A Revelação do Caminho











CAPÍTULO VIII







CAPÍTULO VIII



A Revelação do Caminho





Harry e os outros não ficaram sabendo sobre essa conversa de Kristyn com a prima, pois ela acontecera no apartamento de Ana, em Londres, e por isso, não sabiam o real motivo da preocupação que viam nos olhos da professora. Continuavam aguardando com impaciência pelo dia das bruxas, depois do qual a sacerdotisa Alena viria a Hogwarts com as informações necessárias para o resgate de Sirius. Enquanto isso, dividiam seu tempo entre os turnos de espionagem e os deveres da escola, que, se não eram tantos quanto o do ano anterior, eram, em compensação, de uma complexidade apavorante.





- A McGonagall extrapolou! - resmungou Rony, aborrecido, cercado por vários livros. Estavam sentados a uma mesa afastada no salão comunal, fazendo as lições - Dois rolos de pergaminho sobre Animagia!





- E essa matéria é muito complicada. - apoiou Harry, puxando um livro mais para perto, tentando entender melhor o assunto - Não sei como meu pai e Sirius conseguiram se tornar animagos no quinto ano!





- Mais espantoso ainda foi conseguirem ajudar Pettigrew a fazer o mesmo. - comentou Mione, sem tirar os olhos da sua redação. Ela já tinha escrito dois rolos, e estava no meio do terceiro. - Pelo que soubemos, ele não era lá muito inteligente, não é?





Harry concordou, enquanto Rony espiava o trabalho da amiga. No dia seguinte a conversa de Harry com Gina, a garota voltara a tratá-lo como sempre. Apesar de curioso sobre o motivo que a levara a agir daquele jeito, Rony fez como ela, fingindo que nada havia acontecido. Vai que ela se aborrecesse outra vez?





Já Mione ficara muito envergonhada quando Gina explicou o que tinha acontecido. Ele nem sequer tinha percebido nada, e ela, sempre tão observadora, acabara confundindo tudo! No fim, não conseguiu resistir, e também rira muito com Gina, mas a verdade é que estava ainda mais insegura sobre como agir para conquistar o amigo.





- Pode parar, dona Hermione! - recriminara Gina, quando ela expôs suas dúvidas - Você não pode deixar uma pequena confusão te fazer desistir de tudo! Afinal, estamos falando sobre Rony, não ? Eu ficaria surpresa é se não acontecesse nenhuma confusão.





- Bom, - disse Harry, fazendo Hermione voltar ao presente - a verdade é que estou satisfeito pelas aulas de Oclumência terem acabado. Não sei se daria conta disso tudo.





- É espantoso como você conseguiu aprender rápido dessa vez, Harry.





- A professora Donovan me ajudou muito, Mione, mas eu acho que a diferença foi que, desta vez, eu realmente queria aprender. - vendo a expressão intrigada dos amigos, ele continuou - Da outra vez, eu achava que não devia parar com as visões sobre o que acontecia com Voldemort. No fim, deu no que deu. - ele suspirou profundamente - Se eu tivesse me esforçado mais, nada disso teria acontecido, e Sirius ainda estaria aqui.





Rony e Hermione trocaram olhares inseguros, sem saber o que fazer. Sabiam que nada do que dissessem iria consolar o amigo, então, preferiram mudar de assunto.





- E como vão as coisas com suas namoradas, Harry? - provocou Rony, sabendo que aquilo iria desviar a atenção dele. Não se decepcionou, pois Harry imediatamente corou, para diversão do amigo.





- Elas não são minhas namoradas, Rony. - retrucou, irritado.





- Não? Que estranho... - Rony fingiu confusão, e virou-se para Hermione - Mione, por favor, me ajude: se um cara vai toda noite encontrar uma garota, passa horas com ela, conversando e trocando beijos e abraços, o que eles estão fazendo?





- A meu ver, namorando. - respondeu a garota, divertindo-se ao ver o rosto de Harry ficar ainda mais vermelho, enquanto ele fingia ler com atenção o livro a sua frente.





