Labirinto



Labirinto

Harry não voltou a comentar as suas suspeitas com Daphne ou Draco.


Zabini andava meio perdido.


- Eu sei que ela só me usa para fazer ciúmes ao Drak…- Suspirava ele pelos cantos – Mas eu achava que ela podia gostar…sei lá…gostar mesmo de estar comigo.


Foi Millie quem resolveu a crise, confrontando Pansy.


- Tens de parar de brincar com o Zabini.


- Ah! Tu não me dizes o que fazer, Bulstrode. – Pansy replicou, odiava que a criticassem.


- Tem juízo, Pansy. – Millie disse, no mesmo tom calmo.


Harry sorriu, e percebeu porque é que Millie era a favorita para Prefeita do próximo ano. Ela sabia lidar com todas as situações. Os seus olhos pousaram-se em Daphne, que sorria a um canto. Ela nunca seria Prefeita, mas Harry achava que daria uma excelente Prefeita, se alguém lhe desse uma oportunidade, ela sabia ser responsável.


- Perdido nos pensamentos, Potter? – Perguntou Drak, sorridente, segurando duas vassouras. – Chega de Boxe, eu preciso de voar.


Harry riu-se e levantou-se. Correram para os campos e voaram sobre o lago.


O quarto ano perdeu-se a estudar durante a páscoa. Granger andava entusiasmada com a B.A.B.E. e Rita Skeeter escreveu mais uns quantos artigos.


Harry fora dispensado dos exames, e continuava a meditar sobre os estranhos acontecimentos que envolviam o torneio. E mantinha-se empenhado a poções, porque Snape não admitiria que não fizesse um simples trabalho de casa, e provavelmente insistiria que fizesse o exame.


Mas acima de tudo, continuava a investigar. Observava o mapa do Salteador durante a noite, e tentava distinguir o nome de Crouch por entre os alunos. Voltou a apanhá-lo no escritório de Snape, mas quem encontrou quando chegou ao Gabinete foi Moody Olho-Louco.


- O que está aqui a fazer? – Harry apontou a sua varinha iluminada ao Professor.


- O que estás a fazer fora da cama, Potter? – Rosnou Moody – Que eu saiba não és responsável por ronda nenhuma, nesta escola.


- O que está aqui a fazer? – Harry repetiu, no mesmo tom.


- A investigar o teu querido Professor de Poções. – Respondeu Moody – E ouvi barulhos. Desaparece, agora, Potter.


Harry baixou a varinha e voltou para as Masmorras, sem mais uma palavra. Quando consultou o mapa, via Crouch afastar-se nos corredores, viu que Alastor Moody já estava no seu Gabinete, e que Crouch continuava a vaguear nos Corredores. Suspirou cansado.


Não contou a Draco e a Daphne o que tinha acontecido. Continuou a estudar maldições nas aulas de Moody com tanto empenho como antes. Mas suspeitas cresciam no seu cérebro.


Soube o que a tarefa era em Maio, quando os dias chuvosos de Abril começaram a terminar e os primeiros dias do sol de verão surgiram.


Ludo Bagman chamou-os ao estádio de Quidditch. Tinha sido transformado num Labirinto. Um Labirinto que seria recheado de criaturas a enfrentar, e feitiços e maldições para serem quebrados. A Taça estaria no centro, e o primeiro campeão a apanhá-la seria o vencedor. Harry tinha mais pontos e seria o primeiro a partir, seguido por Cedric, Krum e Fleur.


Krum chamou Harry à parte. Ele tinha percebido que Harry e Hermione eram uma espécie de amigos, e queria alguns conselhos.


Foi quando Mr. Crouch surgiu por entre as árvores, com todo o aspecto de alguém que caminhara durante dias, vestes rasgadas, cabelos desgastados, pele bastante suja e arranhada. Gesticulava e murmurava sozinho, quando se aproximou parecia dar ordens a Percy Weasley. Mas falou com toda a clareza, quando disse que precisava de ver Dumbledore.


Murmurou meia dúzia de frases sobre o seu filho, um erro que cometera, Harry Potter, a morte de Bertha pela qual se culpava, o Senhor das Trevas…E não parecia reconhecer Harry ou Krum, mas era absolutamente claro que queria falar com Dumbledore.


- EXCEPTO PATRONUM. – Gritou Harry. Viu o seu veado ganhar forma. – Diz ao Dumbledore que estamos junto à Orla da Floresta, o suficientemente perto do Estádio de Quidditch, ainda. Encontrámos Crouch. E ele tem de vir.


O Patronus partiu a correr na direcção do castelo.


- Tu consegues fazer isso? – Krum perguntou espantado – Aos catorze?


Harry limitou-se a acenar. Nesse momento, um feitiço atingiu Krum, Harry tentou ver quem atacara, mas no momento seguinte foi atingido, também.


Quando acordou, percebeu que tinha sido atordoado. Harry e Krum contaram o que tinha acontecido, e só então perceberam que Mr. Crouch tinha desaparecido. Hagrid chamou Karkaroff. Moody foi incumbido de encontrar Crouch. Snape levou Harry de volta para as Masmorras.


Draco e Daphne passaram dias a fazer teorias de todo o tipo. Moody não conseguiu encontrar Crouch.


Não contes ao Sirius da tua teoria sobre alguém querer que tu venças o torneio. A Daphne contou-me. Ela dá-te mais ouvidos do que julgas. O Ash está por perto. Não pegues naquela Taça. Dinzanfar.


