Consequências - Parte I
CAPÍTULO XVI
Conseqüências – Parte I
Elas correram para o salão principal, na esperança de evitar o pior. Não podiam nem imaginar o estrago que aquilo poderia causar. Pararam derrapando em frente as grandes portas duplas, e entraram calmamente, tentando disfarçar a ansiedade.
- Oh-oh... - murmurou Nicky, fitando a mesa da Grifinória - Houston, temos um problema...
- E que problema! - Sammy respondeu, observando como as jarras passavam de mão em mão, os estudantes se servindo inocentemente do que acreditavam ser suco de abóbora.
- Eu disse que isso ia babar...
- Não é hora para "eu avisei", Nicky. - retrucou, antes de correr para junto da mesa, ao ver que Harry acabava de se servir de uma das jarras - Harry! - chamou, mas o rapaz não ouviu (ou fingiu não ouvir), e continuou bebendo seu "suco".
Sammy gemeu. Precisava tirá-lo dali. Imediatamente.
- Nós temos que conversar. - sem dar chance de protesto, agarrou o seu braço e praticamente o arrastou para fora do salão.
- Interessante... – murmurou Alex, intrigado, observando a cena. Então, com um dar de ombros, estendeu o braço para a jarra a sua frente.
- Eu não faria isso se fosse você. - comentou Nicky, sentando-se ao seu lado. Então, com um movimento discreto da varinha, fez desaparecer o conteúdo das duas jarras. Infelizmente, àquela altura muitos alunos já tinham tomado a poção, e era apenas uma questão de tempo para a confusão se formar.
- E cada vez fica mais interessante... - Alex voltou a comentar, encarando a amiga como se tentasse adivinhar o que se passava - Afinal, o que tinha na jarra?
- Acredite em mim, você não vai querer saber.
Nesse momento uma comoção na outra ponta da mesa chamou a atenção deles, e Nicky gemeu ao ver o que estava acontecendo.
- Oh, não... estamos fritos!
Alex nem se deu ao trabalho de responder, observando entre surpreso e divertido a cena que se desenrolava: alguns casais se agarravam sem a menor cerimônia, de um jeito que normalmente só agiriam em locais mais discreto, enquanto Simas parecia em estado de choque, com Lilá sentada em seu colo beijando-o como se estivesse devorando uma caixa e chocolates.
Um gritinho agudo chamou a atenção para a mesa da Lufa-Lufa, onde Susana Bones escondia-se atrás de uma amiga, tentando se esquivar das investidas de Colin Creevey.
- Meu amor, minha musa inspiradora...! - bradava o rapaz, tentando agarrar a menina, que saiu correndo do salão, sob as risadas dos outros alunos e com Colin em seu encalço.
- Isso é um pesadelo... - Nicky pousou a testa na mesa, continuando a resmungar.
- Ora, Nicky, não seja rabugenta. - Alex exclamou, abrindo os braços num gesto que abrangia o salão - Ta todo mundo se divertindo.
Gritos e assovios pontuaram suas palavras. Dino e Parvati estavam agora se atracando sobre a mesa, causando uma confusão de louças e comida e um alvoroço ainda maior nos colegas.
- Petrificus Totalus!
Imediatamente os casais animadinhos se paralisaram, bem a tempo de evitar cenas ainda mais constrangedoras.
- Muito bem, pessoal, o espetáculo acabou! - Kristyn declarou, a voz enérgica e o olhar duro desafiando alguém a fazer qualquer tipo de comentário. Com um movimento da varinha fez com que os alunos petrificados flutuassem atrás dela, dirigindo-se para fora do salão.
Um momento antes de sair, porém, lançou um olhar significativo na direção de Nicky e Alex. Com um suspiro desanimado, eles a seguiram. Quando a alcançaram, já ao pé das escadas no caminho para a Torre, o tom dela não deixava dúvidas de seu desagrado.
- Espero que tenham uma explicação convincente...
- Ei, eu não sei de nada! - Alex respondeu, apontando para a amiga - Nicky é quem parece saber o que houve.
- A culpa não foi minha! - a garota correu a se defender - Foi tudo idéia da Sammy! - diante do olhar da professora, ela prosseguiu, apressada - Ela achou que fazer Hermione beber aquela poção do amor da qual você nos falou pudesse ser uma boa tática pra fazer ela conquistar o Rony.
