O Primeiro Desafio











CAPÍTULO X







CAPÍTULO X



O Primeiro Desafio





- Quantas vezes tenho que repetir que o modo como me visto não é da sua conta?!





Hermione marchava pelas ruas do vilarejo, seguida de perto por um furioso Rony. Passaram por um grupinho de quintanistas da Corvinal, que assobiaram com malícia, o que aumentou ainda mais a raiva do grifinório.





- Está vendo isso, Hermione? - a garota fez uma careta com o grito dele - Essa sua saia é uma indecência!!!





A reação dela foi bufar e revirar os olhos. Mas não podia negar que estava se divertindo muito. O modo como os outros rapazes a olhavam a envaideciam, e o óbvio ciúme do amigo a animava. Tinha que tentar usar aquilo a seu favor, mas, para isso, precisava de um lugar mais privado.





Foi pensando nisso que rumou para a Casa dos Gritos. Aqueles arredores estavam sempre desertos, ainda mais depois que Malfoy e sua gangue tinham sido atacados por "fantasmas", no terceiro ano. Tudo bem que o loiro logo percebera que fora uma peça de Harry, porém os idiotas que o acompanhavam estavam convencidos de que o lugar era mal-assombrado, e espalharam para a escola o que tinha acontecido.





Estavam próximos a cerca que limitava o terreno da Casa, quando Rony agarrou seu braço com firmeza, fazendo-a voltar-se para ele.





- Quer fazer o favor de me ouvir?!





- Não! - respondeu com aspereza - Me dê um motivo, Rony, apenas um, para eu lhe dar atenção.





- Eu sou seu amigo! - respondeu, indignado.





- Nem que fosse meu namorado! Não tem o direito de censurar a roupa que uso!





- Mione, você é uma monitora! - argumentou ele, irritado - Tem que se dar o respeito!





Hermione suspirou, e tentou chamar o amigo a razão.





- Rony, olhe para mim. - ela gesticulou com os braços, chamando atenção para si própria - Me diga: o que tem de mais na minha aparência?





- Perna de mais, é isso que tem! - respondeu de pronto, muito vermelho (Hermione não sabia se de nervoso ou vergonha, talvez ambos) - Perna de mais e saia de menos!!!





- Eu desisto! - jogando as mãos para o alto em sinal de derrota, ela se virou para a casa.





- É só isso o que tem a dizer? Trate de dar um jeito nessa saia, mocinha, senão...





- Senão o quê? - ela interviu, atrevida.





- Senão eu dou o meu jeito!!!





Aproximando-se muito dele, a ponto de seus narizes quase se tocarem, ela o desafiou.





- Duvido.





Muito irritado, além de perturbado com a proximidade da garota, Rony puxou a varinha, apontando-a direto para o motivo da discussão, que no momento seguinte não existia mais. Literalmente.





- Aaaaaaahhhhhh!!! - Hermione gritou, tentando proteger com as mãos o corpo coberto apenas pela pequena calcinha. Os olhos de Rony pareciam dois pires, tal o choque ante o que fizera - Seu... seu pervertido!!! - ela virou um tapa na cara dele, antes de correr para dentro da Casa dos Gritos, único lugar onde poderia se esconder.





- Isso já tá virando rotina... - resmungou ele, esfregando o rosto. Tentava, a todo custo, tirar da mente a imagem de Hermione coberta pela renda cor-de-rosa. Em vão. Como se já não tivesse problemas o bastante. - Agora mesmo que estou encrencado...





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Harry já conhecia tudo o que havia para se conhecer em Hogsmeade, o que significava que não via mais novidade em nada. Mas fazer a visita acompanhado por Sammy era mesmo interessante. A garota tinha muita animação, e fazia comentários inteligentes e espirituosos sobre tudo o que viam.





"Ela é mesmo apaixonante", pensou Harry, observando-a enquanto ela falava animada sobre sua família, contando histórias engraçadas de sua infância. Mas, apesar de toda aquela empolgação, ele notou que o olhar dela estava diferente. Era uma diferença sutil, e apenas um observador muito atento perceberia o brilho de preocupação na íris cor de mel.





- Tenho uma proposta a fazer. - ela declarou de repente.





Harry a olhou com desconfiança.





- E qual seria?





- Ei, não precisa me olhar assim! - protestou ela, com um sorriso maroto - É uma proposta muito inocente, viu? Ante o olhar de descrença dele, ela riu, divertida - Estou vendo que minha credibilidade está em baixa.





- Sua credibilidade nunca foi questionada. - ele retrucou.





- Então está questionando minha inocência?! - ela arregalou os olhos, pousando a mão de forma teatral sobre o peito - Estou chocada!





Harry corou e a garota riu com gosto.





- Afinal, qual era a proposta?





- Simples: você me leva para conhecer a Casa dos Gritos, e depois eu te pago uma cerveja amanteigada. Viu? Tudo muito inocente!





- É mesmo. - ele concedeu, sorrindo - Eu topo. Adoro cerveja amanteigada.





- E quem não gosta? - ela se aproximou, abraçando-o pela cintura e beijando-o de leve - Obrigada por ficar comigo, Harry. Eu não queria ficar sozinha hoje. - outra vez ele viu uma emoção diferente nos olhos normalmente alegres da garota.





