não seria a primeira vez. –suspirou e fechou a agenda. –Nunca vou entender os trouxas. Não poderiam usar o cálice se o conseguissem... Como explicariam a mudança na aparência de um dia pro outro? Sem falar que ninguém acreditaria que ainda eram eles –pensou, esfregando o queixo. –Estou divagando.
-Vocês têm uma biblioteca por aqui? – Hermione perguntou.
-Sim, temos uma excelente biblioteca na Pesquisa – ele sorriu. –Eu devia adivinhar a resposta Hermione pra qualquer problema que surge... Vá pra biblioteca.
Ela deu um "humf". –Lembro que esse trabalho na biblioteca salvou nossas vidas mais de uma vez. Nesse caso, quero fazer uma pesquisa sobre viagem no tempo.
Ele concordou. –Boa idéia. Tenho milhares de coisas pra fazer mesmo. Vou colocar algumas proteções em torno da casa e procurar sobre proteção pessoal pra você e os outros. –Bolha! – sua bolha azul escura apareceu. –Essa é Hermione – disse à bolha. –A partir de agora, ela tem autorização pra estar aqui. Deve obedecer a ela como me obedece, entendeu? – a bolha deu algumas voltas e depois flutuou na frente do rosto de Hermione como se esperasse instruções. –Bem, o que está esperando? Pode ir! – ele disse.
-Hermione levantou. –Hã... Me leve pra biblioteca? –disse para bolha, que voou pela porta e ela seguiu de perto, sem querer a tirar de vista e se perder.
A bolha a guiou pelo que parecia uma série de intermináveis corredores. Alguns eram estéreis e de azulejos brancos, outros pareciam masmorras, iluminados por tochas, outros eram de metal industrial. Ela passou várias portas com símbolos. Hermione se perguntou sobre os bruxos e bruxas que trabalhavam atrás daquelas portas. A bolha de Babel entrava aqui e ali e algumas vezes, Hermione teve a certeza de ter visto o corredor mudar de posição depois dela ter virado.
Finalmente a bolha a levou por uma longa série de escadas de pedra, com um arco sobre a base. Uma grade de ferro bem elaborada se alongava sobre a entrada; ela se abriu enquanto Hermione se aproximava. Hesitou, chegando perto da grade e tentando olhar pra todos os lados ao mesmo tempo.
O arco se abria num espaço alto, cavernoso que ecoava e se elevava como uma catedral. Cadeiras e poltronas estavam espalhadas junto com escrivaninhas e mesas de leitura... mas não havia nenhuma estante ou evidência que aquilo era uma biblioteca. Pensando que seria melhor se certificar que estava no lugar certo, Hermione se virou e quase se bateu numa pessoa baixa que estava logo atrás dela. Era uma garotinha, não mais que 10 anos, vestida com vestes esvoaçantes que pareciam brilhar com seu cabelo prateado sobre seus ombros como um rio sedoso. Seu rosto era angelical e ainda assim tinham um ar de sabedoria; seus olhos azul-cristal eram mais velhos que o resto de seu corpo. –Olá – ela disse numa voz baixa e macia.
Hermione sorriu pra ela. –Está perdida?
A garota sorriu em resposta; Hermione estava impressionada de se achar recebendo um sorriso superior de uma garota com menos da metade de sua idade. –Sou a Bibliotecária, Drª Granger.
Ela não se parou pra perguntar como essa garota sabia seu nome nem se perguntou como ela foi pra trás dela sem que a visse. –Entendo. Não tinha certeza se esse cômodo era a biblioteca. Onde estão os livros?
A Bibliotecária passou por ela e entrou atrás de uma mesa enorme no centro da sala. –Peça o que quiser e ele virá pra você. – respondeu.
Hermione se aproximou da mesa. –Não tem um catálogo?
O sorriso superior, rindo da novata apareceu novamente. –Não precisamos de um. Pode pedir qualquer livro que exista. –A Bibliotecária enfiou a mão embaixo da mesa e puxou um grande livro de capa de couro. –Escreva seu nome na primeira página em branco, depois escreva os títulos dos livros que deseja. Vou lhe mostrar uma sala de leitura e os livros irão até você. –entregou uma longa pena de pavão.
