O espelho de duas faces.



- Mas como é que ele aparatou aqui dentro?. – perguntou Madame Pomfrey para o professor Dumbledore.

- Eu tinha certeza de que em Hogwarts era impossível desaparatar ou aparatar!. – exclamou a professora Mcgonagall em completo terror.

- Não, não é !. Eu devo estar perdendo o meu poder , pois somente com essa possibilidade é possível a arte da desaparatação. – concluiu o professor Dumbledore em um tom de total tristeza e desapontamento .

Harry ouvia tudo em um estado de consciência muito distante da realidade e conseguia entender tudo muito remotamente , como em um sonho irreal até mesmo para a própria imaginação. Mas ao ouvir as palavras de Dumbledore sua lembrança retornou: comensais correndo atrás dele..Voldemort confuso...o homem mascarado...a aparatação na ala hospitalar e ...Dumbledore estava perdendo o poder!.

- O que o senhor quer dizer com isso?. – perguntou Harry com voz baixa e resmungada.

- HARRY!!!!.- exclamaram Dumbledore, Mcgonagall e madame Pomfrey.

- O que havia perguntado-me , Harry?. – perguntou o diretor aproximando-se da cama onde estava deitado o garoto.

- O senhor está perdendo os seus poderes?. Como isto pode estar acontecendo?. – perguntou Harry em voz baixa, pelo estado de choque.

Dumbledore deu alguns passos em torno da cama, suspirou, olhou para o céu e respondeu:

- Harry, apesar de os bruxos terem um tempo de vida mais longo que os trouxas, um dia a velhice chega e consome as nossas energias físicas e morais. A magia não se concentra apenas nas faculdades morais , concentra-se também nas propriedades físicas da matéria: quando esta matéria começa a desgastar-se, uma parte do poderio mágico também é afetado. Entendeu, Harry/. – terminou o professor.

O garoto ficou tão chocado com aquela situação que não conseguia expressar a sua opinião ou entendimento.

-Nunca pensei que algum dia veria o senhor assim , professor!. Isso não é justo. – expressou

A professora Minerva prorrompeu em lágrimas, enquanto Madame Pomfrey saia correndo as sala assoprar o anriz.

-É justo sim !. Temos de morrer para dar lugar aos outros neste mundo.É uma ordem do Deus Todo Poderoso, questionar uma regra sua significa questoná-lo!. Não devemos fazer nunca isso!. – expressou com ternura.

- Desculpe, eu só não acho muito legal que o senhor morra depois de tantas batalhas vencidas.......

Harry não conseguiu terminar de falar devido a entrada tempestuosa de snape :

- Professor, não sabe o que acabou de ser descoberto: perece que o tal mascarado era o ...Black!!!!!

Harry teve um movimento convulsivo e involuntário que quase o derrubou da cama.

- O que voc~e quer dizer com isso, Severo?. – perguntou Dumbledore em tom severo.

- Olhe com seus próprios olhos diretor!.- falou Snape com a voz baixa e obediente.

Dumbledore pegou o jornal que Snape lhe oferecia e o leu em voz alta:

“ O intrigante incidente que se deu ‘as exatas onze horas e quarenta e cinco minutos no transporte para jovens bruxos freqüentadores da maior escola de magia da Grã- Bretanha- Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts- deixou todos em estado de total perplexidade.

Cornélio Fudge diz não ter nada a declarar quando perguntamos a respeito do mascarado heróico ser Sirius Black.

A possibilidade de Black ser o tal indivíduo é acentuada pelo físico e porte do andar. No entanto, como Black era um comensal especial de Você-Sabe-Quem, a possibilidade de ser ele o tal, é descaratada”.

Harry deixou alguns segundos passarem, até que aquela notícia penetrasse completamente em seu cérebro. Mas ela apenas ecoava, ecoava, ecoava........

- Está bem, Potter?. – perguntou Snape com aquela voz fria e cruel que despertou o garoto dos seus sonhos e devaneios.

- Sim. Por que , hein?. – perguntou grosseiro propositalmente, só para ver a reação do professor.

Snape devorou Harry com os olhos, mas na presença do diretor não se atreveu a dizer uma palavra sequer.

- Severo, dê-nos licença, por favor.

O professor saiu do aposento com aquela capa de morcegão esfumaçando para todos os lados, deixando Dumbledore com uma fisionomia estranhamente séria.

E Harry ficou ali, com Dumbledore à sua frente. Contudo, sozinho em seus pensamentos.