- Ah, então foi por isso que me "seqüestrou" dos meus amigos! - disse com falsa indignação - E eu aqui crente que era pelo prazer da minha companhia! - brincou, na tentativa de afastar a sombra de preocupação em seu olhar.





Ela riu suavemente, um riso que provocou uma sensação gostosa em Harry. Eles seguiram em direção a Casa dos Gritos, e ela continuou enlaçando-o pela cintura, enquanto ele cobria seus ombros com o braço. Esse gesto de intimidade entre os dois provocava olhares curiosos de alguns colegas por quem passavam e risadinhas de algumas garotas. Estranhamente, isso não o incomodou como quando estivera ali com Cho Chang. Talvez porque tivesse amadurecido desde então, ou porque estar com Sammy parecia algo certo, algo perfeito para ele. Harry não sabia, só sabia que estava gostando muito de tudo aquilo.





Quando chegaram na Casa dos Gritos, Harry decidiu aproveitar que estavam a sós para tentar descobrir o que estava acontecendo com a garota.





- O que houve, Sammy? - ante o olhar de interrogação dela, ele explicou - Você está diferente, hoje.





Ela se desvencilhou dele, indo até a cerca que delimitava a propriedade abandonada. Havia uma vulnerabilidade nela que Harry nunca notara antes.





- Não é nada de mais, Harry, apenas um assunto antigo que está causando novas preocupações.





- Parece ser grave...





- E você parece surpreso. - ela retrucou, virando-se para ele com os braços cruzados na frente do corpo, encarando-o com seriedade - Só porque sou meio "amalucada", como você gosta de dizer, não significa que não tenho mais nada na cabeça além de futilidades!





- Eu nunca pensei isso de você! - ele se defendeu, corando. Mas tinha que admitir que sempre a vira, sim, daquele jeito. Nunca se preocupara em saber se ela tinha algum tipo de problema – sequer cogitara essa hipótese. Na cabeça dele, Rhea sempre fora a responsável, a cheia de preocupações, enquanto Sammy era a alegre, divertida, um verdadeiro sopro de vida (pra não dizer mesmo um furacão!).





- Eu posso parecer muito diferente de Rhea, - ela declarou, parecendo saber o que ia no seu íntimo - mas tenho tantas preocupações e responsabilidades quanto ela, pode ter certeza disso.





Harry pensava em algo para responder, quando de repente ela ficou extremamente pálida, para logo em seguida perder os sentidos. Ele ainda conseguiu segura-la antes que desabasse no chão de terra batida. Ficou ali parado durante alguns instantes, com a garota desfalecida nos braços, sem saber o que fazer, e então decidido, rumou para dentro da Casa dos Gritos.





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Assim que Remo declarara que estava pronto, o ambiente a sua volta mudou novamente, e seus companheiros sumiram. Ou melhor, ele havia sido transportado para outro lugar, parecia ser uma ante-sala do palácio, cujas paredes brilhavam iluminadas por tochas.





Remo empunhou sua varinha, preparando-se para o que quer que estivesse destinado a enfrentar. Outra vez, a mesma gargalhada de várias vozes ecoou.





- ISSO É INÚTIL AQUI, REMO LUPIN. - declarou simplesmente, e a varinha de Remo desapareceu - NÃO ESTAMOS INTERESSADOS EM SEU MÍSERO PODER. O QUE TESTAREMOS SERÁ ALGO MUITO MAIS VALIOSO: SEU ESPÍRITO.





- E como farão isso? - ele perguntou calmamente, sem demonstrar a apreensão que lhe ia no íntimo. Mas, quem quer que estivesse no controle daquilo, parecia não ter se deixado enganar, pois mais uma vez soltou a estranha risada.





- BOM, MUITO BOM... NÃO SÃO MUITOS OS QUE SE AVENTURAM A ENFRENTAR O DESAFIO DOS TUATHA, AINDA MAIS COM TANTA ANSIEDADE. - aquilo parecia lhe dar muita satisfação - VOCÊ DEVERÁ PERCORRER O CAMINHO QUE LEVA AO CORAÇÃO DE TARA.





- Só isso? Percorrer o caminho que leva ao coração do palácio?





- NÃO PENSE QUE ISSO SERÁ FÁCIL. MUITOS OBSTÁCULOS O AGUARDAM, SENDO QUE O MAIOR DELES, É VOCÊ MESMO.





- Eu mesmo? O que quer dizer com...





Ele não conseguiu terminar a pergunta, pois uma dor lancinante o fez dobrar-se, caindo sem fôlego sobre a pedra fria do chão. Sentiu-se como se estivesse sendo partido ao meio. Pouco depois, tão de repente como começou, a dor se foi. Arfante ele se ergueu, afastando os cabelos que haviam caído sobre seu rosto.





- O que foi isso? - perguntou com a voz entrecortada pela respiração irregular - O primeiro teste?





- DIGAMOS QUE FOI A PREPARAÇÃO PARA O TESTE. NÃO SENTE FALTA DE NADA, REMO LUPIN?





- Do que está falando? - perguntou intrigado - Do que eu deveria sentir falta?





Mas a resposta não veio da voz que ecoava no ambiente, mas de um lugar atrás de si, numa voz que conhecia muito bem.





- De mim.