Hermione virava as paginas do livro... Parou ao ver a página com "Harry Potter" em cima. Embaixo estava uma longa lista dos livros que Harry pediu, numa letra forte; livros de grande variedade de matérias desde feitiços de defesa até materiais de varinha... E, pra a sua diversão, dança swing. Achou uma página em branco e escreveu seu nome no topo, se perguntando se alguma coisa ainda lhe pareceria estranho.
Quando Jorge Weasley decidia fazer um estoque de sopa, não brincava em serviço. Todas as seis bocas de seu grande fogão estavam ocupadas com grandes caçarolas fervendo: duas de carne, duas de galinha, uma de verduras e uma de cogumelos. Ele colocou um pequeno pedaço de pão em uma das panelas com a sopa de carne, experimentou, e colocou mais sal. Levantou os olhos ao ouvir passos no corredor, alguns segundos depois Laura entrou na cozinha, sorrindo.
- Agradeçam pela glória de eu existir - ela disse, curvando-se e jogando beijos para uma platéia imaginaria.
-E qual gloriosidade alcançou hoje, sua majestade? - Jorge disse, procurando no armário por bandejas de gelo para congelar o estoque quando terminasse.
Laura sentou à mesa da cozinha, tirando sua jaqueta. -Consegui que Marian Zapata-Rossa, presidente do Congresso Mágico do Pacífico Sul, se reunisse com Fudge, algo que ela jurara fazer só depois de morta.
-Parabéns. E o que isso importa?
-Até que o CMPS melhore drasticamente suas relações com o Ministério, não teremos nenhum poder como membros da Federação. Se Fudge e Marian conseguirem melhorar seu relacionamento - e realmente não há como ficar pior - vai ser bom para nós.
Jorge sentou, abrindo sua pasta. -Isso tudo é fascinante, mas você não devia estar no trabalho? - ele começou a arrumar uma pilha desorganizada de cartões de visita em uma pequena caixa de arquivo.
-Vim pra casa pra um almoço de comemoração. O que tem na geladeira? - ela levantou para olhar.
-Ah... Nada muito comemorativo. Acho que tem ingredientes para um sanduíche.
Laura tirou a carne e picles, pegando um pão e um pouco de mostarda da despensa e voltou pra mesa. -O que está fazendo? Além de sopa suficiente para suprir o exército?
-Estou tentando organizar todas informações de meus contatos. Inútil, verdade, mas pelo menos tenho que tentar.
Ficaram em silêncio por uns momentos. -O que Hermione tem aprontado ultimamente? - ela finalmente perguntou.
Jorge levantou os olhos. -Como assim?
-Ela tem agido... Não sei, estranha.
-A coisas tem andado estranhas ultimamente, não acha? Não esqueça que eu perdi uma hora inteira ontem.
-Uma experiência que não invejo, mas não parece mal por causa disso.
-Ainda não. Como posso saber que efeito ruim posso sofrer em longo prazo? Suponha que eu morra uma hora antes pra compensar?
Laura pensou por um momento. -Se você tivesse que compensar, não significaria que você morreria uma hora depois?
-Não importa. Não é certo que os bruxos das trevas fiquem jogando as pessoas pra frente e pra trás no tempo.
-Estamos saindo um pouco do assunto aqui. Estou preocupada com Hermione. Você a conhece melhor que eu.
-Duvido sinceramente disso.
Laura pensou por um momento, sua expressão pensativa. -Posso te perguntar... Sobre Rony?
Jorge levantou os olhos de seus cartões de visita, sua expressão jovial de sempre desaparecendo de seu rosto, deixando-o estranhamente nu. -O que quer saber? - perguntou baixinho.
-Você acha que Hermione o amava?
Ele mordeu o lábio. -Não sei. Por que não pergunta a ela?
-Já perguntei. Ela me deu a típica resposta enigmática.
Jorge pegou seus cartões novamente. -Quer saber o que acho? Não acho que Hermione tenha muita prática em trabalhar suas próprias emoções, nem tem muita inclinação pra prestar atenção onde elas a estão levando.
Laura olhou pra ele com os olhos estreitados por um momento. -Está pensando o que estou pensando?
-Provavelmente, mas onde vamos encontrar botas para pesca no meio do campo?
-Fale sério.
Ele suspirou. -Realmente não é de nossa conta.
-Esse tal de Geraldo é completamente errado pra ela.
-Algo que ela tem o direito de decidir por si só, acredito eu.
