Selecção




O mês na Diagon-Alley passou rápido.


Os Black eram uma família muito rica e poderosa. O cofre de Harry estava cheio de ouro e de relíquias. E herdara, também, uma casa. Grimmauld Place, número 12, em Londres.


Recebeu uma carta dos pais, a desejar-lhe um bom aniversário e a dizer que o iam buscar uma semana antes de as aulas começarem para irem às compras.


Harry contou-lhes que já estava na Diagon-Alley, contou-lhes da carta de Sirius e que só precisavam de se encontrar no dia 1 de Setembro, na estação. Não recebeu nenhuma resposta.


Comprou todos os materiais que vinham na lista da escola, e alguns livros extras, logo no dia seguinte. A última coisa que comprou foi a varinha.


- Ah. Jovem. E quem és tu? – Ollivander perguntou, quando Harry entrou na loja.


- Harry Potter. – Harry respondeu, optando pela verdade.


O rosto de Ollivander iluminou-se num sorriso.


- Não há muitas pessoas que saibam que o teu irmão tem um gémeo, pois não? – Ollivander perguntou – Ele comprou a sua varinha no início do ano. O Dumbledore convenceu-me que a sua magia já estava preparada, apesar de ainda faltarem uns meses para Hogwarts. Eucalipto e pelo de unicórnio, 20 cm, bastante maleável.


Harry acenou, a informação não o surpreendia. Ethan já conseguira a sua primeira varinha com alguma antecedência, e provavelmente Dumbledore já lhe dava aulas práticas.


- Muito bem…Qual é o braço que utiliza, Mr. Potter?


- Sou ambidextro. – Harry respondeu, o que fez o fabrincante de varinhas ficar ligeiramente surpreso. 


Ollivander fez medições a ambos os braços, e depois fê-lo experimentar meia dúzia de varinhas. Finalmente, após alguma hesitação, estendeu-lhe uma varinha de madeira preta, completamente lisa e direita.


- Azevinho e plumagem de Fénix, 28 cm. – Ollivander estendeu-lhe a varinha.


Harry sentiu um calor nos dedos assim que agarrou a varinha. E ela deixou uma torrente de faíscas vermelhas e douradas, quando ele a agitou.


- Curioso…Que curioso…- Ollivander olhou fixamente para Harry – Lembro-me de todas as varinhas que vendi, Mr. Potter, e acontece que a pena que deu a plumagem desta fénix só fez outra varinha, apenas mais uma, e é curioso que esteja destinado a usar esta varinha, quando a sua congénere fez ao seu irmão aquela cicatriz. Sim…acho que poderemos esperar grandes coisas de si, Mr. Potter.


Harry engoliu o seco, pagou e foi aproveitar o resto da tarde na Diagon-Alley.


Gwydion Rosier adorava a sua vida na Diagon-Alley. Observava todo o tipo de feiticeiros a passearem na rua torta, e ouvia todo o tipo de conversas e histórias. Podia ler sobre magia à vontade, e aproveitar os dias de sol para ler nas esplanadas. E praticar magia com a sua varinha nova.


E descobriu que conseguia trepar para o telhado do Caldeirão Escoante através de uma parede nas traseiras, e conseguia atravessar a rua, saltando de telhado em telhado. Foi através dos telhados que seguiu os pais pelas ruas da Diagon-Alley.


- A seguir vamos falar com o Harry? – Perguntou Lily – Ele deve ter ficado no Caldeirão Escoante.


- Sim, mas antes disso temos de falar com os Goblins sobre esta Herança do Sirius. – James afirmou – O Ethan pode sentir-se mal se o irmão tiver muito mais dinheiro do que ele.


Deixaram Ethan na Loja de Equipamentos de Quidditch, e foram até Gringotts. Harry desceu dos telhados através de um cano, e atreveu-se a entrar atrás deles. O banco estava meio vazio. Harry pôs um gorro na cabeça, e pôs-se no balcão ao lado dos Potter.


- Eu queria fazer alguns investimentos. – Harry explicou ao Goblin – Tem alguma lista das empresas de feitiçaria?


Ele deu-lhe uma lista, que Harry fingiu ler com grande interesse, enquanto escutava a conversa no balcão principal.


- Não, o Sirius Black fez de Mr. Harry Potter o seu herdeiro, não deixou nada a Mr. Ethan Potter. – O Goblin repetiu.


- E não há alguma maneira de contornar isso? – Perguntou James.


