A Proposta



A Proposta

-NÃO!!! –Gina não conseguiu deixar de gritar –Meritíssimo, deve haver um engano. O réu é culpado. Eu SEI QUE É!!!
-Não, Srta. Weasley, não há erro algum. –Toddy disse.
Ela não podia acreditar nisso! Tinha se empenhado muito, se esforçado... Qual é? Tinha até se disfarçado de secretária do Malfoy e agüentado as conseqüentes humilhações por ter feito isso. TANTO TRABALHO! Tanto trabalho jogado no lixo! Não podia se conformar que o DESGRAÇADO tinha sido inocentado e fosse sair ileso, quando ela tinha certeza de que ele tinha “culpa no cartório”.
De repente a ruiva viu o mundo girar à frente de seus olhos e sentiu os joelhos cederem. Porém, antes que fosse de encontro ao chão, sentiu que alguém a segurava:
-Está se sentindo bem, Srta. Weasley? –uma voz masculina perguntou.
Gina piscou por várias vezes, até que tudo entrasse em foco novamente. Quem a segurava era um lindo moreno, de olhos castanhos claros e bom porte físico. Mas então ela se deu conta de que era um rosto familiar.
-Olívio Wood? –ela perguntou.
-Sim, sou, mas pode me chamar apenas de Olívio.
-Me chame de Gina então. –ela falou –e já estou me sentindo melhor, obrigada. –a ruiva respondeu e correu os olhos pelo tribunal, nem sinal do juiz, Zabine ou Malfoy.
Quanto tempo havia passado? Teria ela desmaiado sem perceber ou ficado tão perdida em seus próprios pensamentos que não percebera a saída de todos.
-Eu desmaiei? –perguntou.
-Não. –ele respondeu prontamente –Tem certeza que está melhor? Eu acho que não, ainda deve estar abalada. Vamos até a sua sala e eu poderei fazer um chá pra você.
-Não precisa. Não se preocupe comigo, já estou melhor. Além disso, não quero incomodá-lo.
-Não será incômodo nenhum.
-Okay então. Um chá deve me fazer bem. –A Weasley concordou e se retirou do 10º Tribunal com Olívio.
O moreno levou-a até a sala dela, segurando-a gentilmente pelo ombro. Gina estava pálida e Olívio tinha medo de que ela pudesse desmaiar a qualquer momento.
-Alorromora. –ele abriu a porta.
-Não sou mais uma criança, Olívio. Não preciso de tantos cuidados. –ela reclamou quando ele ajudou-a a se sentar numa cadeira.
-Teimosa até o último. Você precisa se acalmar, Gina.
-CALMA? COMO EU POSSO TER CALMA?!? –ela gritou.
Olívio respirou fundo e conjurou um jogo de chá em cima da mesa.
-Eu sei que é a sua primeira derrota nos tribunais, mas mais cedo ou mais tarde, você teria que passar por isso . Então não adianta se descabelar.
-Mas ele é culpado, Olívio! –ela exclamou –Eu sei que ele é. Obrigada. –agradeceu quando ele lhe passou uma xícara de chá.
-Se isso te confortar...Saiba que eu votei a favor da condenação dele. Eu sei que o Malfoy é culpado.
A ruiva parou a xícara a meio caminho da boca e o encarou:
-Sabe? Como assim sabe? –ela perguntou desconfiada.
Ele a encarou e sorriu:
-Está desconfiando de mim, não é mesmo? Não, não, Gina. Eu apenas quero dizer que confio no seu senso de justiça. Acredito que não mandaria alguém pra Azcaban se não fosse culpado.
-É, Olívio. Por que não toma um pouco de chá também?
Ele acenou concordando, conjurou uma cadeira com encosto aveludado e sentou-se ao lado da Weasley, servindo-se de chá.
-Está se sentindo um pouco melhor?
-Um pouco mais calma apenas, mas ainda inconformada e com muita raiva. –disse pousando a xícara e enterrando o rosto nas mãos.
Olívio passou as mãos pelos cabelos ruivos dela, desajeitadamente. Ela então levantou a cabeça e o encarou, seus olhos estavam vermelhos, mas não havia vestígios de lágrimas pelo rosto dela:
-Olívio... Você tem namorada? –ela perguntou de sopetão.
Ele foi pego de surpresa e arregalou os olhos momentaneamente:
-N-não tenho. Por que você pergunta?
-Não estaria se aproveitando de eu estar me sentindo perdida para se aproximar de mim com segundas intenções?
-Como você é desconfiada, Gina. –disse dando um sorriso matreiro –Eu só quis te ajudar. –e ficou sério –Que mal há em querer ajudar uma velha colega de escola? Mas se a minha presença te incomoda, eu posso ir embora.
Quando ele fez menção de se levantar, ela o segurou pelo braço:
-Não, Olívio. Desculpa se eu te magoei. Você pode ficar, se quiser. Apenas não acho que a companhia de uma mulher deprê vai ser agradável.
-Não precisa ser assim, Gina. Você ainda pode recorrer ao caso.
-É, mas eu precisaria de provas irrefutáveis.
-Sei lá, deve haver uma maneira de você descobrir.
“E eu vou descobrir uma maneira.” Ela pensou resoluta.

***

Ao ouvir o veredicto, Draco sorriu aliviado. Teve vontade de gargalhar ao ver a expressão de incredulidade que o rosto de Gina ostentava.
Ele assistiu de longe Olívio Wood segurar Gina e então sair com ela do Décimo Tribunal.
“A Weasley vai mesmo precisar de consolo. Então que o Wood faça isso.” Ele pensou.
Blás veio na direção do loiro:
-Consegui,os, Draco! –exclamou dando uns tapinhas amigáveis nas costas do Malfoy.
-Bom mesmo, Blás, ou você sabe muito bem o que teria acontecido. –Draco disse maldosamente e viu Zabini engolir em seco –Vamos comemorar. Hoje à noite n’O Caldeirão Mágico. Chame a turma, é por minha conta. –acrescentou baixinho e viu Blás concordar entusiasticamente.

