Consequências - Parte II







N/A: Finalmente a segunda metade do capítulo



N/A: Finalmente a segunda metade do capítulo! Primeiro quero agradecer a todos os comentários, muito, muito obrigada mesmo, galera! E também tenho que pedir desculpas de novo, mas é que só tenho tempo pra escrever final de semana, e nos últimos cinco eu tive que viajar pra casa da minha tia, ajudar minha prima com uma monografia (tentem encontrar dados técnicos sobre ervas e temperos, é uma verdadeira provação, ta!). Bem, eu realmente espero que vcs gostem, e tá pequeno de novo (é só metade do capítulo, lembram?). Ah, outra coisa, de novo eu não tive tempo de revisar, portanto, me desculpem qualquer erro grotesco, ok?



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CAPÍTULO XVII


Conseqüências – Parte II



Rony espiou dentro da biblioteca escura, e depois de se certificar de que estava deserta, saiu da passagem estreita, equilibrando sobre o ombro o corpo inerte de Hermione. A frustração e o desapontamento que sentira quando a garota caíra de repente no sono logo foram substituídos pela preocupação, ao constatar que não conseguia acordá-la. Preocupação essa que só fez aumentar enquanto esperava em vão que ela despertasse. Por fim, resolveu que o melhor seria levá-la pra enfermaria, onde Madame Pomfrey com certeza saberia o que fazer.


Parou por um momento à entrada da biblioteca, tentando normalizar a respiração, ofegante devido ao esforço físico. Quem diria que Hermione, sendo tão magra, poderia pesar tanto?


- Aposto que é o cérebro dela. - ele resmungou, ajeitando melhor o seu "fardo". - Deve pesar pra caramba, com tudo aquilo que ela consegue guardar nele!


Saiu sorrateiramente para o corredor, olhando de um lado para o outro, temendo cruzar com o zelador, ou com a maldita gata dedo-duro.


Alguns corredores mais tarde, como que atraída por seus pensamentos, ele viu projetada contra a parede a sombra da gata, que provavelmente apareceria em breve, vinda do caminho lateral. Sem alternativa ele se enfiou no armário de vassouras ali perto, e se recostou contra a parede, retendo o fôlego enquanto torcia para que a gata passasse reto por ali.


Suspirou aliviado quando isso aconteceu, enquanto observava o armário com desgosto evidente.


- Por que é sempre um armário escuro, cheio de aranhas? - voltou a resmungar, e resolveu pôr a garota no chão, enquanto decidia o que fazer.


Era óbvio que dificilmente conseguiria evitar que alguém os visse no caminho para enfermaria. Quase podia ouvir a voz de Hermione em sua cabeça: "Rony, você é um bruxo ou não? Use um feitiço apropriado, oras!".


- Certo, srta. Sabe-Tudo, vamos ver no que isso vai dar.


Ele se concentrou, murmurou o feitiço e tocou a varinha no alto da cabeça dela. Quase gritou vitorioso ao vê-la ficar transparente, quase invisível. Realmente aquele feitiço era muito útil. Repetiu o processo consigo mesmo, e pouco depois voltava ao corredor, seguindo mais confiante para as escadas.


Porém, novamente seu caminho para a enfermaria foi interrompido. As escadas escolheram justo aquele momento para mudarem de lugar, e quando terminaram ele se viu próximo ao corredor que o levaria para a Torre da Grifinória, tendo que dar uma volta enorme para chegar até a enfermaria. Mesmo com o feitiço isso representava um grande risco de flagrante. Decidindo que aquilo era um sinal, Rony seguiu para a Torre, torcendo para que o salão comunal estivesse vazio àquela hora.


Seu desejo foi atendido, quando passou pelo retrato da Mulher Gorda encontrou o salão deserto, fracamente iluminado pelas chamas da lareira. Como não poderia levar Hermione para o dormitório dela, ele a deitou no sofá em frente à lareira, e se afastou um pouco, observando-a com atenção enquanto decidia o que fazer a seguir. Bem, não conseguiria ir para seu quarto e dormir tranqüilamente, disso tinha certeza.


Ia ficar e esperar que ela despertasse, decidiu, e voltou ao sofá, sentando-s e pousando a cabeça dela em seu colo. Ficou um bom tempo velando o sono dela, e pensando em como a situação deles estava ainda mais complicada que antes. E foi assim que acabou adormecendo também.