Harry sorriu ao ver a curta mensagem de Curtis. Era, de facto, verdade que Sirius andava nervoso, e desejoso que o Torneio acabasse. Ficara chateado quando descobrira que Harry andara a passear pela Floresta com Viktor Krum. Harry não tinha interesse em deixá-lo ainda mais preocupado.


- O Crouch não parava de falar sobre o filho. – Harry disse.


- O filho dele está morto, Harry. – Suspirou Draco. – Ele estava a delirar.


- Se eu quisesse vir para Hogwarts disfarçada através de Polisuco, o Moody seria o ideal, porque ele bebe sempre do seu cantil, não é verdade? – Daphne sugeriu. – E veio no jornal que o Alastor Moody achou que alguém o tinha tentado atacar, mesmo antes do ano começar, não foi?


-Há sempre alguém a tentar ataca-lo. Há séculos. – Suspirou Draco.


Entraram em Encantamentos. Depois, Harry teve Aritmancia. Os seus olhos perderam-se nos Gráficos.


No momento seguinte, Wormtail estava à sua frente. Lord Voldemort disse que o seu erro não arruinara tudo, que alguém estava morto, depois torturou-o. Harry sentiu a sua cicatriz queimar.


- Harry! Harry! – Era Hermione Granger quem gritava.


- Eu…eu tenho de ir…- E saiu da aula a correr.


A sua testa ardia. Obrigou-se a continuar a andar. Acabou por ir para o seu dormitório e deitou-se na cama. Faltou a Poções. Deixou a tarde arrastar-se.


- Maldita Granger! – Draco entrou – Teve a lata de me vir dizer que eu era um otário por desconfiar do Snape, porque o Dumbledore confiava no Snape. Como se alguém pudesse confiar no Dumbledore! A Daphne contou-lhe das nossas suspeitas, quando ela nos contou o que aconteceu em Aritmancia.


Harry não se importava que Granger soubesse. A Gryffindor já provara mais do que uma vez ser digna da sua confiança.


- Qual é o problema afinal, Drak? – Perguntou Harry, com um bocejo.


- A Granger, Potter. Não se percebe logo? – Draco atirou-se para cima da cama. E acrescentou – Faltaste a poções. Afinal, o que aconteceu?


- Nada. – Harry respondeu, seco.


Não estava com vontade de falar sobre aqueles estranhos pesadelos. Draco pareceu compreender e deixou-o estar.


- O Snape vai matar-te. E não é por ser um Devorador da Morte. – Draco acrescentou, enquanto abria o livro de Transfiguração.


Harry riu-se.


Todas as noites Harry se escapulia até Hogsmeade e treinava com Ash e Curtis na Arena. Aprendeu e praticou carradas de feitiços, maldições e contra maldições, que o ajudavam a enfrentar todo o tipo de criaturas e a orientar-se.


Eram ambos práticos. Recomendavam-lhe livros, ensinavam-lhe o que sabiam que achavam que poderia ser útil.


Era Daphne quem estudava o mapa todas as noites, determinada a encontrar Crouch. E Harry agradecia-lhe, por isso. Certa noite, dois pontos indicavam Snape e Crouch num corredor. Escondida debaixo do manto de invisibilidade, Daphne viu Snape a falar com Moody.


- O que andas aqui a fazer, Olho-Louco? – Perguntou Snape, friamente. E Daphne consultou, novamente, o mapa, vendo claramente o nome de Crouch em frente do Professor.


- A minha ronda habitual, Snape…para manter certos feiticeiros das Trevas debaixo de olho. – Respondeu Moody, de volta.


Daphne correu, de volta, para o seu dormitório. Acordou Harry. Arrastou-o até à Sala Comum, onde ninguém os ouviria àquela hora e contou-lhe tudo o que descobrira.


- Não pode ser o Crouch…- Harry disse – O Moody foi à procura dele na Floresta…Nem mesmo os efeitos de Polisuco passam assim tão rápido.


- Já não é a primeira vez que esse mapa trás de volta os mortos, pois não? – Daphne retorquiu – Ele tinha ou tem o mesmo nome do que o pai.


- Como é que ele teria escapado de Azkaban? – Harry perguntou, olhando a volta para garantir que ninguém os ouvia.


- Com a ajuda do pai? Talvez um momento de arrependimento? – Daphne mordia o lábio. Harry abraçou-a, e fê-la deitar-se contra o seu peito num dos sofás, dando-lhe festas na cabeça. – Mas cada vez acho mais que ele não quer matar-te…provavelmente, foi ele quem te atacou na Floresta, certo? Ele poderia ter-te matado, nessa altura.


- Talvez. – Harry reconheceu. Contou-lhe, também, do episódio em que encontrara Moody no Gabinete de Snape. Abriu o mapa, e apontou para o ponto onde se lia Alastor Moody no Gabinete do Professor. – E ele continua aqui?


- De alguma maneira, preso. – Sussurrou Daphne – E o suficientemente perto para que o impostor continue a usar Polisuco.


- Só há uma maneira de confirmar isto. Confirmar se a mistura daquele cantil é Polisuco. – Harry sussurrou. – Mas não podemos arriscar expor o nosso conhecimento.


- O melhor é falarem com alguém adulto, sabiam? – Disse uma voz, de repente. Era Millie. Daphne afastou-se do peito de Harry, de repente. – E se estão a tramar alguma, estejam mais atentos.


- O que é que ouviste, Millie? – Perguntou Harry, calmamente.