- E se um cara, sempre que pode, está se agarrando com uma garota, o que eles estão fazendo? - repetiu a pergunta, ainda mais sonso.





- Em hipótese, namorando. - era difícil para ela conter o riso.





- Então, Harry, são dois votos contra um. – comunicou Rony, com falsa seriedade, concluindo - Elas são suas namoradas, sim!





- Ah, me deixem em paz, vocês dois! - irritou-se, fechando o livro com estrondo, e precipitando-se para fora do salão. Hermione enfim não agüentou mais, e caiu na risada, acompanhada de Rony.





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Harry se surpreendeu ao chegar na torre de astronomia. Em vez de encontrar Rhea, como esperava, quem estava sobre o parapeito era Sammy. Ela não estava sentada, como a outra garota, mas sim de pé, os braços estendidos para o alto e os olhos fechados, um sorriso satisfeito no rosto, parecendo deliciada com o vento que açoitava seus cabelos e suas vestes. Mesmo surpreso, Harry decidiu que era uma boa hora para conversarem, e se aproximou.





- Não esperava encontrá-la aqui. - comentou casualmente, parando ao lado do parapeito.





- Eu sei. - respondeu simplesmente, não parecendo nenhum pouco surpresa pela súbita aparição do rapaz - Mas esse lugar não é propriedade exclusiva de ninguém, e eu também gosto de vir aqui às vezes. Me ajuda a pensar. - ela virou-se para Harry, sorrindo - Quando fico aqui, desse jeito, é como se estivesse voando, e a sensação me faz muito bem. Quer experimentar?





Sem saber o que fazer, Harry aceitou a mão que ela lhe estendia, sentindo-se meio bobo ao imitar os movimentos da garota. Mas logo viu que ela estava certa. A sensação era mesmo muito semelhante a que sentia quando voava, o que sempre lhe dava a satisfação. Voltou-se para a garota, sorrindo, o cabelo mais bagunçado que nunca.





- Tem razão: isso é muito bom! - o sorriso dela aumentou ante o evidente prazer do rapaz.





- E agora vem a melhor parte. - ela piscou para ele, e então abriu os braços, e se jogou de costas no ar, fazendo-o gritar e tentar, em vão, segurá-la. Com o coração disparado, olhou para baixo, pensando no que fazer.





Mas não precisou se preocupar muito. Pouco depois, a garota voltava do mergulho, seu corpo parecia ter sido atirado de volta, como se tivesse caído numa espécie de cama elástica, e ela ria muito quando aterrizou ao lado dele.





- Você ficou maluca, foi?! - ele agarrou seu braço, irritado.





- Ora, Harry, qual o problema? - retrucou, divertida - Você sabe que os parapeitos são encantados, e que sempre que uma pessoa cai, ela é atirada de volta.





- Sei?





- Bom, saberia, se tivesse lido "Hogwarts, uma história".





- Hermione vai ficar encantada. - resmungou, rabugento, enquanto saltava do parapeito, encaminhando-se para a saída - Finalmente mais alguém que leu essa droga de livro.





- É sempre útil sabermos o que pudermos sobre um lugar onde passamos tanto tempo. - ela comentou, seguindo-o - Por que está indo embora?





- Por quê? - retrucou, irritado, encarando a garota sorridente a sua frente - Porque você é completamente pirada, e eu já tenho confusão de chega na minha vida!





Ele desceu as escadas da torre, seguido pela garota, que ria, divertida.





- Você até pode ter muita confusão na vida, ... - começou ela correndo para acompanhar os passos largos do rapaz - ... mas eu acho que está carente de diversão. Você é muito sério, Harry! Essa vida de "menino que sobreviveu" é muito chata, não é não?





Ele parou, encarando-a, mas antes que pudesse responder, ela a puxou para um nicho escuro na parede, colando o corpo ao dele e cobrindo seus lábios com a mão, silenciando-o. Logo, Harry descobriu por quê.