- Só se Mr. Harry Potter estender a conta. Mas só Mr. Harry Potter é que tem direitos sobre aquela conta. Mr. Sirius Black foi bastante claro no seu testamento.


- E eu como pai do Harry não posso agir em seu nome? – James insistiu.


- Não. – Respondeu o Goblin, para alívio de Harry –  Poderia até Mr. Harry Potter completar onze anos, mas agora só se Mr. Harry Potter o quiser, mais uma vez.


Harry não conseguiu evitar sorrir. James e Lily afastaram-se. Viu um homem gigante entrar, cumprimentou os seus pais e dirigiu-se ao balcão ao lado de Harry. 

- Eu vim buscar o que está no cofre 713. - Murmurou, mas alto o suficiente para Harry conseguir ouvir - Tenho indicações do Professor Dumbledore. 

Harry viu-o estender um envelope na direcção do Goblin, que acenou com uma expressão grave. Agradeceu ao Goblin e seguiu os seus pais, novamente. Eles agiam como se Ethan precisasse do dinheiro.


- Ele nunca vai aceitar estender a conta até ao Ethan, pois não? – Lily suspirou.


- Falamos com ele mais tarde. – James abanou a cabeça.


- Achas que fizemos mal em mandá-lo para a minha irmã? – Perguntou Lily.


- Não. – James disse, confiante – Nunca te contei, mas naquela noite…o Dumbledore mediu as auras mágicas dos rapazes. A do Harry era muito fraca, apenas um pouco acima do busca-pé. Ele não poderia ser feliz rodeado de tanta magia.


- Pobrezinho. – Lily suspirou – Isso explica a falta de magia acidental. De qualquer maneira, ele teria sido consumido pela inveja.


- E o Ethan está o melhor preparado possível.


Lily acenou. Harry não precisava de ver mais nada, virou costas e afastou-se, caminhando ao longo dos telhados. Como podiam os seus pais julgar que passar dois anos com os Dursley era o melhor para ele?


Eles apareceram nessa noite no Caldeirão Escoante, deviam ter deduzido que estava ali.


- O Harry Potter, está? – Perguntou James a Tom – Um rapaz, não muito alto, de cabelos pretos e olhos azulados?


- Er… Isso corresponde à descrição de Mr. Gwydion Rosier. – Tom apontou para Harry, que lia num canto.


- Harry! – Lily exclamou, abraçando-o.


- Olá, mãe. – Harry respondeu, esboçando um sorriso triste e afastando os braços da mulher – Antes de falarem. Eu não tenho inveja do Ethan, e acho que não fiz nada para merecer ir viver com os Dursley. E não, não vou partilhar a herança que o meu padrinho me deixou com o meu irmão. Ele não precisa de dinheiro.

Ficaram ambos surpresos por ele estar um passo à frente das suas palavras. James deixou o queixo cair, ligeiramente.  Harry não conseguiu evitar sentir-se orgulhoso. 


- Harry, nós só queríamos o melhor para ti…- Lily começou, uns segundos depois. 


- Mentira. – Harry cortou – Isso é o que vocês dizem a vocês próprios. Mas vocês só se preocupam com o Ethan. Queriam dar-lhe mais atenção, e queriam garantir que eu não o incomodava, não é verdade?


- Ele precisa de ser treinado. – James suspirou – Mas nós preocupamo-nos contigo.


- Tudo bem. – Harry encolheu os ombros – Eu consigo entender a necessidade de o treinarem, a sério que sim. Mas o dinheiro que o Sirius me deixou é meu. Se ele quisesse deixá-lo ao Ethan, tê-lo-ia feito. E o Ethan não precisa de dinheiro. E que espécie de pais não vêem o filho durante meio ano, e só o visitam para que ele partilhe a sua herança com o irmão? Eu posso não ser o Rapaz-Que-Sobreviveu, mas continuo a ser vosso filho. 

- Harry...- Começou Lily.

- Mãe, eu sobrevivo, mas deixem-me em paz, pode ser? - Harry indicou a porta, com um gesto de braço.  


Nenhum dos seus pais soube o que dizer. Saíram do Caldeirão Escoante com expressões meio magoadas, meio surpreendidas. Harry continuou a ler o seu livro. Tinha de lutar pelo seu lugar na vida dos seus pais, aparentemente. Mas continuavam a ser seus pais, era estranho, e era doloroso. 


Quando se cruzou com os pais em King’s Cross limitou-se a dizer, quando eles o chamaram: “O comboio vai partir em breve. Adeus.”.  


Sentou-se num compartimento vazio. Uma miúda de longos cabelos volumosos e dentes da frente um pouco compridos perguntou-lhe se se podia sentar ali.