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Rony ficou ainda algum tempo andando de um lado para outro, em frente à casa abandonada, esperando a amiga voltar. Quando enfim percebeu que ela não sairia tão cedo, resolveu que a única a fazer era procurá-la e tentar consertar o estrago que fizera.





Hesitante – preferia enfrentar outro berrador da mãe em frente a toda escola do que ter que encarar Hermione naquele momento – ele entrou na casa. Encontrou a sentada nos degraus que levavam ao andar de cima, o rosto escondido nos braços que se apoiavam nos joelhos dobrados. Rony ficou aliviado ao ver que ela já conseguira trazer a saia de volta.





Se aproximou timidamente da escada, as mãos nos bolsos da calça, o olhar fixo no chão empoeirado. Parou a uma distância segura – afinal, Hermione aborrecida podia se tornar um perigo, e ele realmente a aborrecera – e pigarreou baixinho.





- Hermione, eu sinto muito. - começou a se desculpar - Eu não queria ter feito sua saia desaparecer. Não sou um pervertido! Você sabe disso! - se defendeu, meio nervoso, as orelhas voltando a ficar vermelhas - É que não sou bom em Transfiguração... Você também sabe disso. - com um suspiro desanimado, ele se sentou ao lado da garota, cujo corpo estava sacudindo, como se estivesse chorando. Desajeitado, ele tentou consolá-la, dando tapinhas em suas costas - Vamos, Mione, não foi nada tão sério assim! Afinal, não é como se você fosse feia, ou tivesse que se envergonhar do seu corpo...





Ele parou abruptamente ao perceber o que estava falando, o rubor colorindo seu rosto, enquanto ela se sacudia ainda mais. De repente, ela jogou a cabeça para trás, e Rony viu que lágrimas escorriam de seus olhos... lágrimas de riso! Hermione ria descontroladamente, o que foi fazendo a indignação tomar conta de Rony.





- Hermione!





- M-me de-desculpa, Rony... - Hermione falou ofegante, quando conseguiu controlar o riso - Mas essa situação toda é hilariante, você tem que admitir.





Ele não tinha que admitir nada, pensou emburrado. Estava ali, todo preocupado por ter magoado a amiga, e ela lá, se acabando de tanto rir! Não adianta: por mais que vivesse, jamais entenderia as garotas!





- Ora, Rony, você não vai ficar chateado comigo agora, vai? Lembre-se, que se alguém aqui tem motivos pra isso, sou eu. Você devia estar aliviado que eu estou rindo.





É, ela tinha razão. Era melhor aproveitar o bom-humor dela. Mas antes, tinham que esclarecer uma coisa.





- Eu não sou um pervertido. - ele insistiu, ao que o sorriso da amiga se alargou ainda mais.





- Eu sei disso. Só disse aquilo porque estava nervosa.





Ele se deu por satisfeito com aquela declaração, e os dois ficaram ali sentados lado a lado na escada por algum tempo ainda, num silêncio que começou a se tornar constrangedor, conforme os pensamentos dos dois se voltavam para a mesma direção. Mas, enquanto Rony tentava mudar o rumo de seus pensamentos, Hermione reunia coragem para colocar os seus em prática.





- Hermione, eu...





- Rony, eu...





Os dois falaram ao mesmo tempo, parando logo em seguida. Rony ia dizer para ela continuar, mas quando fitou os olhos castanhos, perdeu a fala, hipnotizados pelo brilho deles, fixos nos seus. Esquecendo todo o resto, foram se aproximando lentamente, seus rostos ficando a milímetros um do outro, seus lábios prestes a se tocarem e...





BAM!





Eles saltaram no lugar, afastando-se ao ouvirem a porta abrir com estrondo, e Harry entrar com Sammy nos braços.





- Harry! O que aconteceu?!





- Ainda bem que vocês estão aqui! - Harry exclamou, enquanto levava a garota para o andar de cima, seguido de perto pelos amigos. Deitou-a na enorme cama que havia no aposento, explicando rapidamente o que acontecera. - Vão procurar Nicky, é a melhor amiga dela, talvez saiba o que está havendo com Sammy, e o que podemos fazer. Eu cuido dela enquanto isso.





Os amigos concordaram, e saíram em disparada na direção do centro do vilarejo, onde esperavam encontrar a garota. Harry sentou-se na cama ao lado de Sammy, afastando carinhosamente uma mecha dos cabelos claros, que tinham caído sobre o rosto pálido. Uma sensação estranha penetrou por seus dedos quando tocou a pele delicada.





"O que está acontecendo com você?", Harry perguntou mentalmente, enquanto continuava acariciando o rosto da garota.





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Neville pegou a garrafa a sua frente, tomando um grande gole da cerveja amanteigada, mais para ter o que fazer do que por vontade mesmo. Se sentia desconfortável, sentado ao lado de Luna Lovegood. Não que tivesse algo contra a garota, mas, bem... ela era muito esquisita. E o jeito como o olhava o deixava nervoso. Parecia estar vendo algo que ninguém mais via. Olhando de soslaio para a garota, viu que ela continuava com o mesmo olhar vago em sua direção. Aquilo era enervante.





- Er... Gina está demorando, não é mesmo? - voltou-se para Nicky, que parecia estar se divertindo muito com o desconforto dele.





