O início da busca











CAPÍTULO IX







CAPÍTULO IX



O início da busca





Harry observava atônito o casal diante dele. O mesmo casal que vira na fotografia que Moody lhe mostrara no ano anterior. E, embora estivessem muito diferentes daquela imagem, também não estavam com a mesma aparência doentia do último Natal. Ele queria perguntar como aquilo era possível, mas não conseguiu. Tudo o que pôde fazer foi olhar para Neville, que estava tremendamente pálido, encarando os pais que todos julgavam mortos.





Os Longbottom observavam o filho com intensidade, os olhos brilhando de emoção ao encontrá-lo pela primeira vez desde que recuperaram a sanidade. Neville caminhou devagar até eles, parando em frente a Alice, olhando-a como se não conseguisse acreditar em seus olhos. Estendeu a mão, tocando-a no rosto, como se para confirmar que era real. Ela segurou-lhe a mão, pressionando-a contra sua face, as lágrimas correndo livres por ela.





- Mãe? - a voz de Neville não passava de um sussurro - Pai?





- Somos nós mesmos, filho. - respondeu Frank, a voz embargada, enquanto Alice imitava o gesto do filho, acariciando seu rosto - Não sabe como esperamos por esse momento.





- Tanto tempo... tanto tempo... - Alice soluçava, sem conseguir acreditar que finalmente tinha o filho junto de si.





Não importava como aquilo acontecera, e sim que estavam ali. As perguntas podiam ficar para depois. Sem se importar com mais nada, Neville se atirou nos braços dos pais, e os três se renderam a emoção, chorando copiosamente enquanto se abraçavam com força.





Sentindo os olhos arderem, Harry olhou para os outros. Rony enxugava disfarçadamente o canto do olho, enquanto Gina e Hermione choravam abertamente. Aliás, todos na sala estavam emocionados com o encontro que presenciavam, até mesmo as pessoas nos quadros, que sequer fingiam estarem dormindo, como sempre acontecia nessas reuniões. Mas, claro, sempre existia uma exceção.





- Isso tudo é muito emocionante, mas podemos voltar ao que interessa? - a voz meio entediada, meio impaciente, veio de um dos quadros - Estamos perdendo tempo, e tempo é valioso.





Todos os olhares se voltaram, indignados, para o quadro de Fineus Nigellus, que olhava de volta com impaciência.





- Pensei que o objetivo aqui era resgatar o meu bisneto! - exclamou ele, batendo com o punho cerrado no braço da poltrona onde estava sentado.





- Ele tem certa razão, Dumbledore. - respondeu Frank, antes de qualquer manifestação de protesto dos outros - Se tiver um lugar onde possamos conversar a sós...





- Claro, Frank... - Dumbledore indicou uma porta lateral no escritório - Podem ficar a vontade na minha sala privativa. Terão toda a privacidade que precisam nesse momento. - depois que eles se retiraram, Dumbledore voltou um olhar duro na direção do quadro do ex-diretor - Pronto, Fineus. Vamos continuar agora.





- Acho bom. - ele voltou a se acomodar na poltrona, lançando um olhar arrogante para todos. Kristyn sorriu ironicamente. Parece que Sirius era mais parecido com aquele ancestral do que gostaria de admitir.





- Bom, meninos.. - o diretor se voltou para Harry e os outros, que ainda olhavam meio que incrédulos para porta pela qual os Longbottom acabaram de sair - ... acredito que devam estar curiosos, não é mesmo?





- Acho que "chocados" define melhor, Dumbledore. - interviu Lupin, sorrindo para os jovens amigos.





- Professor, como isso é possível? - perguntou Hermione - Eles estavam mortos!





- Não, Hermione, não estavam. - contradisse o diretor, calmamente - A morte deles foi forjada, para que ninguém soubesse de que tentávamos fazê-los recuperar suas vidas normais.





- Mesmo que eles não estivessem mortos... - interviu Rony, bruscamente - nós vimos a mãe do Neville no último Natal. Como é possível que tenham se recuperado assim?





- Vocês sabem sobre nossos dons. - foi a vez de Ana intervir - O que fiz foi usar o meu para sanar os danos em suas mentes. Isso seria muito mais difícil de se fazer quando sofreram o ataque dos Comensais, mas depois de todos esses anos, seus corpos tiveram o tempo suficiente para reforçar suas energias, e recuperar o que podiam de sua saúde. Graças a isso, consegui refazer o que tinha se rompido, reconstruindo as pontes entre suas lembranças e faculdades mentais.





