Surpresa
Lista de afazeres do dia:
1- Café da manha na cama;
– Confere. - Rony riscou a frase com a caneta que a pouco estava entre seus dentes. Era algo involuntário, mania de morder canetas. Desde a quarta série o fazia.
Aquele era um dia bastante especial e importante, afinal, quantas vezes elepresenciaria Hermione completando 25 anos de vida?
Programara um dia bastante agitado, começando com um café da manha reforçado para dar energia. Mamão cortado em cubos, ovos com bacon, torradas, bolo de padaria, mini panquecas doce e suco de uva estavam dispostos em uma bandeja para duas pessoas, porque ele não deixaria de comer também.
A ideia de morarem juntos estava saindo melhor que a encomenda. Hermione estava se mudando aos poucos. Dormia um ou outro dia no apartamento do ruivo, ia trazendo seus pertences até se instalar definitivamente. Mas ainda tinha uma questão a ser resolvida: como dividia o aluguel e as contas do "antigo" apartamento com Gina, e agora pretendia se mudar, tinham que conversar sobre como as coisas iriam funcionar. Provavelmente a ruiva seguiria o mesmo caminho que ela, indo morar com Harry, e devolveriam o apartamento ao proprietário.
Rony deu uma última checada na bandeja. Por que sentia falta de algo? De um toque final? Até que uma decoração cairia bem, pois, além do forro xadrez - azul com branco - não tinha nada de enfeite. Se morassem em uma casa teriam um jardim florido e ele colheria algumas flores. Por que não tinha comprado flores? Por que as coisas só ocorrem às pessoas quando tudo já está feito? Não podia sair agora!
– Rony? O que está aprontando? - ele estava tão concentrado pensando no que fazer que não notou a aproximação da garota.
– Hermione! - ele exclamou decepcionado. - Não, não! Você tinha que estar dormindo.
Ela começou a rir de sua expressão. Rony ficava hilário demonstrando frustração.
– O que? Por quê? Não entendi! - falou tentando segurar o riso. - Bandeja bonita. Você quem preparou?
– Não, na verdade eu encomendei, e chegou agorinha há pouco. Quase que você me pega pagando o entregador. - ele ironizou. - Feliz aniversário!
Hermione, que atacava os pedaços de mamão, o encarou perplexa.
– É meu aniversário? - ela procurava algum resquício dessa lembrança na memória.
– Sabe, agora é a parte em que você diz "obrigada",– ele imitara a voz da castanha. - então nos abraçamos, e eu digo que te amo! - Rony tinha traçado todo um roteiro, e nele não incluía ela ter esquecido a data. - Como você esqueceu seu próprio aniversário?
– Eu não sei! O trabalho? - se questionou rindo nervosamente.
– Não, não, é a velhice, está ficando velha! - Hermione se aproximou do ruivo e lhe deu uma tapa no ombro esquerdo.
– Não estou não! - ela tentava manter a expressão séria, mas o riso lhe escapou dos lábios antes que pudesse conter. Deixou-o envolvê-la em seus braços em um abraço caloroso. - Obrigada! O que vale é a intenção. Mesmo que eu tenha estragado.
– Não tem nada... Eu te amo!
– Eu também te amo! - selaram os lábios em um beijo rápido.
Hermione foi arrumar-se enquanto Rony a esperava no quarto com a bandeja na cama. Seu programa seria cumprido à risca.
Não sobrou nem uma migalha para contar a história. À medida que comiam, ocasionalmente serviam um ao outro na boca, e o ruivo não conseguia parar de pensar no quanto se sentia feliz por tê-la ao seu lado. Não havia ninguém melhor para chamar de sua namorada.
– Agora me lembrei do porque de pedir folga hoje!
– Está precisando ir ao médico. Não se brinca com velhice, é nessa idade em que se fica mais vulnerável a doenças. - Rony dizia com um falso tom de quem se preocupa.
– Para com isso Ronald! Você não vai trabalhar hoje não?
– Por quê? Quer que eu saia da minha própria casa? - tinha a expressão de alguém ofendido.
– Claro que não! Só estou perguntando! E antes que eu esqueça, hoje é, também, o aniversário de namoro do Harry e da Gina. Ou seja, vamos passar a noite com eles.
– Primeiro, não, eu também tirei folga especialmente para este dia. Dois, por que eles resolveram namorar no seu aniversário? Eu tinha outros planos.
– E desde quando o amor escolhe o dia? - e com isso levantou-se da cama. Pegou a bandeja e levou para a cozinha.
– O que a senhorita pensa que está fazendo? - Rony questionou quando a viu colocando os pratos na pia e ligando a torneira.
– Lavando a louça?! - ela não sabia se perguntava ou afirmava, afinal, não era óbvio?
– No seu aniversário, sério?
– Rony, eu estou completando anos, não estou inválida!
– Mas do jeito que você está esses dias... É a idade na certa!
