Segunda Tarefa



- Greengrass, o meu manto? – Harry perguntou, na manhã seguinte, durante a aula de Encantamentos.


Ela riu-se. “Precisaste dele? Ah! Desculpa. Eu usei-o para ir ter com os Weasley. Eles combinaram vender-me uma varinha falsa”.


Harry olhou para Flitwick que ainda não fizera nenhuma demonstração do Feitiço de Expulsão que estavam a praticar, e agitava a sua varinha de um modo estranho. Riu-se ao perceber o que Daphne fizera.


- Adoro-te. – Harry sussurrou.


- Para que é que precisavas do manto de qualquer maneira? – Daphne perguntou, com um sorriso.


E Harry contou-lhe sobre a segunda tarefa e o que acontecera na noite anterior.


- Guelracho? – Daphne franziu as sobrancelhas - O Moody emprestou um livro ao Theo que falava de várias plantas, e eu acho que mencionava essa. Tive a folheá-lo noutro dia. Coincidência estranha, uh?


- Sabes o que é estranho? – Harry suspirou – O Crouch andar a coscuvilhar o armário de Snape, quando supostamente está doente.


- Já o voltaste a procurar? – Daphne perguntou, referindo-se ao Mapa.


- Tentei, mas é impossível distinguir os nomes com toda a gente atolada dentro das salas de aula. – Harry explicou.


Só depois da aula de Cuidados Com Criaturas Mágicas é que Harry teve oportunidade de contar a Draco. Granger contou-lhes que Dumbledore convencera Hagrid a voltar a dar aulas e ignorar os artigos de Rita Skeeter, e o Professor continuou o estudo de Unicórnios.


- O Snape era um Devorador da Morte, e se o Senhor das Trevas está, de facto, a ganhar poder, não sei se não devemos dar ouvidos ao Moody. – Draco sibilou – O Snape é astuto para se manter na sombra dos acontecimentos. É difícil saber a quem ele é leal.


Harry contou-lhes a conversa que ouvira entre Snape e Karkaroff na noite do Baile.


- Não significará o facto de ficar em Hogwarts prova de que é leal ao Dumbledore? – Daphne sussurrou. Ela fora a primeira a suspeitar de Snape, quando Quirrell tentara roubar a Pedra Filosofal. – Se o Snape quisesse matar o Harry, teria imensas oportunidades de o fazer, e continuariam a parecer um acidente, sem necessitar de inscrever o Harry no torneio.


- Ou então, acha que consegue o perdão do Senhor das Trevas, e sabe que fugir é inútil. – Draco argumentou. – Oiçam, quando o Quirrell tentou agarrar a pedra, não havia tantos sinais do seu possível regresso como agora, certo? O Snape é o melhor amigo do meu pai, e o meu pai não tentou propriamente esconder os seus desejos de o voltar a servir, pois não?


- Então…E o que anda o supostamente doente Barty Crouch a fazer no escritório de Snape?


- Na minha opinião, o Crouch anda por aí a tentar arranjar provas contra o Snape. – Draco disse – O Crouch era o chefe do Departamento de Execução da Lei Mágica durante a Guerra contra o Voldemort. Ele usou métodos brutais…capturas massivas, condenados sem julgamento, o uso de maldições imperdoáveis em suspeitos…mas conseguia reprimir os Devoradores da Morte, e até se falava dele para o próximo Ministro da Magia. Mas…o Crouch teve de condenar o próprio filho a Azkaban. O Barty Crouch Júnior envolveu-se com a minha tia Bellatrix, e com os Lestrange na tortura dos Longbottom. O Crouch perdeu tudo…O filho morreu há cerca de um ano em Azkaban, e pouco antes morreu-lhe a mulher de doença. Aposto que está a tentar recuperar a popularidade, capturando um Devorador da Morte. E andava a ver o que encontrava.


- Foram roubados ingredientes de Polisuco…a não ser que a Granger e os amigos estejam a tentar entrar novamente na nossa Sala Comum, há alguém disfarçado em Hogwarts. – Harry suspirou.


- Se o Crouch quisesse parar o Snape, para quê fingir que está doente? – Daphne perguntou.


- Para que o Snape nunca suspeitasse. – Draco encolheu os ombros. – Talvez, seja o Crouch que ande por aí.


- O Crouch tem andado a agir de uma forma muito mais suspeita que o Snape. – Daphne comentou – Primeiro, a elfo dele apareceu com a varinha do Longbottom e suspeitaram que ela tivesse convocado a Marca Negra. Ele nunca chegou a aparecer no lugar que ela lhe tava a guardar. E, agora, está subitamente doente e anda disfarçado no meio de Hogwarts? Os métodos do Crouch equiparavam-se aos métodos dos Devoradores da Morte, ele utilizava e deixava os seus auror utilizarem magia das trevas. Talvez, com a morte da mulher e do filho tenha delirado com a dor e aderido à Liga do Voldemort.


