Aula de Voo



 
Harry deixou de responder correctamente às perguntas na sala de aula, e de praticar correctamente os feitiços, cometendo erros de propósito.


Weasley espalhara um boato por toda a escola de como Harry atacara Ethan sem motivo, cheio de inveja. Os Gryffindor, os Ravenclaw e os Hufflepuff olhavam-no de lado, com desprezo. Ninguém acreditara quando Hermione tentara desmentir a história.


Os Slytherin tinham ficado delirantes.


- Eu ouvi o Ethan Potter dizer mais do que uma vez que o Harry não valia nada, foi bem feito. – Dizia Draco Malfoy para quem o quisesse ouvir.


Blaise Zabini e Daphne Greengrass armaram-se em repórteres e foram ao encontro de Harry, quando ele entrou no salão para o tomar o pequeno-almoço, fazendo sequências de perguntas em alto e bom som, do estilo: “Sabia que foi considerado o novo herói do mundo mágico?”, “Sim, diga-nos, qual é a sensação, Mr. Potter, de ter derrotado o maior imbecil da história da feitiçaria?”, “Que feitiço utilizou para derrotar o famoso Rapaz-Que-Sobreviveu?”.


Os risos dos Slytherin ecoaram pelo salão nobre. Ethan corou numa mistura de raiva e vergonha. Hermione riu-se. E Harry não conseguiu evitar sorrir. Mas antes que ele tivesse tempo de dizer qualquer coisa, o próprio Dumbledore levantou-se na mesa dos professores.


- Mrs. Greengrass e Mr. Zabini, o vosso comportamento é altamente inapropriado. Vou retirar trinta pontos aos Slytherin. E voltem para os vossos lugares, imediatamente.  


Aquilo era favoritismo descarado.


- Mas…- Começou Draco, que se juntara aos seus dois amigos, assim que percebera o que estavam a fazer.


Hermione deu-lhe uma cotovelada, e abanou ligeiramente a cabeça. Ele fintou-a por um longo momento, e acenou ligeiramente com a cabeça.


- Vingamo-nos em poções. – Daphne murmurou. E Harry riu-se.


Os professores consideraram que as suas novas “dificuldades” nas aulas eram uma consequência das suas baixas capacidades mágicas. Aparentemente, já toda a escola parecia saber que a sua aura mágica pouco superava a de um busca-pé, o que lhe custava vários olhares de pena.


A única que sabia que ele o fazia de propósito era Hermione. Certa noite, ela observava Harry a transfigurar um fósforo numa agulha embelezada com toda a facilidade, quando falhara sucessivamente na aula, e resolveu confrontá-lo.


- Harry, porque é que te andas a esforçar para falhar? – Hermione perguntou. Havia uma nota de irritação na sua voz. – É por causa do Ethan? Nem mesmo o Dumbledore te pode expulsar por seres bom aluno.


- Mas se eu aborrecer o seu precioso Rapaz-Que-Sobreviveu, e, talvez, provar-lhe que estava errado sobre a minha aura mágica, não me admirava que o director arranjasse um motivo. – Harry encolheu os ombros.


- E de que serve estar em Hogwarts, se não te vais esforçar para aprender? – Hermione retorquiu – Talvez, até pudesses mudar de escola, onde, enfim, poderias evoluir à vontade, longe da sombra do Ethan.


 Harry fintou-a por um longo momento, depois acenou.


- Ouve…Os meus acreditam que eu sou um feiticeiro sem talento, estou apenas a ser o que esperam que eu seja. – Harry murmurou.


- Mas devias provar-lhes que estão errados. – Hermione retorquiu.


- E onde nos levaria isso? – Harry perguntou – É o Ethan quem precisa de se sentir especial e poderoso, não eu. É ridículo, mas foi assim que o educaram.


- E de que lhe serve viver numa mentira? – Hermione perguntou.


- Segundo os meus pais, dá-lhe confiança. Eu não concordo que deva ser assim, Hermione. Mas é o meu papel nesta história, e ele continua a ser meu irmão, e se acham que eu ser inferior a ele ajuda, então eu faço o meu papel. – Harry respondeu.


Hermione fintou-o. Aqueles misteriosos olhos que pareciam capazes de ler a sua mente, cheios de mistérios, segredos e poder. Ele pertencia às sombras, e nas suas sombras faria o que fosse preciso para proteger o seu irmão, para que o herói do mundo mágico continuasse a cintilar na luz.


