Poções



-Detenção?! Os três?! – Dave disse olhando para James de olhos arregalados. – Até mesmo a Smith? – Ele arqueou as sobrancelhas, olhando para Anya na mesa da Sonserina. Ela comia torradas enquanto folheava o Profeta Diário.


-É. – James respondeu desanimado enquanto brincava com um brioche em seu prato de café da manhã.


-Acho que ele está apaixonado, cara. – Collin zoou.


-Q-quem? – James gaguejou, com medo de que Collin tivesse dito o nome de Anya na frase sem que ele percebesse.


-O Snape, é claro. – Collin respondeu com uma falsa expressão de seriedade. – Ele não larga do seu pé. Tem certeza de que as meninas também vão estar na detenção, não é? Não acho seguro você encontrá-lo sozinho. – Ele disse pondo a mão no queixo em sinal de preocupação. Ao ver a expressão de “me poupe” de James começou a rir, não aguentando.


-Isso é sério Collin! – James disse tentando soar sério, mas sem poder evitar rir de si mesmo.


-Ah, não fica assim. Talvez com um pouco de maquiagem e muita boa vontade ele fique até bonitinho. – Collin comentou, olhando para Snape na mesa dos professores.


-Pelo amor de Merlin! – James disse, batendo na própria testa. – De onde você tira essas coisas?!


-Cheguei! Cheguei! – Disse Peter se sentando ao lado de Dave. – Quanto tempo ainda temos antes da aula de Poções? – Ele perguntou apressado, olhando ao redor em busca de um relógio nos pulsos dos amigos.


-Uns quinze minutos, eu acho. – Collin respondeu, olhando para Peter desconfiado. – Onde você se enfiou? Quando a gente acordou você já tinha saído do quarto.


Peter olhou furtivamente para a mesa da Sonserina, observando Linda McCartney ajeitar a gravata do uniforme. James percebeu que ele estava olhando para alguém na mesa atrás de si, mas preferiu não comentar.


-Fui até a casa do Hagrid devolver um livro de Trato das Criaturas Mágicas que ele me emprestou. – Ele respondeu de prontidão, enquanto enchia seu copo com suco de abóbora. James trocou um olhar cúmplice com Collin. Os dois sabiam que tinha algo por trás da resposta de Peter.


-Bom, eu vou indo na frente, porque o Snape deixou bem claro que se eu me atrasar pra mais uma aula vou ficar de detenção até o fim dos meus dias. – Disse James, pegando suas coisas e terminando de tomar seu suco. Assim que se levantou, viu Mary o encarando, parada na entrada do Salão Comunal. Antes que pudesse dar qualquer passo em direção à porta, ela se virou e a passos duros.


-Ela terminou com você? – Dave perguntou a James o mais baixo que pode.


-Acho que sim. – James suspirou e olhou para o amigo, mais cansado que chateado.


 


...


 


James entrou na sala de Poções tentando se convencer de que tudo correria bem. Ora, só porque Mary tinha pretensão de matar Anya não significa que ela o faria na primeira oportunidade. Principalmente na aula do Snape. Ele entrou na sala e dirigiu o olhar ao seu querido professor de Poções, que ao vê-lo mudou um ou dois centímetros da sua expressão, simulando o que James imaginou ser um sorriso. Ele tinha sido um dos primeiros a chegar, logo após de um grupo de alunos da Sonserina que provavelmente tinham vindo mais cedo pra puxar o saco do professor. Se sentou numa das bancadas do fundo, esperando ficar o mais distante de Snape possível. Alguns minutos depois ele viu Anya entrar na sala, acompanhada de Pansy Parkinson e uma garota que ele não conhecia, também sonserina. Elas se sentaram na bancada ao seu lado, e Anya sorriu discretamente para ele, enquanto pegava o livro de poções na mochila. Bom, pelo menos ela não estava brava com ele. Alguns minutos depois, Dave, Colin e Peter chegaram e se sentaram na bancada. Logo atrás deles veio Mary andando rapidamente, balançando os cabelos louro-claros e fulminando James com os olhos. Ela se sentou na bancada logo atrás da que Anya estava, fazendo com que James suasse frio. Só pode ser brincadeira... – Ele pensou e logo em seguida ouviu o sino que indicava o início da aula.


-Como vocês sabem, - Começou Snape, andando pela sala com as mãos para trás e a expressão séria. – Hoje é o dia da entrega de seus trabalhos a respeito das poções medicinais. Quero as amostras e os relatórios sobre as mesas. Rapidamente, os alunos começaram a tirar pergaminhos e pequenos frascos de suas mochilas. James estava tranquilo em relação ao seu trabalho, mesmo tendo o feito nos três dias anteriores. Para sua sorte, era excelente em Poções. Às vezes ele se pegava imaginando o que faria se Snape lecionasse Feitiços...