***

Olívio passou a tarde inteira no escritório de Gina, fazendo companhia a ela. Os dois conversaram de tudo um pouco, mas principalmente sobre o que havia acontecido na vida deles e de conhecidos em comum após Hogwarts.
-Então você e o Harry terminaram? –ele perguntou após a Weasley falar sobre a nomeação do Potter como Ministro da Magia dos Estados Unidos.
-Sim. –ela respondeu com o semblante triste –Nos veríamos pouquíssimas vezes. Eu não quis deixar que o Harry ficasse amarrado à mim, entende? Em 1º lugar, eu desejo que ele seja feliz.
-Que pena, vocês formavam um belo casal. Mas você tem que seguir em frente, Gina. Não acha que o Harry também quer a sua felicidade?
-Eu sei que ele não gostaria de me ver nesse estado. –ela concordou –Mas o que eu posso fazer pra sair dessa melancolia?
Olívio pareceu pensativo por alguns momentos e então disse:
-Você precisa sair pra se divertir, Gina.
-Me divertir? Eu não tenho tempo pra isso. Preciso reunir provas pra recorrer ao caso do Malfoy.
-E você vai conseguir do jeito que está? Não, eu acho que não. Pelo que me contou, tem estado enterrada no trabalho há anos. Eu também amo o meu trabalho, mas tirei férias...
A ruiva o interrompeu:
-Mas ser goleiro do União de Pludmere é diferente de ser uma auror e advobruxa.
-Eu estou falando pro seu bem, Gina. Ou você distrai as idéias ou vai se transformar numa louca estressada.
-E para onde eu poderia sair?
-Sei lá, apenas saia. –ele disse e então olhou no relógio –Nossa! Já são 7h, eu nem vi o tempo passar.
-Temos que ir embora. –ela disse, se levantando –Foi um prazer conversar com você, Olívio. –e apertou a mão dele.
-Não gostaria de jantar comigo? –ele perguntou –Apenas como amigos. –acrescentou ao ver a cara de desconfiança que ela tinha feito.
Após pensar um pouco, a Weasley respondeu:
-Tudo bem. Para onde vamos?
-Tem alguma preferência?
-Na verdade, sim. Eu gosto bastante do “Gold Plate”. É do Colin Creevey, lembra-se dele?
-Ah, sim! Ele vivia tirando fotos do Harry. Vamos indo? –ele perguntou, saindo pela porta do escritório dela.
-Claro!. –a ruiva respondeu e trancou a porta.
Os dois foram até o Saguão de Entrada do Ministério e de lá aparataram no Saguão do Gold Plate, que era um restaurante fino, com atmosfera descontraída e de uso exclusivo da comunidade bruxa.
-Nós não fizemos reservas. Tem alguma mesa disponível? –Gina perguntou na recepção.
-Mas é claro que sim e se não tiver, daremos um jeito. A Srta. É cliente especial e é sempre uma honra recebermos celebridades. –o recepcionista, um bonito negro num terno elegante, respondeu sorrindo.
-Não sou tão famoso assim. –Olívio disse modestamente.
-Mas é claro que é! –o recepcionista exclamou –Não perco um jogo seu, é o melhor goleiro de que tenho notícia.
-Viu só, Olívio? –Gina perguntou quando o recepcionista foi falar com um garçom.
-Você não fica nada atrás, Gina. Tem saído na capa do Profeta Diário há vários dias.
A Weasley não teve tempo de responder, pois o recepcionista voltou:
-Acompanhem o Paul. Ele os levará aos seus lugares.
Gina e Olívio agradeceram o recepcionista e seguiram o tal Paul até uma mesa.
-Gostariam de ver o menu? –Paul perguntou.
-Não, não é necessário. –Olívio respondeu –Você está acostumada a vir aqui, Gina. Poderia escolher por nós dois?
-Tudo bem. –a ruiva respondeu –Bem...Risotto de camarão como prato principal, com frango grelhado ao molho branco e uma sala à La Gold Plate de entrada. De sobremesa um pavê de avelã com nozes. O que gostaria de beber, Olívio?
-O que você escolher estará bom.
-Ogden Fire Whisky.
Paul anotou tudo:
-Com licença. –disse antes de se afastar.
-Você gosta de Whisky, não é? –ela perguntou incerta.
-Sim, eu gosto. E aí? Sair está te fazendo bem?
-É, está. Você é uma ótima companhia, Olívio. Pena você ter saído com uma mulher tão problemática como eu.
-Larga disso, Gina. Pare de tentar se diminuir. Eu não estou aqui com você por piedade. Você vai deixar o Malfoy pisar em você? Não pense mais sobre esse julgamento... Pelo menos não por enquanto. Eu vejo o quanto você precisa se desligar dos problemas. Não se deixe abalar por causa do julgamento do Malfoy, você ainda é a melhor advobruxa que conheço.
-Obrigada. –ela sorriu –Eu não mereço que você perca a sua tarde e a sua noite tentando me animar.
-Eu não faço isso por piedade...
-Você já disse isso. –ela interrompeu suavemente.
-E você me ouve? –ele perguntou –Eu falo sério.
-Sim, eu presto atenção no que você fala. Lembro que você disse que está de férias. Eu não te contei que me chamaram pra jogar quadribol, contei?
-Sério? Mas que legal! Por que você não aceitou?
-Foi no meu último ano. Me convidaram para ser artilheira no Pegas de Montrose. Sim, eu sei que é um ótimo time. EU sempre adorei quadribol, mas encaro como hobby e não como trabalho. A vontade de “fazer a limpa” na comunidade mágica venceu.
-Eu tenho uma coleção de troféus no meu apartamento. Gostaria de ver?
Gina olhou pra ele. Não parecia que pensamentos maliciosos passavam pela mente dele.
“Mas mesmo assim...Será que devo aceitar?” ela pensou e antes que pudesse responder, a comida chegou.
Olívio não falou mais nada a respeito, o que fez Gina pensar que el realmente não estava com segundas intenções.
Depois do jantar, eles se dirigiram para o saguão de entrada:
-Eu quero. –Gina jogou no ar.
-Quer o quê?
-Ver a sua coleção de troféus. –ela respondeu –Isso se não for incômodo pra você.
Ele sorriu:
-Incômodo nenhum. Como seria, se eu mesmo te convidei? Podemos ir via flu?
-Claro.
-Diga “Cafofo do Olívio”. –ele informou quando ela pegou um punhado de pó-de-flu.
-O quê? –ela perguntou, se esforçando para se manter séria.
-Você ouviu o que eu disse, não se faça de desentendida, ok?
Gina deu de ombros, jogou o pó verde esmeralda nas chamas da lareira e em seguida entrou nela, dizendo:
-Cafofo do Olívio.
Após girar por várias lareiras e sentir a costumeira tontura, Gina chegou ao seu destino. Saiu da lareira e pouco depois Olívio chegou também.
-Não repare na bagunça. Apartamento de homem, sabe?
-Ah! É que você não viu o meu, mas tudo bem. Onde você guarda os troféus?
Olívio levou-a até uma sala especial e durante o trajeto Gina percebeu que apesar de não ser muito grande, o apartamento era um tanto luxuoso.
-É aqui, nessa sala. –ele informou, abrindo a porta –É a minha pequena sala com meus poucos troféus.
Gina pensou que ou ele estava sendo modesto ou era um comentário irônico. A sala podia não ser enorme, mas tinha prateleiras e prateleiras cheias de troféus.
A cada troféu, começava uma falação interminável de Olívio sobre como o conseguira. Mas Gina se sentia agradecida por não ter que pensar sobre sua derrota no tribunal e sobre Harry.
Quando o goleiro deu-se por satisfeito, já passava das 2h da manhã:
-Depois de eu falar tanto, você deve estar morrendo de sono. Vou deixar que vá embora pra descansar.
“Ele não vai me pedir pra ficar?!? Não vai me querer na cama dele? Será que o Olívio é gay? Ora, Virginia! Não seja tão egocêntrica! Não é porque ele não quer te levar pra cama, que ele é gay. E também não é por isso que eu vou me sentir um lixo...Eu não estou variando bem...Efeito do sono?” ela pensou.
-Realmente hoje foi um dia cheio. Eu não tenho palavras para agradecer o que fez por mim, Olívio...
-Apenas não trabalhe demais e já estará bom. –ele disse e beijou-lhe uma face –Boa noite, Gina.
-Boa noite, Olívio. –se despediu e aparatou na porta da frente de seu apartamento –Alorromora. –e a porta se abriu –Colloportus. –a ruiva, ao entrar, trancou a porta atrás de si.
A Weasley tomou um banho rápido, vestiu a primeira camisola que encontrou e se enfiou debaixo das cobertas. O cansaço era tanto, que ela logo adormeceu.