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Harry acordou sentindo-se esquisito, e olhou em volta, desorientado, analisando o aposento desconhecido. Foi então que viu Sammy sentada ao pé da cama, os braços envolvendo as pernas encolhidas, o queixo apoiado nos joelhos e o olhar perdido nas chamas da lareira a sua frente. Ficou quieto, observando-a, e uma sensação estranha o invadiu. Algo provocado pela postura da garota, pelo olhar sério, tão diferente do que estava acostumado a ver naqueles olhos cor de mel.


No momento seguinte aquela expressão séria foi substituída pelo costumeiro brilho zombeteiro e um sorriso satisfeito, quando ela se voltou e viu-o desperto.


- Ah, até que enfim! Pensei que teríamos que ficar aqui a noite toda!


Ele sorriu, meio sem jeito.


- O que estamos fazendo aqui?


- Ah, isso, bem... é uma história engraçada... - apesar de ter passado as últimas horas pensando no que diria a ele, ela não tinha chegado a nenhuma conclusão.


- Que bom, eu ando precisando mesmo de umas risadas. - o tom dele lhe dizia que não a deixaria escapar de uma explicação.


- Na verdade, é tudo culpa do Rony.


- Do Rony? - ele franziu o cenho - Eu me lembro de estar jantando com ele e Hermione, na verdade é a última lembrança que eu tenho. O que foi que ele fez?


- Bem, não foi diretamente ele quem fez, mas foi por causa da teimosia dele.


- Sammy, quer parar de enrolar e contar logo o que aconteceu? - ele já estava perdendo a paciência.


- Calma, não precisa se estressar! Tá bom, o negócio é o seguinte: - ela então contou tudo sobre a campanha para juntar os amigos, e de como as coisas haviam saído do controle. Porém omitiu o interlúdio deles. - E foi por isso que eu te trouxe pra cá.


- Entendo... – ele falou lentamente, encarando-a com um olhar inquisitivo, ao que a garota desviou o seu. Ela parecia esconder algo, e ele desconfiava do que seria - E é só isso?


- Claro, o que mais? - ela tentou desconversar.


- Não sei, talvez... - ele fingiu pensar, para continuar em tom sugestivo - ... como eu reagi a poção?


- Você agiu naturalmente. - ela mentiu descaradamente, com o olhar mais inocente do mundo - Afinal, você não se encontrou com a Rhea.


- Mas encontrei você.


- Eu já expliquei, não serve qualquer pessoa. Não é assim que a poção funciona.


- E desde quando você é qualquer pessoa?


- Ah, não, eu esqueci. - ela deu um tapa na testa, continuando com sarcasmo - Eu não sou qualquer pessoa, sou a sua opção segura.


- Quer parar com isso? - Harry já se cansara daquilo - Essa sua história de "opção segura" é ridícula!


- Ah, é? Me desculpe, queridinho, mas são as suas atitudes ridículas que geraram essa história ridícula! - ela retrucou com desdém, e voltou as costas para ele.


- Mas que droga, Sammy! - ele se exasperou, e a fez virar para ele, segurando seus braços com força e encarando-a com raiva - Eu gosto de você! De você, entendeu? E não porque ache que seja mais seguro. Só um idiota pensaria isso! Já viu como você se comporta?


- Ei, eu sou muito comportada! - ela protestou.


- Só se for nos seus sonhos! Mesmo que estivéssemos em tempos de paz, você com certeza encontraria algo perigoso para fazer. Imagine numa guerra!


- Ok, se eu sou tão louca assim, por que você escolheu ficar comigo, e não com a Rhea? - perguntou em tom de desafio.


- Por isso mesmo! - pôde ver a confusão no olhar dela, e riu - Acho que também sou louco, mas é justamente esse seu jeito maluco, esse prazer com que encara a vida que mais me atraem em você. Eu gosto muito de vocês duas, não dá pra explicar, mas não tem como definir de qual eu gosto mais. Então eu resolvi escolher por outros motivos. Você não evita ser vista comigo, é alegre, divertida e compartilha da minha paixão por quadribol. E eu me sinto feliz do seu lado, como nunca estive antes.