- E por que Neville não sabia disso? - perguntou Gina, revoltada com o que o amigo passara, em vão.





- Vejam bem, não tínhamos nenhuma garantia de que Ana conseguiria sucesso em sua tentativa. - explicou Remo, muito sério - Achamos que não devíamos alimentar esperanças em Neville, quando, no fim, tudo podia dar em nada, entendem?





- E por isso o fizeram pensar que os pais estavam mortos! Grande consideração! - exclamou Harry, irônico.





- Sinceramente? - interviu Kristyn, lançando-lhes um olhar duro, que os fez silenciarem os protestos - Não me importo nem um pouco com o julgamento de vocês. Fizemos o que achamos certo, e o que realmente conta é que agora eles estão bem, e Neville pode até ficar um pouco irritado, mas garanto que a felicidade que está sentindo compensa tudo isso.





Como não tinham resposta para aquilo, eles ficaram quietos, e Dumbledore aproveitou para mudar de assunto.





- Agora, acho que vocês têm algo a nos dizer, não é mesmo? - inquiriu o diretor, o olhar penetrante sobre os alunos, que se encolheram ligeiramente. Tinham até esquecido que tinham sido flagrados espionando-os.





- Vou poupar o trabalho deles, Dumbledore. - declarou Ana, voltando-se para os garotos com um ligeiro sorriso - Vocês têm nos vigiado e espionado já há um bom tempo, não é mesmo?





Eles concordaram timidamente.





- E o que descobriram? - perguntou o diretor, severamente.





Harry então contou tudo o que ficaram sabendo durante suas espionagens. Hesitou apenas quanto ao segredo dos Deveraux. Olhando de soslaio para Lupin, decidiu que aquela era uma revelação que não cabia a ele, e se calou sobre aquilo. O olhar que Ana lhe lançou dizia claramente que estava grata a ele por isso.





- Parece que não adianta tentar esconder nada de vocês, não é mesmo? - comentou Dumbledore, e Harry não soube dizer se ele estava aborrecido ou satisfeito com aquilo - Ainda que seja para o seu bem.





- Professor, Sirius é meu padrinho, o senhor sabe como me sinto com tudo isso! - argumentou Harry - Eu precisava saber sobre o que estavam fazendo para resgatá-lo!





- O que nos traz de volta a questão principal. - interviu Fineus, novamente. - Você, mulher, - se dirigiu a Alena, que olhou-o com superioridade - continue suas explicações.





Alena o ignorou completamente, e apenas voltou a falar quando Dumbledore pediu-lhe, com muito respeito, que continuasse de onde haviam parado antes.





- Para chegarmos aos locais onde se encontram as relíquias sagradas, precisaremos de um ponto de concentração das forças mágicas, para abrirmos um portal. Isso também será necessário para abrirmos a passagem para o Mag Dalben. O Thor, em Avalon, é um desses pontos, mas vocês não podem usá-lo, apenas poucos iniciados são admitidos na Ilha.





- Mas existem outros pontos conhecidos, não é mesmo? - perguntou Kristyn.





- Claro, e antes de vir para cá, estudei o mais viável para utilizarmos, fica próximo daqui, no coração da Floresta Proibida.





Rony fez uma careta de desgosto. Conhecia mais da Floresta do que gostaria: os seres que a habitavam não eram nenhum pouco cordiais, pensou, lembrando-se com um arrepio das gigantescas aranhas que Harry e ele enfrentaram no segundo ano.





- Então podemos partir imediatamente. - Kristyn se animou.





- Não, Kris. - declarou Ana - Nós partiremos amanhã, depois que todos tiverem repousado o suficiente. Você não vai conosco.





- Como assim, não?!





- Pense bem, prima... - Ana a encarava fixamente, como se quisesse fazê-la compreender tudo sem palavras - ... você é professora aqui, você tem outras responsabilidades, lembra?





Os garotos logo perceberam que ela falava sobre os Deveraux. Era óbvio que ela não queria que os três jovens ficassem sem a supervisão da prima. "Bom, se são filhos dos Marotos, ela deve ter razão quanto a isso.", pensou Hermione, sorrindo.





Kristyn suspirou pesadamente, cedendo aos argumentos de Ana.





- Tudo bem, Ana, você venceu.