- Eu sabia que um dia iria me arrepender por ter deixado vocês me convencerem a ensinar essa fórmula... – Kristyn comentou, com tom exasperado. Tentava a todo custo esconder o quanto estava se divertindo com tudo aquilo. Se deixasse os garotos perceberem isso, perderia todo o controle sobre os pestinhas - Vocês tiveram muita sorte por a McGonagall estar fora hoje. Não quero nem pensar no que ela faria se tivesse presenciado essa cena. Mas não adianta ficar chorando sobre o leite derramado. Esses... - ela indicou com o polegar os alunos que vinham flutuando atrás deles - ... são todos os que tomaram a poção?
- Bom, ainda tem o Colin...
- É, eu vi. – mas uma vez ela teve que conter a vontade de rir.
- Tem mais gente. - disse Alex, citando os nomes.
- Tem certeza? - ele assentiu, e dessa vez Kristyn não conseguiu conter um sorrisinho malicioso - Isso está mais interessante do que eu podia imaginar. Muito bem, vamos ignorar esses, vai ser o melhor para eles. E vocês dois, vão atrás de Colin, e tragam-no para a Torre o mais rápido possível.
- Isso não é justo! - Alex reclamou - Eu não tive nada a ver com essa história!
- Porque não lhe deram chance! - Kristyn retrucou. - Agora parem de reclamar e vão logo. - com isso ela os deixou, seguindo para a Torre com sua "carga".
- Essa é boa! - Nicky exclamou, enquanto voltavam pelo corredor, para tentar encontrar o garoto - A gente aqui tendo que caçar um maluco apaixonado, enquanto a srta. Samara, que foi a mentora de tudo, fica no bem bom com seu queridinho.
Alex assentiu, com ar filosófico.
- É, minha cara, a vida não é justa.
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"Precisamos de um lugar seguro e confortável, onde ninguém possa nos encontrar", repetia Sammy, andando de um lado para o outro no corredor, sempre arrastando Harry atrás de si, até que a porta da Sala Precisa surgiu na parede.
"Bem na hora!", ela pensou, ouvindo a voz de Filch se aproximando. Puxou Harry rapidamente para dentro da sala, encostando-se na porta com um suspiro de alívio. Não sabia qual seria a reação do garoto à poção, mas com certeza não seria nada bom cruzar com o zelador naquele momento.
Só então ela se deu conta do ambiente que os cercava. Um belo dormitório, com lareira e uma cama de dossel que dominava o aposento. O clima era acolhedor e romântico.
- Essa é a sua definição de confortável? - indagou com ironia.
- É mesmo perfeito, não é?
- Eu estava falando com a sala. - ela retrucou, e se deu conta de que aquela era a primeira vez que Harry se manifestava desde que o "seqüestrara". Observou-o com atenção, analisando cada detalhe, tentando descobrir como ele estava se sentindo. Desistiu, optando pelo método mais rápido. - Como você está se sentindo?
- Ótimo, por quê? - o olhar inocente que ele lhe lançou foi o suficiente para convencê-la.
"Ok, está tudo bem, Sammy. Conseguiu tirá-lo do salão a tempo. Pode ficar satisfeita". Mas a verdade era que estava decepcionada. Sabia que a poção só fazia efeito se a pessoa sentisse algo forte pela outra, e a ausência de reação do rapaz a machucava. "Foi mesmo bom eu ter posto um ponto final nesse rolo.", pensou, indo se sentar ao lado dele na cama. Mas o aperto que sentia no peito desmentia essa afirmação.
- Você deve estar curioso para saber por que eu te arrastei para cá, não é?
- Não. - ele respondeu simplesmente, dando de ombros com ar indiferente, o que fez o aperto no peito aumentar.
- Ah, bem...
- Eu sei por que.
- Sabe? - agora ela estava confusa. Como ele poderia saber?
- Aham. Você me trouxe aqui porque não consegue ficar longe de mim. - disse com ar presunçoso, fazendo seu queixo cair - Assim como eu não consigo ficar longe de você. - com essa declaração ele a puxou para seu colo, envolvendo-a com força e beijando-a de um jeito que lhe roubou o fôlego.
Tonta, Sammy lutou para coordenar as idéias, e se afastar dele. "Lembre-se, Sammy, é só por causa da poção". Mas era tão bom...
Reunindo toda sua força de vontade, ela o empurrou e se levantou, indo para perto da lareira, fitando as chamas enquanto evitava o olhar confuso dele.