- É? Não notei. - retrucou, em tom alegre - Você também acha isso, Luna?





A garota voltou os grandes olhos para ela.





- O correio fica aqui perto, já deu tempo dela voltar. - ela deu de ombros – Mas é óbvio que ela deve ter encontrado alguém, ou resolvido fazer mais alguma coisa. - com essa declaração, ela tornou a correr o olhar vago pelo ambiente, para, enfim, continuar encarando Neville. Nicky conteve o riso ante o ar frustrado do rapaz.





Nesse momento, houve uma pequena comoção na entrada do bar, os estudantes soltando exclamações de alegria e saudações a alguém que acabava de chegar.





- São os gêmeos Weasley! - comentou Neville, animado - Você não os conhece, não é, Nicky?





- Não, Neville. - ela respondeu vagamente, o olhar fixo nos ruivos que pegavam cervejas no balcão do bar, enquanto riam e brincavam com os ex-colegas de escola. - Eles parecem muito populares...





- E são. Fred e Jorge Weasley foram o terror de Filch, até fugirem da escola no último ano. - Neville passou a narrar a história da fuga dos gêmeos para a garota, que ouvia atentamente.





- Nós estivemos na loja deles antes de virmos para Hogwarts. - ela comentou quando o garoto terminou o relato - Eles são ainda mais interessantes do que pensei...





- Deixa eu apresentar vocês. Fred! Jorge! - ele chamou, sinalizando para os dois se aproximarem, feliz por ter uma oportunidade para se desviar da atenção da estranha garota ao seu lado.





Os dois se dirigiram até a mesa deles, cumprimentando os amigos que encontravam pelo caminho.





- Oi, gente. - saudaram ao se aproximarem - Os negócios estão sempre nos trazendo a Hogsmeade. O pessoal da Zonko’s não pára encomendar nossas últimas criações. Onde estão os outros, Neville?





- Rony e Hermione estão brigando em algum lugar do vilarejo. - os gêmeos riram divertidos com a informação. Mais munição para perturbar o irmão mais novo - E Harry está passeando com Sammy, uma aluna nova.





- Ué, mas o lance dele não era com a tal Rhea? - ele estranhou, sentando-se ao lado de Luna.





- Também.





- Quem diria, hein? ironizou Jorge, puxando uma cadeira ao lado de Nicky e sentando-se nela ao contrário - O pequeno Harry está nos saindo um verdadeiro garanhão. - Neville olhou constrangido para Nicky, mas ela parecia não ter se importado com a declaração. Jorge também se virou para ela, com um olhar apreciativo - E quem é essa bela garota?





- Nicky Santos. A melhor amiga de Sammy. - se ela esperava vê-lo constrangido diante da revelação, ficou decepcionada. Jorge apenas ergueu a sobrancelha, analisando-a abertamente.





- Se sua amiga for tão bonita quanto você, dá pra entender o Harry. - declarou, e Fred revirou os olhos.





- Você não se cansa, não é, irmão?





- Não mesmo. - retrucou rindo, tomando um gole da cerveja amanteigada – E você está é com inveja, porque Angelina te marca durinho.





- Jorge, meu irmão, entenda uma coisa: eu não tenho motivos pra te invejar. Tenho uma garota linda e maravilhosa comigo. E você tem que ficar atirando pra tudo que é lado.





- Quanto mais, melhor, é o que eu sempre digo! - os outros riram do tom com que ele disse aquilo - Aliás, Hogwarts esse ano está um verdadeiro paraíso! Se não fosse pelas aulas, daria até vontade de voltar para escola! - Jorge observava o bar como se estivesse a procura de alguém - Ah, lá está ela!





Curiosos, os outros se viraram, olhando na mesma direção que o rapaz. Numa mesa mais afastada, os três Deveraux conversavam muito próximos uns dos outros, parecendo muito concentrados.





- Jorge não pára de falar nessa garota desde nossa última visita. - Fred explicou, desviando-se rápido do tapa que o irmão tentou dar na sua cabeça - Ei, calma aí, mano!





- Que história é essa de ficar espalhando coisas sobre mim por aí? - o ar ofendido do rapaz não enganou ninguém, e logo ele ria junto com os outros.





- Mas sou obrigado a concordar com você, Jorge. - comentou Fred, observando a outra mesa – Angelina que me perdoe, mas essa garota é fantástica!





- Ahá! - comemorou Jorge - Espere só eu contar essa sua declaração para Angie!





- Faça isso, e eu mando publicar aquela sua foto na primeira página do Profeta! - retrucou calmamente.





- Você não teria coragem!





- Experimente.





- Que horror! - Jorge meneou a cabeça dramaticamente, com fingido pesar – Não posso confiar nem em meu irmão!





- Que foto é essa? - Nicky quis saber.





- Minha cara, eu não lhe contaria nem que minha vida dependesse disso! - Jorge respondeu com ar pomposo, e logo depois voltou um olhar maligno para o irmão – E nem Fred vai contar, porque sabe que a vida dele não valeria muito depois disso.





- Ai, que meda! - o outro debochou, mas ainda assim, recusou-se a revelar o segredo quando Nicky insistiu no assunto, alegando que não perderia seu trunfo assim tão fácil.





Naquele momento Gina chegou parecendo muito aborrecida. Seguiu direto para a mesa deles, jogando-se numa cadeira.





