Cisne Negro

-O que foi isso? – perguntou James entrando no quarto seguido de Sirius, Lily, Emmy, Remus e Dorcas.

-Isso? Isso o que? Eu, eu só torci meu tornozelo e caí em cima dessa caixa de... Sapatilhas de balé? – Marlene estava muito confusa em relação à sua vida, há dois minutos ela estava vendo um cisne atacando o outro e no outro minuto ela já estava caindo e descobrindo sapatilhas? Qualquer garota cairia no choro dizendo que estava com medo e que sua vida estava uma droga. Mas Marlene caiu na gargalhada.

Sirius olhava para ela com uma cara entristecida e Marlene ria abertamente.

-James, será que você pode-me dizer onde conseguiu isso pra mim? – falou Marlene apontando para o globo de neve depois de rir.

-Eu não sei, quando eu te dei isso você tinha...

-Quatro anos, eu estava com medo das pessoas e triste por causa... – Marlene olha para os seus antigos amigos e decidiu não falar sobre o seu pai. Eles poderiam achar que ela queria pena. – Por causa de Paris se lembra?

-Acho que sim... Eu arranjei no quarto da minha mãe eu acho, ela me xingou muito depois disso.

Marlene subitamente fechou o sorriso em seu rosto e ficou séria. Sirius percebera isso muito bem.

-Ok, obrigado James, vocês já podem sair para eu terminar de pegar as coisas.

Os garotos foram saindo aos poucos e por último ficou Emmeline que não saiu. Marlene já estava de costas olhando globo novamente e não percebeu que Emmeline ainda estava ali. Marlene observava os cisnes, no começo da música eles pareciam tão ligados e quando chegou à parte obscura da música o cisne negro se revelou e começou a atacar o branco. Marlene começou a chorar sem perceber que Emmeline olhava o globo junto com ela.

-Se defenda, por favor, se defenda...

-Marlene, pare de olhar isso, isso é tortura! – disse Emmeline desligando a música.

-Você fala de um jeito que até parece que se importa.

-É porque eu me importo! – sussurrou Emmeline fechando a porta- Não sei o que aconteceu naquela noite, mas não acredito que tenha sido você.

-Você acha mesmo? – perguntou Marlene confusa.

-Eu não vejo o motivo de você ter traído o Sirius se lutou tanto por ele e não vejo motivo de ter contado nossos planos se você fazia grande parte deles.

-O problema é que eu não me lembro de ter feito tudo isso...

-Por isso que eu acho que foi Veritasserum...

-Veritasserum? Como assim Veritasserum? Como eles arranjariam Veritasserum?

-Se esqueceu de que Régulo é um grande amigo do professor Horácio?

-Você acha que o professor seria capaz de dar...

-Veritasserum? Ele deu Felix Felixis para a gente semana passada! Veritasserum não seria uma grande surpresa.

Marlene se sentiu feliz ao saber que ainda tinha uma amiga. Ela sorriu para Emmeline e falou:

-Obrigado por acreditar em mim.

-Não acho que seria tão burra de trocar o Six pelo Malfoy.

As duas riram e Marlene contou tudo que vêm acontecendo com ela sem muitos detalhes enquanto as duas procuravam coisas no quarto.

-Então quer dizer que você era uma bailarina?

-Basicamente. Mas o problema é que eu não consigo me lembrar de nada que possa me dar uma resposta para tudo que vem acontecendo.

-Hm... Você quer dizer que desde que Dumbledore lhe deu aquele colar na sala dele é que você vem tendo esses... Sonhos?

-Basicamente.

-Isso é muito estranho... Se eu não fosse sua amiga diria que você está ficando paranoica. Mas como sou sua amiga... -O que quero dizer é que... Sei lá... Olha, isso é uma sapatilha que eu não tinha ideia de que tinha! Isso aqui é uma roupa de bailarina que eu já usei e não sabia! Esse quarto parece de outra vida! Eu não me lembro de ter gostado de rosa.

-Haha, até eu, que sou fã de rosa estou achando esse quarto um pouco exagerado.