Tudo aquilo era estranho, se Sirius estivesse vivo.....quem sabe as coisa fossem diferentes?.

- Harry?. Harry?. Você está bem?. – o garoto escutou a voz do professor vindo de um ponto muito distante do seu.

- Ah, sim. Estou bem sim. – respondeu o menino com uma voz do além.

Dumbledore mirou-o por um instante e então disse:

- Sei o que deve estar pensando: e se Sirius estivesse vivo?. Mas se fosse você , não alimentaria esperanças tão grandes em um coração tão jovem como o seu.

Por um instante , Harry sentiu um aperto enorme no peito, mas conseguiu disfarçar.

- Eu estou bem, professor. Apenas queria descansar um pouco.

- Sim, sim. Boa- noite!.

Harry viu Dumbledore se afastando e tentou pensar um pouco sobre todos aqueles acontecimentos. Só que era realmente difícil tentar entender algo que não está mais entre os mortais.

Enquanto Harry pensava sobre isso, alguém abriu a porta da enfermaria.

- Quem está aí?. – perguntou o garoto.

A luz do luar entrava pela janela e incidiu sobre um corpo coberto por uma capa preta que obteve uma impressão totalmente assustadora. Harry levantou-se da cama em um pulo, agarrou a varinha e estava pronto para lançar o feitiço, quando:

- Sou eu! . Calma!.

O garoto não acreditava, mas sob aquele vulto estava a Gina.

- Desculpe Gina, é que pensei que nas atuais condições.......

- Tudo bem, eu só não queria que ninguém me visse vindo para cá.

- Por quê?. – perguntou o garoto achando a situação muito cômica e estranha.

- Porque aqui em Hogwarts ver algum amigo, já é significado de estar “ afim”.

- E por que não?. – perguntou o menino.

- O que você quer dizer com isso, Harry ?.

Harry sentiu-se muito envergonhado naquele instante. Não percebera, mas acabara de jogar a maior cantada em Gina!!!.

- Ah, nada. Só estava brincando. – respondeu ele, ainda tentando se recuperar.

Gina olhou para ele e por instante Harry achou que ela não acreditara na sua desculpa esfarrapada.

- Fiz algum mal em vir aqui?

- Claro que não!. É muito bom ter companhia aqui na ala hospitalar, é tão quieto.

- Quem você acha que era o homem mascarado?. – perguntou Gina, referindo-se ao acontecimento no trem.

Harry não sabia se gostara ou não da pergunta, mas ela expressou em palavras aquilo que ele estivera pensando o dia todo.

- Você viu a notícia que saiu no profeta diário?. – perguntou Harry ‘a menina.

- Vi. Eu realmente gostaria que fosse Sirius, ele me faz muita falta.

Era estranha a cena: Harry ali conversando com a irmã caçula do seu melhor amigo sobre uma pessoa que morrera e fazia falta para ambos.

- Por que sirius lhe faz falta?. Que eu me lembre sua mãe não gostava nem um pouquinho dele.

Gina suspirou e olhou ao redor , como se esperasse que a resposta aparecesse em algum lugar sem ela ter que falar. Como isso não aconteceu, ela inspirou fundo e falou:

- Passava muito tempo com Sirius e ele me falava de coisas que mamãe nunca havia falado, parecia ter o dom de enxergar a vida sem os problemas que existem nela. E mamãe não gostava dele por causa do Snape.

- É sempre o Snape, por que será?. – comentou Harry.

- Você falou igualzinho ele!

Harry e Gina riram. O garoto estava gostando cada vez mais de ficar na presença da menina.

- Na verdade, minha mãe admirava o fato de qualquer coisa que Snape estivesse fazendo para a Ordem....

- Eu sei o que o narigudo faz : passa-se de Comensal da Morte, mas – na verdade- passa todas as informações possíveis para a Ordem e Dumbledore.

A menina fez uma cara de espanto:

- Mas que horror!. Então ele é duplamente traidor!

- É.

- Por que a minha mãe admira alguém assim?

- Porque não é nem um pouco fácil mentir na presença de Voldemort....

- Acho que não estou me sentindo bem. É muita informação para uma única pessoa , num dia só.

Harry estava se sentindo estranho, queria acabar aquela noite de um modo diferente. Segurou as mãos de Gina e disse:

- Eu acho que estou sentindo algo diferente por você, gina.

- Ah, não , Harry. Eu já gostei muito de você, não quero viver aquilo de novo!

- Dê-me uma chance!.

- Tudo bem, mas se você me decepcionar ....