Lupin as observava com curiosidade. "O que será que está acontecendo aqui?", ele se perguntava. Conhecia o bastante de Kristyn para saber que ela não cederia assim tão fácil, sem uma boa briga antes.





- Então, agora que já acertamos tudo, vocês devem voltar aos seus dormitórios. - ele se dirigiu aos garotos, e falou com grande seriedade - E não quero mais descobrir que andam nos espionando, ouviram? Se quiserem saber de algo, venham e me perguntem. Prometo que lhes responderei aquilo que for possível. Agora vão. Mais tarde Neville se juntará a vocês.





Eles obedeceram-no sem discussão, seguindo direto para Torre, ainda sob o efeito das surpresas daquela noite. Harry ficou um longo tempo deitado, olhando para o dossel de sua cama, pensando na felicidade que o amigo estava sentindo naquele instante, ao ter de volta seus pais, como nunca tivera antes. Sentiu uma pontada de inveja - claro que estava feliz pelo amigo, mas bem que queria que algo assim também pudesse acontecer com ele. "Pena que é impossível..."





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- Ah, eu sabia que você ainda me seria muito útil, meu caro... - a voz maldosa soava satisfeita na cela onde Sirius estava aprisionado. Ele não podia vê-la, mas sua presença se fazia sentir como uma navalha ameaçando sua garganta. Sentia a euforia da expectativa. Realmente, parecia que algo muito bom ocorrera para ela. O que devia ser muito ruim.





- Sabe, além de tediosa, você está se tornando confusa. - declarou em tom de enfado, disfarçando bem a apreensão que sentia.





- Eu não preciso que você me compreenda, cachorrinho. - retrucou, divertida - Por enquanto, vou apenas compartilhar minha satisfação com você, já que é responsável direto por ela: em breve, eu terei aquilo por que tenho esperado há muito tempo.





- Não diga! Finalmente vai conseguir um decorador decente para esse mausoléu?!





- Pode brincar a vontade, querido. Nada vai estragar meu bom-humor. Mas talvez, eu consiga acabar com o seu!





Com isso ela se foi, e com ela, as paredes e o teto da cela. Ele se viu no alto de uma torre, as corrente ainda o prendendo ao chão, totalmente desprotegido da tempestade que assolava o castelo, e que logo o deixou enregelado até a alma.





"Se ela pensa que isso é o bastante para me dobrar, pode tirar o cavalinho da chuva!", ele ainda conseguiu rir amargamente do trocadilho tosco. Enquanto a chuva açoitava seu corpo, seus pensamentos se voltaram para a declaração dela. "O que será que ela quer tanto assim?"





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No dia seguinte, bem cedo, o grupo composto por Ana, Lupin, Alena e os Longbottom adentrou o Floresta Proibida, guiados por Hagrid, que era quem melhor conhecia o lugar. Assim, levaram aproximadamente uma hora para chegar ao local onde havia um rústico altar, evidente herança dos rituais pagãos que se realizava ali há muitos séculos.





- A primeira relíquia a buscarmos deve ser a Sarnseacht. - declarou Alena - Sem ela, as outras serão inúteis.





Ela então realizou o pequeno ritual que abriria a passagem para Tara, a morada dos deuses, enquanto os outros observavam com curiosidade. Em poucos instantes, o altar desaparecia, e em seu lugar ficou uma intensa luz azulada, que parecia uma concentração de inúmeros raios.





- Vamos, ele não vai durar muito tempo. - Alena os apressou.





Eles se despediram rapidamente do guarda-caça, e passaram pelo portal, dando início a sua busca.





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Harry, Rony e Hermione já estavam terminando o café da manhã quando Neville desceu para o salão principal. Estranharam que o rapaz não aparentasse a felicidade que devia estar sentindo naquele momento, sendo a única diferença o brilho nos olhos, em que um observador menos atento não repararia.





- Dumbledore. - ele explicou rapidamente, ante a indagação sussurrada de Hermione - Ele disse que é importante manter o segredo, e seria estranho eu aparentar muita felicidade, não é?





Eles concordaram, e Harry se admirou com o garoto. Não sabia se ele seria capaz de disfarçar tão bem assim, caso estivesse no lugar dele. O mais provável é que estivesse com a verdade escrita na testa, bem ao lado de sua cicatriz.





- Oi, gente. - era Gina quem chegava agora, parecendo muito animada. - O que vão fazer hoje?





Era sábado, e dia de visita a Hogsmeade. Em meio as descobertas da noite anterior, eles tinham até esquecido disso.