Marlene suspira e olha para Emmeline que começa a rir e quando as duas viram estavam rolando no chão de tantas gargalhadas (que elas ainda não sabiam como os outros não haviam ouvido).

-Desde quando você gosta de rosa Emmy? Eu nem sabia disso...

-Desde que eu me conheço por gente! Ok, mas agora nós temos que arranjar uma maneira de entender o que está acontecendo. E fazer o Six voltar pra você e tudo voltar a ficar bem.

-Ok. E para isso eu vou necessitar de uma coisa.

-O que?

Marlene se levanta e se dirigi até a cômoda onde pega o globo de neve e vai até a cama.

-Marlene isso não vai te ajudar, isso vai te torturar. – disse Emmeline com os olhos negros nos de Marlene.

-Não, nós precisamos saber o que vai acontecer com o cisne branco!

-Que cisne branco? Marlene, não tem nenhum cisne branco...

-Claro que tem! Olha o negro e o branco! Eu vou botar a música e aí você verá o que irá acontecer com o cisne.

Marlene liga a música e mostra o globo para Emmeline enquanto olhava os cisnes. Mas não aguentou muito tempo. Ao chegar à parte obscura da musica o cisne branco começou a sangrar e gritar atrapalhando a música. Ao mesmo tempo em que seus olhos azuis ficavam negros os olhos negros do cisne negro ficavam azuis. Marlene desligou a música imediatamente e no espelho ela viu uma pequena luz negra em seus olhos azuis.

-Você viu? O cisne negro quer matar o branco!

Emmeline olhou para Marlene confusa e falou:

-Desculpe Marlene, mas eu continuei não vendo cisne nenhum.

-Mas o cisne estava...

Neste momento a Sra. Potter abria a porta e falava:

-Estão prontas queridas? Os garotos estão lhes esperando.

-Obrigado tia, estamos descendo.

A Sra. Potter fecha a porta e Marlene fala:

-Vamos, acho melhor não brigarmos.

-Claro, mas se os garotos perguntarem sobre o que eu falava contigo eu estava falando que estava decepcionada com você. Acho que por enquanto é melhor eles não saberem que você e eu somos amigas ainda.

-Ok, também acho melhor.

Marlene pega suas coisas e deixa Emmeline sair primeiro e assim que a amiga fecha a porta uma voz em sua mente começa a ecoar.

“Pobre Marlene, tão feia, tão sozinha... Ela não tem amigos. Também, quem seria amigo dela? Uma patricinha sem graça que só sabe pensar em rosa e não pensaria duas vezes antes de espalhar uma fofoca. Tadinha, pobre Marlene, ninguém quer saber dela, uma bailarina sem graça que nem dançar sabe...”.

-Pare...

“Bailarina sem graça...”.

-Pare, eu não sou assim...

“Só sabe pensar em rosa...”.

-Por favor...

“Nem dançar sabe...”.

-Eu sei sim, eu sei...

“Tão feia, tão sozinha...”.

-Eu tenho amigos...

De repente a voz muda conversando com ela.

“Quem é seu amigo...?”

-Lilian, James, Dorcas, Remo, Six, Emmeline...

“Se eles fossem seus amigos não teriam te abandonado...”.

-Eles não me abandonaram...

“Sério Marlene? Sério mesmo?”.

-Pare, chega...

-Marlene meu amor, você está bem?

Marlene abre os olhos e percebe estar no quarto de sua tia.

-O que... O que aconteceu? – perguntou Marlene.

-Ouvimos um barulho e viemos para cá e você estava desmaiada. O que você comeu hoje?

Marlene dá um sorriso amarelo e fala:

-Nada... Uma maça talvez.

-Você tem que comer se quiser sobreviver com esse corpo magro de bailarina que você tem.

Marlene olha para Emmeline que arregala os olhos e balança negativamente a cabeça.

-Bailarina? Capaz, as bailarinas são bem mais magras que eu. Eu sou gorda.

-Gorda, sim. Você é tão gorda que consegue desviar dos pingos de chuva. Agora, antes de ir pra casa, você irá lá à cozinha e pegará um pedaço de bolo.