- Isso é que eu chamo de uma declaração... - ela comentou zombeteira, e ao ver que ele ia protestar, colocou um dedo sobre seus lábios - Calma, eu estou brincando. Para mim, isso é mais do que suficiente. Afinal, nós somos apenas adolescentes, e ninguém aqui está falando em "amor eterno" ou coisa do tipo. Minha zanga era por você pensar que eu era uma coisa que, como você mesmo disse, definitivamente eu não sou.


- Então está tudo resolvido? - ele perguntou, satisfeito.


- Bem, não tudo... – ela respondeu com tom sugestivo, o olhar malicioso fazendo seu sangue acelerar nas veias - Ainda temos que cuidar desse seu lapso de memória, não é mesmo?


- Com certeza! - ele abraçou-a, beijando-a enquanto os dois voltavam a cair sobre a cama.



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Alguma coisa estava errada. Piscou algumas vezes, tentando afastar a sonolência, tentando ajustar bem a visão. Não, ele não estava enganado, realmente estava vendo a chuva batendo contra a vidraça da clarabóia. Mas como isso seria possível se sua cama era de dossel, e não existia clarabóia nenhuma em seu quarto? Só existia uma resposta para isso: não estava em seu quarto. Mas então, onde estava?


Voltou sua atenção para baixo, para descobrir o que era aquele peso agradável sobre seu peito, e deparou-se com uma massa de cabelos loiros. Surpreso, ergueu a mão e afastou as mechas do rosto, confirmando o que ele já desconfiava.


- Luna! - Neville sentou-se rapidamente, levando a garota consigo e acordando-a.


Os olhos da garota pareciam mais aéreos do que nunca, talvez por ainda estarem embaçados pelo sono. Ela fitou-o com evidente curiosidade.


- Neville? O que você está fazendo aqui?


- Eu gostaria de saber o que nós estamos fazendo aqui, Luna. - ele retrucou, afastando-se da garota e olhando ao redor, com evidente nervosismo - Conhece esse lugar?


- Conheço, é claro. - ela deu de ombros, com displicência - É meu lugar secreto.


É, tinha que ser. O ambiente todo tinha tudo a ver com ela. Pôsteres de matérias do Pasquim estavam espalhados pelas paredes, com todo o tipo de coisa maluca em que ela acreditava e objetos estranhos aglomeravam-se nas prateleiras de uma estante.


- Ótimo, então deve saber como viemos parar aqui, não é? - perguntou, esperançoso.


- Não faço idéia. - depois de um momento encarando-o de forma curiosa, ela baixou os olhos analisando a si mesma - Mas em vista das circunstâncias, seria interessante descobrir.


Seguindo o exemplo dela, ele analisou suas roupas amassadas, a camisa para fora da calça, com vários botões abertos. Ela se encontrava do mesmo jeito, e algo lhe dizia que a resposta daquele enigma não seria nada inocente. Um rubor intenso cobriu suas faces ante as imagens que invadiram sua mente.


- Qual a última coisa de que você se lembra? - ela perguntou, enquanto abotoava calmamente sua camisa.


- Hã... bem... - constrangido, ele desviou o olhar da garota, que não parecia nem um pouco perturbada pela situação - Eu só me lembro que estava no salão principal, jantando.


- Eu também. - ela concordou com um gesto de cabeça - Lembro de que tinha ido me sentar com vocês na mesa da Grifinória.


- Como é possível que não nos lembremos de mais nada?


- Bem, isso parece óbvio, não é? - ela se sentou impertigada no sofá, alisando as pregas da saia.


- Só se for para você. - ele retrucou, mais ríspido do que pretendia.


Luna revirou os olhos, e com um suspiro impaciente, começou a explicar.


- Está claro que nós tomamos algum tipo de poção durante o jantar, e agimos sob o efeito dela daí por diante, até esse momento.


- Poção? Que tipo de poção? - franziu a testa, intrigado.


Diante do olhar incisivo da garota, a ficha caiu. Eles não se lembravam de nada, mas o estado de suas roupas e o modo como acordaram juntos dava uma boa pista de suas atividades nas últimas horas.


- Uma poção do amor! É isso o que você acha? - apesar das evidências, ele relutava em acreditar naquilo.


- Parece a resposta mais lógica, não é? – ela se levantou, e vestiu a capa que estava caída no chão, tão calma como se estivessem falando sobre o tempo.


