Pensamentos atordoados

Capítulo 9 - Pensamentos atordoados

O pequeno cômodo enchia-se de réstias laranja e amarela, que antes eram de um escuro azul-marinho, mas agora, com a manhã chegando, tomava as cores dos raios solares.

Era apertada e mal-decorada a saleta, nada mais que um quarto de bordel acabado e abandonado, enfeitando-o tecidos grossos e vermelhos prendiam-se às paredes juntamente a pinturas grotescas e indecentes.

Entretanto, fora somente isso que Ronald, muito embravecido, conseguira achar, depois de, frustrada e vergonhosamente, falhar com uma das mais belas meninas da casa luxuosa de prazeres que costumava frequentar.

Não fazia ideia de como aquilo poderia ter acontecido, e isso muito lhe causava ódio.

Era jovem, saudável, másculo e viril.

Virilidade, começava a questionar-se sobre a sua... Mas, não podia isso fazer! Era jovem, saudável, másculo e viril! Ao menos, achava que era, e o que estava destruindo sua total convicção era ela. Hermione, que mesmo longe, conseguia atormentá-lo e torrar os seus miolos, afligia agora até mesmo seus momentos íntimos.

Na nova e fogosa mulher de cabelos loiros, que se estendiam por suas costas como um rio de prata, e bem-feito corpo, Ronald, no auge da sua loucura e ânsia, virá e desejará apenas sua pequena e arisca noiva, com sua juba castanha perfumada e seu sorriso fácil.

Estava tornando-se um parvo apaixonado! Como, depois de beijada, Hermione ter-lo cuspido e o insultado, não fizera sua vontade esmorecer e o ódio tomar?

Fora depois da sua falha inadmissível, injuriado, bravo e atordoado em demasia, que saíra pelas ruas do diminuto e sombrio povoado no qual passava, como um hábito, as suas noites. Desejoso e humilhado, entrara no primeiro casebre que encontrara, esse que caia aos pedaços e tinha um cheiro pouco agradável, e pegará forte pelo braço o primeiro mulheril que achara, e que, graças à Deus, pareciam-se muito com a donzela Granger.

Possuíra-a como nunca tão vigoroso, como sabia que nunca antes ela havia sido possuída, ansioso por afirmar, mais a si mesmo do que a qualquer outra pessoa da Terra, sua masculinidade e varonilidade.

E, naquele instante, ao raiar do sol que viera logo depois do ato bem sucedido, o varão Weasley, envolvido apenas por um velho e mofado lençol, pensava e observava com pouco menos ânimo que na noite passada, a mulher morena.

- Algo errado comigo, docinho? – ela indagou virando-se para Rony, que pode vê-la melhor. O rosto graúdo e queimado, com um quadrado queixo proeminente, estava coberto por branquíssimo pó de arroz, o que a dava um ar estranho e doentio. E, apesar do corpo pequeno e do cabelo cheio, na visão de Ronald, o desejo havia sido demasiado enlouquecedor para fazê-lo comparar aquela feia rameira à delicada Hermione.

- Algo lhe faltando, isso sim! – o homem resmungou com desdém, lançando-a um olhar de repulsa e descaso, ao passo que jogava para longe a coberta, levantava-se de um salto da gasta cama e se pua a vestir as diversas peças de roupas.

A moça atônica observou-o atenta e descrente, mas o ruivo não lhe deu atenção. E depois de já adequadamente vestido, jogou a ela algumas moedas de ouro e saiu o mais rápido que se era provável daquele lugar fétido e velho.

Pronto, definitivamente estava maluco!

Num mesmo dia, falhara, tomara uma meretriz somente pela semelhança dela com a sua noiva e, naquele instante, retirava-se tão aborrecido e com tanto peso na consciência de um bordel como nunca achara que fosse possível.

Aquela "doce e amável donzela" estava endoidecendo-o! E não satisfeita em seduzi-lo com seu curvilíneo corpo, agora o fazia também pensar em seus gestos suaves, sagacidade (que admitia sim podia igualar-se à de um homem) e até mesmo, surpreendentemente, em seu aberto e sincero sorriso, que nunca era para ele, mas isso era um detalhe.