- Acho que não poderemos ir hoje. – comentou Hermione, recebendo olhares espantados de Harry e Rony - Vocês têm noção de quanto trabalho acumulado nós temos pra fazer?





- Hermione, você realmente espera que a gente perca a visita por causa dos deveres? - Rony falava como se a amiga tivesse perdido o juízo.





- Francamente, Rony, pensei que a essa altura você já estivesse acostumado com essas visitas. - ela retrucou, irônica.





- Ah, vamos, Mione. - interviu Gina - Vai ser divertido, e nós podemos terminar as lições quando voltarmos. Por favor...





Rindo do ar de cachorro sem dono da amiga, Hermione cedeu. Comemorando, Gina a puxou da mesa, dizendo que tinham que se arrumar, ao que os rapazes trocaram olhares irônicos, que diziam claramente "coisa de garotas!".





Elas se separaram no alto da escada do alojamento feminino, indo cada qual para seu quarto a fim de se produzirem um pouco. Quando entrou em seu dormitório, Gina se surpreendeu ao encontrar uma caixa de presente sobre sua cama.





"Não é meu aniversário, nem nada.", estranhou ela, pegando a caixa com curiosidade. "Quem será que mandou isso?". Decidindo que o mais lógico era abrir o presente, e torcendo para que não fosse nenhuma peça dos gêmeos, ela desfez o laço que prendia a caixa.





Seu queixo caiu ao tirar de dentro dela um lindo vestido de seda vermelho. A peça era lindíssima, muito elegante, obviamente muito cara. "E muito curta, também!", pensou ao olhar-se no espelho segurando o vestido diante do corpo. Pegou a caixa novamente, e vasculhando entre o papel de seda, encontrou o que procurava.





"Lembrei de você assim que o vi. Use-o para mim hoje."





Era muito atrevimento! Quem ele pensava que era para lhe dar ordens?





Guardou o vestido novamente na caixa, colocando-a dentro do seu malão, e mudando a roupa que separara antes para usar na visita. "Vai ficar muito desapontado, queridinho!", pensava enquanto se vestia.





Assim que acabou de se arrumar, ela saiu e encontrou Hermione vindo em sua direção pelo corredor.





- Ué, Gina, você não ia com aquela sua saia jeans? - estranhou a amiga.





- Mudei de idéia, Mione.





- Bom, pelo menos não vamos ter que aturar o mau-humor do seu irmão. Ele odeia aquela saia.





- Eu não contaria com isso, Mione. - comentou, divertida - Ele também não morre de amores pela que você está usando.





- Ah, mas aí é diferente, minha cara! - retrucou, com ar de conspiração. - Essa saia é uma aliada valiosa na minha campanha.





Rindo, as duas desceram as escadas, encontrando Sammy e Nicky prontas para descerem também.





- Estão indo para Hogsmeade? - perguntou Sammy, continuando ante a resposta afirmativa das garotas - Nós também! Vamos juntas?





Elas concordaram, e saíram as quatro pelo retrato da Mulher Gorda.





- Cadê o Alex? - perguntou Gina





- Ele tinha um encontro com uma corvinal. - respondeu Sammy, casualmente.





- E você não se importa? - perguntou Hermione, timidamente, a Nicky, que a olhou com estranheza.





- Por que me importaria?





- Bem, ele está sempre te cantando, pensei que vocês... – ela não pôde concluir a frase, porque tanto Nicky quanto Sammy caíram na risada.





- Você pensou que tinha algo entre nós? - Nicky não conseguia conter o riso.





- Bem... pensei, o modo como ele te trata...





- Hermione, acredite em mim: nunca houve, nem nunca haverá nada desse tipo entre Alex e eu. Nós nos conhecemos desde sempre. - explicou Nicky, ainda rindo - Somos como irmãos, entende?





- Então por que ele vive se insinuando pra você? - perguntou Gina, intrigada.





- Porque, assim como um irmão, ele adora me perturbar, e morre de ciúmes de mim. Desse jeito, mata dois coelhos com uma só paulada: me irrita, e ainda afasta meus paqueras, que pensam que ele é meu namorado.





- E você tem certeza disso?





- Absoluta. Podem perguntar a Sammy.





- É verdade, gente. - apoiou a outra - Esses dois são verdadeiros irmãos.