- E você fala isso com essa calma! - definitivamente Neville não estava nem um pouco calmo, o que ficou claro pelo tom da sua voz.


Luna arqueou as sobrancelhas.


- O que você queria que eu fizesse? Que gritasse histericamente ou coisa assim? Sinto muito, mas isso não faz o meu estilo. - ela foi até a porta e parou com a mão na maçaneta – Vamos? Temos que usar algumas passagens secretas para evitar o Filch, por isso é melhor nos apressarmos.


Sem alternativa Neville a seguiu, a cabeça num verdadeiro redemoinho. Teriam realmente sido vítimas de uma poção do amor? E nesse caso, o que teria acontecido antes de voltarem a si? Enquanto seguiam pelas passagens escuras ele a olhava de esguelha, tentando descobrir o que realmente ela pensava daquilo tudo.


- Chegamos. - ela disse por fim, indicando uma pequena porta - Vai dar num armário que fica próximo a entrada da sua sala comunal. Você não vai ter problemas para chegar até lá.


Apesar de querer continuar conversando sobre o que tinha acontecido, ele não sabia como, e acabou decidindo apenas se despedir. Antes de ir, porém, Luna segurou seu braço, fazendo com que se voltasse para ela.


- Não fique tão preocupado, ok? - ela pediu - Amanhã a gente descobre o que aconteceu. - ele assentiu, e ela pareceu hesitar em soltá-lo, e por fim esticou o braço, envolvendo seu pescoço e puxando-o para um beijo. Depois do primeiro momento de surpresa, Neville acabou por corresponder, e quando enfim se separaram ele a fitou de modo intrigado ao que ela deu de ombros - Agora nós temos realmente algo para nos lembrarmos, não é?


Com isso ela se foi, deixando-o ainda mais confuso do que antes. Ele seguiu para seu dormitório, e estava tão perdido em seus pensamentos que nem notou os amigos dormindo no sofá em frente à lareira.



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Gina se espreguiçou com prazer, sentindo o ar frio provocando seu corpo nu, enquanto começava a despertar... peraê! Ela sentou-se abruptamente na cama, tentando assimilar o ambiente ao redor e descobrir onde estava.


- Eis que a bela adormecida enfim desperta!...


A inconfundível voz arrastada não deixava dúvidas sobre o autor do comentário. Gina rapidamente se cobriu com o lençol, enquanto se voltava furiosa para ele. Draco estava esparramado numa poltrona ao lado da cama, vestido tão sumariamente quanto ela. Gina não queria nem cogitar o que aquilo poderia significar.


- Malfoy! O que significa isso? Por que eu estou... e você está... que raios está acontecendo aqui!


Um sorriso lento apareceu no rosto de Draco ante o nervosismo da garota. Então ela não se lembrava do que tinha acontecido, não é? Ele teria muito prazer em relembrá-la... do que ele queria que se lembrasse.


- Ora, pequena, não me diga que não se lembra de nada?


- Lembrar do quê? - Gina estava cada vez mais histérica.


- Não brinque comigo, pequena... como é possível que não se lembre de tudo o que fizemos? De como você me abordou, me seduziu... - ele falava lentamente, o tom sugestivo provocando o exato efeito que ele esperava. Os olhos dela estavam arregalados enquanto o observava se levantar e caminhar de modo felino até ela - E o modo como se despiu para mim...


- O quê! - o grito dela seria capaz de ensurdecer alguém. Draco apenas sorriu com malícia.


- Ah, sim, nenhuma outra garota foi tão sensual, tão desinibida... - ele tinha se sentado ao seu lado, e falava junto ao seu ouvido, provocando arrepios por todo o seu corpo, ao mesmo tempo em que sentia vontade de se enfiar num buraco e nunca mais sair.


- Você só pode estar inventando tudo isso.


Ele se afastou o suficiente para encará-la.


- Acha mesmo?


Não, ela não achava. E não era só por causa de todas as evidências. Apesar de não conseguir se lembrar de nada, algo em seu íntimo lhe dizia que ele estava falando a verdade.


Draco estava se deliciando com aquilo. Passara as últimas horas fervendo de raiva – e algo mais - , esperando que Gina despertasse para fazê-la pagar por aquele engodo. O fato dela não se lembrar de nada facilitaria a tarefa.