-Imagine, Jorge. Imagine-a casando com Geraldo, McGonagall celebrando a cerimônia, Spot, o cãozinho fofo dele como padrinho do casamento, Harry parado lá como a pessoa de honra quando de repente ele pega fogo e desintegra a cinzas por pura tristeza.
-Sabe, antes de você dizer isso, eu realmente não concordava com a teoria sobre o dano sofrido por pessoas que comem carne de bovinos produzidos com hormônio de crescimento.
-Você gosta de fazer piadas quando a conversa fica séria, não é?
-Passa o tempo. E você claramente tem tempo demais em suas mãos pra poder pensar essas coisas malucas sobre nossos amigos que não têm embasamento na realidade.
-Não, Jorge. "Doctor Who" não tem nenhum embasamento na realidade. Isso é diferente.
-O que é diferente? Não tenho nem idéia do que você está falando!
-Ninguém tem. Eu sou o vento, baby - ela suspirou e tirou um grande pedaço de seu sanduíche.
Hermione estava sentada em sua pequena sala de leitura na biblioteca com pilhas de livros a seu redor e um caderno cheio de pedaços de anotações de suas pesquisas. A sala não era o que ela esperava, já tinha visitado várias bibliotecas e salas de estudo e elas sempre eram câmaras pequenas com uma mesa e algumas cadeiras. Essa era uma sala confortável, parecendo um solário, mas ela não tinha idéia de onde vinha a luz do sol, uma vez que estavam no subsolo. Era belamente decorada num estilo do sudeste da Califórnia com móveis confortáveis e verdes. Metade de sua mente estava evolvida em sua tarefa de descobrir mais sobre magia de manipulação do tempo, mas a outra metade estava pensando em Sorry. Ele realmente podia ser mal? Pensou. Não acredito. Mas Harry está certo, não o conheço através ninguém, até onde sei, ele pode ser mal. Mas Laura é inteligente, tenho que pensar que ela ao menos teria uma sensação que a lealdade dele estava mudando tão dramaticamente.
-Só há uma coisa a ser feita - finalmente sussurrou. Ela dobrou suas anotações e olhou a sua volta, imaginando se tinha que devolver esses livros. -Hã... bolha? - ela disse, hesitante, mas a bolha de Harry apareceu imediatamente. -Harry?
-Sim?
-Terminei aqui, vou voltar para o Instituto.
-Ah. Certo. Eu... Acho que te vejo em casa.
-Posso aparatar daqui?
-Não, o prédio é protegido por feitiços. Deixe que a bolha te leve de volta à entrada principal, depois que passar do campo de segurança, poderá aparatar para sua sala.
-Certo. Te vejo mais tarde. - seguiu a sugestão dele e em quinze minutos estava em sua sala no Instituto. -Stella? - ela disse pro ar.
-Sim? - respondeu a voz de sua secretaria.
-Vou ao Ministério, volto daqui a mais ou menos uma hora.
-Certo.
Hermione pegou sua vassoura do canto e abriu a porta de vidro que dava para uma pequena varanda. Passou uma perna pela proteção, posicionou sua vassoura e partiu. Voou por uns dez minutos, passando cuidadosamente por copas de arvores e atrás de morros para não ser vista por Trouxas, e finalmente chegou à sede do Ministério.Situado ao pé de um monte logo na saída de Londres; era invisível aos olhos de trouxas, mas para qualquer bruxo ou bruxa aparecia como era, um grande prédio de mármore, com desing de um castelo moderno. Vassouras passavam por todos lados e corujas chegavam e saiam das muitas janelas do ministério. Hermione pousou no pátio movimentado, acenando para algumas pessoas que a cumprimentavam. Deixando sua vassoura num abrigo publico, passou rapidamente pelos portões de entrada até o espaçoso salão de entrada de mármore e prata. Já estivera ali varias vezes e sabia por onde ir; subiu por escadas próximas, sorrindo para os bruxos turistas que visitavam de outras cidades.
No topo das escadas, ela seguiu um corredor até chegar à uma grande porta dupla onde tinha escrito "Esquadrão de Execução das Leis Mágicas", 12° distrito". O mundo bruxo era bem menos populoso que o Trouxa. Aqui, o 12° distrito cobria a maior parte da Europa ocidental e Escandinávia. Empurrou as portas e entrou na sala do esquadrão.