- O Crouch nunca se tornaria um Devorador da Morte. – Draco discordou – Ninguém capaz de mandar o próprio filho para Azkaban cede assim, certo? O Snape, por outro lado, era espião em Hogwarts, quando Voldemort caiu e manteve-se em Hogwarts e nunca fez nenhum esforço para procurar o seu Antigo Mestre, oferecer-lhe o cadáver de Harry Potter era a sua melhor hipótese de conseguir o seu perdão...Aproveitou-se do Torneio. Provavelmente, até esperava que as pessoas pensassem como tu, Daphne, o que só o deixaria mais encoberto.


- Não sei…- Harry limitou-se a suspirar. – Não vejo o Snape a inscrever-me no Torneio, mas, também, não vejo o Crouch a ser um Devorador da Morte.


- O que quer que se passe, o Crouch está de algum modo envolvido. – Disse Daphne.


Harry levantou-se e escreveu duas cartas. A primeira era endereçada para Curtis Dinzanfar e tinha um pedido: O Snuffles vai querer sair de onde quer que tu o tenhas escondido. Não deixes. Ele vai querer aproximar-se de Hogwarts, porque vai querer vir proteger-me. Mas eu estou protegido e ele só se vai expor a perigo desnecessário. Não o deixes.


A segunda era para Sirius, e contava-lhe o que acontecera durante o episódio do Guelracho e as opiniões de Draco e Daphne.


Alice animava Harry, apesar de não fazer ideia do que estava a acontecer.  


Greengrass sugeriu a Harry que lhe desse chocolates no dia dos namorados, e Harry seguiu o conselho só para descobrir que a sua namorada era alérgica a chocolate e a sua melhor amiga enganara-o. Tentou explicar-se. Primeiro, ela virou costas, mas após persegui-la por uns quantos corredores, ela ouviu-o e riu-se. Deixou que lhe oferecesse o ramo de rosas.


Desde que Harry vencera o Dragão, tinham multiplicado os crachás de DIGGORY É SEGUNDA ESCOLHA por Hogwarts, mas Harry só reparou verdadeiramente nisso, quando se aproximou a data da segunda tarefa.


O dia 24 de Fevereiro começou com uma manhã fria. Harry e Draco foram para junto do Lago, onde os Professores, Percy Weasley e Ludo Bagman esperavam os campeões numa tenda.


Uns minutos depois, Harry colocou o Guelracho na boca e começou a entrar no Lago. A água estava gelada, parecia queimar. Mastigava o Guelracho o mais depressa que conseguia. A água já lhe estava pela cintura, quando começou a sentir-se tonto, levou as mãos ao pescoço e sentiu as suas guelras. Mergulhou. A água parecia agora fresca e apetecível. Nadava rápido. Membranas ligavam os dedos das mãos, e os pés tinham sido alongados e ligados por membranas, também, como se tivesse barbatanas.


A água era escura e enevoada, conseguia ver pouco mais do que três metros em seu redor e já tinha deixado de ver a costa. A vantagem é que não tinha de pestanejar, os seus olhos estavam como que protegidos da água.


Quando mergulhou por entre as algas profundas, teve de combater um bando de Grindylows. Murta Queixosa apareceu vinda de lado de nenhum, e disse-lhe para ele ir mais para a direita. Começou a seguir a mesma música que ouvira, quando abrira o ovo.


Não eram sereias. Eram criaturas de pele esverdeada e longos cabelos escuros que o olhavam de soslaio, à medida que se aproximava. Era como se houvesse uma espécie de vila, ali em baixo, e mais deles aproximavam-se para o ver chegar.


No centro da cidade, rodeada por uma espécie de grupo coral que cantava, havia uma sereia esculpida no rochedo. E atada a essa Sereia, estavam quatro pessoas. Tirámos o que mais falta te faz. Havia uma miúda pequena, que não parecia ter mais de oito anos, e a julgar pelo cabelo loiro e pelos traços vincados do rosto, era a irmã de Fleur Delacour. Ela estava amarrada entre Cho Chang e Hermione Granger.


Harry olhou, então, para a quarta pessoa amarrada. Dumbledore seleccionara Chang para Diggory, e Granger para Krum, Harry esperava ver Alice, mas a quarta pessoa era Daphne Greengrass. Nadou para ela, e cortou as amarras de Sirius, abraçando-a com cuidado, e com um sorriso. O que mais falta te faz, não conseguiu evitar pensar se não seria verdade.


E Harry nadou para ela, sem hesitar. Agarrou no canivete de Sirius e cortou as cordas. Pegou nela e nadou de volta. Cruzou-se com Diggory, que estava mesmo a chegar, mas chegou primeiro do que qualquer outro à margem do lago.