***

Era muito tarde quando Draco resolveu ir embora d’O Caldeirão Mágico. Ele sentou-se na cama em que estivera deitado. Havia uma loira e uma morena nuas, assim como o loiro também estava:
-Garotas, eu tenho que ir. –ele informou.
-Não, ainda é cedo, Sr. Malfoy. –a loira falou.
-Não fomos competentes em nosso trabalho? –a morena perguntou –Nos dê mais uma chance.
-Não é isso, vocês foram muito boas. Ganharão dinheiro a mais, Vick e Betty. –Draco respondeu, juntando as suas roupas e começando a se vestir.
-Por que não fica mais um pouco? –a loira apelou.
-É mesmo. –a morena concordou –É sempre um prazer serví-lo, Sr. Malfoy.
-Percebo... –ele comentou –Agradeço pelo prazer que me deram essa noite, mas a Parvati também tem a parte dela. Ela VAI querer comemorar... Não posso privar minha esposa disso, sabem? Então até outro dia. –Draco disse, terminando de se trocar e aparatando no jardim de sua mansão.
Quando ele abriu a porta de seu quarto, viu que havia apenas um abajur aceso e que Parvati estava deitada na cama, trajando apenas um roupão branco:
-Eu estava te esperando, Draco. Por que demorou tanto? –ela questionou.
-Comemoração com os amigos. –ele respondeu dando de ombros.
-Você sempre se safa, não é mesmo? Está na hora de eu te dar os meus parabéns.
-É mesmo? –ele perguntou, tirando o terno e se aproximando.
-É. –ela respondeu enquanto desabotoava a camisa dele –Vou dar um trato nesse seu corpo gostoso. É bom que não esteja cansado... –disse agora se ocupando com a calça dele –Por que hoje eu vou pegar pesado...
-“Manda vê”. –ele falou.
Parvati o empurrou na cama e sentou-se em cima dele após tirar o roupão:
-Vamos ver até onde você agüenta, Draco meu amor. –ela desafiou, começando a beijá-lo com volúpia enquanto tirava a cueca dele.
Terminado isso, ela novamente se sentou sobre ele, permitindo dessa vez que ele a penetrasse. Começou a fazer movimentos de vai e vem, num ritmo que o satisfizesse...

***

No dia seguinte, Gina acordou com o barulho da campainha.
BLÉM!!!!!
-JÁ VOU! –ela gritou, saltando da cama. Deu uma olhada no espelho, esfregou os olhos e deu uma ajeitada básica no cabelo antes de ir atender. Ao abrir a porta, deparou-se com um entregador da mesma floricultura do dia anterior:
-Olha, eu acho que está havendo algum engano por aqui. –Gina disse.
-Engano? Mas é nesse prédio, no nº 21 e para Virginia Weasley que me mandaram entregar.
-Quem mandou?
-O meu superior, mas não disse de quem era. Eu só cumpro ordens, A Essence é a melhor floricultura de toda Londres, moça. A srta. deveria se sentir lisonjeada. –o entregador disse, entregando um enorme buquê de rosas vermelhas com um cartão.
Gina fechou a porta.
“Quem será que me mandou? Hum... E se for o Olívio?” ela pensou, então abriu o cartão.