- Uau…- Hermione suspirou – Eles não te merecem, Harry. Como é que foi que o Ethan saiu tão idiota ao teu lado?


Harry encolheu os ombros. E Hermione fechou o livro e abraçou-o.


A sua vida mudaria na aula de voo, uns dias mais tarde. Gryffindor e Slytherin estavam reunidos nos relvados. Longbottom estava nervoso e assustado. Perdeu o controlo da vassoura e partiu o pulso.


Madam Hooch ameaçou expulsar quem levantasse voo na sua ausência, e foi levar Longbottom à Ala Hospitalar.


- Ora, ora…digam-me lá se não é o lembrador do Longbottom. – Draco agarrou na esfera que Neville recebera da sua avó.


- Dá cá isso, Malfoy. – Ethan Potter deu um passo em frente, e estendeu a mão com uma expressão ameaçadora.


- Hum… Acho que não. – Malfoy sorriu desdenhoso. Agarrou na vassoura.


Antes de conseguir levantar voo, Ethan atingiu-o com um feitiço. Malfoy tropeçou nos próprios pés e caiu ao chão. Os Gryffindor riram-se. Ethan apanhou o lembrador e retirou-lhe o relógio do pulso.


- Agora, vou ser a divertir-me com o teu relógio. – Ethan disse.


Malfoy levantou-se, mas Finnigan e Weasley agarraram-no, com um gesto de Ethan. Harry deu um passo em frente.


- Devolve-lhe o relógio, Ethan. – Disse Harry.


- Sai da frente. – Ethan empurrou-o. E levantou voo. Harry arrancou atrás dele antes de alguém conseguir impedi-lo.


Ethan parou nos céus e comtemplou Harry com um sorriso. Harry não sorria, avançou para Ethan e tentou agarrar o relógio, mas o seu irmão desviou-se com facilidade.


- Vence-me se conseguires. – Ethan riu-se, confiante.


E mandou o relógio na direcção, partindo atrás dele. Harry seguiu-o. Sentia os solavancos da vassoura da escola. Ethan treinara as suas técnicas de voo desde sempre, Harry só voara algumas vezes, e nenhuma ao longo dos últimos dois anos. Mas voar sempre fora estranhamente natural para ele. Cedo estava lado a lado com o irmão.


Mergulharam quinze metros, aguentando-se lado a lado, e Harry começou a ganhar avanço. Esticou os dedos. Via o relógio a reflectir a luz do sol, poucos centímetros à sua frente.


E foi, então, que o cotovelo do seu irmão voou na sua direcção, atingindo-o em cheio na têmpora e, depois, no nariz. Harry viu os dedos de Ethan esticarem-se para alcançar a snitch, e afastou-o instintivamente com a mão esquerda, agarrando o relógio com a direita. E puxou a vassoura para cima numa medíocre tentativa de aterragem. O seu joelho esquerdo raspou no chão. Deixou-se cair.


Tinha o relógio na mão esquerda. Quando se levantou, Ethan empurrou-o, novamente. Havia raiva no seu olhar.


- Calma, Ethan. – Harry disse. – Nem mesmo tu querias estragar o relógio do Malfoy.


Mas ele arrancou-lhe o relógio da mão, e fintou-o longamente.


Depois, afastou-se e exibiu o relógio aos Gryffindor, que primeiro pareceram confusos, e depois acreditaram no que quer que Ethan lhes tenha dito.


McGonagall apareceu, e chamou Ethan ao seu Gabinete.


Draco aproximou-se de Harry. O relógio estava partido.


- Estás bem? – Perguntou o loiro.


- Lamento pelo relógio. – Harry disse.


- Eu é que comecei a cena do Lembrador. – Draco disse – Obrigado por tentares salvá-lo. Dali pareceu que foste tu que o agarraste.


- E fui. – Harry acenou. – Mas não interessa, pois não? É a minha palavra contra a do Rapaz-Que-Sobreviveu.


Hermione apareceu e obrigou-o a ir até à Ala Hospitalar.


Nessa noite, Harry foi chamado ao Gabinete de McGonagall. Nessa mesma tarde, Ethan fora feito o mais jovem seeker do século.


- Mr. Potter, devido aos acontecimentos de hoje, não terei alternativa senão expulsá-lo. – McGonagall disse.


- O quê? – Harry repetiu, espantado. – Fez do Ethan seeker, e expulsa-me?