- Pansy, eu disse para você ir patrulhar a ala oeste. - a voz arrastada de Malfoy revelava um quê de irritação.





- Mas, Draco, pensei que nós podíamos patrulhar os corredores juntos... - reclamou, manhosa. Harry sentiu náuseas, só de ouvir.





- Pois pensou errado. - retrucou friamente - Trate de fazer o que disse, e fique de olhos bem abertos, pois soube que o Potter e a turminha dele têm circulado bastante fora do horário permitido. Não podemos perder uma chance como essa.





Ouviram os passos da garota se afastando, mas sabiam que Malfoy continuava por perto, e Harry tinha esquecido de trazer a capa da invisibilidade, pois estava muito irritado quando saiu da Torre. E agora, como fariam para sair dali?





Quando Malfoy se afastou mais para o fim do corredor, Sammy fez sinal para Harry segui-la, e correu até uma porta ali perto. Quando Harry entrou, viu se tratar de um armário de vassouras.





- Isso não é muito melhor que o nicho, Sammy. - comentou, num sussurro.





- Está enganado. - retrucou no mesmo tom. Afastando algumas vassouras no fundo do armário, ela puxou a varinha, batendo ritmadamente numa determinada seqüência de tijolos, fazendo Harry se lembrar da passagem para o beco diagonal. Sua suspeita se confirmou, ao ver uma passagem se abrir.





Harry seguiu a garota por um corredor muito estreito e escuro. A única iluminação vinha das varinhas deles, e o espaço restrito os obrigava a ficarem muito próximos, o que estava perturbando Harry, que sentia a atração pela garota aumentar a cada momento. Resolveu conversar para distrair a mente dos pensamentos que a invadiam.





- Como sabia sobre essa passagem?





- A professora Donovan me contou sobre ela. Disse que podia me ser útil. - explicou, ante o olhar surpreso do rapaz.





Depois de algum tempo eles chegaram numa câmara espaçosa e bem ventilada – Harry só não entendia como, já que ali não havia janelas.





- Essa câmara fica em frente a entrada para a Torre. - revelou Sammy, e Harry esperou que ela mostrasse a saída, mas a garota se recostou na parede, observando-o com um ar maroto.





- Bom, acho que podemos sair, então, não é? - comentou, meio encabulado.





- Ainda não. - ela respondeu calmamente, indo até onde o rapaz estava, e enlaçando-lhe o pescoço - Acho que este é o melhor momento para continuarmos nossa "conversa" do outro dia... - sussurrou em seu ouvido, fazendo um arrepio percorrer sua espinha. Mas, apesar da reação que ela provocava em seu corpo, ou talvez por causa dela, ele se lembrou que precisavam conversar.





- Espere, Sammy. - ele a segurou pela cintura, afastando-a um pouco de si, e fazendo-a encará-lo - Precisamos conversar. Conversar mesmo. - enfatizou, ao ver a malícia brilhando nos olhos da garota.





- Muito bem, sr. Potter. - ela brincou, afastando-se do rapaz - Pode começar, eu sou toda ouvidos.





- Bom... eu... é que... - ela se divertia muito com o constrangimento dele, e a dificuldade que tinha para abordar o assunto.





- Deixe-me ajudá-lo. Você quer falar sobre Rhea. - ela riu ante o olhar espantado dele - É, eu sei que vocês têm... um certo envolvimento.





- E como você sabe disso?





- Tenho meus métodos. Mas isso não vem ao caso agora. - ela descartou o assuntou com um gesto da mão - Eu não me importo com um pouco de concorrência, Harry. E não desisto do que eu quero por causa disso, pode acreditar... - ela voltou a se aproximar do garoto, deslizando a mão por seu peito, num gesto provocante - E agora... onde estávamos, mesmo? - ela o abraçou, beijando-o com ardor, ao que ele retribuiu sem reservas.





Se elas estavam dispostas a ficarem com ele naquelas condições, até que pudesse escolher entre as duas, quem era ele para reclamar?