Virginia,

A vida é cheia de batalhas, mas nem sempre podemos vencê-las. O importante é vencer a guerra.
Se o seu sonho é tornar-se invencível nos tribunais... Lute para realizá-lo, agonize para fazê-lo, e definhe fazendo-o.
Se o que precisa é de um tempo pra pensar, tire um tempo pra isso. Você construiu uma carreira brilhante, não se deixe abalar por uma derrota.
Você ainda é minha advobruxa favorita.
Se quiser saber quem sou... Ligue para: 37625369
Ass: Admirador Secreto

-Aff! Deve ser um maluco em busca de 15 minutos de fama. –a ruiva disse, jogando o
Quando terminou de tomar seu café da manhã (ainda pensando no remetente misterioso), ouviu batidas na janela da cozinha. Ao ver que era Edwiges, Gina abriu um enorme sorriso e foi correndo abrir a janela.
-Oi, Edwiges. –a ruiva cumprimentou, acariciando o topo da cabeça da coruja, que piou alegremente –É do Harry? –Gina perguntou apontando o pacote que Edwiges trazia e a coruja piou como se dizendo sim.
Gina abriu o pacote. E era uma caixa dos bombons preferido dela. Havia também uma carta:

Querida Gina,
Eu fiquei sabendo que perdeu o caso do Malfoy. Te conhecendo como eu conheço, você deve estar arrasada.
Como o seu “Afoga Mágoas” nº1 (eu) não pode estar presente, eu te mandei o nº2 (os chocolates). Não se deixe abater e arrume algo pra se distrair.
Lembre-se que mesmo de longe eu vou estar torcendo por você, o que eu mais quero é te ver feliz.
Seja forte, eu sei que no fim tudo vai dar certo e teremos o prazer de saber que o Malfoy vai apodrecer na cadeia.
Com amor,
Harry

Ao terminar de ler a carta, Gina fechou os olhos e mordeu o lábio inferior para não chorar. Ficou assim até acalmar os nervos, então abriu os olhos e tomou uma decisão.
Foi se arrumar e em seguida aparatou na casa de Hermione, ela poderia ajudá-la no que queria:
-Hermione! –Gina exclamou batendo à porta com energia –Você está em casa?
-Já vou! A voz de Hermione veio do outro lado da porta enquanto a destrancava –Gina?
-Ah, oi Mione! –Gina disse abraçando a amiga –Eu preciso que me faça um favor. Pode ser?
-Claro. Do que você precisa além de um homem que...
-Mione! –a ruiva a interrompeu indignada –Eu já disse que eu e o Olívio somos apenas amigos.
-Eu sei. Eu não estava falando dele. Você precisa de um homem que te olhe com desejo e satisfaça as suas loucuras.
-Mione! O que está acontecendo com você?
-Variação na taxa hormonal. Mas o que eu posso fazer por você? É urgente?
-Sim.
-Você tem sorte de me encontrar em casa a essa hora. Você sabe que eu trabalho no St. Mungus, Gina. Só não fui hoje porque me senti mal. Mas não se preocupe, isso é normal quando se está grávida.
-Bem, é o seguinte... Mione, eu preciso que faça para mim um atestado médico que possa me afastar do trabalho por algum tempo. Você pode fazer isso?
-Hum...Posso. Mas tem certeza que é isso o que quer? O trabalho sempre foi a sua vida, Gina.
-Eu sei, mas eu preciso para um pouco para pensar e planejar como vou fazer a corda arrebentar do lado do Malfoy.
-Está obcecada pelo Malfoy, Gina, não está?
-Obcecada por justiça, Mione. –Gina corrigiu –Mais tarde eu passo para pegar o atestado então. –informou, se despediu da amiga e aparatou na sede do Profeta Diário.
-Bom dia, Srta. Weasley. O que deseja?
-Eu quero fazer um anúncio. Estou procurando por uma empregada doméstica que seja boa em feitiços, encantamentos e na cozinha.
-Ok. E gostaria de fazer a seleção por si mesma?
-Não, isso dá trabalho. Escolham uma pra mim e eu a testarei por uma semana para ver se aprovo.
-Como quiser. Tenha um bom dia, Srta. Weasley.
-Obrigada e igualmente. –Gina respondeu e aparatou de volta para seu apartamento –Acho que vou assistir TV. –falou para si mesma, sentando-se no sofá e ligando o aparelho com o controle remoto –Enfim paz.

***

Draco mais uma vez estava em sua sala na M Corporation e qual seria o seu novo investimento, quando o IB [N/A: Para quem não lembra, IB é Intercomunicador Bruxo] tocou:
-O que aconteceu, Samantha?
-Ligação para o senhor. É David Andrews, o editor-chefe do Profeta Diário.
-Pode passar a ligação. –ele autorizou e ouviu um “BIP” –Sr. Andrews? O que deseja falar comigo?
-Bom dia, Sr. Malfoy. É sobre Virgínia Weasley.
-O que tem a Weasley? –ele perguntou, aparentando indiferença.
-O senhor disse que lhe mantesse informado sobre ela. Pois bem, hoje a Srta. Weasley veio até aqui. Ela procura uma empregada doméstica.
-Contate Emelina Vance e a mande vir falar comigo. Entendeu?
-Claro, Sr. Malfoy. –David respondeu e Draco então desligou o IB.
“Agora vou ter alguém que vigie a Weasley dentro de sua própria casa. E a melhor parte é que ela nunca irá desconfiar de nada.” O loiro pensou sorrindo maquiavelicamente.