- Nada, Potter. – Ela disse, num tom um tanto frio. – Mas podes confiar em mim, de qualquer maneira.


Harry acenou a Daphne, e a morena contou à loira. Harry saiu do Dormitório.


Se as suas suspeitas tivessem correctas, Snape estava ilibado, mas isso não queria dizer que não fosse um Devorador da Morte. Sentou-se contra a parede fria do chão do corredor, a tentar decidir o que fazer.


Não confiava em Dumbledore. O homem abandonara-o para os Dursley, quando tinha apenas um ano, e impedira que Snape inocentasse Sirius. Não queria que o Director soubesse dos seus sonhos. E se houvesse alguma hipótese de estar errado…não queria que o Director achasse que ele andava a perseguir os seus professores e amigos.


Porque quereria Crouch que Harry vencesse? Ou matá-lo-ia na Terceira Tarefa? Adormeceu ali no corredor, e foi Draco quem o encontrou na manhã seguinte.


Daphne já lhe tinha contado tudo o que acontecera na noite anterior.


- Temos de descobrir se é mesmo Polisuco. – Draco afirmou. – A boa notícia é que descobri que a Skeeter é uma Animagus. Transformar-se numa pequena vespa. Ontem dei-lhe uma entrevista. Tive de referir que eras um serpentês para te dar um aspecto macabro.


- Na boa. – Harry encolheu os ombros. Rita Skeeter parecia ser a última das suas preocupações, naquele momento.


- Como é que o Voldemort soube que o Moody vinha para Hogwarts, caso seja o Crouch o infiltrado? – Perguntou Draco, num sussurro.


- Bertha Jorkins. Ela devia saber. – Harry respondeu, depois de meditar por alguns segundos – Deve ter sido o Wormtail que a capturou, ou assim.


Mas Moody tinha sempre o seu cantil por perto, e dormia com ele ao pescoço. Não conseguiam entrar no seu protegido Gabinete sem que um dos seus detectores tocasse, de qualquer maneira.


O dia da Terceira Tarefa chegou sem que eles tivessem conseguido provar as suas suspeitas, e Harry estava alerta, mas sabia que o ideal era manter-se calmo. Manter o sangue frio, e usar a razão.


O artigo de Skeeter sobre ele ser “Perturbado e Perigoso” saiu nessa manhã. Era sobre a sua cicatriz, e as dores. Skeeter parecia estar a par do que acontecera na última aula de Aritmancia. Draco dera a sua contribuição dizendo que ele era um serpentês, o loiro parecia extremamente feliz com a aura de trevas que Skeeter criara em torno do Harry.


- Não há muita diferença entre alcançar a Taça e a Pedra Filosofal, pois não? – Daphne perguntou, divertida.


- Não nos tem a nós por perto. – Retorquiu Malfoy, igualmente divertido.


- Sabes que se desapareceres naquele labirinto nós vamos contar ao Dumbledore, não sabes? – Daphne perguntou, ainda de bom humor.


Não mordia o lábio. Não havia qualquer preocupação na sua voz. Era a Daphne de sempre. Harry deu por si a sorrir. “Façam o que quiserem.” Harry encolheu os ombros “Já devo estar morto de qualquer maneira, suponho que o Director não me possa interrogar”. Draco riu-se.


- Só espero que não me interrogue a mim. – Suspirou Daphne, fazendo uma careta.


- Podes sempre beber Polisuco e fazer de Harry. Menos perguntas pessoais. – Draco sugeriu, arrancando um cabelo ao seu amigo. “Au!” Harry reclamou. – Aposto que gostarias de conhecer o corpo dele.


- Mas eu já conheço o corpo do Harry. – Daphne deixou Draco sem resposta, e sorriu. Harry riu-se. Daphne já o tinha visto nu mais do que uma vez, era verdade.


Snape aproximou-se da mesa dos Slytherin. Era a manhã do Exame de História da Magia para o Quarto Ano.


- Potter, os campeões reúnem-se no gabinete anexo ao salão, a seguir ao pequeno-almoço. – Informou o Professor.


- Mas a tarefa não é só à noite, senhor? – Harry perguntou.


- As famílias dos campeões são convidadas para assistir à Tarefa. É só uma oportunidade para os cumprimentares. – Snape virou costas e voltou para a mesa dos Professores, com o manto negro a ondular atrás de si.


- Ele não está à espera que os Dursley apareçam, pois não? – Harry olhou para Malfoy e para Daphne.


A resposta de Draco foram mais risos.


Quando entrou no vestíbulo, estava uma pessoa à sua espera: Narcisa Malfoy. Harry abraçou-a.


- Surpresa. – Ela sussurrou, no seu ouvido. – O Lucius achou que era melhor não vir. Não te queria estragar o dia. Ele tem andado feliz com o teu desempenho no Torneio.


E Harry conseguia quase que sentir a verdade daquelas palavras. Lucius Malfoy era um homem cruel, e ambicioso, mas isso não significava que não gostasse de Harry.


- Eu lamento todos os incómodos que causei, Miss Malfoy. – Harry disse.


- Não tens de lamentar. – Narcisa suspirou. – Eu só quero o melhor para ti e para o Draco.


Draco, Daphne e Alice juntaram-se a Harry e Narcisa, mais tarde. E passearam pelos campos da escola. Narcisa relembrava os seus dias em Hogwarts, e contava a Harry alguma das suas aventuras com uma expressão meio cúmplice, meio culpada. Gostou muito de conhecer Alice, mas os seus olhos saltavam de Alice para Daphne, esperando ver algum tipo de rivalidade entre as duas. E Harry percebeu logo que Miss Malfoy lia o Semanário das Bruxas.