- A poção! - Gina gritou de repente, assustando-o. - Só pode ser isso!


- Do que você está falando, pequena? - Draco não gostou da mudança brusca, ainda mais quando ela se afastou e saiu da cama, enrolada no lençol.


- É por isso que agi desse jeito e agora não consigo lembrar de nada! - ela falava rapidamente, andando de um lado para o outro. - Oh, aquelas duas devem ter armado uma tremenda confusão!


Ela estacou, olhando para o loiro estirado na cama e tentando evitar as reações que aquela visão provocava nela. Apesar de não gostar da idéia, agora tinha certeza de que ele falara a verdade. E tinha que descobrir até que ponto...


- Então?...


- Então?... - ele devolveu no mesmo tom. Estava deitado de costas com os braços cruzados atrás da cabeça.


- O que aconteceu, afinal?


- Estou imensamente desapontado por você esquecer nossa primeira vez, minha querida, mas se você voltar para cama, ficarei feliz em ajudá-la a se lembrar. De todos os detalhes.


Draco teve que usar todo o seu autocontrole para não gargalhar da expressão dela. A garota parecia um peixe fora d’água, lutando para respirar. Sua boca abria e fechava, sem emitir som algum.


- Você... eu... nós...não...


- Tão eloqüente... - ele debochou, sendo recompensado pelo olhar furioso que tanto o agradava.


- Malfoy, acho bom você estar brincando sobre isso.


- Mas eu não estou.


Ela estreitou os olhos na sua direção, e ele não desviou os seus, encarando-a com firmeza.


- Mas que droga, Malfoy! - ela exclamou por fim, dando-lhe as costas, os punhos cerrados junto ao corpo - Como pôde fazer isso?


- Mas minha cara, você praticamente me obrigou a isso! - Draco estava mesmo se divertindo com tudo aquilo. Sentia-se vingado com a perturbação dela.


Bufando, Gina começou a recolher suas roupas espalhadas pelo chão, fingindo ignorá-lo. Quando terminou, olhou em volta, procurando um lugar onde pudesse se vestir. Não encontrando, virou-se para Draco, que a observava com um sorrisinho de canto de boca.


- Feche os olhos. - ele apenas riu, debochado - Vamos, Malfoy!


- Eu já vi tudo isso, Gina. Não apenas vi, como toquei, provei...


- Já entendi! - ela o interrompeu, tão vermelha quanto seus cabelos - Então, não vai fechar os olhos?


- Não.


- Ok. - foi até a beira da cama e, num movimento rápido, jogou o lençol no qual estava enrolada em cima dele. Antes que ele se recuperasse da surpresa e se livrasse do lençol, ela já tinha vestido a camisa.


- Isso foi um golpe baixo, Weasley.


Ela deu de ombros e acabou de se vestir.


- Cadê minha varinha?


- Num lugar seguro.


- Malfoy, eu não estou para brincadeira. ONDE... ESTÁ... A MINHA... VARINHA? - exigiu em tom enérgico, destacando bem cada palavra.


- Acha mesmo que sou idiota a ponto de entregá-la a você agora? Além disso, onde pensa que vai? - ele se ergueu de um salto e se aproximou dela, o olhar deixando claro suas intenções - Nós ainda não acabamos nossa "conversa"...


Fez menção de abraçá-la, mas Gina se desviou rapidamente, e pouco depois, sem saber como, ele estava deitado de cara no chão, com a garota sentada em suas costas e segurando com firmeza seus braços torcidos para trás. Inclinando-se para frente, ela falou junto ao seu ouvido.


- Agora preste bastante atenção Malfoy: eu sei muito bem me defender sozinha, e não preciso de varinha para dar cabo de uma doninha covarde como você. Se ainda continua inteiro, é porque eu não acredito no que disse, entendeu?


- Estou impressionado, Weasley. - apesar da situação, Draco estava estranhamente calmo. Claro, ele confiava que poderia reverter suas posições num piscar de olhos, mas queria ver o que a ruivinha pretendia fazer a seguir - Mas estou curioso: como pretende pegar sua varinha sem me soltar? Ou pensa que eu vou ficar quietinho aqui no meu canto enquanto você faz o que quer?