As quatro passaram a falar sobre os avanços que estavam tendo em suas campanhas, enquanto seguiam para o saguão de entrada do castelo, onde tinham combinado de encontrar os outros.





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Gina estava se divertindo muito. Podia não saber quem era seu atacante, mas sentia que ele a observava com irritação. Era bom para ele aprender com quem estava lidando. Pena que não podia provocá-lo com Harry, pois Sammy seqüestrara o amigo logo que chegaram ao vilarejo, e desde então não vira mais os dois. Rony e Hermione tinham tido uma acalorada discussão sobre a "aliada" dela durante o percurso até ali, e também desapareceram assim que desceram das carruagens. Sobraram então Neville, Nicky, Luna, que se juntara a eles no saguão da escola, e ela. Deixara os outros três na Dedos-de-Mel, enquanto ia até o correio mandar um cartão para Carlinhos, que fazia aniversário naquela semana.





Tinha acabado de sair do correio quando se sentiu agarrada pela cintura, e sua visão desaparecia. "E lá vamos nós de novo!", pensou, irritada, enquanto era arrastada para uma viela escura entre dois prédios.





- Sabe, essa sua mania é realmente irritante! - comentou, quando ele a empurrou contra a parede de um dos prédios.





- Que coincidência, eu ia dizer o mesmo de você. – retrucou, ironicamente, a mesma voz da outra vez - Não perde a mania de me contrariar, não é? Por que não usou o vestido que te dei?





- Primeiro porque não recebo ordens de ninguém, menos ainda de você. - respondeu com altivez, sentindo novamente o perigo no ar. Sabia que estava brincando com fogo. - Segundo, por que sou perfeitamente capaz de escolher o que vestir.





- Estou vendo. - retrucou com sarcasmo, enquanto analisava a calça larga e a camiseta folgada que ela estava usando. - Está mais parecida com um saco de batatas, isso sim.





- Jura que você percebeu? - debochou ela - Pensei que não tinha reparado, já que continua me perturbando.





- Mas quer saber? - ele perguntou, como se não a tivesse ouvido - Até que esse visual tem suas vantagens...





Ele insinuou as mãos por baixo da camiseta, acariciando a pele lisa da barriga, provocando arrepios em sua espinha, subindo por seu corpo em carícias circulares. Gina agarrou seus pulsos antes que ele chegasse onde queria.





- Pode parar, queridinho. Eu já disse que não quero nada com você. - ele riu roucamente junto ao seu ouvido, enquanto se ocupava em beijar seu pescoço.





- Francamente, queridinha, você me quer tanto que não consegue nem manter o controle sobre si mesma. Quer ver?





Sem dar a ela chance de retrucar, ele começou a beijá-la bem devagar, mordiscando seus lábios, provocando-a com sua língua, atiçando, buscando a resposta que queria. E não se decepcionou.





Logo ela tinha libertado suas mãos, afundando os dedos em seus cabelos macios, puxando-o mais para junto de si, enquanto aprofundava o beijo. Ele tratou de aproveitar a liberdade, continuando o caminho que traçava pouco antes, acariciando-a com volúpia enquanto pressionava o corpo excitado contra o dela, perdendo completamente a noção de quem era e onde estava. Sabia que não podia se demorar ali, era muito arriscado, mas não podia evitar. Aquela ruiva o estava levando a loucura!





Controlando-se, ele enfiou a mão no bolso, e logo depois Gina ouviu um clique e sentiu algo pesado em seu pulso.





- Assim é melhor. - ele declarou com satisfação, enquanto se afastava dela - Com isso, todos vão saber que você já tem dono. Até nosso próximo encontro, ruivinha.





Gina só compreendeu o que ele queria dizer quando sua visão voltou ao normal, depois que ele a deixara. Erguendo o braço, viu o belo bracelete de ouro que adornava seu pulso. Era uma peça muito elegante e delicada, e no centro, gravado em ouro branco, reluzia um rebuscado "W". Lógico que todos saberiam que alguém havia lhe dado a jóia, pois sua família nunca teria condições de comprar algo tão caro.





"Um grilhão de escrava!", pensava Gina, revoltada, tentando sem sucesso se livrar da jóia. "Esse canalha me paga!"





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Assim que cruzaram o portal, eles se viram diante de um enorme palácio, muito branco, que parecia feito de minúsculos diamantes, tal o brilho que irradiava. Ele também parecia ser ocupado por gigantes, visto as proporções de sua estrutura.