Hermione já estivera em delegacias trouxas antes e sempre se maravilhava com como o local bruxo correspondente era ao mesmo tempo idêntico e completamente diferente. A mesma disposição de mesas com o nome dos bruxos em pequenas placas, os mesmos executores apressados de um lado pra outro como se cada segundo contasse, o mesmo escritório reservado onde o oficial superior se instalava...E ainda assim as diferenças eram numerosas. Ao invés dos telefones tocando o tempo inteiro, corujas entravam em intervalos constantes. Ao invés de armas e distintivos, os executores usavam suas varinhas em coldres na cintura e pulseiras anti-feitiços de executores em seus pulsos.
-Posso ajudar a senhora? - perguntou um oficial em serviço, um jovem bruxo com uma capa roxa escura.
-Ah, sim. Preciso falar com o Detetive Longbottom.
-Nome?
-Drª Hermione Granger.
-Tem hora marcada? - o detetive Longbottom é muito ocupado.
-Não tenho... Mas sou uma velha amiga da escola, de Hogwarts.
-Sei. Bem... Certo, pode ir. Sabe o caminho? É direto pelo corredor, você vai ver a porta.
Hermione agradeceu ao jovem e seguiu suas instruções ate a porta em questão, tinha uma placa com os dizeres "detetives do EELM". Ela passou pela porta cautelosamente, mas do outro lado havia apenas um corredor com portas mais ou menos a cada três metros. Andou pelo corredor, olhando os nomes das placas nas portas, até que chegou a uma nomeada "N. Longbottom". Ela bateu no painel de vidro congelado. -Entre! - veio uma voz.
Ela abriu a porta, sorrindo. Seu velho amigo, Neville Longbottom, estava sentado atrás de uma mesa, com uma blusa de manga, gravata e colete. Ele deu um largo sorriso ao vê-la. -Hermione! - exclamou, levantando. Deu a volta na mesa, um homem baixinho com um rosto rosado e redondo e cabelos diminuindo rapidamente. -Que surpresa agradável! - apertou a mão dela e ficou na ponta dos pés pra beijar-lhe a bochecha.
-Oi, Neville. É bom te ver novamente. Já faz uns meses, não é?
-É, faz mesmo! - ele gesticulou pra uma cadeira na frente da mesa, voltando a seu próprio lugar. -Como está Harry?
-Ah, está bem - ela disse, mantendo o tom normal. -E Jorge, e Justino e Cho, todos bem. Eles mandam lembranças. - sorriu, apontando o escritório e todos seus objetos. -Devo dizer, Neville, você com certeza se deu bem. Ainda estou impressionada por você ter se tornado um executor das leis mágicas!
Ele corou. -Acredite, não foi rápido pra chegar até detetive. Nunca fui muito bom com mágica, e não era melhor com magias de ataque, mas com o passar dos anos fiquei mais competente. Sou bom no trabalho de detetive. Muito bom, ao que parece. Meu superior sabia disso então ele me poupou de muito trabalho como executor pra que eu pudesse trilhar meu caminho até aqui o mais rápido possível. Aqui, dependo menos de mágica e mais disso aqui - ele disse, apontando sua testa. -E apesar do que minha avó possa dizer, não há nada errado com meu cérebro.
Hermione sorriu. -Fico feliz por você. Tem alguma coisa interessante pra falar do mundo da lei e ordem?
-Nada fora do comum. No momento estou trabalhando num homicídio que aconteceu uns dias atrás em Bonn e numa serie de tentativas de assalto no sul da França junto com outros problemas que caem em minha mesa. Me mantém ocupado. - ele cruzou as mãos sobre a mesa e a encarou por cima do metro de madeira. -Mas não acho que veio até aqui pra falar de minhas atividades cotidianas no trabalho. O que posso fazer por você?
Ela suspirou. -Preciso de um favor e preciso que mantenha isso entre nós. Pode fazer isso?
Ele fez que sim. -Sim, acho que consigo. Parece muito misterioso.
-Preciso saber se uma certa pessoa já teve problemas com a lei.
Neville acenou com a cabeça novamente, devagar, pensando sobre o pedido. -Posso perguntar por que precisa dessa informação?
-Estou... estou tentando decidir uma coisa. Pode ser muito importante. Lamento não poder falar muito mais que isso.