- Nós também estamos muito felizes em te ver, irmãzinha.





- É, ficamos até encabulados com seus cumprimentos tão efusivos.





A resposta dela foi uma careta mau-humorada, que fez os irmãos rirem divertidos. Antes que pudessem perguntar o motivo daquele estado de espírito, uma garota loira, da Corvinal, se aproximou da mesa.





- Oi, pessoal.





- Oi, Jenny. Cadê o Alex?





- Eu esperava que você pudesse me dizer. - ante a confusão espelhada no rosto de Nicky, ela explicou - Ele sumiu logo assim que chegamos, e ninguém mais o viu. - ela parecia mesmo muito irritada com aquilo - Isso não é o que eu chamo de um encontro.





Gina deixou sua mente vagar enquanto a garota continuava reclamando com Nicky. Então Alex sumira desde cedo? Lembrou-se da conversa que tivera com Hermione no dia seguinte ao primeiro ataque, quando a amiga dissera que apenas Harry, Alex e Wezen Deveraux estavam fora da Torre naquela noite. Sabia que não havia sido Harry, e Deveraux estava sentado calmamente ali perto. Poderia perguntar depois aos outros há quanto tempo ele estava no bar. Dependendo da resposta, restaria apenas Alex.





"Alex Martin", Gina pensou, enquanto analisava o bracelete que escondera precariamente com a manga da blusa. A inicial gravada, que pensara ser um "W", também poderia ser um "M", dependia de que ângulo a pessoa olhasse.





Nesse momento, Rony e Hermione entraram apressados no bar, parando ofegantes em frente à mesa deles.





- Nicky, venha com a gente, rápido!





- O que aconteceu, Hermione? - Gina perguntou espantada, enquanto Nicky já seguia Rony para fora do bar.





- Depois a gente explica, Gina. - ela fez sinal para deter os amigos, que se preparavam para acompanhá-los - Não, fiquem aqui! Não queremos chamar atenção.





Com isso ela também foi embora. Os ocupantes da mesa se entreolharam, confusos, tentando imaginar o que tinha acontecido.





Pouco depois de saírem do bar, o trio foi interceptado por Alex, que vinha na direção contrária.





- Ei, Nicky, o que houve? Por que essa pressa toda?





- Sammy. - a garota respondeu sucintamente, sem interromper os passos apressados, sendo seguida de perto pelo amigo.





- Será que...?





- Sem dúvida. Ela é uma teimosa!





Passaram a seguir Rony e Hermione em silêncio, os semblantes fechados demonstrando intensa preocupação.





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Remo virou-se lentamente, e por instantes, não acreditou no que via. Ali, bem na sua frente, como se estivesse diante de um espelho, deparou-se consigo mesmo. Como aquilo seria possível? O espanto devia estar claro em seu rosto, pois o outro Remo riu com deboche.





- Enfim livre! - exclamou o outro, se afastando da parede onde estivera recostado, com os braços cruzados sobre o peito - Apesar de todos os seus esforços, meu caro, não conseguiu acabar comigo, está vendo? - ele abriu os braços, como a ilustrar suas palavras.





- Quem é você? - finalmente ele conseguiu perguntar, ao que o outro riu com gosto.





- Quem sou eu? Quem sou eu? - ele parecia incrédulo, sem conseguir conter o riso - Você me mantém aprisionado esse tempo todo, e não me reconhece?





A única coisa que Lupin reconhecia era sua própria aparência. Estreitou os olhos, procurando algum detalhe que o diferenciasse daquele ser. Encontrou. A postura, o modo de caminhar, lembrava um predador, e os olhos apresentavam algo sombrio, quase maligno. Eram diferenças sutis, é verdade, mas assim mesmo, diferenças. Uma idéia louca passou por sua cabeça. A dor que o percorrera há pouco... as palavras estranhas do ser que comandava aquela situação... seria possível que...?





- ISSO MESMO, REMO LUPIN. - a voz retumbante voltou a ecoar no ambiente.





Remo não parava de encarar o ser a sua frente. Estava olhando para aquilo que mais o assustava.





- Você é devagar, hein? - ironizou o outro, com um sorriso de desdém - Achei que nunca me reconheceria.





Então aquele seria seu maior obstáculo. O lado negro de sua alma. A parte mais violenta do seu ser. A parte que mantinha sob rígido controle, que se fazia sentir nos momentos de dor, de ódio, assustando-o com a força da sua fúria.





- VOCÊS DEVEM FAZER O CAMINHO JUNTOS, COMO ESTIVERAM DURANTE TODA A VIDA, MAS DE UMA FORMA DIFERENTE. - explicou a voz - DEVEM CHEGAR JUNTOS AO FINAL DELE, CASO CONTRÁRIO, OS DOIS SERÃO DESTRUÍDOS.





Remo percebeu que o outro não gostou muito daquela notícia. Conhecendo bem aquele lado, apostava que pretendia acabar com ele na primeira oportunidade.





- LEMBREM-SE DISSO: TUDO O QUE VIREM, TUDO PELO QUE PASSAREM, SERÁ REAL. NADA DENTRO DOS SETE NÍVEIS É ILUSÃO. NÃO SE ENGANEM, POR MAIS IMPOSSÍVEL QUE POSSA LHES PARECER, LEMBREM-SE QUE PARA OS TUATHA DE DANANN NADA É IMPOSSÍVEL.