Harry saiu do salão com Diggory, Krum e Delacour. Bagman perguntou-lhe se sentia preparado, e ele foi o primeiro a entrar no Labirinto. Sabia que precisava de ir para Noroeste para encontrar o centro do Labirinto. O feitiço de Quatro Pontos indicava Norte.


Cedric passou por Harry meio chamuscado, e disse-lhe que os explojentos do Hagrid estavam enormes. Tinha parte da manga chamuscada. “Mas tu tens sempre problemas com fogo, Diggory” Gritou Harry, com uma gargalhada, antes de Cedric desaparecer por outro caminho.


Deparou-se com um Dementor, que tropeçou com o seu Patronus, e reconheceu imediatamente um Sem Forma. Passou por ele, sem dificuldade.


Uma cortina de nevoeiro surgiu à sua frente, e ouviu Fleur gritar do outro lado. Arriscou atravessar, e o mundo ficou virado de cabeça para baixo. O melhor é tentar atravessar. Quando conseguiu mover o joelho do chão, tudo ficou subitamente direito.


Continuou a andar. Deparou-se com um dos explojentos. Talvez não se devesse ter rido de Cedric. Parecia um escorpião com três metros. Empunhou a varinha. Cordas de fumo saíram da ponta da sua varinha e amarraram o explojento. Ele contorceu-se e tentou atacar Harry com fogo, mas o rapaz recuara alguns passos. O explojento deixou de se conseguir mexer, as cordas de fumo imobilizavam-no e sufocavam-no. A sua carapaça desfez-se e em segundos estava morto. Obrigado, Ash.


Harry continuou a correr. Caminhou durante alguns minutos, recorrendo apenas ao Feitiço de Quatro Pontos. Encontrava tantos becos que se pergunta se não devia haver uma maneira de atravessar as paredes, mas não queria perder tempo a tentar. Com Fleur possivelmente fora, só faltam Krum, Cedric e Harry.


Ouviu Krum usar a maldição da tortura em Cedric, e atordoou-o. Apesar de brevemente unidos contra Krum, Harry e Cedric continuaram a corrida até à Taça.


- Estás próximo do teu objectivo, e o caminho mais rápido é passar por mim. – Disse a Esfinge.


- O Enigma? – Harry perguntou, com um sorriso.


Pensa no que é essencial à vida. Que apesar de forte nunca te intimida. A palavrinha que vem antes de Alice, Daphne ou Millicent. E que uma artimanha vai finalizar. Um bicho que não querias beijar.


- Aranha. – Harry respondeu com um sorriso. O ar é essencial à vida, anha finalizava artimanha. E era um bicho que ele não queria beijar.


A Esfinge desviou-se. A Taça estava à sua frente. Assim como Cedric. Foi, então, que uma terrível Acromantula surgiu do lado direito. “Cedric. À tua esquerda” Avisou Harry. Cedric tentou desviar-se, mas tropeçou. A varinha voou-lhe da mão. “Impedimenta” gritou Harry, paralisando temporariamente as pernas da Aranha. Cedric agarrou a varinha e tentou atordoar a Aranha, mas esse não era o tipo de feitiço que resultasse. Só parecia enfurecê-la. O ponto sensível das Acromantulas é o ventre.


Harry lançou uma maldição para que algumas pernas da aranha se quebrassem. Ela ficou desequilibrada, e o seu ventre exposto a Harry que a atingiu com uns quantos feitiços de atordoar. Ela ficou fora de combate.


Cedric olhou para ele. E começaram os dois a correr para a Taça. Cedric chegou Primeiro. Mas hesitou, ficando a olhar para Harry.


Harry estava indeciso. Talvez Moody tivesse enfeitiçado Krum, e o tivesse usado como peão para matar Harry. Se ele pegasse a Taça, o pesadelo terminaria. Mas se Moody estivesse apenas a tentar abrir caminho para Harry, o que aconteceria quando pegasse na Taça? Não podia deixar que Cedric sofresse o destino que um qualquer Devorador da Morte lhe reservara.


- Vamos. Pega-lhe. – Cedric disse - Mereces. Salvaste-me a vida duas vezes neste Labirinto.


- Chegaste antes de mim. – Harry limitou-se a dizer. Não queria uma vitória desleal. Cedric merecera a Taça. Havia uma solução. – Pegamos ao mesmo tempo.


- Aos três. – Cedric concordou com um aceno, ao fim de alguma hesitação. – Três…Dois…Um…


Era um botão de transporte. Harry sentiu-se viajar quilómetros num turbilhão de vento e cor. Aterraram num cemitério, onde se via uma bela casa na encosta.


- Alguém te falou disto? – Cedric sussurrou.


- Não. – Harry disse, erguendo a sua varinha.


Uma figura apareceu à sua frente. Era baixa e tinha nas mãos uma espécie de embrulho de roupas.


- Quem és tu? – Harry perguntou, apontando a sua varinha na direcção da figura.


A figura parou a poucos metros dele. A cicatriz de Harry explodiu de dor. Cerrou os dentes. Ouviu uma voz murmurar: Mata o que está a mais.


