O Mestre de Poções
O Mestre de Poções
- Olha, ali…Viste-lhe a cara?
- O ruivo…ao lado de outro ruivo.
- Viste-lhe a cicatriz?
Os murmúrios perseguiam Ethan, enquanto ele caminhava pelos corredores da escola. E ele adorava cada minuto de atenção. Caminhava com um sorriso, acenava às pessoas que via olharem para ele, e piscava o olho a uma ou outra miúda.
Os quatro rapazes do dormitório mantinham-se próximo do Rapaz-Que-Sobreviveu. Weasley parecia especialmente adorar a atenção parcial que recebia. E gostavam de se meter com os Slytherin do seu primeiro ano, principalmente, Draco Malfoy. Adoravam provoca-lo.
- Olha por onde andas, Malfoy. – Gritou Ethan, depois de ter ido propositadamente contra Malfoy.
- Tu é que vieste contra mim. – O Slytherin sibilou – Não tenho culpa que não saibas usar as pernas para te desviar dos obstáculos.
- Que modos são esses, Malfoy? – Ethan gritou – Vou ensinar-te a ter boas maneiras. Aguamenti.
Ethan apontara a varinha a Malfoy e um jacto de água fora disparado na direcção do loiro. “Aguinha para te refrescar as ideias, sua amostra de Devorador da Morte”.
A multidão riu-se de Malfoy, que sacudiu os cabelos e misturou-se com os Slytherin, com uma expressão carracunda.
- Que idiotas. – Hermione comentou.
- Jura. – Harry sorriu, sarcástico.
Os olhos de Ethan faiscaram na direcção de Hermione e Harry. Dumbledore parecia ter ensinado a Ethan muitos encantamentos, mas o ruivo não dominava a transfiguração. Harry e Hermione tinham-se saído melhor do que ele na primeira aula, e ele não os perdoara.
Tinham passado os dias a evitá-lo, sabendo que ele os tentaria humilhar de algum modo para se vingar. Harry garantia que se deitava mais tarde e acordava mais cedo do que os outros rapazes.
As outras aulas tinham sido apenas teóricas. O Professor Flitwick caíra da sua pilha de livros ao ler o nome de Ethan. A Professora Sprout ensinava Herbologia nas Estufas, uma aula que Harry gostara bastante. História da Magia era a aula mais aborrecida de sempre, leccionada por um professor que era um fantasma e falava numa voz monocórdica. Astronomia era fascinante.
Agora, na sexta-feira, teriam a sua primeira aula de Poções. Gryffindor e Slytherin estavam à espera à porta da sala.
- Para onde é que estão a olhar? – Ethan perguntou, num tom jocoso.
- Porque é que te preocupas? – Retorquiu Harry, devolvendo-lhe o sorriso.
Snape apareceu, naquele momento, e abriu a porta. Slytherin ficaram do lado esquerdo, e Gryffindor do lado direito. Os calabouços eram um tanto sinistros. Frios e intensamente escuros, com animais e plantas a flutuar em frascos de vidros.
Snape era o Chefe dos Slytherin, e era sabido por toda a escola que favorecia sempre os seus alunos. Começou a aula por pegar no livro da turma.
- Ah! Sim…- Disse, com toda a calma – Ethan Potter, a nossa nova celebridade.
- Pelo melhor dos motivos. – Sorriu Ethan. Harry reparara no olhar de ódio que ele e Ethan tinham recebido de Snape. O seu irmão era um idiota maior do que julgara.
Snape fintou-o com os olhos pretos, mas não disse nada. Draco Malfoy e alguns Slytherin riram-se. Harry viu Draco murmurar “Que idiota” na direcção de Crabble e Goyle.
- Estão aqui para aprender a subtil arte da criação de poções. Como não vão agitar varinhas no ar, muito de vocês vão ter dificuldade em perceber que isto é magia. – Snape iniciou o seu discurso – Não espero que percebam na totalidade a beleza do líquido que ferve no caldeirão em fogo lento, com as suas emanações difusas, e o poder delicado dos líquido que trepam vagarosamente pelas veias humanas, enfeitiçando o espirito, iludindo os sentidos… Posso ensinar-vos como agarrar a fama, preparar a glória e até a pôr uma rolha na morte – se não forem o grupo de broncos que, habitualmente, tenho como alunos.
Hermione estava ansiosa por provar que não era idiota nenhum. Ethan tinha um sorriso presunçoso nos lábios.
- Potter. – Disse Snape, subitamente – O que obtenho se misturar asfódelo a uma infusão de absinto?
Os olhos de Snape estavam fixos em Ethan. O sorriso do Rapaz-Que-Sobreviveu desapareceu. Hermione ergueu, prontamente, o braço no ar.