***

Uma semana havia se passado desde então. Gina tinha contratado Emelina Vance, estava de licença médica (by Mione), o admirador secreto continuava mandando bilhetes junto com rosas vermelhas e a Weasley saía todas as noites com Olívio.
Os dois tinham voltado de uma balada e mais uma vez estavam à porta do apartamento de Olívio:
-Quer entrar? –ele perguntou.
Gina concordou vagamente. Não queria ficar parada, o álcool em suas veias a deixava eufórica, bebera um pouco mais do que de costume. Olívio abriu a porta e trancou-a após passarem Por ela:
-O que quer fazer, Gina? Conversar? Jogar xadrez bruxo? Ou quem sabe assistir um filme?
-Filme. –ela respondeu indo se sentar no sofá.
Olívio ligou a TV e sentou-se ao lado de Gina no sofá. Já era madrugada e o filme que estava passando um filme erótico:
-Você quer mesmo ficar assistindo esse filme, Gina?
-Não. Por que assistir se eu posso fazer? –ela perguntou abrindo o zíper da jaqueta cinza dele.
-Gina, o que você está fazendo?
-Eu quero você. –ela respondeu e o beijou.
Olívio correspondeu, mas não demorou muito para que parasse:
-Você bebeu demais, Gina.
-Você não me quer? Eu não sou atraente? –ela perguntou sensualmente.
-Sim, Gina, você é. Mas não está raciocinado direito.
-Você é louco? Recusa uma transa,,,Olívio, você tem algum problema?
-Quem está com problemas é você.
-Problema nenhum. –ela respondeu e enfiou as mão por debaixo da camiseta dele –Você é gostoso, hein? –ela comentou, alisando a barriga dele que se encolheu ao toque dela.
-Ah...Não faz isso, Gina. –ele disse, tirando as mãos dela que tinham descido para a frente das calças dele –Não sabe como é difícil resistir? Isso é para o seu bem e o meu também, ainda vai me agradecer por isso. –disse pegando sua varinha –Estupefaça. –e a ruiva pendeu molemente de costas no sofá, desmaiada –Que sufoco! Mais um pouco e eu acho que não seria capaz de me segurar.
Olívio pegou Gina no colo e levou-a até sua cama. Depois tirou os sapatos dela e cobriu-a:
-Boa noite. –disse e juntou seus lábios brevemente.
Em seguida foi para a sala dormir no sofá.

***

Na manhã seguinte, Gina acordou com dor-de-cabeça. Não era forte, mas incomodava. Ela abriu os olhos preguiçosamente e teve que piscar por várias vezes para perceber que não estava em seu quarto.
“Onde estou? O que eu fiz para estar aqui?” pensou e então lembrou-se da noite anterior.
Levantou-se da cama e foi até a sala. Olívio falava ao telefone. Gina ficou esperando que ele desligasse o aparelho:
-...Vou bem. Sim. Nada demais. Não. Não se preocupe, isso não aconteceu. Não, agora estou ocupado. –Olívio disse quando percebeu a presença de Gina –Eu sei. Mais tarde eu te ligo. Tchau. –e desligou o telefone.
-Oi, Olívio. –Gina cumprimentou meio encabulada –Me desculpe, eu bebi mais do que deveria.
-Não faz mal, já passou.
-Tudo bem então. –disse –Quem era a pessoa com quem falava ao telefone? Se é que eu posso saber... –perguntou para desviar o assunto.
-Ah...Era o capitão do time, sabe? Ele não quer que eu deixe de treinar durante as férias...
-Eu tô indo embora, tá?
-Não, não. Nada disso. Não antes de tomar café da manhã...
Gina o interrompeu:
-Eu já te causei muito incômodo.
-Nada disso. Você tem que ficar ou será uma desfeita.
-Tá bom. –ela concordou –Mas só se você me deixar ajudar.
-Não, Gina. Você é uma visita e provará a minha especialidade.
-E qual seria? –ela perguntou curiosa.
-Waffles cobertos com mel. E iogurte batido com vitamina de frutas.
-Parece ser uma delícia. –a ruiva comentou.
-e é. Bom... Pelo menos nunca ninguém reclamou. –Olívio contou, se encaminhando para a cozinha e com Gina em seu encalço –Pode se sentar. –falou, apontando uma cadeira na mesa.
Gina sentou-se:
-Esse apartamento é seu ou é alugado/ -ela perguntou.
-É meu mesmo. –respondeu enquanto pegava as coisas necessárias –E o seu?
-Próprio também. Mas era provisório, eu pretendia vender quando... –e parou no meio da frase.
-Quando o quê?
-Nada...
-Como nada, Gina? Você ia sim dizer algo. Pode falar...
-Quando eu me casasse com o Harry. –respondeu cabisbaixa –Mas já estou superando isso. –completou rapidamente –Até que ficar um pouco longe do trabalho está me fazendo bem.
-Que bom. Você sabe que pode contar comigo, não é, Gina? –ele perguntou e a ruiva acenou positivamente –Então bote um sorriso nessa sua carinha abatida. –e ela sorriu –Assim é bem melhor.

***

Quando a Weasley voltou ao seu apartamento, o entregador da Essence a esperava do lado de fora (era o dia de folga de Emelina):
-De novo? –ela perguntou entediada, pegando o buquê de rosas vermelhas –Daqui a pouco eu poderei abrir a minha própria floricultura. Tem certeza que não sabe quem é o remetente?
-Sim, senhorita. O dono da floricultura é quem deve saber.
-E quem é o dono da floricultura? –ela perguntou curiosa.
-Faz pouco tempo que trabalho lá. Não sei o nome dele. Todos se referem a ele por um apelido, mas não me é permitido revelar.
-Como não? –perguntou irritada –Eu vou processar essa floricultura! –exclamou e bateu a porta na cara do entregador.
Ela conjurou um novo vaso, encheu com água e colocou o buquê dentro. Em seguida posicionou o novo vaso perto dos demais e pegou o bilhete que havia. Ia rasgar, mas resolveu lê-lo:

Virgínia,
Chega de jogar, está na hora de me levar a sério.
Precisamos nos encontrar, eu tenho um assunto importante para tratar com você.
Esteja no restaurante King’s Menu, na mesa nº10 às 19h30min.
Até lá
P.S.: É bom comparecer ou eu farei uma visita surpresa ao seu apartamento.

-Mas que droga! Quem esse maníaco pensa que é? Não nego que estou curiosa... Além disso, é melhor me encontrar com ele num local que tenha várias pessoas do que ele aparecer por aqui. O que é esquisito é que o King’s Menu é um restaurante trouxa... Mas ele sabe que eu sou advobruxa, então não pode ser um trouxa...Bem, hoje eu finalmente descobrirei que é ele.