- A decisão é minha, Mr. Potter. E não lhe cabe questionar as minhas decisões. – McGonagall disse. Mas era óbvio que ela fora forçada a tomar aquela decisão. E Harry sabia que o responsável era Dumbledore.


Os seus pais entraram no Gabinete, McGonagall chamara-os.


- E, por isso, além de desobedecer deliberadamente a Madam Hooch, Mr. Potter preferiu, também, auxiliar elementos de outras casas em vez da sua. Eu não creio que seja adequado continuar nesta escola, até porque temos de considerar que já estava sobre aviso do Director.


- Sim, o Dumbledore escreveu-nos. – James acenou. Pareciam concordar com a expulsão. Dumbledore convencera-os que era o melhor para Ethan. – Nós vamos inscrevê-lo numa escola muggle. É melhor dadas as baixas suas capacidades.


O seu coração caiu-lhe aos pés. Ainda pensara que o poderiam inscrever numa outra escola de magia.


- Fui eu que apanhei aquele relógio, sabiam? – Harry disse.


- Não sejas mentiroso. – James rugiu.


- O Professor Dumbledore disse que nenhuma escola mágica te aceitaria. – Lily disse, docemente – Porque o director não pode mentir sobre as tuas capacidades, e digamos que ser expulso de Hogwarts não abomina muito a teu favor.


Dumbledore estava a impedi-lo de praticar magia. Harry sentiu lágrimas nos olhos.


- Vou arrumar as minhas coisas. – Harry disse, levantando-se. Não queria que o vissem chorar.


Assim que fechou a porta, andou até ao corredor seguinte e encostou-se à parede fria, e começou a chorar, deixando-se cair no chão.


- Harry, oh não, Harry, o que foi que aconteceu? – Hermione e Draco ajoelharam-se. Eles tinham estado à espera que ele saísse do Gabinete.


- Expulsaram-me. – Harry murmurou.


- Não. Porquê? O Ethan quebrou as mesmas regras que tu! – Hermione disse.


- Aparentemente, o facto de o Dumbledore já me ter ameaçado, e ter defendido um Slytherin e não ter ficado do lado da minha equipa são factores cruciais nesta história. – Harry murmurou, sarcástico.


- Tretas. – Draco afirmou.


- E o pior é que não…- Harry sentiu um nó na garganta – Não vou voltar a praticar magia. Eles vão pôr-me numa escola muggle, porque as minhas capacidades mágicas não me permitem ser aceite noutras escolas.


- Mas tu tens capacidades! – Hermione replicou.


- Não é isso que eles acham, pois não? – Harry levantou-se. – Eu preciso de estar sozinho. Desculpem.


Afastou-se uns metros. Abriu uma janela, e começou a trepar na direcção da Torre dos Gryffindor, pelo menos nenhum dos seus colegas o veria chegar.


Draco e Hermione olharam um para o outro, quando viram Harry desparecer no fundo do corredor.


- O que fazemos? Temos de fazer alguma coisa! – Hermione disse.


- Vamos falar com o Snape. – Draco declarou. Recorria ao seu padrinho sempre que se via em confusões.


E correram para o Gabinete de Snape. O professor levantou o sobrolho ao ver Draco Malfoy, acompanhado por Hermione Granger, a entrarem de rompante no seu gabinete sem sequer baterem à porta.


- Tem de fazer alguma coisa, Professor. – Draco começou a falar – Eles vão expulsar o Harry Potter. E ele estava só a tentar ajudar-me. Só porque ele não defendeu os idiotas dos Gryffindor! O Ethan partiu o meu relógio com o pé, depois do Harry o apanhar e fizeram dele seeker. Não é justo.


- Eles vão pô-lo numa escola muggle. – Hermione disparou, também – Porque dizem que a aura dele é baixa. Mas eu garanto que não é professor. Ele sentiu-se na obrigação de ser inferior ao irmão, mas ele é talentoso. Ele merece aprender magia. E não merece ser expulso.


Snape levantou-se sem uma palavra, e marchou na direcção do Gabinete de McGonagall. Hermione e Draco tiveram de correr para o acompanhar. Draco sentia-se parcialmente culpado pela expulsão do único Gryffindor que considerava aceitável, e Hermione não queria perder o seu novo melhor amigo. Havia um certo desespero nas vozes de ambos. 


- Snivellus. – James riu-se, desdenhosamente, quando Snape entrou. – O que estás aqui a fazer?


- Minerva, soube que expulsaste o Harry Potter por ajudar um dos meus alunos? – Snape fintou-a, interrogativamente – Mesmo que o outro Potter tenha quebrado exactamente as mesmas regras e sido promovido a jogador de Quidditch?