Mas Gina não terminou de falar , Harry já tinha passado os braços pela sua cintura e dava-lhe um demorado beijo......





No dia seguinte, Harry sentia-se vagamente nas nuvens. Madame pomfrey chegou até mesmo a perguntar se o garoto havia bebido algo estranho durante a noite.

- Menino, o que é que você tem?

- Algo que a senhora não pode curar. – respondeu Harry com um sorriso maroto.

- Meu Deus, é necessário levá- lo ao St. Mungus?.

- Nem o St. Mungus pode me curar.

Dizendo isso, o garoto saiu da enfermaria e foi encontrar Rony, Hermione e.... Gina.

No caminho, Gina encontrava-se atrás de uma armadura e chamou-o:

- Harry, psiu!. – disse a menina sussurrando.

- Gina, muito bom dia!. – disse o garoto agarrando-a.

- Pare de ser safado, Harry. Agora, venha aqui ler uma coisa comigo.

O garoto achou a proposta muito estranha, mas segui Gina até a sala comunal da Grifinória.

- Lembro-me que Sirius tinha lhe dado um espelho que oferecia a possibilidade de comunicação, certo?

- Hum hum.

- Bem, você quer ter o seu padrinho de volta?.

No primeiro instante, Harry não entendeu a pergunta, mas depois:

- CLARO!. Cadê ele?!?!?.

O garoto olhou ao redor procurando Sirius , como se ele fosse aparecer atrás de um passagem secreta.

- Calma, leia isto aqui.

Harry pegou o livro e leu:

“ A passagem para o mundo dos mortos, pode ser alcançada através de um admirável arco. Quando entramos nele, caímos em um lugar apenas povoado pelas almas e os espíritos.

Logo quando chegamos lá, podemos ir para o que os trouxas chamam de Céu ou Inferno; de acordo da forma como agimos no mundo dos vivos.

Mesmo não estando mortos, sofremos esta divisão, pois é muito difícil alguém conseguir sair desta passagem.

Não existe canal de comunicação com os vivos, se algum mortal caiu e trouxe algum meio de comunicação, o único dia possível para tal acontecimento é 31 de outubro, dia das Bruxas.

Para retornar do outro mundo é necessário que algum outro mortal caia dentro do arco com algum objeto que prove ter conhecimento do outro mortal em questão e que, principalmente, haja reconhecimento entre ambos. Pois a caída no arco, causa o esquecimento do mortal que, na situação em questão, está sendo resgatado”.

Harry terminou a leitura e ficou em estado de choque: mesmo que conseguisse resgatar Sirius , ele não se lembraria de mais nada!. Gina parecia ter entendido o problema:

- Eu acho que quando a pessoa sai do arco, a memória volta!.

- Onde você conseguiu este livro?. – perguntou o garoto.

- Roubei da sala de Dunbledore, ontem ‘a noite!!!.

Definitivamente, Harry estava impressionado:

- Estou impressionado !.

- O que importa agora, é conseguirmos ajuda !. – disse Gina.

- Não, Dumbledore me escondeu algo que ele sabia e eu estava desesperado para saber. Vamos obter ajuda dos nossos verdadeiros amigos e vamos ao ministério da mesma forma que ano passado.

- Mas, Harry, olha só o que aconteceu da última vez que fizemos algo de extrema importância escondido!

- Não faz mal, estamos numa situação que as coisas não podem ficar pior.

- Está bem, vamos ver o que acontece.

Ambos sorriram e foram atrás dos outros no Salão Principal.

No caminho, Harry lembrou-se de algo:

- Putz, esqueci minha mochila. Gina, vai indo que eu já vou.

- Tudo bem!.

Harry voltou apressado para a sala comunal e subiu as escadas do dormitório dos garotos. Chegando lá, deu uma olhada no seu malão e viu os pedaços do tal espelho.

- Ai, ai, será que isso vai dar certo?

Dizendo isso, lançou o feitiço para consertar as coisas quebradas e o espelho se consertou.

Olhou para o espelho e chamou pelo nome que estava entalado na sua garganta por um mês todo:

- Sirius Black.

O espelho adquiriu uma imagem estranha e era como se o vidro tivesse virado gelatina....

- Pois não?.

Harry quase soltou um grito de espanto e não sabia se gostara ou não, mas a imagem de Sirius aos quase 20 anos sugiu no espelho. A imagem no espelho também se assustou e desapareceu.

Harry largou o espelho e saiu correndo com a mochila às costas, como se tivesse visto uma assombração.

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