***

-Draco, o que deu em você? –Blás perguntou.
Estavam na Mansão Malfoy. Draco havia resolvido dar um churrasco na sua casa e tinha dado folga para todos os funcionários da M Corporation, dos quais boa parte estava presente.
O loiro conversava com o vice-presidente, deitado numa esteira à beira da piscina e à sombra de um guarda-sol:
-Eu quero comemorar, Blás. Que mal há nisso?
-Pensei que ontem à noite já tivesse sido comemoração suficiente.
-Você acha? Mas são tipos diferentes de comemoração...A Lilá brigou com você por ter chegado tarde ontem?
-Sim, mas ficou radiante ao saber desse Churrasco. Ela e a Parvati são amigas desde Hogwarts e além disso ela gosta de sempre estar entre a alta roda. A Lilá é tão superficial... Por que é que eu me casei com ela?
O Malfoy fez cara de pensativo e então disse:
-Deixa eu lembrar... Você disse que gostava dela e que era a melhor na cama que você já tinha provado. Mas você não gosta mais dela?
-Não sei...Acho que de vez em quando ela poderia ser menos interesseira.
-Eu o quê, Blás?
-Você ama a Parvati?
-Você sabe que não. Me casei com ela por conveniência, mas gosto dela, faz tudo o que quero.
-Mas ela te ama, sabia? A Lilá conta que a Parvati é louca por você.
-Então acho que ela merece umas jóias a mais, não?
-Você não tem jeito mesmo, Draco. –Blás comentou e os dois riram.