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Era a vez de Gina e Neville vigiarem o escritório da professora, e os dois estavam sentados no corredor, cobertos pela capa da invisibilidade do garoto.





- Isso é muito importante para o Harry, não é? - ele perguntou de repente, fazendo Gina encará-lo. - Eu vi como ele ficou quando o padrinho dele caiu no véu.





- É muito importante, sim. Sirius Black é a figura mais próxima de um pai que ele já teve. - Neville assentiu, ficando em silêncio, o olhar distante. Gina lembrou dos pais dele, e resolveu que era hora de abordarem o assunto - E você, Neville? Também perdeu seus pais a pouco tempo, não foi? - perguntou, o tom suave dizendo que podia desabafar com ela.





- Eu perdi meus pais quando tinha um ano, Gina. - retrucou com tristeza - O que restou foram apenas figuras pálidas do que eles foram.





- Mas estavam ali para você. Se quisesse, poderia abraçá-los, falar com eles, mesmo que não pudessem te responder. - ela estendeu a mão, afastando uma mecha de cabelo do rosto dele, num carinho confortador - Não finja que não dói o fato deles terem ido para sempre, Neville.





- O que quer que eu diga, então? - retrucou num sussurro irritado - Que estou sofrendo mais do que nunca a falta deles? Que me sinto um egoísta por querer que ainda estivessem aqui, apesar de saber que provavelmente eles estão bem melhor agora? Que tudo o que eu consigo pensar é em acabar com a vida daquela maldita mulher com minhas próprias mãos? Tudo bem!!! Eu já disse, e agora?! Do que isso me adiantou?!





- Isso tudo eu já sabia, Neville. - respondeu Gina, a voz calma apesar da emoção ao ver a dor do amigo - O que eu quero saber, é se você já chorou a morte deles. - ele ficou um longo momento encarando-a, em silêncio, mas Gina adivinhou a resposta - Eu imaginei. - ela puxou o garoto para junto de si, abraçando-o com carinho.





Ele ficou um longo tempo parado, o corpo rígido, recusando-se a ceder a dor que oprimia seu peito, até que esta ficou forte demais para contê-la, e com um soluço estrangulado, ele a extravasou, chorando copiosamente, amparado pelo carinho da amiga.





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Neville se sentiu muito melhor depois daquele desabafo, como confirmou com Gina, dias depois, agradecendo o apoio da amiga. Agora já conseguia se interessar pelos eventos a sua volta, e não precisava mais fingir animação diante das novidades da escola. Gina ficou feliz por ele, e por ter tomado a decisão certa ao obrigá-lo a encarar a perda dos pais.





O dia das bruxas estava se aproximando, e os alunos estavam em polvorosa para a festa. Isso por causa da idéia que Parvati e Lilá tiveram, e que havia sido aprovada pelo diretor.





- Gente, imagina só isso, vai ser ótimo! - exclamava Parvati, empolgada, conversando com Lilá, Dino e Simas pouco antes da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas começar - A festa vai ser muito mais interessante assim.





A idéia era muito simples. Os novos alunos apresentariam atrações típicas de seus países, para ilustrar as diferenças culturais, e estreitar os laços de amizade entre eles. Harry achava que era um pretexto para as duas se meterem na organização da festa.





- A Latifa, aquela garota que veio do Marrocos concordou em fazer uma apresentação de dança do ventre. - declarou Lilá, provocando exclamações de alegria nos rapazes - Mas não adianta se empolgarem, ela disse que só fará isso se contar com pelo menos duas garotas de cada casa para o número que quer apresentar.





- Já sei: não conseguiram arrumar as outras dançarinas, não é? - perguntou Dino Thomas, desiludido.





- Por incrível que pareça, conseguimos representantes para todas as casas, menos a nossa. - era evidente a frustração na voz de Parvati.





- Acho que posso ajudar com isso, Parvati. - declarou a professora, que acabara de chegar e ouvira parte da conversa.