Viu a figura baixa erguer a sua varinha, e apontou a sua própria varinha para Cedric. Fez um feitiço de expulsão. Cedric voou uns quantos metros e a sua cabeça bateu em cheio numa lápide. A maldição da morte passou o local, onde ele estivera momentos antes.


Desarma-o. Desarma-o. Ouvia a voz. Parecia distante. Harry não se conseguia concentrar, a sua cabeça parecia que ia explodir. O Feitiço de Desarmar atingiu-o.


O homem agarrou Harry e arrastou-o até a uma lápide de mármore, amarrou-o do pescoço aos tornozelos. A dor da cicatriz parecia diminuir. Viu que lhe faltava um dedo na mão. Reconheceu Wormtail. Depois de garantir que Harry estava firmemente amarrado, pôs-lhe um bocado de túnica na boca. Na lápide lia-se: TOM RIDDLE.


Wormtail parecia preparar uma poção, arrastou um caldeirão. O embrulho estava depositado aos pés de Harry, e ele não conseguia olhá-lo. Quando Wormtail o desembrulhou, Harry viu um corpo de criança, pequeno e frágil, coberto do que pareciam ser escamas pretas e vermelhas. Wormtail depositou-o no caldeirão.


“Osso do pai, dado inconscientemente, reanimará o seu filho”


A superfície do túmulo aos pés de Harry estalou. Pó branco esvoaçou e depositou-se no caldeirão. A superfície diamantina da água quebrou-se e tornou-se de um azul venenoso. Wormtail retirou um punhal fino e prateado do manto, agora gemia: “Carne do servo, voluntariamente sacrificada, reavivará o seu senho”. Wormtail gritou de dor e cortou a sua mão a que faltava um dedo. A poção ficou de um vermelho incandescente.


“Sangue do Inimigo, violentamente retirado, ressuscitará o seu antagonista” Solução Wormtail. Não valia a pena debater-se. Não havia nada que Harry pudesse fazer. O punhal de Wormtail deslizou pelo seu braço direito e o seu sangue escorreu para um frasco. A poção tornou-se branca.


As faíscas cessaram. Só ficou vapor, como se a poção se tivesse extinguido a si mesma. E, então, um homem alto e magro saiu de dentro do caldeirão, ordenando a Wormtail que o vestisse. E Harry soube que Lord Voldemort se voltara a erguer.


Fintou Harry por uns segundos, depois começou a examinar o seu próprio corpo. Uma serpente enorme sibilava agora aos pés de Harry, e ele perguntava-se se ela sempre ali estivera, ou se voltara com o seu mestre. Pareceu ignorar Wormtail que choramingava, sujo com o seu próprio sangue, agarrado ao coto.


- O teu braço, Wormtail. – Ordenou Voldemort.


Harry viu que Cedric começava a mexer-se. Voldemort carregou na Marca Negra de Wormtail. Ele estava a chamar os Devoradores da Morte. Harry sabia que Cedric só tinha de agarrar a Taça, não havia Feitiço de Transporte que não tivesse um efeito de retorno. Tinha de se livrar da túnica.


Voldemort virou-se para Harry, e explicou-lhe que ele estava amarrado à lápide do pai dele – como se Harry não tivesse percebido já isso – e que aquela casa da encosta era a casa da família do pai de Voldemort, um muggle. Contou-lhe que a sua mãe era uma feiticeira que morava na vila e se tinha apaixonado por ele. Tinha-a abandonado, porque não gostava de magia e a sua mãe tinha morrido ao dar-lhe à luz, deixando-o crescer num orfanato muggle, com o nome do seu pai: Tom Riddle. Mas Voldemort vingara-se. O seu pai só se revelara útil na morte, e a mãe de Harry morrera para o proteger. Eram ambos uns idiotas que tinham tido a sua utilidade, na opinião de Voldemort.


Harry limitou-se a fintá-lo, concentrando-se para não olhar para Cedric, que se começava a mexer.


A verdadeira família de Voldemort chegou, os Devoradores da Morte formaram um círculo que incluía a lápide onde Harry estava amarrado, mas só depois de se terem ajoelhado e beijado o manto de Voldemort.


- Treze anos. Treze anos…- Dizia Voldemort. Harry mastigava desesperadamente a túnica que Wormtail lhe deixara na boca – E aqui estão reunidos, como se tivesse sido ontem. Vejo-vos com os poderes intactos, e nenhum de vocês veio em auxílio do senhor a quem tinham jurado lealdade eterna…Pergunto a mim mesmo…terão acreditado que eu poderia ter sido derrotado? Eles que tinham visto amostras do meu poder, quando era superior a qualquer feiticeiro vivo… Terão acreditado que havia um poder superior ao meu? Ou será que agora prestavam lealdade a outro? Talvez àquele campeão de plebeus e sangues-de-lama, Albus Dumbledore?


Harry via-os abanar a cabeça. Pelo canto do olho, viu Cedric erguer-se e olhá-lo. Harry abanou a cabeça para que não fizesse nada. O Hufflepuff sangrava da testa, e parecia compreender o que estava a acontecer.


Um homem chegou-se à frente. Tremendo dos pés à cabeça, caiu aos pés de Voldemort. “Perdoai-me, senhor. Perdoai-nos a todos” Implorou. Voldemort riu-se e ergueu a sua varinha. “Crucio” Sibilou, e o homem contorceu-se de dor.


Harry cuspiu a túnica, discretamente. Cedric parecia querer salvá-lo. Voldemort estava ocupado. Nenhum dos Devoradores da Morte tinha a varinha na mão.