Fez uma pausa, deixando-os absorverem o sentido de suas palavras. Pouco depois a grande porta de prata na parede oposta da ante-sala começou a brilhar intensamente, e logo depois se abriu para um ambiente completamente imerso na escuridão. Por mais que tentassem, não conseguiam ver o que havia lá dentro.





- VÃO AGORA. SE FOREM DIGNOS, RECEBERÃO A RECOMPENSA MERECIDA. CASO CONTRÁRIO, O CASTIGO NÃO TARDARÁ. VÃO.





Os dois Remos, tão parecidos e tão diferentes, se entreolharam, desconfiados, por um instante antes de, lado a lado, mergulharem na escuridão da primeira etapa do desafio.





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Harry observava a garota desacordada, atento a qualquer indicação de que ela estivesse recuperando a consciência. Por que os amigos estavam demorando?, perguntava-se, nervoso. O que fariam se Nicky não soubesse o que estava acontecendo? Ou se soubesse, será que poderiam fazer algo, assim mesmo? Ele se sentia totalmente inútil diante daquilo tudo, uma sensação que o aborrecia muito.





De repente, sem nada que indicasse que aquilo aconteceria, Sammy abriu os olhos calmamente, assustando-o. A íris cor de mel brilhava, encarando-o diretamente nos olhos.





- Como você está se sentindo? - perguntou quando se refez da surpresa.





- Cansada. - respondeu com voz fraca, enquanto apoiava as mãos na cama, se sentando com certa dificuldade. Harry se apressou a ajudá-la a se recostar na cabeceira alta da cama.





- O que aconteceu, Sammy? - perguntou Harry, depois que a garota já estava melhor acomodada, e parecia estar se recuperando aos poucos do desmaio.





- É como disse antes, Harry: um assunto antigo, com novas preocupações. - respondeu simplesmente, e Harry percebeu que ela não lhe contaria mais nada sobre aquilo, por mais que insistisse.





Por um momento ficaram em silêncio, enquanto Sammy corria os olhos pelo aposento, com certa curiosidade nos olhos.





- Estamos onde acho que estamos? - Harry acenou afirmativamente - A Casa dos Gritos... - ela murmurou, voltando a analisar o ambiente, a curiosidade agora mais forte, aliada a alguma outra emoção que Harry não soube definir - Como conseguiu entrar? Pensei que a casa estivesse toda lacrada.





- Eu não sei se estava. - ante a confusão no semblante da garota, ele explicou melhor - Quando chegamos, a porta estava apenas fechada, sem qualquer tipo de empecilho pra gente entrar. Mas como Rony e Mione já estavam aqui dentro, não sei se ela estava lacrada antes.





- Rony e Hermione, é? - os olhos dela brilharam, maliciosos - Quer dizer que ela conseguiu?





- Conseguiu o quê? - ela o encarou em silêncio, os olhos deixando claro ao que se referia - Você está dizendo que Hermione está tentando conquistar o Rony?





- Não, Harry, imagina! - retrucou com ironia. – De onde você tirou essa idéia? Quem poderia pensar em Hermione gostando do Rony e querendo mudar a relação de amizade dos dois?





Harry foi obrigado a reconhecer que ela tinha razão. Ia falar mais sobre a situação em que encontrara os amigos, quando ouviu a porta se abrindo no andar de baixo, e passos rápidos subindo as escadas. Dali a pouco o quarto era invadido pelos quatro jovens, Nicky e Alex vinham a frente e correram na direção da amiga.





- Sua doida, o que andou aprontando, hein?!





- Será que vamos ter que ficar grudados em você para que se cuide, Sammy?!





A garota ouviu calada enquanto os amigos despejavam uma série de recriminações sobre ela. Quando enfim eles pareceram se acalmar um pouco ela sorriu para os dois, um sorriso ao mesmo tempo doce e travesso, que fez os dois suspirarem, vencidos.





- Você não tem jeito. - declarou Nicky, com um aceno desanimado de cabeça. - Como você está agora?





- Cansada. - repetiu a mesma resposta que dera a Harry.





- Venha, eu levo você. - Alex se inclinou para ela, que estendeu os braços, enlaçando-o pelo pescoço enquanto o rapaz a pegava no colo com extremo cuidado.





Ele se preparou para ir embora, mas Sammy o fez esperar, enquanto voltava-se para Harry, que os observava calado, meio aborrecido por nem se darem ao trabalho de explicar o que acontecia com ela. A garota estendeu a mão para ele, num pedido silencioso para que se aproximasse. Apesar do aborrecimento, ele a atendeu.





- Obrigada, Harry. - ela segurou seu rosto, puxando-o para um beijo suave - Obrigada por cuidar de mim.





O trio saiu logo depois, deixando para trás um Harry ainda confuso, cercado pelos amigos que estavam ainda mais confusos que ele. "Por que eu só me interesso por garotas complicadas?", ele se perguntava, com certo desânimo.





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Assim que passaram pela porta, a escuridão desapareceu, e se viram numa enorme sala, tão gigantesca quanto a primeira em que Remo estivera. Era cumprida, ladeada por colunas de mármore, que formava um caminho até o local, no extremo oposto, onde uma enorme estátua, provavelmente de um Deus antigo, parecia aguardá-los. Logo em frente a estátua abria-se um vão no piso branco, onde uma escadaria descia até o próximo nível.