Com um manejo de varinha, Snape recolheu todos os pergaminhos, e caminhou de mesa em mesa, recolhendo frascos e fazendo breves anotações com uma pena de hipogrifo num caderninho preto. Ao chegar à bancada de James, abandonou o caderno e a pena, lançando-os sobre a mesa, e olhou seus frascos um a um, antes de guardá-los junto com os outros. Suspirou e fez um gesto com a boca em descontentamento, enquanto tomava uma ou duas notas sobre o trabalho do rapaz.


Depois seguiu para a mesa de Anya, dando um sorriso discreto para a sonserina enquanto avaliava o trabalho de Parkinson. Assim que olhou para os frascos de Anya, sua expressão ficou séria. Ele não sequer os recolheu.


-Srta. Smith, quero que fique depois da aula. – Ele disse, já de costas para Anya, caminhando até o quadro. – Abram seus livros no capítulo de Poções Fortificantes, imediatamente – Continuou, fechando as cortinas e ligando projetores no filme com gestos ágeis de varinha.


-O que aconteceu? – Pansy sussurrou para Anya, que estava com a expressão dividida entre a raiva e a confusão.


-Adivinhe. – Anya respondeu olhando para a bancada atrás da sua, confrontando o sorriso irônico e a expressão vitoriosa de Mary Fay.


-Grifinórios... – Parkinson comentou em tom de desprezo. Como sempre fazia.


Dave cutucou James com o cotovelo, mas não era preciso. Ele já estava as observando há um bom tempo.


-Sua professora de Feitiços entende de maldições? – Ele perguntou enquanto fingia prestar atenção no que quer que Snape estivesse falando.


-Espero sinceramente que não. – Ele disse, mas dessa vez não em tom de brincadeira.


 


...


-Poção do amor?! – Anya perguntou incrédula. Estava ainda na sala de Poções, conversando em particular com Snape, e já um tanto quanto atrasada para a aula de História da Magia.


-Reconheço uma poção forte como essas a quilômetros de distância. – Snape disse olhando severamente nos olhos verdes arregalados de Anya, quase como se pudesse ler sua mente.


-Mas professor, juro que-


-Não tenho interesse em saber sobre quais eram suas intenções ao me entregar estes frascos, e espero honestamente que não seriam para que eu bebesse. Quero seu trabalho refeito depois das férias de natal. – Ele completou, e Anya suspirou aliviada. Pelo menos poderia consertar o estrago. – Pode sair.


Anya se despediu com um leve aceno de cabeça e andou rapidamente pelos corredores do castelo, até os jardins. Seu cenho estava franzido e seus punhos cerrados. Talvez Pansy tivesse razão. Lidar com grifinórios era mais difícil do que ela havia pensado.


 


...


James viu quando Anya chegou apressada à aula pedindo desculpas ao professor Binns pelo atraso. Eles estavam estudando a respeito da história do Ministério da Magia, e James havia sentado na última carteira, por sinal a única vazia, já que seu parceiro Collin tinha resolvido dormir fora da sala ao invés de dentro dela, como ele pretendia fazer. Após uma breve conferida na sala, Anya foi até a carteira onde James estava e se sentou com ele.


-Eu sinto muito. – Ele sussurrou para Anya, tentando não atrair muita atenção.


-Pelo quê? – Ela perguntou olhando para ele curiosa.


-Acho que Mary sabotou suas poções hoje. – Ele comentou.


-É. – Ela respondeu apoiando o queixo na palma da mão. – Não tenho certeza ainda. Mas não se preocupe. Só acredito que não vamos poder continuar as aulas sem que você a avise. Não seria uma boa ideia para uma monitora ficar pegando detenção, sabe? – Ela comentou sorrindo ironicamente. – Já me basta ter que refazer o trabalho de Poções. – Ela disse desanimada, anotando algumas coisas a respeito do que o professor dizia.


James sentiu vontade de oferecer ajuda, afinal seria uma forma de retribuir as aulas que ela vinha lhe dado, mas não sabia se seria uma boa ideia, pois dobrava a chance de ser visto com uma sonserina. É. Seria realmente uma péssima ideia.


 


...


Anya estava prestes a entrar no Salão Comunal da Sonserina após o jantar. Disse a senha e aguardou que a passagem se abrisse. Antes que pudesse dar um passo para dentro da sala, ouviu passos rápidos próximos de si, e sentiu alguém segurando seu punho.


-James?! – Ela indagou surpresa ao ver o grifinório, que olhou profundamente em seus olhos.


-Amanhã. Às seis horas. Perto do salgueiro lutador. – Ele disse arfando. – Leve seu caldeirão. – Concluiu, sorrindo enquanto soltava o punho de Anya e se afastava.


Anya mal ouviu a passagem do Salão Comunal se fechando. Estava em dúvida sobre o que James tinha dito. Ou ela estava muito enganada, ou ele tinha acabado de se oferecer para ser seu professor de Poções.


 

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