Um pequeno sorriso se espalhou no rosto de Neville. -Vocês dois estão aprontando alguma coisa novamente, não é? Sempre mais uma aventura. - Hermione não disse nada. -Mas não pode dizer mais nada sobre isso?
-Não, realmente não posso.
Neville pensou por um momento, depois enfiou a mão no bolso e puxou um pequeno caderno. -Qual o nome da pessoa?
Hermione se inclinou na frente em sua cadeira. -O nome dele é Sorenson Carlisle, chamado de Sorry pelos amigos. Ele é um membro do Congresso Mágico do Pacifico Sul e recentemente estava trabalhando na Groenlândia.
Neville captou essa informação, balançando a cabeça. -Certo - ele disse, levantando. -Vou ver o que consigo descobrir. Espere aqui, volto em alguns minutos. - passou pela mesa até a porta.
-Obrigada, Neville - ele balançou a cabeça e saiu do escritório. Hermione ficou sentada, olhando a sala de Neville. Era de um tamanho confortável com grandes janelas que ofereciam uma bela vista das montanhas ao lado do Ministério. As paredes eram decoradas com alguns documentos artisticamente emoldurados. O diploma de Neville de Hogwarts e da Academia de Executores, seu certificado de detetive e um prêmio da Associação Global de Executores por honra ao mérito. Numa estante atrás da mesa dele estavam algumas fotografias... Ela reconheceu a esposa dele, Amélia e sua filhinha, uma foto da turma de graduação deles de Hogwarts e várias outras com amigos e membros da família. Neville leva uma vida normal, pensou. Tem uma família e uma casa e um emprego normal. Por que não posso ter uma vida normal?
Antes que pudesse começar a ponderar essa questão, a porta abriu e Neville entrou, trazendo um pedaço de pergaminho. Ele retomou seu lugar atrás da mesa. -Bem, verifiquei o nome de seu amigo nos arquivos. De acordo com isso, ele nunca teve nenhum problema... Nem mesmo teve advertência por magia próxima a trouxas.
Hermione balançou a cabeça que não. -Nunca? Eu recebi seis!
-Eu recebi nove. É raro um bruxo que consegue passar a vida e manter suas atividades mágicas completamente segregadas dos trouxas que nos cercam, mas ele conseguiu, provavelmente por que parece viver em áreas escassamente povoadas. Não há indicação que tenha sido detido ou questionado por ligação com algum crime, nunca violou nenhuma lei mágica, nunca foi suspeito de ajudar e apoiar as forças das trevas - entregou o pergaminho a ela. -Mas diz que ele recebeu varias nomeações de uma grande variedade de sociedades bruxas por seu trabalho para beneficiar o ambiente e pelo trabalho humanitário que ele fez na Nova Zelândia e Austrália. Quem quer que seja esse cara, parece um santo.
Hermione concordou com a cabeça, enrolando o pergaminho. -Obrigada. Ajudou mais do que pode imaginar.
Ele deu de ombros. -Não tenho certeza sobre o que isso se trata, Hermione.
-Não se preocupe com isso. Só me ajudou a tomar a decisão que eu provavelmente tomaria de qualquer jeito - ela sorriu. -Te vejo novamente em breve, Neville. Venha nos visitar algum dia e traga sua família, Jorge vai assar um peru e vamos nos rebelar em nossas vidas adultas, livres de Snape.
Ele levantou, sorrindo. -Parece ótimo, obrigado. Se cuida, Hermione. E diga a Harry pra arranjar um emprego de verdade, viu? Ele não pode ser um homem de prazeres o resto da vida.
Mais tarde naquela noite, à sua escrivaninha protegida, em seu protegido quarto no prédio de pedra protegido que era a tão previsível Bailicroft, Hermione estava olhando um pergaminho em branco à sua frente, a pena na mão. Discutia ardorosamente consigo mesma.
Vai mesmo fazer isso? Parece que sim. Sabe que é loucura. Pode se perigoso. Eu não ligo, preciso saber a verdade. É o dever de Harry descobrir a verdade, não o seu. A verdade é um dever de todos, e ele já tomou sua decisão. Se descobrir que está fazendo isso sozinha, nas costas dele não vai ficar nada feliz. Então vou ter que arriscar.
Ela fez que sim com a cabeça, sua decisão tomada, pegou a pena e começou a escrever.