- É lindo! - exclamou Alice, admirando a bela obra a sua frente.





- Você disse que essa é a morada dos deuses, Alena? - perguntou Frank, observando com cautela os arredores - Eles não vão se zangar com nossa aparição repentina?





- As divindades que ocupavam esse lugar há muito voltaram para seus próprios reinos. – explicou Alena, passando pelos arcos da entrada do palácio e sendo seguida pelos outros.





- Então por que essa relíquia sagrada continua aqui? - Remo indagou, intrigado.





- Porque ela não foi feita para os deuses, e sim como um presente aos mortais que se mostrarem dignos dela. - foi Ana quem respondeu dessa vez, enquanto entravam num aposento ricamente decorado, em torno do qual vários tronos de tamanho descomunal se enfileiravam.





Estavam prestes a perguntar o que significava "se mostrarem dignos", quando, de repente, tudo a sua volta desapareceu, e eles sentiram como se estivessem perdidos em pleno espaço. Não conseguiam ver nada além de si mesmos e seus companheiros. Foi então que ouviram uma voz poderosa ecoando no nada a sua volta.





- VOCÊS OUSARAM INVADIR A ANTIGA MORADA DOS THUATA DE DANNAN, E DEVEM PAGAR O PREÇO POR ISSO...





Alena deu um passo adiante, se ajoelhando enquanto atirava o manto que lhe cobria a cabeça para trás.





- Viemos, em nobre missão, pedir o auxílio dos deuses. - apesar da posição servil, sua postura e sua voz mostravam o orgulho e a dignidade de quem estava acostumado a lidar com seres poderosos como aqueles. - Rogamos, humildemente, que nos concedam a Sarnseacht.





Uma gargalhada onde ecoavam várias vozes diferentes soou a volta deles.





- SUA HUMILDADE NÃO NOS COMOVE, SACERDOTISA. POR QUE CONCEDERÍAMOS TÃO VALOROSO PRESENTE A SERES TÃO INFERIORES?





Os outros trocaram olhares inseguros. E se eles insistissem em lhes negar a Pedra, o que fariam? Apenas Alena não parecia afetada pela aparente negativa ao seu pedido.





- Foi determinado que aquele que se mostrasse digno, receberia a Pedra. Testem-nos. Permitam que nos mostremos merecedores de tal dádiva.





Passou-se um longo tempo antes que a voz torna-se a responder.





- NÃO PODEMOS NEGAR ESSA CHANCE A NINGUÉM QUE NOS PROCURE, MAS ESTEJA AVISADA, SACERDOTISA. A MORTE AGUARDA ÀQUELES QUE FRACASSAREM NO TESTE.





- Como afirmei, nossa missão é nobre, e estamos dispostos a oferecer nossas vidas por ela.





- ENTÃO, QUE ASSIM SEJA! DEVEM ESCOLHER QUEM DE VOCÊS ENFRENTARÁ O TESTE, POIS APENAS UM PODE REINVINDICAR ESSE DIREITO.





- Eu vou. - Remo se adiantou, retrucando ante os protestos dos companheiros - Nem tentem argumentar. Frank e Alice acabaram de recuperar sua saúde, e têm um filho com o qual se preocupar. E Ana... não quero que se arrisque. - confessou, encarando-a com a antiga ternura, enquanto acariciava de leve seu rosto. - Podemos ter muitos problemas, mas ainda assim...





Ele não terminou a sentença, desviando os olhos dos dela e posicionando-se a frente dos amigos, declarando com determinação.





- Eu estou pronto.





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N/A: É galera, outro capítulo curto. Mas, se não fosse assim, ia demorar muito pra postar, então preferi deixar o resto (R/H, H/S, a provação de Remo, e etc...) para o próximo capítulo.



Muito bem! A maioria de vocês adivinhou quem eram os encapuzados! Agora, podem zoar a Tonks! Ela apostou comigo que ninguém ia adivinhar, e agora tem que adotar o nome de "Josefina" (ela vai me matar por tá contando isso, rsrsrsrs).



Olhem, devo estar postando o próximo capítulo até domingo que vem (se Deus quiser e ajudar!). E tenho uma novidade pra vocês: pretendo em breve estar publicando outra T/L, uma NC-17, adaptação de um livro que gosto muito. Espero que vocês também gostem.



Bom, acho que isso é tudo. Até a próxima, e por favor!, não deixem de me dizer o que acharam, ok? Bjaum pra todos!







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