- Não sei. – Ethan respondeu, rudemente.
Ethan fuzilou Hermione com o olhar, o que não passou despercebido a Harry. A expressão de Snape era de puro desdém, mas ignorou a mão levantada de Hermione.
- Pois, pois, a fama não é obviamente tudo na vida. – Snape comentou – E, Potter, deves tratar-me por professor ou senhor. Eu exijo respeito na minha sala de aula, até do Rapaz-Que-Sobreviveu.
Os Slytherin soltaram gargalhadas.
- Tentemos mais uma vez, Potter, onde poderias encontrar um bezoar? – Snape interrogou.
Hermione ia erguer a mão, mas Harry segurou-lhe o pulso e murmurou: “Só vais irritar o Ethan e o Snape. E ele não te vai deixar responder.”. Hermione olhou em redor, corou ligeiramente a acenou.
- Não sei, professor. – Ethan respondeu, agora num tom amuado.
Os olhos de Snape estavam agora fixos em Harry. Ele vira-o segurar o pulso de Hermione. O professor murmurou: “E como me podia esquecer do segundo Potter, não é verdade? É assim tão doloroso crescer à sombra do teu irmão que não podes estar calado e quieto como toda a gente? Precisas de chamar a atenção?”. Os Slytherin soltaram gargalhadas, e os Gryffindor, também, liderados por Ethan.
Reparou que as sobrancelhas de Snape se franziram quase imperceptivelmente ao escutar os risos dos Gryffindor.
- Desculpe, senhor. – Harry respondeu, educadamente. Fintou o professor com toda a calma. Snape precisaria de se esforçar mais, se pretendia irritá-lo. Não conseguia ser mais injusto do James e Lily em relação a Ethan, ou mais ridículo do que os Dursley.
- Menos cinco pontos para os Gryffindor por estabilizares a minha aula, Potter. E o teu irmão, também, perde 5 pontos pela sua ignorância. – Declarou Snape. Depois, esboçou um sorriso perigoso – Vamos ver se a ignorância é de família. Qual é a diferença entre monkshood e wolf’s bane?
Hermione olhou para Harry. Parecia saber a resposta, mas não se atrevia a sussurrá-la.
- Nenhuma, senhor. – Harry respondeu. – Wolf’s bane e monkshood são a mesma planta, também, conhecida como aconite.
Hermione sorriu. Snape não perdeu a compostura, mas Harry soube que o surpreendera. Ethan lançou-lhe um olhar gelado.
- E sabes responder às perguntas que coloquei ao teu irmão, Potter? – Sibilou Snape. Ele queria que ele falhasse.
- Asfódelo e absinto produzem uma poção soporífera, conhecida como o Golo dos Mortos-Vivos. Creio que poderia encontrar um bezoar na secção dos antídotos do armário de ingredientes, mas geralmente os feiticeiros vão busca-los ao estômago de uma cabra. – Harry respondeu.
Quase que conseguia sentir os olhos de Ethan a queimarem-lhe a nuca.
- Se eu precisasse que vocês soubessem orientar-se no armário de ingredientes, mandava-vos desenhar um mapa. – Snape afirmou, percebendo a nota de sarcasmo de Harry – Menos dois pontos para os Gryffindor por te atreveres a gozar com as minhas perguntas. Mas, pelo menos, a falta de capacidade para abrir os livros não parece estar no sangue. Espero que tenha tomado notas, Potter. Aliás, todos vocês.
Ouviu-se o arrastar de folhas e pergaminhos.
Snape introduziu uma poção para tratar de furúnculos, e os respectivos ingredientes. Depois, mandou-os preparar a poção a pares, enquanto circulava pela sala com um ar majestoso. Harry ficou Hermione, e por muito mais que Snape humilhasse os Gryffindor, não conseguiu encontrar nada para os repreender.
Dumbledore nunca treinara Ethan em Poções, e o Rapaz-Que-Sobreviveu nunca fora tão humilhado na sua vida. O único que recebia elogios de Snape era Malfoy.
Longbottom tinha imenso medo de Snape, e acabou por adicionar os espinhos de porco-espinho com o caldeirão ainda ao lume, devido ao nervosismo. O caldeirão explodiu. Snape culpou Ethan por não o ter avisado, e mandou um Neville contorcido de dores para a Ala Hospitalar.
- O Snape detesta-me, mas eu diria que detesta mais o Ethan. – Harry sussurrou para Hermione, quando saíram da aula de poções.
- Mas porque é que ele vos detesta? – Hermione perguntou, espantada.
- A julgar pela maneira como ouvi o meu pai falar dele. Diria que eles os dois se detestam desde os tempos da escola. – Harry disse.