- Harry, esqueceu que nós terminamos? - tentou trazer o rapaz de volta a razão.
- Está falando daquela briguinha? - ele fez um gesto de desdém - Coisas de namorados...
- Acontece que nós nunca fomos namorados. - lembrou, mordaz.
- É verdade, então, tecnicamente, não podemos terminar. - ele argumentou, com sagacidade, e antes que ela pudesse retrucar, prosseguiu em tom brincalhão - Afinal, você só quer saber de ficar se aproveitando da minha inocência.
- Acho que não restou inocência para se aproveitar. - ela comentou, vendo-o levantar da cama e se aproximar de modo felino, um brilho predador nos olhos. Recuou até bater com as costas na parede oposta. Ele não perdeu tempo em imobilizá-la, firmando as mãos na parede, de cada lado de seu corpo - Muito pelo contrário.
- A culpa é sua. - ele acusou em tom sedutor, mordiscando o lóbulo de sua orelha, fazendo arrepios correrem por seu corpo - Quem manda me acostumar mal?
Ele continuou traçando uma trilha de beijos por seu pescoço, e Sammy involuntariamente arqueou o corpo, curvando o pescoço para o lado e facilitando-lhe o acesso, enquanto suspirava com satisfação. Sabia que era errado e que devia parar com aquilo, mas, raios, era apenas humana. Seria assim tão terrível desfrutar toda aquela paixão de Harry, dirigida a ela, somente ela? Sempre fora Sammy a tomar a iniciativa em seus encontros, e apesar dele ficar feliz em participar, aquela mudança era muito excitante.
Afinal, por que não deixar o barco correr? Saberia muito bem controlar a situação para não passar dos limites, e ele não se lembraria mesmo de nada depois. Ninguém precisava saber. "Só você", disse uma vozinha em sua cabeça, sem deixá-la esquecer que estava se aproveitando de um momento de fraqueza do rapaz.
"E quem se importa?", retrucou, jogando tudo pro alto e envolvendo Harry pelo pescoço, entregando-se ao momento.
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Rony franziu o cenho, intrigado. Olhou de soslaio para Hermione, que parecia entretida com o livro aberto a sua frente. Mas algo – talvez o imperceptível traço de um sorriso no canto de seus lábios – lhe dizia que ela apenas fingia aquele alheamento.
Ele não dera importância das duas primeiras vezes, acreditando tratar-se apenas de acidente casual. Mas quando, pela terceira vez desde que se sentaram à mesa da biblioteca, sentiu o leve toque em sua perna, começou a desconfiar de que não se tratava disso. E teve a certeza quando logo depois um delicado pé descalço subiu por sua perna, numa carícia atrevida.
- Hermione! - exclamou, levantando-se num ímpeto, e atraindo um olhar de censura da bibliotecária.
- Que foi? - ela teve a audácia de perguntar, com o ar mais inocente do mundo.
Achando que talvez estivesse delirando – afinal, aquela era Hermione, ela nunca faria algo daquele tipo – Rony resmungou algo ininteligível e depois disse que ia buscar mais livros para pesquisa.
Andou por entre as estantes, tentando se concentrar nos livros. Eles tinham deixado o salão principal logo depois que Sammy saíra arrastando Harry, adivinhando que não contariam com o amigo para fazer os deveres naquela noite. Foram então para a biblioteca, aproveitando a calma que reinava ali naquele horário, e se atirando sobre a pilha de livros que tinham separado. Desde a conversa da tarde anterior os dois agiam como se nada tivesse acontecido, exatamente como ele pedira à amiga. Porém, longe de ficar satisfeito, Rony sentia-se triste. Afinal, era louco pela garota, qualquer idiota via isso.
Estava num corredor afastado, próximo a área restrita da biblioteca, tentando encontrar um livro sobre uma poção particularmente difícil, quando se sentiu abraçado pelas costas.
- Oi... - murmurou Hermione, acariciando seu peito.
- Her-Hermione! - exclamou em tom agudo, voltando-se rapidamente.
- Shhh... - a garota levou o dedo aos lábios, indicando com a cabeça as mesas afastadas onde outros alunos faziam suas lições.
- O que deu em você? - inquiriu, baixando o tom de voz para que ninguém os ouvisse.
- Ora, Rony, eu não estou fazendo nada demais. – ela respondeu em tom manhoso, voltando a abraçá-lo.