- Mesmo, professora? - a pergunta empolgada não veio da garota, e sim de Dino. A professora riu.





- Mesmo, Dino. Eu sei que Adhara e Rhea são excelentes nesse estilo de dança, e conversarei com elas a respeito. - Sammy e Nicky, que vinham chegando com Alex, fizeram caretas, enquanto o garoto ria.





- Não acho que vá conseguir convencê-las, professora. - comentou Sammy, claramente contrariada.





- É, elas não gostam muito de se misturar, quanto mais de se expor dessa maneira. - apoiou Nicky.





- Podem deixar, meninas, elas vão me ouvir, e concordar com meus argumentos. Sei ser muito persuasiva quando eu quero. - disse sugestivamente, fazendo sinal para seguirem-na para dentro da sala, e dando início a aula.





- Por que será que elas não gostaram da idéia da professora? - Harry perguntou aos amigos, no final da aula, cansado depois de mais uma sessão de treinos intensivos.





- Acho que deve ser por sua causa, Harry. - respondeu Mione, enquanto guardava seu material.





- Minha causa?!





- É isso mesmo, Harry. - concordou Rony, como se tivesse acabado de matar uma charada - A Sammy não deve estar gostando nenhum pouco disso. Afinal, pelo que sabemos, essa é uma dança muito provocante, e isso pode dar uma vantagem para adversária dela!





- Rony, você fala como se isso fosse um campeonato!





- Pode ser, mas estou certo! Não estou, Mione?





- Por incrível que pareça, está, Rony. Isso explica o desagrado dela.





Os três saíram da sala, ainda discutindo o assunto.





No dia das bruxas, todos se dirigiram empolgados para o salão na hora da festa, e uma surpresa aguardava Harry e seus amigos na mesa da Grifinória.





- Fred!!! Jorge!!! - Gina correu para abraçar os irmãos.





- O que vocês estão fazendo aqui? - perguntou Rony, olhando espantado para os dois. Eles usavam bonitas vestes pretas, que na opinião de Harry, acentuavam ainda mais o ar endiabrado dos gêmeos.





- Ora, Rony, não está claro que não agüentamos a saudade que sentíamos de você, e viemos para nos regalar na sua companhia? - perguntou Jorge, debochado, fazendo o irmão corar.





- Falem sério, rapazes. - interviu Mione.





- Hermione, esqueceu com quem está falando? - retrucou Harry, rindo - Esses dois não vão falar sério nunca!





- Obrigado, Harry. - Fred fez uma pequena reverência ao amigo - Pelo menos alguém aqui nos entende. Mas, como não queremos que morram de curiosidade, vou explicar. Nós tínhamos negócios a resolver em Hogsmeade, e Dumbledore nos convidou para a festa dessa noite. Parece que vai ser muito boa.





A mesa da Grifinória era a mais animada, com vários alunos se aproximando para cumprimentar os gêmeos pela fuga no ano anterior e pelo sucesso da loja de logros. A comida, como sempre, foi muito farta, e logo depois do jantar as apresentações começaram, animando os convivas. Depois de uma apresentação de luta marcial por alunos orientais, chegou o momento mais aguardado da noite - pelos rapazes, é claro. A professora Donovan cumprira a promessa, e convencera as Deveraux a participarem, garantindo a apresentação de dança do ventre.





As luzes do salão diminuíram, deixando-o imerso na penumbra. Pouco depois, apenas as áreas sobre as mesas das casas se iluminaram, mostrando que havia uma dançarina em cada ponta, de cada mesa. A música começou, e sua batida pungente logo contagiava os espectadores, envolvidos por ela, enquanto as dançarinas executavam movimentos graciosos e sedutores. Elas usavam vestes nas cores das casas para as quais dançavam, o tecido diáfano insuflando a imaginação dos rapazes.