- É exatamente isso que eu penso, Malfoy. – respondeu, enquanto corria os olhos a sua volta, tentando localizar a varinha.


- Temo que você vai se desapontar.


- Quer apostar? - ela retrucou, ao avistar a varinha na mesinha ao lado da poltrona onde ele estivera sentado. - Um pequeno truque trouxa que minhas amigas me ensinaram. - antes que ele pudesse esboçar qualquer reação ela levou a mão até seu pescoço, apertando um ponto estratégico. Imediatamente ele caiu na inconsciência. – Até que esses trouxas sabem de umas coisas legais...


Gina se levantou, e depois de recolher sua varinha ficou um momento observando o loiro no chão, hesitando em sair e deixá-lo daquele jeito. Por fim decidiu que não seria nada demais colocá-lo na cama, apesar dele não merecer a preocupação. Depois de fazê-lo levitar até lá, ela sentou-se um pouco ao seu lado, afastando com carinho uma mecha de cabelo que caíra sobre seus olhos.


- Por que tinha que ser você, hein? - ela perguntou baixinho - Com tanta gente, por que justo um canalha, imbecil e preconceituoso como você? Eu devo ser louca!


Gina estava realmente preocupada. Apesar do que dissera, não tinha certeza realmente se ele tinha mentido. Apenas o pensamento de que fosse verdade a deixava doente. Ter feito sexo com Draco Malfoy, e ainda por cima não se lembrar de nada... não era justo! Se tinha que cometer uma sandice daquelas, que pelo menos pudesse aproveitá-la, não é?


Tentando coordenar os pensamentos contraditórios, ela saiu do aposento secreto, e enfrentou o labirinto de corredores, para enfim seguir de volta para Torre.



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Hermione ficou surpresa ao acordar e se ver deitada no colo do amigo. Não fazia idéia de como teria parado ali, mas não podia negar que estava gostando muito daquela proximidade. E aquilo não era nada bom para sua recém tomada decisão de manter o relacionamento deles apenas no nível da amizade. Mas ela era determinada, e cansara de ouvi-lo negar que eles eram mais do que amigos. Isso em mente, ela afastou a tentação de fazer alguma besteira e se sentou rapidamente. Com o movimento súbito, Rony também acordou.


- O que... Ah, você acordou! - ele suspirou aliviado, voltando a se recostar no sofá - Que bom, eu estava com medo de ter que te levar para enfermaria.


- Mas por quê?


- Ora, Hermione, você tem que admitir que não é normal uma pessoa cair de repente no sono e nada conseguir acordá-la.


- Foi isso que aconteceu?


- Ué, você não se lembra? - ela parecia perdida, mas Rony achou que era porque tinha acabado de despertar, e tentou fazê-la se lembrar - Nós estávamos na biblioteca, daí você me atacou e nós...


- EU O QUÊ!


- Shhh! - ele fez um gesto para ela baixar a voz - Não grite, Hermione, quer acordar a escola inteira, é?


- E como você queria que eu reagisse depois de me dizer uma coisa dessas? - ela retrucou num sussurro furioso.


- Ora, o que eu disse demais? Você tem feito isso há semanas! - antes que ela pudesse protestar ele continuou - Pensa que eu não percebi o que você estava fazendo? Eu posso ser meio tapado nesses assuntos, mais nem tanto!


Hermione sentia o rosto queimar. Então ele sabia! E pior: fingia não perceber, o que só podia significar uma coisa.


- Ok, Rony, eu já entendi. Pode ficar tranqüilo que não terá mais que suportar nenhum "ataque" de minha parte. - ela falou com o máximo de dignidade que conseguiu reunir, e marchou de queixo erguido para o seu dormitório.


- E agora essa! Eu mereço! - ele exclamou, observando aturdido a retirada da garota.


- Merece mesmo. - concordou Gina, que acabava de passar pela entrada do salão.


- Onde a senhorita estava, hein?


- Não é da sua conta. - ela se jogou no sofá ao lado dele, e antes que ele pudesse insistir no assunto, ela continuou - Não acredito que vocês brigaram de novo. Aliás, eu acredito sim. Quando você vai parar com essa babaquice, Rony?


- Ei, veja bem como fala mocinha, eu sou seu irmão mais velho!


- E está sendo um tremendo babaca! Tanto quanto Percy.