- AGARRA A TAÇA. AGARRA A TAÇA. NÃO SEJAS TOLO. – Harry gritou.


Os Devoradores da Morte viraram-se para trás, e Cedric percebeu que agora não havia outra hipótese senão fazer o que Harry dissera. Correu para a Taça, e desapareceu assim que a agarrou.


- Levanta-te, Avery. – Disse Voldemort suavemente, ignorando a fuga de Cedric – Eu quero a paga pelos treze anos de abandono…


Deu uma mão prateada a Wormtail, por o ter ajudado a recuperar o seu corpo. E falou quase a cada um dos Devoradores da Morte. Harry cerrou os dentes. Lucius Malfoy, Mr. Crabble, Mr. Goyle, Mr. Nott, Mr. Bulstrode, tudo homens que ele conhecia, pais dos seus amigos e que lhe haviam aberto as portas de sua casa, que o haviam cumprimentado…


Voldemort mencionou que os Lestrange seriam honrados acima de todos os outros, assim que saíssem de Azkaban. E mencionou que tinha um espião em Hogwarts, provavelmente o mais fiel dos seus servidores, um que já havia regressado ao seu serviço. Um outro era demasiado covarde para regressar, e pagaria por isso. Harry deduziu que se referia a Karkaroff. E um terceiro que Voldemort julgava tê-lo abandonado para sempre, e que seria morto. Era Snape.


Depois, Voldemort contou-lhes como a maldição fizera ricochete, e o sangue da sua mãe protegera Harry, quando Voldemort tentara agarrar a Pedra Filosofal, mas que agora – com esta poção da sua criação – ele ultrapassara essa barreira. A testa de Harry ardeu, quando ele lhe tocou com o dedo esbranquiçado.


E contou-lhes como Wormtail seguira as ratazanas e lhe levara Bertha Jorkins, mais por sorte do que por talento, e as informações de Bertha tinham feito com que se infiltrasse um espião em Hogwarts, e conduzido Harry até onde ele se encontrava.


E torturou Harry no final, com Cruciatus. Era a maior dor que Harry já suportara. Cerrou os dentes, e fechou os olhos. Não grites. Não lhe dês o prazer de gritar. O seu corpo tremia loucamente contra as cordas. Um grito, finalmente, escapou pelos seus lábios. Morrer, seria melhor do que isto. Ele vai matar-me de qualquer maneira. Desespero. Mais um grito. Lágrimas nos olhos. Mas não voltou a gritar. Obrigou-se a aguentar.


Gargalhadas ecoaram na noite. E, então, tudo parou. Sentia-se fraco. Abriu os olhos, e fintou os olhos vermelhos de Lord Voldemort.


- Desamarrem-no. – Ordenou Voldemort – E dêem-lhe a varinha dele.


- Senhor…- Era a voz de Lucius Malfoy – O rapaz tem de morrer?


- Eu ouvi dizer que o rapaz era amigo do teu filho, mas nunca pensei que fosses afeiçoado a ele, Lucius. – Riu-se Voldemort


- Não sou. – Lucius disse. “Mentiroso” Sibilou Voldemort “Eu sei quando me mentem, Lucius”.


- Ele é bastante talentoso para a idade dele, meu senhor. E vós sempre admirastes talento. – Lucius retorquiu – Sou o vosso mísero servo, meu senhor.


Voldemort não respondeu. Os Devoradores da Morte pareciam bastante nervosos. Harry estava agora de pé, em frente de Lord Voldemort, e tinha a sua varinha na mão.


- Foste ensinado a duelar, Harry Potter? – Perguntou Lord Voldemort.


- Fui. – Harry respondeu, seco. Se não fizesse o que Voldemort queria, ele iria arranjar uma maneira de o obrigar a fazer. Fez uma vénia e ergueu a varinha ao nível do rosto, como o tinham ensinado no seu segundo ano.


Voldemort riu-se, e curvou-se, também, numa pequena vénia. Harry tentava pensar em maneiras de escapar, mas não via nenhuma. Ia morrer.


Uma nova maldição da tortura atingiu-o, mas desta vez ele tinha a varinha na mão e obrigou-se a reagir. Lançou um Feitiço de Desarmar contra Voldemort. O Senhor das Trevas foi obrigado a quebrar a tortura para se defender.


Harry levantou-se de varinha erguida. Voldemort sorria, ao vê-lo erguer-se. Harry reuniu as suas forças. E atacou, novamente.


Precisava de maldições, que não pudessem ser bloqueadas com um simples escudo. “Veleno Saguinem” Sibilou, uma luz preta saiu da sua varinha. Era a maldição do sangue envenenado, que lançava veneno nas veias de quem atingia. Voldemort bloqueou o feitiço com facilidade. Quando contra-atacou, Harry conseguiu desviar-se.


Voldemort parecia divertir-se com os esforços vãos de Harry. Recorreu a maldições de cegueira, de alucinação, de queimar… Voldemort, finalmente, pareceu ficar cansado de o observar. Já não sorria, havia uma espécie de respeito no seu olhar. Mandou-o ao chão com facilidade.


- Eu vejo o que o Lucius queria dizer com seres talentoso. – Voldemort sibilou. – Mas tu tens de morrer…Avada Kedrava.


- Sectumsempra. – Gritou Harry, de volta. Se ia morrer, pelo menos tentava que Voldemort fosse para o Inferno com ele.