- Claro. Eu sou Harry. Harry Potter. – Ele disse.


- Hermione Granger. Harry Potter? – Ela pareceu espantada – Nunca li nada a teu respeito, e os Potter tem uma data de publicações. És o irmão do Ethan Potter, ou assim?


- Sou o gémeo dele. – Harry encolheu os ombros – Mas não somos propriamente amigos, eu acho-o bastante idiota, se queres que seja sincero. Porque é que andaste a ler sobre os Potter?


- Andei a ler sobre tudo! – Hermione respondeu – Os meus pais são muggles, e eu quis informar-me. Li tudo a respeito do teu irmão, claro. Se tu estavas lá, como é que o Dumbledore soube que era ele quem tinha repelido a maldição?


- Ele tinha uma cicatriz de maldição mesmo na testa. – Sorriu Harry – E o Dumbledore mediu as nossas auras mágicas. A minha era muito baixa.


- Desculpa, eu não sabia…- Ela gaguejou-


- Ouve. – Harry sorriu - Alguém com uma aura fraca não significa condenado. Há coisas que superam o teu talento natural, por assim dizer. A mente, por exemplo. Consegues vencer um feiticeiro mais poderoso do que tu, se souberes utilizar a tua mente.


- Estás a pensar ir para os Slytherin ou para os Ravenclaw, não estás? – Hermione perguntou, com um sorriso.


- Gryffindor. – Harry surpreendeu-a – Afinal, sou corajoso antes de ser inteligente. E, tu?


- Ravenclaw ou Gryffindor. – Ela sorriu – Mas estou mais inclinada para os Gryffindor. O próprio Albus Dumbledore é um Gryffindor.


Perderam-se na conversa. Hermione contou-lhe que era filha de dois dentistas, e vivia em York, no Norte de Inglaterra. Ficara entusiasmada e aliviada quando soubera tudo sobre o mundo mágico, porque explicava todas as coisas esquisitas que aconteciam com ela. Lera tudo o que conseguira. Harry percebeu logo que ela era do tipo sério, com um enorme respeito pelas regras, e do tipo que gostava de responder às perguntas dos professores. Percebeu, também, que ela era extremamente inteligente.


Harry confiou nela. E falou-lhe da sua infância na Cornualha. Mostrou-lhe o seu dente de tubarão e contou-lhe a história do colar. E contou-lhe  como passara os últimos dois anos da sua vida em casa dos tios muggles, mas não lhe falou da sua Herança. 

- Isso é horrível. - Hermione comentou. 

- É um bocado. O Dumbledore acha que o Voldemort pode regressar. - Harry explicou - E eu espero que o Ethan esteja preparado, se isso acontecer. Eu percebo. E, secretamente, eu acho que fui mais feliz do que o Ethan enquanto vivi na Cornualha. Quer dizer...ele viveu entre treinos e entrevistas, enquanto eu passeava pela praia. Eu não queria a vida dele, nem ser o idiota que ele é. 

- Eu gosto de praia. - Hermione comentou. Harry sorriu. 
 
A conversa continuou. O carrinho dos doces passou. Eles divertiram-se a experimentar feijões de todos os sabores. Mudaram-se para os uniformes da escola. Quando Harry tirou a camisa, ela reparou na cicatriz em forma de relâmpago sob o coração.


- Como é que fizeste isso? –  Hermione perguntou, curiosa.


- Não sei. – Harry encolheu os ombros – Quando perguntei aos meus pais o que era, eles disseram que era uma cicatriz e que eu devia ter caído Tinha quatro anos.


- Não pode ser daquela noite? – Havia nota de ansiedade na sua voz


- Talvez. – Ele respondeu despreocupado. – Eu não tenho de me preocupar, só o Ethan.


Hermione riu-se. Quando chegaram, Hagrid, o meio-gigante que Harry vira em Gringotts, levou-os até aos barcos. Harry e Hermione partilharam o barco com Terry Boot e Hannah Abbott. Subiram a escadaria, e a Professora McGonagall fez-lhes um breve discurso de introdução a Hogwarts.


Entraram no salão em pares, e o Chapéu Seleccionador cantou uma canção sobre as características das quatro casas. A selecção começou.


- Abbott, Hannah.


Foi para os Hufflepuff. Terry foi para os Ravenclaw. Os nomes voaram pelo salão. “Granger, Hermione” Foi chamado pouco depois. O chapéu pareceu hesitar por alguns momentos, depois gritou: GRYFFINDOR.