- Hermione, nós já conversamos sobre isso... - ele tentou inutilmente se livrar dos braços dela.
- Pena que minha memória seja tão ruim, não é? - Hermione comentou, grudando-se nele ainda mais.
- Que piada! Não existe memória melhor que a sua! - ele retrucou com acidez.
- Ás vezes ela funciona, às vezes não. Por exemplo: eu não me lembro dessa tal conversa, mas me lembro muito bem de nós dois no sofá do salão comunal, de como você me beijou... - a voz dela se reduziu a um murmúrio, os olhos brilhando de forma hipnótica, presos aos dele.
Deixando-se levar pela sedução daquele olhar, Rony inclinou a cabeça, roçando seus lábios. Beijou os cantos de sua boca, um e depois o outro, de forma lenta e provocante, enquanto suas mãos percorriam as costas dela, puxando-a ainda mais de encontro a si. Quando finalmente a beijou, eles se entregaram ao beijo com uma voracidade espantosa, alheios a tudo a sua volta.
Isso até que ouviram risadinhas abafadas, e a contra-gosto Rony ergueu a cabeça, deparando-se com duas primeiranistas olhando-os da entrada do corredor, as mãos sufocando o riso.
- Perderam alguma coisa? - ele usou seu melhor tom de monitor para intimidá-las, com toda a dignidade que lhe restava. Corando, elas fizeram que não e se afastaram, indo sentar-se com as amigas. Pelo modo como juntaram as cabeças, cochichando, Rony podia adivinhar do que estavam falando.
- Não podemos continuar aqui. - Hermione verbalizou seus pensamentos.
- Tem razão, é melhor voltarmos para a mesa. - não era o melhor para ele, mas fazer o que?
- Acho que eu tenho uma solução melhor... - ela piscou, marota, enquanto o puxava em direção ao corredor da área restrita.
Antes que Rony pudesse protestar, argumentando que ali logo seriam novamente flagrados, Hermione puxou uma pequena estatueta de uma das estantes, e uma porta se abriu no meio dela. Os dois entraram rapidamente por ela, seguindo por um corredor estreito até uma pequena sala, modestamente decorada.
- Como você sabia dessa passagem? - perguntou Rony, surpreso.
- Você não diz que eu sou uma Sabe-Tudo? - ela respondeu, com ar presunçoso.
- Graças a Merlin por isso! - ele retrucou, fazendo-a rir enquanto a puxava para si, voltando ao ponto em que foram interrompidos, beijando-a com paixão.
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Talvez Draco se divertisse se tivesse presenciado a cômica cena protagonizada pelos grifinórios. Porém, como havia saído do salão momentos antes da confusão começar, seu humor continuava tão negro quanto estivera desde a noite anterior.
"Maldita Weasley!", pensava enquanto caminhava pelo corredor do terceiro andar, na esperança de flagrar algum aluno em ato ilícito, e pudesse descontar a raiva em alguém. Sua ronda só começava às nove, mas não sentia nenhuma vontade de voltar para sua sala comunal, onde com certeza teria que aturar Pansy tentando novamente seduzi-lo. O que queria mesmo era uma chance, uma única oportunidade de pôr as mãos naquela pequena, e fazê-la pagar pela petulância de tê-lo feito de tolo.
De repente foi puxado para trás de uma tapeçaria que escondia uma pequena alcova, e antes que pudesse esboçar qualquer protesto foi calado por um beijo voraz, enquanto sentia um corpo feminino, cujas curvas sedutoras ele conhecia muito bem, prensando o seu contra a parede.
Apesar de todo o seu corpo gritar em protesto, Draco obrigou-se a interromper o beijo, segurando-a pelos braços e girando bruscamente, prendendo-a com violência.
- O que pensa que está fazendo agora, Weasley? - inquiriu com raiva.
- O que parece? - ela retrucou desafiadora, encostando-se nele de modo provocante.
- Eu não sei o que pretende com esse joguinho, pequena, mas lembre-se: quem brinca com fogo, acaba se queimando. - o tom dele deixava claro que, mais do que um aviso, aquilo era uma ameaça.
- Hum... - o murmúrio sedutor foi seguido pelo ataque a sua camisa, as mãos delicadas insinuando-se pela abertura e acariciando o tórax rígido, provocando uma série de arrepios - ... e será que você consegue me queimar?