Agarrava Daphne contra o seu peito com ambos os braços e nadava só com os pés. Não era tão rápido, mas era rápido o suficiente. Daphne acordou assim que chegou à superfície. Harry sentiu os seus braços agarrarem-se instintivamente em torno do seu pescoço.


- Tudo bem, Daph? – Harry perguntou numa voz rouca.


As guelras e as membranas começaram a desaparecer. Daphne sorriu, meio cansada e nadaram as últimas braçadas lado a lado. Foram embrulhados em toalhas e ficaram lado a lado a ver os outros participantes chegar. Os olhos de Harry procuraram Alice na multidão, ela não parecia ciumenta, estava a aplaudi-lo como todos os outros. Harry sorriu para ela, o que levou uma das suas amigas a dar-lhe uma cotovelada e a soltar risinhos.


- Ela é melhor que a Weasley e que a Springfield juntas. – Daphne opinou com um sorriso.


- Pois é. – Harry acenou.


Madam Pomfrey começou a observá-los com uma expressão preocupada. Diggory foi o segundo a chegar e trazia Chang consigo, Krum foi o segundo e Hermione vinha com ele. Fleur Delacour teve de ser resgatada dos Grindylows e foi trazida para terra, com o rosto visivelmente arranhado e o manto rasgado. Madame Maxime tentava desesperadamente agarrá-la, mas ela lutava histérica para voltar para a água.


Cedric e Harry puseram-se de pé, ambos disposto a retornar ao Lago, mas Dumbledore não os deixou. Os próprios seres subaquáticos trouxeram Gabrielle.


Os campeões foram classificados de 0 a 50, de acordo com o seu desempenho. Fleur recebeu vinte e cinco por bom uso do Feitiço Cabeça-de-Bolha, Diggory, que, também, usara o Feitiço Cabeça-de-Bolha recebeu quarenta e sete, uma vez que chegara um minuto após o tempo previsto. Krum tinha-se transfigurado num meio tubarão, e foram-lhe atribuídos quarenta pontos.


- Mr. Harry Potter usou Guelracho de uma forma espectacular – Dizia Ludo Bagman – E foi o primeiro a chegar ao local e a retornar com o seu refém. Foi o único que cumpriu os limites do tempo, e o júri concordou que merece os 50 pontos.


Os apoiantes de Hogwarts deliraram naquele momento. Um estrondoso aplauso correu as bancadas. Cedric deu-lhe um vigoroso aperto de mão.


- Uau, Potter. Parabéns. – Cumprimentou-o Granger.


- És o maior, K. – Daphne sussurrou ao seu ouvido.


Os olhos de Harry encontraram os azuis dela, e abraçou-a espontaneamente. Bagman anunciou que a Terceira Tarefa teria lugar a 24 de Junho, e os campeões só saberiam o que os esperaria um mês antes.


Harry foi conduzido para o castelo, e deram-lhe roupas secas. Alice estava à sua espera assim que saiu da Ala Hospitalar. Harry começou a contar-lhe sobre o fundo do lago, mas não lhe contou nada sobre a noite em que obtivera o Guelracho nem sobre o sítio onde descobrira a verdade sobre o ovo.


Evelyn e Draco eram vistos juntos ocasionalmente enrolados num dos cantos da escola, mas recusavam a chamar a si mesmo de namorados. Alice achava que Evelyn, no fundo, estava terrivelmente apaixonada por Draco, e tinha medo que o loiro se afastasse caso ela quisesse algo mais sério. Conhecendo Draco, Harry concordava com Alice.


Skeeter escreveu um novo artigo sobre Harry, desta vez centrado na sua relação com Alice. Descreviam como o súbito interesse de Alice por Harry era apenas resultado de ele ser campeão da escola, enquanto Harry só a usava para disfarçar os seus sentimentos por Daphne.


- Isto é ridículo. – Harry murmurou, friamente.


- Eu disse para não te meteres com a Skeeter. – Draco suspirou.


- Venham daí. 


- O quê? – Draco levantou-se espantado – Oh. Por favor, Potter. É tarde.

N/A: Okay, pessoas. Comentem, lá. Estão a gostar? Querem romance? Querem partidas? Querem o quê? Que personagens é que são uma seca? De quem é que esperavam mais? Venham daí! :)

Xandevf: É sempre terrível quando perdemos alguém de quem gostamos. Não precisa de se explicar só porque não comentar um capitulo. Mas espero que continue a gostar :). Lamento muito, a sério :( 

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Comentários (1)

  • Guilherme L.

    Está ótimo! Acho que o romance se for explorado demais fica uma história muito melosa,eu não gosto muito de histórias de romance,tem que ser na dose certa kkk,mas é fofo ver o Harry e a Daphne desse jeito,eles vão se acertar ainda :P. Xandevf,meus sentimentos. Sei o que é perder alguém e sei o quanto dói,melhoras pra ti e acredite que um dia tudo vai passar e as memórias boas é que ficarão =]

    2013-04-19
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