- A decisão está tomada, Severus. – McGonagall sentenciou. E Snape, tal como Harry, compreendeu que era Dumbledore quem estava por detrás de toda a confusão. – Foram circunstâncias diferentes.


- Porque é que te preocupas, Snape? – James perguntou, desdenhosamente.


- Porque sei como é estar do lado injustiçado. – Snape cuspiu, fintando James com ódio – Ele é teu filho, Potter. Achei que o teu filho mereceria um pouco mais de consideração.


Lily pareceu seriamente abalada. James não respondeu. McGonagall deixou escapar um longo suspiro.


Voltou a sair. Draco e Hermione saltaram quando ele bateu com a porta, novamente. Levantaram-se, e começaram a segui-lo.


- Conseguiu alguma coisa, Professor? – Draco perguntou.


- Tenho de falar com o Director. – Snape declarou.


E subiu para o Gabinete de Dumbledore, deixando os jovens meio ansiosos à porta, mais uma vez. Devia mandá-los para a cama, mas sabia que nenhum deles obedeceria. 


- Porque é que está a fazer isto, Dumbledore? – Snape perguntou. – O que foi que o rapaz fez? Ambos sabemos que nem mesmo Madam Hooch os expulsaria por voarem na ausência dela, foi só uma ameaça, e depois um dos Potter torna-se jogador de Quidditch, e o outro é expulso por tentar ajudar um colega.  


- Ah…Severus…Um dia, um dia, talvez compreendas – Dumbledore suspirou – O rapaz é uma má influência para o jovem Ethan. Hoje, virou-se contra o próprio irmão para defender Mr. Malfoy. O Ethan não precisa de crescer com ele por perto. Sentias-te amado e confiante se o teu prórprio irmão não te apoiasse.


Snape pestanejou, incrédulo. Não entendia a ideia de preparação para enfrentar o senhor das trevas que estava por detrás daquela filosofia de Dumbledore. Tudo o que via era Ethan a tornar-se uma versão - se possível aumentada - do exibicionista e arrogante James Potter. 


- E porque se recusa a transferi-lo? – Snape sibilou – Porquê uma escola muggle?


- Vejo que as notícias circulam depressa. – Dumbledore abanou a cabeça – Que escola o aceitaria, Severus? Expulso de Hogwarts, e não existe nada de propriamente bom para escrever sobre ele, pois não?


- O rapaz nem expulso merece ser. – Snape disse. – Ele é tão aluno desta escola como o Ethan Potter. É esta a sua decisão final?


- Sim, Severus. Porquê? – Dumbledore perguntou, curioso. – Vais demitir-te em protesto por um Potter?


- Não. – Severus Snape sibilou, friamente – Ou o senhor ainda se divertia a expulsar todos os meus Slytherin, para que não incomodassem o Rapaz-Que-Sobreviveu. Eu vou escrever a Igor Karkaroff, e garantir que o Harry Potter tem um lugar em Durmstrang.


- O Karkaroff é conhecido pela sua exigência.


- E tenho a certeza de que ficará mais do que satisfeito por aceitar o Potter. – Snape sibilou.


E saiu do gabinete, sem mais uma palavra.


- Não consegui evitar que o expulsassem


Escreveu uma carta de recomendação para Karkaroff, assim que chegou ao seu gabinete. 

N/A: Surpreendidos?

Victoria67: Hum...O Dumbledore vai ver que errou daqui a 4 anos. O que [spoilando a minha própria históra] vai ser já a seguir (só falta alguns pormenores sobre um certo Troll e uma certa pedra), porque o Lucius Malfoy está em Azkaban - História de Draco já a seguir - e o Sirius - infelizmente - já morreu. Ele vai manter contacto com o Draco e com a Hermione.

Ceci96: Que tal? =) Continua a gostar?
 

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Comentários (2)

  • vitoria67

    eu concordo com a ceci96 em tudo e nao vejo a hora de todo mundo perceber que esse gemeo de araque nao seve pra nada.....ate a minerva ta contra......q raiva.so tenho que dizer mais uma coizinha TA D+ MUITO BOA

    2013-05-13
  • Ceci96

    Você ainda pergunta se eu gostei? Simplesmente amei Draco, Hermione e Harry ficando amigos!! Eu ja estava vendo Snape adotando o Harry kkkkkkk 

    2013-05-13
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