Caro Sorry, (ela escreveu)
Não sei se Laura já me mencionou, mas sou Hermione, moro na mesma casa que ela. Estou escrevendo pra você porque estou preocupada e não quero que ela se magoe.
Conheço muitas pessoas importantes, pessoas que estão em posições que podem saber de coisas que outras podem não saber. Ouvi algumas coisas que me preocupam, coisas sobre você. Não vou explicar, tenho certeza que deve saber do que estou falando.
Estou tentando não acreditar nelas. Não quero acreditar. Sei que Laura não sabe nada sobre isso, e também sei que ela te ama.
Quero encontrar com você. Quero ver por mim mesma que tipo de homem você é. Sei que esse pedido pode parecer arrogante, mas não posso ficar sentada enquanto acontecimentos que envolvem você e Laura se desenrolam a minha volta.
Não tenho medo de você. Se você é a pessoa que dizem, deve saber que sei perfeitamente me defender. Se não for, então não vai se ofender com nenhuma das precauções que eu possa tomar.
Encontre-me em Hogsmeade, no três vassouras, amanha às oito da noite. Se não estiver lá, vou ser forçada a inferir o lógico.
Atenciosamente, Hermione Granger.
Ela rapidamente dobrou a carta e desceu as escadas correndo, olhando a sua volta, sem querer ser vista. Rapidamente amarrou a carta à pata de Fausto e o enviou, suspirando aliviada enquanto ele voava embora. Você é louca, disse pra si mesma. Ele pode te levar e te matar e ninguém saberia até que o cheiro de seu sangue se espalhasse na rua. Aquela parte sobre se defender sozinha era um blefe colossal, mas Hogsmeade era completamente povoada por bruxos e ele teria dificuldades em matá-la no três vassouras na hora movimentada que era o jantar.
Ela subiu pra seu quarto, não querendo muito conversar com seus amigos hoje. Não sabia se conseguiria sentar lá e olhar no rosto dele durante aquela noite sem entregar alguma coisa.
Harry chegou em casa por volta das sete da noite, mais cedo do que planejava. Passou pela porta, olhando a sua volta, e começou a olhar os quartos do térreo, procurando por Hermione. Mandara varias corujas pro escritório dela durante o dia e não recebera nenhuma resposta; quando finalmente mandou uma coruja pra secretaria dela, ela lhe informou que Hermione tinha tirado o dia de folga.
-Hermione? - chamou, entrando na cozinha. Justino estava fazendo chá. -Viu Hermione?
-Não - ele disse, confuso pela urgência de Harry. -Ela geralmente não chegou do trabalho a essa hora.
-Ela não foi pro trabalho hoje, não a viu?
-Não! Se ela não foi pro trabalho, pra onde ela foi quando saiu hoje de manhã?
-Isso é o que quero saber - Harry resmungou. Saiu da cozinha e subiu as escadas correndo, hesitando só por um momento antes de entrar no quarto dela. Ficou parado no centro, girando e olhando ao redor do quarto sem ter idéia do que estava procurando. Não conseguia se livrar da sensação que Hermione precisava dele, que algo estava errado.
Ele se aproximou da cama bem feita dela, repousando uma mão sobre o travesseiro e olhando as fotos na parede. Foi até o armário dela e abriu a porta. As roupas estavam arrumadas nos cabides e prateleiras. Uma pilha de casacos limpos estava no chão, esperando pra ser guardada. Fechou a porta e ficou parado sobre o tapete, as mãos na cintura. Seus olhos pararam na escrivaninha, uma elegante mesa de escrever vitoriana. Sobre ela estavam alguns pedaços de pergaminhos e uma pena... a pena estava sobre o pergaminho e não em pé em seu suporte, onde deveria. Foi até lá e sentou na cadeira, as mãos cruzadas no colo e olhou para a mesa.
Sentou aqui ontem à noite, pensou. O que você fez? Escreveu para alguém? Olhou para a pena, deitada, quieta e parada de lado.
Levantou a mão sobre a pena. -Recolum transcriptae - murmurou. A pena levantou da mesa, molhou sua ponta na tinta, se fixou no pé da pagina e começou a escrever de trás pra frente, replicando reversamente seus movimentos mais recentes. Ele olhou enquanto as palavras "Hermione Grager" apareciam no fim, depois "Atenciosamente"... seus olhos se arregalaram enquanto o resto da mensagem se revelava diante deles.
-Ah maldição! - sussurrou.
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