Em cada mesa, elas executavam um estilo de dança característico. Na Lufa-Lufa, faziam acrobacias com a bengala de prata, os movimentos ágeis e precisos em perfeita sincronia com o ritmo da dança; na Corvinal, dançavam segurando taças de cristais com velas acesas, contorcendo as mãos e o corpo, criando um efeito de luz magnífico; na Sonserina, como não podia deixar de ser, as dançarinas tinham duas enormes cobras envoltas em seus corpos enquanto dançavam, e Pansy Parkinson olhava com despeito enquanto uma delas se contorcia diante de um Draco Malfoy embasbacado. Harry até poderia rir da expressão dele, se não estivesse tão embasbacado quanto, o olhar fixo em Rhea, que estava parada a sua frente, uma perna a frente do corpo, escapando pelas fendas da veste, o corpo jogado para trás, equilibrando uma espada dourada na cintura, enquanto executava os complexos movimentos no ritmo da música. Mais adiante, Adhara fazia o mesmo, diante dos gêmeos Weasley, que estavam quase babando em cima dela.





Enquanto o ritmo da música ficava cada vez mais intenso, a dança também se intensificava. Na mesa da Grifinória, as garotas Deveraux dançavam e giravam, e atiravam as espadas uma para a outra, provocando murmúrios encantados ante a perícia das duas. Quando a música atingiu seu auge, as duas estavam no centro da mesa, e num movimento fluído, atiraram as espadas, fincando-as uma em cada ponta da mesa. Enquanto as espadas ainda balançavam ligeiramente, elas removeram os véus que estavam enrolados nos cinturões, passando a executar nova coreografia. As dançarinas das outras casas tinham feito o mesmo, e agora elas dançavam todas em sincronia, o efeito visual causado pelos véus nas cores das casas aumentando a beleza dos movimentos. Quando a música acabou subitamente, elas caíram de joelhos, os corpos atirados para trás, enquanto os véus ficavam estendidos sobre a mesa a frente delas.





O salão estava em completo silêncio, os alunos admirados diante do espetáculo que acabavam de assistir, até que Dumbledore ergueu-se de sua cadeira, aplaudindo com entusiasmo, e logo era imitado por todos. As dançarinas se ergueram, fazendo reverências de agradecimento, enquanto os aplausos se sucediam, entremeados por assobios empolgados. Foi ainda sob o som dos aplausos que se retiraram do salão.





- Belíssima apresentação, belíssima, sem dúvida! - exclamou Dumbledore, chamando a atenção de todos - Uma ótima demonstração da cultura árabe, e um encerramento perfeito para essa noite tão festiva. - ele sorriu diante dos protestos dos alunos - Encerramento, sim. Já está bem tarde, e amanhã vocês todos têm aula. Vão agora para suas casas, já tiveram bastante emoção por hoje.





Os alunos saírem agitados, o burburinho alto das conversas comprovando a animação de todos.





- Nós não vamos ficar. - disse Fred aos amigos, provocando o protesto de Gina, que queria ficar mais tempo com os irmãos - Temos que voltar ainda hoje para Londres.





- Se bem que, depois dessa apresentação, eu estou pensando seriamente em pedir a Dumbledore para voltar para escola. - brincou Jorge, malicioso - Essas novas alunas são umas gatas!





- Harry que o diga! - brincou Rony, explicando quando os gêmeos o olharam, intrigados - Ele está envolvido com uma delas.





- Aê, Harry! - provocou Fred, jogando um braço sobre os ombros do rapaz.





- Cara de sorte, hein? - continuou Jorge, piscando, maroto.





Harry, que estava mais vermelho que os cabelos dos gêmeos, resmungou uma resposta qualquer, e despediu-se rapidamente dos amigos, rumando para Torre, ainda ouvindo as risadas deles atrás de si.





- Bem, já estamos indo. Ah, já ia esquecendo! - Jorge deu um tapa na testa - Mamãe pediu que disséssemos que espera, sinceramente, que vocês estejam se comportando, e que se mantenham longe de confusões. - seus olhos brilhavam com malícia, enquanto imitava o tom maternal da sra. Weasley.