Perplexo com a atitude da garota ele empunhou sua varinha, murmurando "lumus", e logo a seguir pôde ver o rosto dela, cuja expressão e olhar deixavam claros que estava falando bem sério.
- Sem dúvida! - ele respondeu, agarrando sua mão e puxando-a para a entrada da alcova - Mas eu tenho um lugar melhor para isso.
Podia estar cometendo uma loucura, deixando-se levar novamente pelos encantos da garota, mas não dava para evitar. Depois de se certificar que o corredor estava deserto, saiu do esconderijo, correndo para um quadro do lado oposto e bateu com a varinha nele, murmurando algo. Logo em seguida o quadro virou para frente, revelando uma passagem secreta.
A varinha continuava acesa, e ele ergueu o braço, iluminando o longo túnel que descia numa curva sinuosa à sua frente. A entrada se fechou atrás deles, quando começaram a percorrer o caminho estreito, que mais parecia um labirinto, tal a infinidade de túneis que se cruzavam a todo momento. Gina se surpreendeu com o profundo conhecimento que Draco demonstrou ter daquelas passagens. Ele seguia com extrema rapidez e confiança, mudando prontamente de um caminho para outro. Logo eles pararam, ofegantes, diante do que parecia ser um beco sem saída. Uma escultura, representando um dragão ameaçador, em pé nas patas traseiras, com as asas abertas e expressão raivosa, adornava a parede à frente deles.
Draco tocou a escultura com a varinha, e ela pareceu criar vida, as asas se agitando e as narinas fremindo, enquanto soltava um som gutural e ameaçador. Porém, quando o rapaz murmurou algo que Gina não conseguiu distinguir, a criatura se acalmou, fechando as asas e adotando uma posição de descanso, deitada no chão a sua frente, e deixando-os ver uma porta.
- Vamos. - Draco voltou a puxá-la pela mão, usando a escultura como escada e levando-a para o cômodo que o dragão protegia.
Draco se recostou na porta fechada, os braços cruzados sobre o peito, observando a garota que olhava tudo a sua volta com evidente curiosidade. Era um cômodo grande, espaçoso e aconchegante, dividido em dois ambientes. Um deles parecia uma biblioteca, as paredes recobertas de estantes repletas de livros, exceto por uma, onde estava encostado um enorme sofá. Estranhando aquilo, lançou um olhar inquisitivo a Draco, que deu de ombros.
- Sempre preferi ler deitado. – explicou simplesmente.
O segundo ambiente era praticamente dominado por uma gigantesca cama de dossel, que acomodaria tranqüilamente umas seis pessoas. Arqueando uma sobrancelha, Gina observou-o com malícia.
- Isso parece promissor... - o olhar e o tom de voz da garota fizeram sua temperatura subir alguns graus. - Mas por que você está tão longe?
- Estou tentando entender porque você está agindo assim. - respondeu com sinceridade. E com uma calma que estava longe de sentir, ao vê-la caminhar sedutoramente em sua direção.
- Porque eu quero você. - a sinceridade da resposta direta era latente, e fez seu sangue correr ainda mais rápido nas veias. E a forma como ela passou a acariciar seu peito, o corpo tentador quase encostado no seu, não ajudava nem um pouco a diminuir esse efeito - E então, o que vai fazer a respeito disso?
O desafio estava claro na voz cheia de malícia. E Draco Malfoy não resistia a um desafio. Resolveu entrar na brincadeira, não importando-se com que tipo de jogo ela pudesse estar tramando. "Vamos ver até onde você está disposta a ir, Weasley".
- O que você quiser, pequena. - respondeu, a voz rouca - Hoje, o seu desejo é uma ordem.
- Hum... - ela murmurou, encarando-o com os olhos brilhantes de desejo - ... gostei disso.
Assim dizendo ela começou a caminhar de costas em direção a cama, puxando-o pela gravata, sempre com o olhar preso ao dele. Pararam ao pé da cama, e Draco esperou pelo próximo movimento da garota. Estava determinado a deixá-la no comando da situação – por mais que isso lhe custasse – e descobrir onde ela pretendia chegar. Não teve que esperar muito.
Em poucos segundos ela despira sua camisa, e agora se entretinha correndo os lábios por seu tórax, fazendo-o gemer quando sugou de leve o mamilo rígido. Ao mesmo tempo, suas mãos desceram até seu cinto, e pouco depois ele estava apenas com a samba-canção negra sobre o corpo.