E as varinhas ligaram-se. Voldemort ordenou aos seus Devoradores da Morte que não se mexessem. As vítimas da varinha começaram a surgir. Um muggle, Bertha Jorkins…Os seus pais. Sorriram para Harry, com pena nos seus rostos.


- Não tens medo, Harry. – Sorria Lily – Não tenhas medo.


E Voldemort quebrou a ligação.


- Porquê? – Harry perguntou, subitamente – Ao menos, diz-me porque é que me tentaste matar, quando eu tinha um ano.


- O Dumbledore não te contou Harry Potter? – Riu-se Voldemort. – Há uma profecia, Harry Potter, uma profecia que diz que tu estás destinado a matar-me. Essa profecia acaba hoje, não é verdade? Crucio.


Harry riu-se friamente. E caiu de joelhos no chão. Eu não quero morrer.


- Eu não sou o rapaz do Dumbledore. Eu nem devo ser o rapaz dessa profecia. – Harry sibilou – O Dumbledore condenou-me a viver com os meus tios muggles. E eu só descobri que era um feiticeiro aos onze. Ele impediu-me de ir viver com o meu padrinho no ano anterior. Eu odeio o Dumbledore quase tanto como tu. E ele detesta-me porque eu sou um Slytherin, quando ele queria que eu fosse um Gryffindor.


Voldemort parou a maldição. E fintou Harry com uma expressão vaga, como se o tivesse a avaliar.


- E a quem és tu leal, Harry Potter?


- A mim mesmo? A ninguém? – Harry encolheu os ombros.


- Serias leal a mim, Harry Potter? – Voldemort sibilou – Isso destruiria o Dumbledore, não destruiria? Ver a esperança da sua profecia convertida num dos meus Devoradores da Morte…


Harry olhou para Voldemort. Mataste os meus pais. Um dia, matar-te-ei. “A tua misericórdia por esta noite, dar-te-ia a minha lealdade” Harry murmurou. E Voldemort pareceu acreditar.


Voldemort aproximou-se. E agarrou-o no braço esquerdo. Apontou a sua varinha. Uma dor atingiu Harry. O mundo desapareceu. Era pior do que o Cruciatus. Sentia-se sufocar. E não sentia nada senão dor. A voz de Voldemort soava distante.


Ser-me-ás leal. Cumprirás as minhas ordens e desejos. Vais dar o teu melhor por mim. De hoje em diante, estás unido a mim.


A dor aumentava a cada palavra. É essa a tua vontade? A dor pareceu acalmar durante a pergunta. Sim, meu senhor. Harry respondeu, quase não reconhecendo a própria voz. Uma dor como algo que nunca antes tinha sentido queimou-o. O seu corpo não se aguentou em é, e caiu ao chão abrindo o lábio. Quando abriu os olhos, tudo lhe parecia mais luminoso e Harry estava agradecido por estar vivo.


Olhou para o seu braço esquerdo. Em luzes verdes e pretas, a marca negra cintilava no seu braço.


- O que vais fazer agora, Harry?


- Voltar a Hogwarts e matar Barty Crouch. – Harry sibilou – Eu não sou o único a saber que ele anda disfarçado de Moody, e acho que é melhor ele morrer antes de revelar os vossos segredos, meu senhor.


- E Cedric Diggory? – Voldemort sibilou.


- Já deve ter alertado o Dumbledore por esta altura, é igual ficar morto ou vivo, não é, meu senhor? – Harry retorquiu, numa voz rouca.


- Tu ajudaste-o a escapar. – Voldemort pareceu subitamente irritado. – Crucio.


Desta vez, Harry não levantou a varinha e não fez qualquer gesto para afastar o feitiço. Limitou-se a cerrar os dentes e os punhos e a aguentar o melhor que conseguiu. Gritou.


- Porque não imploras pelo meu perdão, Harry? – Voldemort sussurrou.


Porque jamais te implorarei por o que quer que seja. “Porque mereço o meu castigo, meu senhor” E Harry esperava que Voldemort gostasse o suficiente da mentira para não a vasculhar. O feitiço cessou. “Como vais dizer que escapaste?” Voldemort perguntou.


- Vou dizer que obriguei o Wormtail a desmaterializar-se. – Harry apontou a varinha para Peter Pettigrew. – E vou entrega-lo aos Dementors.


- E o que te leva a pensar que eu te vou deixar levar o meu servo? – Voldemort riu-se.


- Porque ele é inútil, agora. E eu vou matar o Crouch, que, também, é dispensável. Ele não passa de uma criatura traiçoeira, não creio que seja uma grande perda. – Harry sibilou – E o suficientemente covarde para se desmaterializar comigo, caso eu dissesse que ameacei matá-lo.


- Leva-o. – Voldemort acenou.


- Não, meu senhor, por favor, por favor – Pettigrew guinchou, agarrando-se ao manto de Voldemort.


Harry apontou a sua varinha para Pettigrew “Tu vais fazê-lo, ou juro que te torturo lentamente que vais desejar que cem Dementors te levem para Azkaban”. Isto pareceu calá-lo. Harry olhou para Voldemort que o observava com um sorriso, e achou que deveria acrescentar qualquer coisa.


“Com a vossa permissão, meu senhor” Harry murmurou.


- Malfoy, leva o Potter e volta. Não confio que o Pettigrew seja capaz de levar o Potter. – Ordenou Voldemort.


Sentiu Lucius Malfoy a pôr a mão no seu ombro. No momento seguinte, estava à entrada de Hogwarts.