- Tu safas-te. O Ethan é que não. – Comentou Hermione. Harry riu-se.
Ethan encostou-o à parede, de repente. Rodeado pelos seus quatro novos amigos.
- Não fiques muito convencido. Eu continuo a ser melhor do que tu. – Ethan gritou – Divertiste-te a tentar humilhar-me? Já devias ter aprendido o teu lugar. Aceita isso, de uma vez. Os pais bem tentaram ensinar-te.
Hermione gritou quando Harry foi atingido por um soco.
- Tu não és melhor do que eu. – Harry murmurou.
Os seus dedos tinham conseguido alcançar a sua varinha. Apontou a varinha a Ethan, e uma esfera de luz catapultou-o, e o ruivo embateu na parede oposta do corredor deserto. Os outros quatro recuaram. Ethan tinha lágrimas nos olhos, quando se levantou.
- Estás tramado, quando os pais souberem que me atacaste. – Ethan gritou, enraivecido.
Harry olhou-o por um longo momento. Depois, virou costas. Aquele era o herói do mundo mágico que ele deveria apoiar. Aquele era o seu irmão.
- Eu não tenho de ser inferior a ti, Ethan. Vê se cresces. – Harry murmurou.
E virou costas. Hermione caminhou atrás de si, mas pelo seu silêncio percebeu que queria ficar sozinho. Harry começou a subir as escadas. Deslizou por uma das janelas e trepou até aos telhados do castelo. Só algumas torres ficavam por cima de si.
E começou a caminhar. Saltando de telhado em telhado, subindo e descendo numa incessável exploração. Sentia-se livre e poderoso, quando estava nos telhados, e protegido, porque sabia que ali ninguém o encontraria.
Viu Ethan e os restantes rapazes de Gryffindor a atravessarem os campos e irem visitar Hagrid ao fim da tarde. Ele vira Hagrid uma ou duas vezes lá na Mansão Potter, mas ele sempre tinha sido mais próximo de Ethan.
A noite tinha caído e ele continuava a caminhar, quando reparou que havia movimento na torre mais próxima, o que era estranho porque deveria estar toda a gente a jantar. Trepou nas sombras, e aproximou-se da janela.
- Ele tem de estar em algum lado! – Comentou McGonagall.
- O ideal é separarmo-nos. – Disse Flitwick. – E encontrarmo-nos à porta do Gabinete do Director, quando tivermos encontrado o rapaz.
Teve a certeza de que ele era o rapaz que queriam encontrar.
Contornou a torre, e movendo-se na escuridão da noite, aproximou-se da janela do Director. Bastou-lhe espreitar para reconhecer a sua mãe e o seu pai. Desapareceu nas sombras, descendo a torre. Entrou numa das janelas, usando o canivete de Sirius. O melhor era regressar à sala comum dos Gryffindor, e poderia dizer que tinha ido à Casa de Banho, ou assim. Mas o seu plano foi arruinado.
- Potter. – Chamou uma voz gelada. Era Snape. - Porque é que não foste jantar?
- Não tinha fome. – Harry respondeu, sincero. – Senhor.
- O Director quer ver-te. – Snape constatou.
- Na realidade, Professor, são os meus pais que me querem ver. – Harry retorquiu.
- O que é que te aconteceu à cara? – Snape perguntou, agarrando o queixo de Harry, e expondo a marca do soco de Ethan à luz dos candelabros. – Isso foi um soco?
- Isto, professor, é a razão pela qual os meus pais querem ver-me. – Harry suspirou.
Snape lançou-lhe um olhar curioso, mas não disse mais nada e levou Harry até ao Gabinete de Dumbledore. James e Lily Potter estavam, de facto, no Gabinete. Snape e James olharam-se com ódio mútuo.
- Ah! Onde é que andavas? – James inquiriu – Sempre gostaste de te isolar, não sei porque é que ainda me espanta… O teu irmão contou-me como saíste todo convencido da aula de poções só porque respondeste correctamente a umas perguntas, que ele errou. Ele é melhor do que tu. Porque continuas a tentar que ele se sinta inferior a ti?
- Eu limitei-me a responder às perguntas. A culpa não é minha, se ele não sabia a resposta. – Harry respondeu.
- Harry, senta-te. – Dumbledore indicou a cadeira.
- O teu irmão diz que tu e aquela tua amiga estavam a gozar com ele. – James gritou.
- Foi uma piada inocente. – Harry disse, incrédulo. Nem sequer se lembrava das palavras de Hermione até àquele momento.
- E como se não bastasse, ainda te atreveste a usar magia contra o teu irmão. – James finalizou.