- Como você se atreve a me comparar àquele... àquele... - Rony não conseguia achar a palavra para definir o que sentia em relação ao irmão. Apesar dele ter feito as pazes com a família, ele e os irmãos ainda encontravam dificuldades em perdoá-lo.


- É só ouvir suas próprias palavras, meu irmão. Você tem vergonha de ser pobre. Bem, eu também não gosto, mas prefiro mil vezes isso a crescer sem família, como o Harry, ou com uma família como a dos Malfoys. E usar esse argumento para não ficar com a garota por quem você é apaixonado é, sim, uma babaquice. – ela se levantou e seguiu para as escadas do dormitório feminino - Pense bem nisso.


Com um suspiro Rony imitou-a, indo para seu próprio quarto. Sabia que a irmã tinha razão, e no dia seguinte acertaria as coisas com Hermione. O simples pensamento já servia para animá-lo.



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- Essa garota vai me enlouquecer!


Harry nem perguntou sobre o que o amigo estava falando. Há duas semanas que vinha acompanhando a novela do relacionamento dos amigos. Agora os papéis tinham se invertido, e era Hermione quem não queria saber de ouvir nada sobre namorar com ele, e rechaçava qualquer tentativa dele nesse sentido. Seria cômico, se não fosse Harry quem tivesse que aturar o mau humor do amigo.


- Por que ela está fazendo isso? Eu não entendo! - ele começou a jogar suas coisas dentro do armário. Os dois tinham acabado de sair de um treino exaustivo, e o restante do time já tinha voltado pro castelo há algum tempo.


- Parece que ela está fazendo aquilo que você pediu a ela. Quem manda falar besteira?


O amigo respondeu com uma carranca e Harry riu. Contrastando com o humor do amigo, o seu estava ótimo. Desde a confusão com a poção do amor o relacionamento com Sammy ia de vento em popa, e apesar da ameaça de Voldemort, Harry nunca tinha sido tão feliz antes. A garota era um verdadeiro furação, e nunca deixava que ele se abatesse com seus problemas.


Já estava escuro quando voltaram para o castelo, e Rony se mantinha num silencio emburrado, porém reagiu prontamente quando o amigo chamou sua atenção.


- Rony, veja aquilo. - apontou na direção da floresta proibida. - Não é aquela aluna nova da Sonserina?


- A do intercâmbio, Anne Zwarts, não é? - Rony estreitou os olhos, tentando enxergar melhor a garota, que logo depois sumia dentro da floresta - Mas o que será ela está aprontando?


- Será que devemos segui-la?


Rony hesitou um momento, depois balançou a cabeça, rejeitando a idéia.


- Estamos muito longe, dificilmente encontraríamos sua trilha na floresta.


Harry foi obrigado a concordar com o amigo e mesmo a contragosto voltaram a caminhar para o castelo, pensando em ficar de olho na sonserina dali para frente.



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Ela afastou um galho baixo e seguiu adiante sem medo, apesar dos perigos que a floresta guardava. E se a informação que conseguira fosse verdadeira, os perigos da floresta seriam sua menor preocupação. Depois de muito tempo, ela finalmente chegou ao ponto que procurava, e teve a confirmação disso. Do local onde estava escondia, abaixado num sulco profundo próximo a uma raiz, podia distinguir os vultos escuros movimentando-se furtivamente junto ao antigo altar pagão. Não podia determinar o que estavam fazendo, mas não tinha dúvidas de que se tratava dos malditos Comensais.


Estava tão absorta em sua vigilância que não conteve um ruído estrangulado quando, ao se ajeitar melhor, sua perna tocou em algo macio – e definitivamente vivo. Perdeu o fôlego ao se voltar e deparar com duas esferas azuis, que brilhavam tão ameaçadoras quanto os afiados caninos à mostra.


Encarando o enorme lobo negro, ela tentava decidir o que fazer.


"Agora sim estou perdida!".



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N/A: Gente, no próximo capítulo eu vou mostrar o que mais resultou dessa confusão – a reação do Draco, Neville/Luna e etc, ok? E vamos voltar a ação da fic (finalmente!), além de mais surpresas sobre Remo e Ana. Espero, mesmo, não demorar tanto pra postar. Torçam por mim, ok? (e não deixem de me dizer o que acharam!). Bjaum!




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