Assumindo que deviam seguir pela escadaria para chegar ao coração do palácio, os dois se dirigiram para lá. Iam em silêncio, cada qual pensando em quais seriam os obstáculos apresentados, em como poderiam superá-los, e principalmente, em como se proteger um do outro. Remo sabia como seu lado negro poderia ser perigoso, enquanto o outro conhecia a força dele, temendo novamente ser aprisionado, contido por aquela força.





Aproximaram-se do vão, na intenção de descer a escadaria, porém, com um grande estrondo, a mão da imagem, que segurava uma besta (arma que atira flechas), desceu sobre eles, que se atiraram para os lados, escapando por pouco de serem esmagados. Remo ergueu-se do chão, apoiando-se na parede lateral, tentando entender o que acontecia. A besta agora estava sobre o vão, bloqueando qualquer tentativa de passagem.





- Maravilha! E agora, Lupin, o que fazemos? - perguntou o outro, exasperado.





Remo o ignorou. Olhava para a grande imagem diante deles. Não havia dúvida que representava uma das antigas divindades, provavelmente um dos sete que haviam criado a pedra que buscavam. Resolveu arriscar.





- Estamos buscando a Sarnseacht. - ele declarou em tom alto e respeitoso, dobrando o joelho e inclinando-se diante da imagem. O outro o olhou com deboche.





Então, diante deles, a imagem criou vida, os olhos brilhando com duas chamas azuis, enquanto sorria com maldade, mostrando uma fileira de dentes afiados. O outro se empertigou, estreitando os olhos e ficando atento a imagem, enquanto Remo continuava ajoelhado, a cabeça curvada em postura humilde.





- ESTÃO? - a imagem perguntou com voz retumbante, um leve traço de ironia – ENTÃO VOCÊ TERÁ QUE TRILHAR UM LONGO CAMINHO ATÉ ELA, BRUXO. E EU LHE DAREI SEU PRIMEIRO DESAFIO. O DESAFIO DE DAGHDA, O SENHOR DO GELO.





Quando a imagem terminou de falar, eles foram envoltos num turbilhão gelado. Uma forte nevasca os atingiu, erguendo-os no ar, e fazendo-os girar pela sala, numa velocidade cada vez maior. A escuridão retornou, enquanto eles caíam num abismo sem fim, sempre girando ao sabor dos ventos gelados, até que não conseguiram mais manter a consciência, a mente também mergulhando na escuridão.





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Harry se dirigia para a torre de astronomia, pensando sobre os acontecimentos daquele dia, tentando encontrar as respostas para as muitas perguntas que o perturbavam. O que acontecera com Sammy? O que ela fizera que deixara os amigos tão zangados e preocupados? Estaria a garota doente? Seria essa a causa do súbito desmaio? "Pode ser...", Harry pensou, rememorando cada detalhe do incidente. É, aquela era uma boa hipótese. "Um assunto antigo...", ela dissera. Tinha quase certeza, agora, que esse assunto era algum problema de saúde. Ia conversar com Sammy. Talvez pudesse ajudá-la em algo.





Chegou a torre perdido nessas conjecturas, e demorou a perceber que a pessoa sobre o parapeito não era Rhea, como esperava encontrar. Também não era Sammy, como da outra vez. O vento fustigava a cabeleira negra, fazendo-a voar para longe do rosto bonito, que espelhava certa tristeza ao olhar não para a paisagem diante de si, nem para o céu coberto de nuvens que anunciavam a tempestade que se aproximava, mas sim para um pequeno objeto aberto em sua mão, acima do qual pequenos pontos brilhantes giravam lentamente.





Harry hesitou. Deveria se aproximar? Ela parecia tão distante, tão diferente da mulher arrogante e mandona com a qual já se acostumara. Sentia, de alguma forma, que se não fosse por essa arrogância natural, ela estaria chorando. E foi isso que o fez se decidir.





- Professora Donovan...





Ela voltou lentamente o olhar em sua direção ao ouvir o chamado baixo, quase suave, de Harry. Os olhos azuis brilhavam como ele nunca tinha visto antes. Um brilho de dor.





- Olá, Harry. - cumprimentou com voz serena. Não parecia surpresa ao vê-lo ali - Sinto dizer que não encontrará Rhea hoje. Ela está ocupada com outras coisas.





Ele se aproximou, sentando-se ao lado da professora. Notou que o objeto que ela segurava era o coração de ouro branco que pendia da corrente que lhe adornava o pescoço. Provavelmente era algo que lhe trazia alguma recordação importante.





- Ela está preocupada com os pais, não é mesmo?





- Claro que está. - Kristyn não se surpreendeu ao ouvi-lo falar do pai de Rhea - Ela conhece os riscos da missão deles. E ainda nem conheceu Remo. Seria muito injusto eles não terem essa chance.





Apesar dela estar falando de Rhea, ele percebeu que seu pensamento estava nos filhos e em Sirius.





- O lugar onde eles foram... Tara, não é? Fica muito longe?





- Bastante, mas o portal que o usaram os levou rapidamente.