- Isso mesmo, crianças. - corroborou Fred, no mesmo tom - E lembrem-se: não façam nada que nós não faríamos!





Rindo, eles se foram, enquanto os outros seguiam de volta para Torre.





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Finalmente chegara o dia que eles aguardavam com ansiedade, e dessa vez os cinco fizeram questão de ficar de tocaia, ouvindo o que se passava dentro do escritório do diretor, onde as mesmas figuras da outra vez tinham entrado pouco antes, acompanhadas de uma outra, que trazia o símbolo das sacerdotisas de Avalon nas vestes e na testa – adornada por uma pequena lua crescente.





- Muito bem, Alena. - começou Dumbledore, depois das costumeiras boas-vindas a visitante - Estamos todos ansiosos para saber o que tem a nos dizer.





- Como eu disse a Anastácia, só existe um caminho para Tuireadh. - a voz dela era suave, com uma modulação diferente, meio enigmática.





- O Mag Dalben. - completou Dumbledore, gravemente, a preocupação brilhando por trás dos óculos de meia-lua.





- E o que vem a ser isso? - perguntou Remo.





- Mag Dalben, o Caminho das Sombras, é uma antiga passagem, criada pelos deuses para que alguns mortais pudessem alcançar seus reinos. - explicou Alena, a atenção de todos os presentes sobre ela - Mas apenas aqueles que se mostrassem dignos poderiam chegar até esses reinos, e por isso, o Mag Dalben é repleto de perigos mortais, monstros e horrores sequer imaginados em nosso mundo.





- E quantas pessoas já conseguiram atravessar esse caminho? - perguntou a mesma voz feminina da outra vez.





- Até hoje foram raros os que tentaram, e ninguém nunca voltou. - um pesado silêncio se abateu sobre o grupo, ante as palavras da sacerdotisa.





- Perigo mortal, ou não, eu vou tentar qualquer coisa para trazê-lo de volta. - Kristyn declarou com firmeza, e Harry admirou a sua determinação.





- Eu a acompanharei, Kristyn. - apoiou Remo.





- Todos nós iremos. - garantiu o homem cuja identidade eles ainda não conheciam.





- Se estão decididos, eu os ajudarei no que puder. - declarou Alena, prosseguindo seu relato - Devem entender que, em Mag Dalben, bruxos e trouxas são iguais, pois uma varinha é inútil, a menos que tenha sido um presente dos deuses. Quando Ana me falou sobre sua busca, eu fui até o poço do Thor, buscando a Visão, e ela me revelou o que precisariam para serem bem sucedidos em seu intento. Vocês terão que obter três relíquias sagradas dos Tuatha de Dannan, a raça de deuses a qual Morrigan pertence.





- Primeiro, precisarão da Sarnseacht. – ela continuou.





- "A Pedra dos Sete Deuses"... - murmurou Ana.





- Isso mesmo. Com ela, vocês receberão os dons oferecidos por sete grandes deuses dos Tuatha, e poderão usar as Dannanherth, a segunda relíquia que devem encontrar. As Dannanherth são as armas desses deuses, feitas por Govannon especialmente para eles. Essas armas são fabulosas, sempre acertam o alvo, e as feridas que provocam são fatais.





- E a terceira relíquia? - perguntou Kristyn.





- A Ithil Celeb, "A Roda de Prata". Uma relíquia sagrada que ajudará em vários aspectos de sua jornada, pois são muitas as suas utilidades.





- Então, Alena, - interviu Dumbledore - Onde podemos encontrar essas relíquias?





- A Sarnseacht fica na morada dos deuses, em Tara; As Dannanherth estão no palácio de Govannon, o Emhaim, na Ilha de Arran, e só serão obtidas por quem estiver de posse da Sarnseacht; a Roda de Prata fica em Caer Arianrhod, o Palácio da Lua, em Emania.





- Que bom que você nos disse isso, Alena, é realmente muito esclarecedor. - comentou Remo, em tom brincalhão, expressando a confusão dos presentes. Alena sorriu para ele.