***

Gina havia pegado um táxi e às 19h e 30 min em ponto, entrava pelo restaurante. Seu cabelo estava preso em um coque e duas mechas, uma de cada lado, pendiam pelo rosto dela. De maquiagem havia passado apenas lápis preto nos olhos e gloss transparente nos lábios. O vestido que usava era vermelho e justo, longo e aberto nas laterais até o meio da coxa. Além de ser um tanto decotado e nas costas ter apenas tiras de tecido vermelho aveludado:
-Qual é a sua mesa, srta? –um maître perguntou, tentando olhar para o rosto dela e não para o resto do corpo.
-Mesa nº10. –a ruiva respondeu e seguiu o maître até a tal mesa.
Qual não foi a surpresa dela ao chegar lá :
-Percy ? É você que tem me mandado rosas vermelhas ? –ela perguntou se sentando numa cadeira e pendurando a bolsa na mesma.
-Você não devia ter vindo nesses trajes, é provocante demais. Parece que você está sugerindo...
-Boa noite pra você também, Percy. –ela o cortou –Eu uso a roupa que achar melhor e você não tem nada a ver com isso. Por que marcou esse encontro e por que está me mandando flores ? Você é meu irmão!
-Fica calma, maninha, ou daqui a pouco você vai subir pelas paredes.
-Cale a boca, Percy ! Você é um idiota ! Ficou ao lado do Malfoy mesmo sabendo que ele era culpado...
-Gina, você não conhece o Malfoy direito.
-E nem quero conhecer ! Sei o suficiente pra querer me manter longe dele.
-Sabe mesmo, Weasley ? –uma voz arrastada perguntou.
Gina virou o pescoço e viu que era exatamente Draco Malfoy que estava parado atrás de si, nu terno negro e com cara de ofendido.
-O que faz a aqui, Malfoy ? Cai fora e poupe-me da sua desagradável presença.
-Quanta hostilidade. –respondeu pra Gina –Obrigado por fazer companhia a ela, Weasley. –acrescentou e Percy levantou-se.
-Onde você vai Percy ? Não vai me deixar aqui com ele, vai ? –ela apelou.
-Eu disse que você não devia ter vindo desse jeito... Até mais, Gina. –e foi embora.
Draco sentou-se no lugar de Percy e Gina fez menção de se levantar, mas o Malfoy a deteve pelo braço :
-Fui eu quem marcou o encontro, Weasley. Tenho um assunto importante pra tratar com você. Fique, a menos que prefira que eu vá até o seu apartamento. –ele disse e Gina resolveu permanecer sentada –Melhor assim.
-O que quer comigo, Malfoy ? Já não arruinou a minha vida o suficiente ?
-Não exagere. Eu tenho uma proposta irrecusável pra você.
-Que eu irei recusar...
-Não diga antes de saber do que se trata. O que gostaria de comer ?
-Vá direto ao assunto, Malfoy ! Eu não vou jantar com você !
-Eu acho que escargots cairiam bem...
-Quer me fazer vomitar, Malfoy ? Eu não como lesmas !
-Scargot não é uma lesma. –ele explicou paciente –Já viu uma lesma com concha ? Então se não entende de culinária fina, não fale besteiras.
-Se entender de culinária fina é gostar de comer scargot, eu prefiro continuar sem entender.
Draco suspirou e ergueu a mão no ar. Prontamente o maître se aproximou :
-O que deseja, Sr. Malfoy ?
-Salmão, arroz à grega e uma salada. Para beber eu quero vinho branco, o de sempre.
-Seu desejo é uma ordem, Sr. Malfoy. –o maître disse, fez uma pequena reverência e saiu –Assim está bom pra você e para o seu paladar não requintado, Weasley ?
Gina ignorou a pergunta dele e fez outra :
-Qual é a sua intenção em ficar me mandando rosas vermelhas ?
-Eu estava demonstrando o quanto a admiro. Além disso, pensei que toda mulher gostava de rosas vermelhas. Eu queria ver se você me ligava pra saber quem eu era ou descobria pelo número do telefone. D=3. R=7. M=6. A=2. L=5. F=3. O=6. Y=9.
-Mas você já estava me enchendo o saco. Daqui a pouco eu iria abrir uma floricultura.
-Eu prefiro não ter concorrência. –o loiro respondeu na defensiva.
-Por quê ? Você tem uma... A Essence é sua ?!?
-Sim. Qual é o problema de eu ter uma floricultura ?
-Pra quem tem um puteiro, é esquisito.
Draco estreitou os olhos :
-Eu sou dono de estabelecimentos dentro da lei, ok ?
-Não adianta querer mentir pra mim, Malfoy. Eu sei que você nao é nenhum santo.
-Eu não estou mentindo. –respondeu sério –Você acha que me sabe muito sobre mim, Weasley, mas não sabe.
-Então que, é o verdadeiro Draco Malfoy ? –ela perguntou desafiadora.
-Cabe a você descobrir, quando me conhecer melhor.
-Mas eu não... –ela começou, sendo interrompida pela chegada dos pratos.
Os dois fizeram a refeição em silencio absoluto. Gina tinha plena consciência de que ele a estava encarando com um olhar examinador.
Quando a ruiva tomou o último gole de sua taça, levantou os olhos e finalmente reclamou :
-O que tanto me olha, Malfoy ? Nunca me viu antes ?
-Não tão encantadora, você sempre foi tão arisca comigo. Nem tão de perto, a não ser em três situações.
-Do que é que você está falando ? –ela perguntou não entendendo.
-Na Floreios e Borrões quando nossos pais brigaram. No dia dos namorados, quando eu te zoei por ter escrito aquele poema ridículo pro Potter. No dia em que você e os seus amiguinhos ferraram com a minha Brigada Inquisitorial e no elevador, no dia do Tribunal... Tenho uma boa memória.
-Não exatamente. A Brigada Inquisitorial não era sua e sim da vaca da Umbridge e além disso... –Gina subitamente se calou.
-Além disso, o quê? –ele perguntou curioso _sei que ia falar algo.
-Desde quando eu sou importante a ponto de você lembrar das vezes em que ficou próximo de mim ? –ela inventou.
-Há muitas coisas inúteis das quais me recordo.... Mas algumas são realmente úteis... Mais vinho ?
-Sim, só o álcool pra me fazer te agüentar. –respondeu enquanto ele a servia –Vamos direto ao ponto. Diga-me de uma vez o motivo de ter me chamado aqui. Qual é a sua maldita proposta ?
-Estive pensando, Weasley...
-Ah, e ? Isso sim é algo novo e diferente. –ela o interrompeu.
Draco mandou-lhe um olhar fuzilante :
-Vai me deixar falar ou não, Weasley ?
-Desculpa. –ela murmurou timidamente, sob aquele olhar perigoso.
-Como eu escrevi, realmente admiro o seu trabalho como advobruxa e acho que está...
-Vai demorar muito, Malfoy? –perguntou, olhando no relógio da parede –Seja direto e objetivo, ok?
-Tá bom. –o loiro respondeu, respirando fundo após mais um gole em sua bebida –Direto e objetivo. –e encarou a ruiva –Quero você, Weasley...trabalhando pra mim.
A taça de Gina caiu no chão e se espatifou em vários pedaços, mas ela nem ligou. Um garçom veio imediatamente limpar, mas ela dificilmente teria notado:
-O quê? –perguntou gargalhando em seguida –Trabalhar pra você? Nem pensar.
-Por que não, Weasley? Eu pago bem.
-E daí que você paga bem? Eu não estou interessada em me meter com você, Malfoy. Você é um mafioso, eu não quero confusão.
-Eu não estou pedindo pra que faça nada ilícito. Eu quero que trabalhe pra mim na M Corporation, como advobruxa.
Gina mordeu o lábio inferior, ates de responder:
-Eu te acusei de ser mandante da MMVO, entre outras coisas e agora você quer que eu trabalhe pra você? Olha, eu conheço um psiquiatra no St. Mungus que é...
-Não tenho problemas psicológicos ou mentais, se é o que está insinuando.
-Então o que é, se não insanidade mental?
Mais uma vez o loiro levou o cálice aos lábios:
-Olha, Weasley. Eu enxergo talento nas pessoas e eu enxerguei em você. É uma pessoa determinada e dedicada, eu preciso de gente assim na minha empresa. Não precisa aceitar agora, pode pensar por um tempo.
-Benefícios. De quanto estamos falando?