- Ele deu-me um soco! – Harry exclamou – Ele encostou-me à parede, aparentemente porque a Hermione disse que eu tinha mais hipótese de sobreviver à…er…antipatia do Professor Snape do que ele. E deu-me um soco. E aposto que ele só estava irritado por ter falhado as perguntas, já que ninguém pode ser melhor do que ele.
Lançou um olhar cuidadoso a Snape, mas o Professor tinha uma curva de diversão nos cantos do lábio.
- Mas ele é melhor do que tu! – James disse.- E tu não o devias fazer sentir-se de outra maneira. Tu sabes o destino dele!
- Se o Voldemort alguma vez voltar, estamos tramados. Porque o Ethan não é capaz de levar com um feitiço sem que eu acabe no Gabinete do Director! – Harry retorquiu, cheio de sarcasmo.
A mão do pai atingiu-o em cheio na bochecha, assim que ele acabou a frase.
- Nunca mais me fales nesse tom. – Ordenou James.
- James…- Começou Lily.
O sorriso desapareceu dos lábios de Snape. Pareceu a Harry que ele agarrara a varinha.
- Chega. – Dumbledore impôs-se. – Harry, tu não podes atacar nenhum estudante com magia.
- Sim, senhor. – Harry acenou. E acrescentou num tom calmo – Mas costuma chamar os pais de toda a gente que faz um feitiço no corredor?
- Ambos sabemos que tu e o Ethan vivem uma situação especial. – Dumbledore sorriu – E se isto se repetir, eu vou deduzir que a tua óbvia inveja pelo Ethan não vos deixa conviver, e terei de vos expulsar.
- Professor Dumbledore, eu garanto-lhe que não tenho inveja do meu irmão. – Harry retorquiu. – Eu agradeço não estar marcado para enfrentar Voldemort, e estou bastante agradecido por ter tido muito mais liberdade que ele durante a minha infância, e não me ter tornado no idiota arrogante que ele é.
- Apenas as desculpas que inventas para ti mesmo. No fundo, tu queres a glória e o poder do teu irmão. – Dumbledore lançou-lhe o mesmo sorriso compreensivo – O que é perfeitamente compreensível. E a inveja faz-te tentar atingi-lo.
Parecia que não o ouviam.
- Ele agrediu-me primeiro, professor. - Harry repetiu.
- O teu irmão vive com um grande peso nos ombros, obviamente que os teus comentários e de Miss Granger o magoaram. - Dumbledore abanou a cabeça. - E, sim, ficou ligeiramente frustrado com os acontecimentos na aula de Snape, e tu não ajudaste, pois não? Eu não posso permitir que prejudiques o crescimento do Ethan, Harry.
Era rídiculo. Ethan podia prejudicar quem quisesse, e socar quem quisesse, que a culpa seria sempre da outra pessoa. Snape tinha as sobrancelhas franzidas.
- É muito estranho se eu não achar o meu irmão mais talentoso do que eu, Professor?
- Harry, querido, a tua aura mágica é muito baixa….Lamentamos muito, a sério…mas tu és pouco melhor do que um busca-pé. É melhor saberes a verdade. – Era a voz da sua mãe.
E só, então, se fez luz na cabeça de Harry, quando a ouviu pronunciar aquelas palavras. O pai não estava apenas embebecido pela missão de Ethan, ele tinha alguma vergonha de Harry. Engoliu o seco.
Dumbledore parecia avaliá-lo com o olhar.
- Harry, não te esqueças do meu aviso. – Disse Dumbledore – Podes ir.
Harry levantou-se. Desejou boa noite aos presentes, e saiu.
- O rapaz é talentoso. – Snape sibilou, antes de sair – Não sei onde foram buscar a ideia de que é quase um busca-pé. Espero que não o expulsem por motivos tão triviais. Isto é rídiculo.
- Severus...- Começou Dumbledore.
Mas Snape já tinha saído.
Vitoria67: Nem eu sei muito bem :P, mas posso dizer que o Harry vai fazer amizade com uns certos Slytherin :P... Que tal?
Ceci96: Hum...O Ethan é um idiota, mas não tem astúcia para ser Slytherin. O facto de ser arrogante não faz dele um Slytherin. Quanto ao James e Lily, quando perceberem que o filho que rejeitaram e tomaram por fraco, é na verdade o herói predestinado :p. Gostou do capitulo?
Comentários (2)
haaa ai o bicho vai pegar mesmo... mais vai ser legal dar uma chance para o D... e o snape. aaaa mais uma coisinha vai ser dddd+++++ guando o nosso amado Dumbledore ver que errou uii vai ser o maximo.e eu amei a sua resposta
2013-05-06Gostei e me doeu muito, quando o Harry viu que os pais tinham vergonha dele! E amei o Snape defendendo o Harry *--*
2013-05-05