Harry sabia que ir para os Gryffindor significava conviver a tempo inteiro com o seu irmão e com o Weasley, mas não se importava. Ele valorizava a coragem mais do que qualquer outra coisa, e queria ser um Gryffindor como o seu padrinho fora.


Longbottom foi para os Gryffindor, e Malfoy para os Slytherin.


- Potter, Ethan. – Chamou McGonagall.


O salão ficou silencioso, de repente. O próprio Dumbledore endireitou-se na cadeira. Ethan subiu ao estrado com um sorriso arrogante, e o chapéu gritou Gryffindor pouco depois de lhe cair na cabeça. Os Gryffindor começaram a gritar “Temos o Potter. Temos o Potter”.


- Potter, Harry. – Chamou McGonagall.


Agora, murmuravam uns para os outros, meio espantados. Eram expressões do estilo: “Mas o Ethan Potter tem um irmão?”.


Outro, Potter, hem? Hum…Mas onde é que eu te vou pôr? Uma mente inteligente, sem dúvida…E corajosa, muito determinada. Vejo astúcia, e ambição. Serias um excelente Slytherin, não serias? 


Não posso ser um Gryffindor?, pensou Harry, Eu quero ser um Gryffindor


Um Gryffindor, uh? Saíres-te ia melhor nos Slytherin… Tens tanto de Slytherin…


Eu quero ser corajoso antes de qualquer outra coisa, insistiu Harry. Coragem era a qualidade que mais admirava. 


Se tens tantas certezas…Seja então: GRYFFINDOR.


Houve aplausos. Harry sentou-se ao lado de Hermione. Weasley sentou-se ao lado de Ethan, momentos depois. Viu Nick, o Fantasma dos Gryffindor, a falar animado com Ethan, Longbottom e Weasley.


Começaram o banquete. Harry reconheceu Snape na mesa dos Professores, ouvira o pai dizer mais do que uma vez que não entendia como é que Dumbledore autorizava um tamanho idiota a dar aulas.


Foi quando o seu olhar passou pelo turbante dos professores ao lado de Snape que sentiu uma dor na cicatriz. Nunca lhe tinha acontecido.


- Já provaste o bolo de chocolate? – Hermione perguntou, naquele momento. – Está delicioso.

- Uh...não...- Harry respondeu, desconcentrado, servindo-se de um fatia.

- Estás bem, Harry? - Ela franziu as sobrancelhas - Ficaste um bocado esquisito, de repente.

- Er...Sim...sim, claro. - Harry acenou, sorrindo. - Este bolo é mesmo delicioso.  


No fim do banquete, Dumbledore fez um discurso de boas vindas. Debitou algumas regras. E proibiu o corredor do Terceiro Andar a todos os alunos.


- Se ele se tivesse limitado a trancar o corredor, ninguém entrava lá. – Harry constatou – Proibir é motivar a fazer.


- Ele falou em perigo de vida. Claro que tem de avisar se corremos risco de vida. Assim, só idiotas como tu é que vão para lá. – Retorquiu Hermione.


Harry riu-se. Seguiram Percy Weasley pelos corredores da escola até à entrada da Torre de Gryffindor.


Harry ficou no Dormitório com Ethan, Ronald Weasley, Neville Longbottom e outros dois rapazes que já pareciam ser parte do gangue. Escolheu uma das camas mais próximas da janela, para o caso de ter de fugir. 

- Então, Harry, estamos todos muito surpreso por teres sido admitido em Hogwarts. Estás a pensar chumbar a quantas disciplinas? - Ethan riu-se. - Amostra de busca-pé. 

- Só a algumas. - Harry retorquiu, sarcástico.

Ethan ficou espantado e não conseguiu encontrar uma resposta. "Ele é um bocado burro" Murmurou para os rapazes, e os quatro riram-se. Harry enfiou-se na cama e deixou-se adormecer. Só esperava que Gryffindor se revelasse a casa certa para ti, com o tempo. 



Ceci96: Obrigado pelo comentário. Espero que este capitulo tenha sido igualmente bom. Eu vou postando quando posso. Vá comentando. 

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Comentários (2)

  • Ceci96

    Para mim Ethan devia ser Slytherin! Gostei do capitulo, quando vai ser que Lili e James vão pagar por tudo que Harry passou?

    2013-05-05
  • vitoria67

    eu amei a sua fic ainda naotinha visto nenhuma deste tipo e achei a sua ideia muito boa.estou mais do que curiosa para saber no que vai dar....

    2013-05-05
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