- Bela vista... - ela elogiou com um sorriso maldoso, enquanto seus dedos brincavam com o elástico da cueca.
- Obrigado. - ele passeou o indicador pelo decote da blusa dela - Eu queria poder dizer o mesmo, mas você ainda está com muita roupa.
- Então temos que dar um jeito nisso, não é? - ela retrucou, empurrando-o e fazendo-o cair de costas na cama. Ato contínuo, levou as mãos até o zíper da saia, e deixou-a deslizar até o chão, sem tirar os olhos dos de Draco, que devoravam-na em silêncio.
Com gestos deliberadamente lentos, ela abriu um por um os botões de sua camisa, que chegava até o alto das coxas, e afastou as laterais, fazendo-a escorregar por seus ombros.
"Merlin, ela quer me matar!". Claro que já a tinha visto praticamente nua antes, mas somente em seus sonhos ela se despira para ele daquele jeito. E a realidade ultrapassara em muito seus delírios. O contraste entre a lingerie de algodão branco, simples e virginal, e a atitude ousada da garota aumentava ainda mais o efeito sobre ele, que não pôde conter o gemido rouco que escapou de sua garganta quando ela se livrou do sutiã, deixando a mostra seus belos seios.
- Acho que agora estamos quites... - ela provocou, sua voz também enrouquecida.
- Ainda não. - ele retrucou - Para isso, você tem que vir para a cama também.
- Ah, é verdade... - ela subiu na cama, engatinhando até ele - Afinal, não é justo que só você aproveite desse conforto, não é? - brincou, com os lábios a milímetros dos dele, que não resistiu à provocação e segurou-a pela nuca, puxando-a para um beijo apaixonado.
Eles se entregaram sem reservas ao interlúdio, as mãos de ambos correndo por seus corpos, acariciando e provocando. Draco envolveu-lhe os seios, os dedos brincando com seus mamilos, fazendo-a gemer baixinho. Em retribuição, Gina desceu a mão pelo abdômen definido, passando bela barra do cetim e envolvendo seu corpo numa carícia íntima, que o fez reter o fôlego. Ante essa reação, seus lábios sorriram maldosamente contra os dele, e ela continuou a percorrer lentamente toda sua extensão, numa provocante tortura.
Com um gemido rouco e desesperado, ele segurou seu pulso, impedindo-a de continuar com aquilo, e girou o corpo, aprisionando-a contra o colchão.
- Está tentando me matar, pequena?
- Pensei que estivesse gostando... - o tom inocente dela não o enganava nem um pouco.
- E estou. Mas se continuar com isso, eu não vou conseguir me controlar.
- Hum, isso parece bom... - ela fez menção de voltar a acariciá-lo, mas ele a impediu.
- É a minha vez de brincar...
E com isso passou a beijar-lhe o pescoço, e a correr as mãos por suas pernas, acariciando-as e puxando-as para cima, fazendo-as envolver-lhe a cintura, de um jeito que seus corpos se colavam de forma íntima. Seus lábios desceram até os seios, sugando-os até que ela se contorcia embaixo dele, cheia de desejo.
E então, de repente, ela parou, ficando completamente imóvel. Sem entender, Draco ergue a cabeça.
- Gina... - nada. Ela continuou imóvel, os olhos fechados, uma expressão serena. Ele sacudiu-a de leve, chamando novamente - Gina! - não adiantou. Por mais incrível que pudesse parecer, a garota tinha adormecido, e parecia que nada seria capaz de acordá-la naquele momento. - Mas que droga, Weasley! Você não pode fazer isso comigo!
Mas ela fez, e não tinha nada que Draco pudesse fazer a respeito, a não ser esperar que ela acordasse, enquanto a frustração e a raiva cresciam dentro dele. Mas em algum momento ela acordaria, e quando isso acontecesse...
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N/A Bem, como puderam perceber, esse capítulo foi sobre as conseqüências da poção, e o próximo será sobre as conseqüências dessas conseqüências, por assim dizer. Vamos ver se eu consigo atualizar logo, pra vocês entenderem o que eu quero dizer. E pra quem tá sentindo falta de mais mistérios da fic, podem ficar calmos, que no próximo capítulo eu pretendo retomá-los (ou no mais tardar no capítulo seguinte, afinal tenho que resolver esses romances, né?). Bjos, e não deixem de me dizer o que acharam.
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