-Eu estou bem tia, mesmo. Estou sem fome.

-Você não me ouviu direito? Você irá à cozinha e pegará um pedaço de bolo.

-Eu estou atrasando eles.

-É só pegar um bolo. Somente isso.

Marlene suspira se levanta meio que cambaleando e se dirigi à escada. Descendo as escadas ela olha pra baixo e se sente tonta de ver o chão tão abaixo.

Desceu as escadas devagar e foi à cozinha onde achou um bolo de chocolate (seu preferido). Ela ia pegar o bolo quando a voz voltou dizendo:

“Queres voltar a ser gorda? Então não coma...”.

-Eu nunca fui gorda!!!

-Eu sei que não foi McKinnon. O que não sei é o porquê de você estar dizendo isso pra mim. – falou Sirius entrando na cozinha.

-Ah, Sirius. Eu estava falando sozinha...

-Hm.

Marlene vai pegar uma faca para cortar um pedaço do bolo. Ela olha pro bolo e pensa:

“Mas eu realmente não tenho fome.”

“Isso é porque você está se lembrando de quando tinha 10 anos e era gorda. Era não, é.”

-Eu já disse que eu não sou e nem nunca fui gorda!

-E eu já disse que sei disso McKinnon!

Marlene se vira e vê os olhos negros de Six chegando mais perto e mais perto e mais perto dela. Ela imediatamente se lembra do cisne negro atacando o cisne branco. O cisne tinha os olhos da cor do Sirius. E Marlene os olhos do cisne negro.

-Fique longe de mim... – disse Marlene com a faca na mão.

-Calma McKinnon, eu só quero pegar um pedaço de bolo.

Sirius estica o braço e Marlene o golpeia com a faca fazendo um arranhão longo e fundo no seu braço.

-AIII!!! Por que você fez isso sua maluca???

Marlene de repente percebeu o que fez e começa a chorar.

-Desculpe... Eu... Eu estou tão assustada Six, eu... Eu... Eu achei que você fosse... Atacar-me... Eu, eu estava achando que... Ai meu Merlin, como fui boba! Pegue, pegue este lenço para estancar o sangue. Eu não queria fazer isso, eu... Eu achei que você fosse me atacar...

-Por que eu te atacaria, pode me dizer? – perguntou Sirius querendo uma explicação razoável para o corte em seu braço.

-Porque ele faria.

-Ele quem?

Marlene se vira e pega um pedaço de bolo com a mão tremendo.

-Esquece me desculpe. Tome, tome o seu bolo.

Sirius pega o bolo e larga em seu prato na mesa. Marlene estava virada de costas para ele e chorava baixinho soluçando e murmurando: “Por que ele está fazendo isso comigo? Por quê?”.

-McKinnon, tem alguma pessoa fazendo algo pra você? Forçando-lhe a fazer coisas? – disse Sirius com uma pontada de esperanças, algo que pudesse explicar sua traição.

-Não é ninguém Sirius...

Sirius olha pra ela e fala:

-Marlene... Quem é que está fazendo algo pra você?

Ao ouvir a pronuncia de seu nome Marlene se vira e fala:

-É perverso, maligno, ele quer me atacar, ele quer se transformar em mim.

-Ele quem?

-O cisne.

-O cisne? Que cisne?

-O cisne negro. – falou Marlene deixando mais uma lágrima rolar.

Sirius achava um absurdo o que ela falara. Um cisne? Nem cisne ele era, por que ele a atacaria? Mas enquanto uma parte dele achava que não era verdade, outra não conseguia achar a mentira.

...

N/A: Desculpe a demora pra postar novamente, mas eu estou em semana de provas e tive que estudar muito. Luhna, obrigado pelos comentários e desculpa te deixar curiosa sobre o nome da fic e os amigos dela e sobre sua melancolia, mas eu tenho um tipo de mania de tentar evitar ao máximo contar os segredos. Mas pode ter quase certeza de que daqui a pouco eu vou revelar alguma coisinha ou outra porque eu não consigo esconder por muito tempo.

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