- Não precisam se preocupar, eu os guiarei até esses lugares. - o alívio percorreu a todos - Será preciso um bom tempo para reunirmos as relíquias, mas, de qualquer forma, só poderemos alcançar o Mag Dalben daqui a alguns meses.





- Por quê? - inquiriu Kristyn, aborrecida.





- O ritual para abrir a passagem só pode ser realizado em duas ocasiões: no Samhaim ou no Beltane. - ela explicou - E por falar nisso, tem outra coisa. É preciso sempre um forte motivo para abrir a passagem, e dependendo do motivo, existem condições. Nesse caso, é preciso que a pessoa que realizará o ritual tenha um laço de sangue com aquele a quem se quer encontrar.





Remo deixou a cabeça pender, desanimado, mas Kristyn e Ana trocaram olhares significativos.





- Nós daremos um jeito nisso, podem deixar. - declarou Kristyn, fazendo com que Remo a encarasse, surpreso. - Sabemos onde encontrar um parente dele disposto a realizar o ritual. - explicou, sucinta. O amigo achou melhor não insistir.





Eles continuaram conversando sobre os detalhes de sua missão, e a certa altura Ana foi até Dumbledore, cochichando algo em seu ouvido. Os dois trocaram olhares de entendimento, e Dumbledore saiu do escritório, enquanto Ana fazia sinal aos outros para manterem o silêncio.





- Por que será que eles pararam de falar de repente? - perguntou Rony, intrigado.





Eles ficaram surpresos ao ver o diretor saindo do escritório, indo diretamente até eles. Harry gelou, lembrando-se que Dumbledore não se deixava enganar por capas de invisibilidade. Ele parou diante dos garotos, as mãos cruzadas a frente do corpo, lançando-lhes um olhar penetrante enquanto esperava. Harry, constrangido, puxou a capa de sobre eles. Neville o imitou.





- Er... professor...





- Harry, eu tenho certeza que vocês têm um motivo fascinante para estarem de tocaia em frente ao meu escritório. - comentou ele, firme - Mas irei ouvi-lo mais tarde. Agora, sigam-me.





Ele voltou para o escritório, seguido de forma hesitante pelos alunos, que sabiam estarem enrascados. Quando chegaram até sua sala, os dois encapuzados tinham se afastado para um canto mais escuro, os mantos impedindo que se visse qualquer detalhe dos dois.





- Eu os trouxe até aqui porque está na hora de uma revelação muito importante, e eu tenho completa confiança na discrição de vocês quanto ao segredo que agora lhes vai ser confiado. - explicou Dumbledore, sorrindo enigmático ante a confusão nos rostos de seus alunos. Ele fez um gesto para os dois vultos no canto da sala - Por favor, amigos, está na hora.





Eles se adiantaram até o meio da sala, afastando os capuzes e permitindo que todos os vissem. Gina e Hermione soltaram gritinhos surpresos, Neville ficou muito pálido, Rony tinha os olhos arregalados e a boca aberta, enquanto Harry olhava aparvalhado para as pessoas diante dele. Aquilo era completamente impossível!!!





 



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N/A: Gente, muito, muito obrigada pelos comentários. Como eu sempre digo, são eles que me animam a escrever. Esse capítulo foi mais curto do que eu esperava, mas tentem relevar, pq foi um verdadeiro parto de cócoras para colocar toda essa viagem em palavras. Vocês podem ter estranhado a dança do ventre, mas estejam certos, eu tive um bom motivo para colocar essa cena. Também não tivemos muito romance, mas prometo remediar isso nos próximos capítulos. Ah, por falar nisso, em breve estarei revelando a identidade do misterioso Eros, então, quem quiser participar do concurso, é bom se apressar, ok? Bom, acho que isso é tudo - não vou agradecer de novo a Tonks, senão vai acabar virando lugar comum (rsrsrs). Por favor, não deixem de me dizer o que acharam do capítulo, ok? Bjaum para todos.







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