- É o mais perto que consigo trazer-te, Harry. – Disse Malfoy. Pettigrew tinha duas varinhas apontadas ao seu pescoço e soluçava alto.


- Obrigado, Mr. Malfoy. – Harry acenou.


Amarrou-se a Pettigrew com uma corrente, e obrigou-o a caminhar pelos campos. Dumbledore não estava em lado nenhum para ser visto, junto do Estádio de Quidditch. Harry convocou o seu manto de invisibilidade e obrigou Pettigrew a caminhar debaixo dele, depois de o fazer um feitiço silenciador. Amarrou-o, e deixou-o petrificado num armário de vassouras, com fundo falso.


Correu para a Câmara dos Segredos. E reabriu-a. Mata Kemantian surgiu através da estátua.


- Eu tenho um nome para ti. – Harry sibilou – Mantém-te perto de mim, e espera pelas minhas ordens.


- Sim, mestre.


O Basilisk sibilou e partiu pela canalização. Harry reanimou Pettigrew e voltou a amarrá-lo, assim. Consultou o mapa, que convocara com um segundo feitiço. Dumbledore, Snape e Barty Crouch estavam todos na Ala Hospitalar, o que significava que Draco e Daphne ainda não tinham tido oportunidade de partilhar as suas teorias com o Director.


O Ministro estava num corredor, a caminho da Ala Hospitalar.


- Senhor Ministro. – Chamou Harry.


- Harry? – O Ministro pareceu espantado – Ia agora mesmo ter com o Dumbledore. O Diggory diz que Voldemort renasceu! Completo disparate. Tu estás bem? O que foi que aconteceu?


- Nada, Senhor Ministro. Apenas que o Peter Pettigrew tentou uma última jogada. – Harry ergueu o pulso direito. – Foi ele quem traiu os meus pais, e assassinou a Bertha Jorkins.


Dumbledore, Snape e Moody apareceram à porta da Ala Hospitalar, nesse momento. Harry soltou Pettigrew com um gesto da sua varinha.


- Sirius Black é inocente. Faça-me um favor, Senhor Ministro, e entregue esse verme aos Dementors. – Harry sibilou.


Dumbledore aproximou-se de Harry e segurou-o pelos ombros.


- Harry, o que foi que aconteceu, quando saíste do Labirinto? – Dumbledore perguntou. – É importante que nos contes, Harry.


- Mas eu não quero contar, Professor. – Harry recuou. – Eu não quero contar.


- É verdade que o Voldemort regressou? – Dumbledore perguntou.


- A palavra do Diggory não lhe chega? – Retorquiu Harry.


Dumbledore largou-o. Os olhos azuis do Director pareciam subitamente magoados, mas Harry não se deixou impressionar e virou costas. Moody agiu, tal como ele esperava que ele agisse.


- O rapaz está traumatizado, Dumbledore. Deixa-me falar com ele…Fica com o Diggory. Eu cuido do Potter. Ele fica seguro. – Moody arrastou-se atrás dele. – Anda daí, Potter. Não tens de dizer nada, vem só comigo.


Ele puxou-o para o seu gabinete.


- O Karkaroff fugiu esta noite, quando sentiu a marca negra queimar-lhe o braço. – Sorriu Moody – O Senhor das Trevas renasceu, Potter. Diz-me…ele torturou a escumalha que nunca foi à procura dele?


- Torturou o Avery. – Harry respondeu.


- Eu bem me esforcei para que tu ganhasses o torneio. Pus o teu nome no Cálice de Fogo. Tentei convencer o Hagrid a mostrar-te dos Dragões, mas ele recusou. Dei um livro ao teu amigo Nott que continha o Guelracho. E enfeiticei o Krum para que derrubasse os outros no Labirinto. Mas tu impressionaste-me, Potter…tu conseguiste fazer tudo sozinho, não foi? – Moody riu-se, loucamente. – Imagina como o Senhor das Trevas me vai honrar acima de todos os outros, quando souber que eu te levei até ele, e depois matei-te, quando tu conseguiste escapar.


Harry levantou a manga esquerda da sua camisa naquele momento. Crouch viu a marca.


- Tenho a certeza de que o Senhor das Trevas te está muito agradecido. – Sibilou Harry, friamente – Mas é tempo de morreres.


Apontou a varinha para a parede. Sentia Mata Kemantian no cano. A parede moveu-se e o enorme Basilisk deslizou, arrastando água consigo. Mata-o, sibilou Harry. Os olhos amarelos do Basilisk encontraram os de Crouch e ele caiu morto.


Harry fechou a parede. Aspirou a água do chão. E saiu, debaixo do seu manto de invisibilidade. Foi para o seu dormitório.


Já nem sequer conseguia pensar. 

N/A: Espero não ter desiludido muita gente ao pôr o Harry como Devorador da Morte. Espero que tenham gostado de ter o Cedric Diggory vivo. Gostaram? 

Xandevf: Quer dizer, que se o Harry e a Daphne acabarem juntos é divertido?
 

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Comentários (1)

  • Guilherme L.

    Interessante o Harry como comensal,quero ver como você vai fazer pra acabar a história,já que vai divergir um bocado do livro a partir de agora :P. Acho que o Harry e a Daphne devem acabar juntos sim,rolando até mesmo um romance,não disse que era ruim,só que em demasia acho que a história fica melosa,mas o romance tem que acontecer sim =]. AH,estás de parabéns de novo,foi um ótimo capítulo!

    2013-04-21
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