Pelas ruelas pedregosas do vilarejo, o robusto jovem ruivo andava à passos duros, levando uma expressão ainda mais dura no rosto másculo, carregando pensamentos que não deveria nele estar, mas, no entanto, surgiam com cada vez mais freqüência.

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Num lugar bem diferente daquele, com chão de terra batida, muitas pessoas apressadas indo de lá para cá e uma grande fortaleza erguendo-se à frente, encontrava-se a referida Hermione Granger, empunhando uma afiada espada, que tinha um profundo brilho prateado de aço na lâmina e era leve com uma pena.

Treinando-a, ou sendo treinado, estava Dino Thomas, um homem negro um pouco baixo, magro também, mas com uma agilidade invejável que o fazia um dos melhores espadachins de Otter, esse, que apesar de tão bom, somente defendia-se de uma menina com menor idade, tamanho e experiência que ele.

- Muito bem, Hermione! – exclamou ele resfolegando após desviar de um perfeito golpe que, com certeza, lhe causaria sérios danos ao braço.

A donzela nada deu como resposta, apenas permaneceu séria, o cenho franzido e os olhos estreitos, enquanto manobrava o puro aço com destreza e concentração.

- Acaso está irritada, senhora? – Dino questionou preocupado e curioso, ao passo que tentava em vão atacar, mas frustrando-se, pois a defesa dela era muito resistente.

- Não. – respondeu-o Hermione seca e dura demais para uma jovenzinha cheia de candura, abaixando a espada. – Obrigado pelo treinamento, Thomas. – agradecendo-o, se pôs em direção ao antigo e suntuoso castelo de pedra. A arma presa na bainha de couro que trazia em um dos vestidos mais simples que tinha, o corpo pequeno e franzino molhado de suor e a respiração acelerada e ofegante.

Já em caminho aos seus aposentos, estava ela, mal-humorada e sem uma gota de paciência como costumeiramente desde que tivera, por um infortúnio, os lábios quentes de Rony nos seus.

Ronald, aquele ser desprezível que a atacara como uma fera antes que ela pudesse oferecer qualquer tipo de resistência. Bem feito havia sido a afronta e a cuspidela que o dera por fazê-la participar daquele ato descabido!

No entanto, pensando ali no meio de um corredor vazio de Otter, naquele caloroso beijo, e consequentemente no fervoroso ruivo e nas suas despudoradas e experientes mãos, um calafrio repentino percorreu-lhe a espinha e sua boca tornou-se gradualmente seca.

- Tenha dignidade, Hermione! – murmurou brava mandando a si mesma. – E vá fazer algo útil ao invés de ficar pensando esse tipo de coisa, e ainda mais sendo com ele!

A jovem obedecendo a sua parte racional, apressou o passo, esperando que saindo dali, aqueles devaneios também saísse dela. Mas, no fundo, ela sabia que eles não iriam embora nem tão cedo.

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N/A: Um capítulo bem pequeno, dessa vez! Apenas para compensar o enorme passado!

Vemos, agora, que os pensamentos dos dois andam bem confusos e eles estão sempre lembrando um do outro. Será que tem alguém se apaixonando aqui?

Não escrevi nada demais, pois só queria ter um capítulo entre o primeiro beijo e o casamento deles (É! Já é o próximo!), nem fiz grande referência ao "depois", mas houve afronta e cuspidela, essa Hermione 'tá que 'tá!

Enfim, sem muito para conversar, somente queria avisar que logo logo vocês terão uma notícia (boa ou ruim? Eu não sei), depois do capítulo 11 falo sobre isso!

A todos que estão lendo, curtindo e comentando, muito obrigada! Vocês são quem fazem a nós (escritores) a permanecemos com isso!

Continuem acompanhando!Próximo capítulo, o tão odiado e esperado casamento!

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