- Então logo eles devem estar de volta, não é? - perguntou, esperançoso.





- Eu não contaria com isso. - ante a confusão no rosto de Harry, ela explicou - O tempo corre de forma diferente no lugar onde eles foram. Enquanto para eles se passaram horas, para nós podem ter se passado dias ou mesmo semanas, não sei dizer ao certo.





- Você acha que eles vão conseguir?





- Não sei, mas sei que resgataremos Sirius. - Harry se surpreendeu com a convicção que ela demonstrou em suas palavras.





- Como pode ter tanta certeza?





- Alguns anos depois que ele foi preso, meu filho predisse isso. - ante o olhar surpreso de Harry ela sorriu levemente - Você sabe sobre o dom dele. Não é algo que apareceu apenas agora, mas nasceu com ele. Então, como eu ia dizendo, eu estava particularmente triste aquela noite. Faziam exatamente cinco anos que seus pais tinham morrido, e eu sentia muita falta de meus queridos amigos, tanta quanto sentia de Sirius. Wezen percebeu minha tristeza. Ele veio, subiu no meu colo me abraçando com muito carinho, e me disse para não me preocupar; que eu reencontraria o pai dele. Disse que seria difícil, que teríamos que passar por muitas provações para resgatá-lo de um lugar pior que Azkaban, mas que no fim conseguiríamos. - ela voltou-se novamente para ele, com um olhar firme - O Vidente da Tríade nunca erra.





Harry se deixou invadir por uma nova esperança. Se aquilo era verdade, então podia contar que em breve teria novamente o padrinho com ele. Estava tão animado que quase não notou a professora descendo do parapeito, voltando a si apenas quando ela falou com ele.





- Remo me disse que você ficou perturbado por uma cena que viu na penseira, uma lembrança de Snape, não é isso? - espantado, ele apenas concordou com um gesto de cabeça - Não fique. Fui a melhor amiga de sua mãe, e posso te confirmar: ela amava muito seu pai. - ante o olhar hesitante do rapaz ela riu, voltando ao seu estado costumeiro de animação - O que eu esperava? Se não acreditou em Remo e Sirius, que conhece tão bem, por que acreditaria em mim, não é? - calou os protestos do rapaz com um gesto de descarte - Não precisa se justificar, eu entendo. Mas pode deixar, que em breve vou te provar o que disse. Talvez o natal seja uma boa ocasião para isso... - comentou pensativa, enquanto ia embora da torre.





- Uma boa ocasião pra quê? - ele ainda gritou, mas ela o ignorou, deixando-o sozinho com sua confusão.





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Remo voltou lentamente a consciência, sentindo algo macio e gelado sob seu corpo. Abriu os olhos, e viu os flocos brancos que caíam suavemente, bem diferente da nevasca que enfrentara há pouco. Apoiou-se nas mãos, erguendo-se devagar, sentindo o corpo dolorido. Viu o outro caído a poucos metros de onde estava. Precisava acordá-lo. Tinham que descobrir onde estavam, qual seria o tal desafio do deus chamado Daghda, e como vencê-lo.





Enquanto ia até o outro, observava com atenção os arredores. Tinha uma sensação estranha, uma sensação de familiaridade. Conheceria aquele lugar? Parou, analisando os detalhes da região. Viu a floresta que margeava a colina onde estavam, e ao longe os contornos de um pequeno vilarejo. Realmente conhecia aquele lugar. Mas por que o tinham enviado para lá?





De repente um arrepio o percorreu, ao olhar para o céu e ver a lua, sobre a qual uma sombra deslizava. Um eclipse. Será que...? Não, não podia ser...





Um uivo horripilante encheu o ar, fazendo-o se arrepiar novamente. Sim, sabia onde estava, e sabia que noite era aquela. A pior noite da sua vida.





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N/A: É, gente, mais uma vez eu não consegui terminar o que queria, mas resolvi postar assim mesmo (odeio tá demorando tanto assim pra atualizar). Por favor, não briguem comigo. Sei que prometi um capítulo mais completo, mas realmente não deu pra terminar a tempo. Era também pra revelar a identidade do Eros nesse capítulo, e mais uma vez não deu. Fazer o que, né? Fica pra próxima. Queria agradecer a todos que acompanham a fic e principalmente aqueles que deixaram rewiews, pq assim eu sei o que vocês tão achando da historia. Muito, muito obrigada! Um beijo especial pra Kirina-Li (acho que nunca vi uma rewiew tão grande! Rsrsrs). É, Kirina, é uma novela, eu nunca neguei isso!(rs) No meu livro também era Morgana, mas resolvi mudar pq no mundo das fics já tinha muita Morgana, então pus Kristyn, que é um nome que sempre coloquei nas histórias que escrevia. Adriana, eu sei que a Kris não tá tão divertida como era, mas também, a situação mudou bastante, né? E só agora é que ela vai começar a interagir mais com o Harry e o resto da turma, pq antes tinha que disfarçar, não sabia que eles conheciam os segredos dela, entende?



Bom, acho que isso é tudo. Espero realmente que vocês gostem, por favor, não deixem de me dizer o que acharam, ok?



P.S.: Eu não li o capítulo depois que terminei, não consegui, tava muito cansada. Então, se tiver algum erro grotesco, por favor, me perdoem, ok?







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