-Duzentos galeões semanais e fixos. Direito a uma folga por semana, 13º, férias a cada 6 meses. Além de ganhar 25% de comissão por cliente.
-50%. –Gina o cortou.
Ele ponderou e acenou afirmativamente:
-50% então. É bem espertinha Weasley. Isso foi um sim?
-Não. Eu vou pensar na sua proposta.
-Esqueci de mencionar que o funcionário destaque do mês ganha um prêmio surpresa.
-Que prêmio? –ela perguntou com curiosidade.
-É bom ver que está interessada, mas se eu lhe dissesse não seria surpresa.
-Só isso que tinha pra falar? Então eu vou embora.
-Ainda não, Weasley. –Draco disse segurando a mão dela –Vamos dançar. –não era um pedido e sim uma constatação.
-eu não danço. E muito menos com você. –ela negou e ele tirou misteriosamente uma rosa vermelha de debaixo da mesa.
-Dança sim, pequena Weasley. Eu sei disso. –ele falou a puxando até onde os casais dançavam tango.
-Não, Malfoy! –ela protestou, quando ele passou uma das mãos por sua cintura.
Draco colocou o caule da rosa (que obviamente não tinha espinhos, pois ele tinha conjurado assim) preso entre os dentes, esticou um braço seu e o outro de gIna, e colou mais seus corpos.
Os dois dançavam de maneira sensual e exuberante, de modo que em pouco tempo transformaram-se no centro das atenções. Os dois mantiveram olhos nos olhos quase o tempo todo. Surpreendentemente pareciam saber qual seria o próximo movimento ou passo que o outro daria. As mãos deles passeavam pelo corpo do outro conforme a dança pedia. No fim da música, Gina pegou com a boca a rosa vermelha e Draco deixou o corpo dela tombar pra trás, segurando-a pelas costas e graciosamente inclinado na direção dela.
Soou uma série de aplausos. Voltaram a ficar de pé normalmente e perceberam que eram o motivo dos aplausos. Gina tirou a rosa da boca, ficou da cor da flor e sorriu timidamente. Draco sorriu largamente e fez um gesto com a mão de que aquilo não havia sido nada.
-Ao que parece temos aqui dançarinos profissionais. –um dos músicos falou –Como homenagem, tocaremos uma música romântica para o casal.
E uma melodia lenta começou a tocar.
“Não somos um casal!!!” Gina gritou em pensamento, mas no segundo seguinte os braços do Malfoy envolviam sua cintura.
-Eu disse que você dançava. –ele murmurou –Não faça uma desfeita. Dance comigo novamente.
-Não esse tipo de música. –ela respondeu, querendo evitar ficar colada a ele novamente.
-Todos estão olhando... –o loiro comentou.
-Oh, droga! Você venceu. –se redeu e passou os braços em volta do pescoço dele –Você sabe que eu te odeio, Malfoy. Por que me faz passar por tudo isso?
-É divertido... –murmurou lenta e arrastadamente ao ouvido dela, fazendo-a estremecer.
-Não acho. –respondeu mal humorada –Não vejo a hora de acabar.
Depois do que a Weasley pensou ter sido uma eternidade, a música acabou e os dois voltaram para a mesa de nº10.
-Eu sei que é um pouco tarde pra perguntar, mas... O que você quer comer de sobremesa, Weasley?
-Nada, Malfoy. Eu não quero mais nada. Ir embora é que seria ótimo.
-Eu te levo. –ele respondeu.
-De jeito nenhum. Eu posso muito bem ir sozinha.
-Eu faço questão. –o Malfoy insistiu.
-Realmente não é necessário. Boa noite, Malfoy. –ela se despediu, pegou sua bolsa e saiu rumo à saída.
Draco pediu a conta e depois de pagar, saiu calmamente até a saída. Gina estava lá e gritava com os seguranças:
-SAÍAM DA MINHA FRENTE! Eu tenho que ir embora!
-Não podemos deixar a srta sair desacompanhada... –um dos seguranças explicava.
-Bom trabalho. Matt, Paul. –Draco chegou dizendo e deu 100 euros pra cada um.
-Malfoy, seu desgraçado! Foi você!
-Calma, Weasley. Eu disse que te levava, mas você tinha que ser apressada. –ele disse e ofereceu o braço pra ela.
Gina aceitou o braço dele e a carona, mas muito brava com tudo. Eles saíram do restaurante:
-Vai chamar um táxi? –ela perguntou.
-Pra quê? Olha lá. –disse apontando uma limusine preta.
A Weasley achou melhor não comentar nada a respeito disso. Draco abriu a porta pra ela e depois de a ver acomodada, fechou-a e entrou pelo outro lado.
-Sabe aonde fica o prédio da Weasley, não sabe, Ewan? –Draco perguntou ao motorista, que Gina não deixou de notar ser muito bonito, que afirmou –Pois bem, vamos pra lá. –Draco informou e em seguida apertou um botão que fez uma separação subir entre eles e Ewan.
-Isso aqui é à prova de som? –Gina perguntou preocupada.
-Sim e esse carro é todinho blindado também. Mas por que pergunta? Parece nervosa...
-Se você me matar, ninguém vai ver ou ouvir.
-Por que eu te mataria?
-Por que me traria pra um lugar à prova de som?
-A minha limusine é assim. –ele se defendeu –Queria que eu a mudasse só pra você entrar?
-E por que é assim?
-É útil... –o loiro respondeu enigmático –Quer beber algo?
-Não, obrigada.
-Assistir? –ele perguntou e ela assentiu, pensando que seria melhor se distrair com a tv do que ficar conversando com ele.
Draco pegou o controle remoto e apontou para a telinha, que ligou imediatamente. Estava passando um filme pornográfico e o casal do filme estava bem “animado”.
“Será que homem só sabe assistir esse tipo de file?!?” perguntou-se.
-O que você quer assistir? –o Malfoy perguntou educadamente.
-Com certeza isso não. –respondeu rapidamente e Draco foi mudando de canais, até Gina se dar por satisfeita –Pare! Eu quero assistir ao Animax. Está passando FMA!
-FMA? –ele perguntou –O que é isso?
-Full Methal Alchemist. É um anime.
-Um ani-o-quê?
-Deixa pra lá, apenas assista.
Logo eles chegaram ao prédio:
-Obrigada pela carona, Malfoy. Bo...
-De nada. Eu te levo até lá em cima.
Uma sirene tocou no cérebro de Gina.
“Cuidado Gina! O Malfoy é da máfia, é um assassino, é casado e mulherengo...E isso de me levar lá em cima provavelmente é uma desculpa entrar no meu apartamento e...Estou encrencada!”
-Não precisa. Está tudo bem, eu posso ir sozinha. Não há problema algum nisso.
-Não seja boba, Weasley. Você não tem nada a perder. Eu sou um cavalheiro, levo as damas até a porta.
-Até a porta? –Gina questionou desconfiada.
-Sim. Eu não vou te matar, Weasley. –ele afirmou –Não se preocupe.
Gina bufou:
-Você vence pela insistência. Vamos logo.
Fizeram o caminho em silêncio, inclusive o tempo em que estavam no elevador. Ao chegarem na frente da porta do apartamento dela, Gina disse:
-Viu só? Não precisava se dar ao trabalho de...
-Shiu. –ele disse e colocou um dedo sobre os lábios dela –Não foi trabalho nenhum. Não esqueça da minha proposta. –falou pegando a mão dela e a beijando educadamente –Boa noite, Weasley. –e aparatou.
Gina ficou abismada por ele não ter tentado nada, mas se sentiu aliviada por isso. Por fim percebeu que ele havia deixado um papel em sua mão [N/A: Como o Leo di Caprio fez com a Kate Winslet no Titanic]:
-Lumus. –disse ao sacar a varinha desdobrou o papel para lê-lo:

Virginia

Eu não aceito não como resposta. Já preparei o seu escritório. Nos veremos em breve.
Até mais
Ass: O seu futuro chefe

“Maldito presunçoso!” pensou, amassando o papel com força e fechou os olhos, com as costas contra a porta.
A imagem dele apareceu em sua mente e agora ela dava razão a sua melhor amiga.
“É, Mione, você está certa. A doninha se transformou num homem muito atraente”. Pensou.
A próxima imagem que se passou em sua mente foi a de si própria o beijando.
“Preciso aprender a frear os meus pensamentos! Eles são ridículos, absurdos e sem nexo. Isso não vai acontecer. Não vai! Eu juro.”

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