– Se eu sou velha você fez parte do filme Noiva Cadáver! E pode apostar que você era a noiva! - ela rebateu.
No fim eles lavaram a louça juntos. Nem tinha tanta coisa, mas Rony ficou com as panelas pois Hermione aproveitou a vantagem de ser seu aniversário.
– Rony.
– Sim?
Ela deu um suspiro audível terminando de lavar o último copo.
– Me promete uma coisa?
– O que?
– Sabe, pode parecer besteira, mas... Promete que mesmo que depois que nos casarmos, mesmo que tenham passado anos e anos, você ainda me tratará como agora. Com brincadeirinhas bobas. Tem gente que se casa e esquece-se de viver. Não quero que aconteça o mesmo conosco.
– Isso não vai acontecer! Eu prometo.
– Com o mindinho! - estenderam os menores dedos de suas mãos.
– Eu prometo. - ele repetiu.
Ao soltarem os dedos, Hermione tornou a ligar a torneira.
– É bom mesmo, caso o contrário...
– Caso o contrário o que? - Rony desafiou.
– Caso o contrário eu farei isso! - encheu a mão com o quanto pode de água e espirrou no namorado.
– Ah é? - ele revidou.
A conta de água daquele mês seria bem extensa. Conseguiram molhar não só a si mesmos como o chão da cozinha.
– Eu seco! - a castanha anunciou.
Quando ela terminara de secar o chão seu telefone celular começara a tocar. Seus amigos lhe desejando feliz aniversário, uma vida próspera, cheia de saúde, paz e alegria. Os primeiros foram Harry e Gina, seguidos de seus pais. Ligaram àquela hora por já sertarde, e suporem que ela já estava de pé. Seu avô e avó ainda vivos, por parte de mãe, tio e tia por parte de pai, os futuros cunhados - Fred, George, Charlie, Bill, e até mesmo Percy, se bem que Hermione notou um esforço da parte dele. O senhor e a senhora Weasley. Luna, Neville, Dean Thomas, Simas Finnigan, entre outros amigos da faculdade que se formaram antes ou junto a ela.
O senhor e a senhora Granger estavam viajando a trabalho. Um serviço solicitado às pressas, logo na semana do aniversário da filha.
– Com tantos votos de saúde que recebi acho que viverei eternamente.
– Tem planos para hoje? - Rony perguntou ao se sentar no sofá ao lado de Hermione. Ela acabara de se despedir de mais um amigo que lhe desejava felicidades.
– A não sei... Talvez ficar em casa descansando!
– Bêêêm. - o ruivo tentou imitar o som de uma buzina. - Resposta errada! Você vai lá dentro ficar mais bonita ainda e nós vamos sair.
– Para onde?
– Apenas confie. As únicas coisas que precisa saber são: use roupas informais e a mais legal, nós vamos nos divertir muito! - Rony demonstrava tanta empolgação que Hermione nem questionou.
Quando eles saíram de casa estava perto de uma da tarde. Almoçaram em um restaurante Francês tradicional, com comida de primeira e um preço bastante justo. Jogaram conversa fora, falando sobre tudo e ao mesmo tempo nada. Aproveitando a companhia um do outro... Passaram quase duas horas no cinema alternando-se entre realmente assistir o filme e trocar beijos durante as cenas.
Na saída, o ruivo comprou os maiores copos de milk-shake da sorveteria, para a viagem de volta ao apartamento.
2- Almoço;
3- Cinema;
– Harry acabou de ligar e disse que fez reservas para as oito no restaurante. - Rony informou quando se aproximava de Hermione com os dois milk-shakes. O dele era de chocolate, e o dela de flocos.
– Obrigada! - ela agradeceu ao receber seu sorvete. - Isso significa que temos, até lá, quatro horas sobrando!
– O que quer fazer? - os dois caminhavam para o estacionamento do cinema.
– Eu não sei, e você?
– Hum... - ele pensou por um instante. - É... Tem algo que eu quero fazer, e faz parte do pacote do seu presente!
– Ah é? E o que é? - perguntou curiosa.
– Segredo! Apenas confie em mim.
– Claro!
Entraram no carro:
– Aproposito, você entendeu alguma coisa daquele filme? Foi bem confuso para mim!
– Por que será, né? - Hermione não conteve o riso lembrando-lhe de que mal prestaram atenção ao que acontecia na grande tela da sala.
Rony dirigiu para uma parte bastante afastada da cidade, e por mais que Hermione perguntasse onde estava indo ele se recusava a dizer.
– Você não disse que confia em mim? - ele questionou se divertindo com a cena.
– Sim, eu disse!
Então por que fica perguntando toda hora?
– Isso não é desconfiança, é querer saber onde estou indo! - ela tentava registrar todos os mínimos detalhes do caminho.
A estrada era ladeada de gramado bem cuidado, ocasionalmente algumas vacas e cavalos se alimentavam. Árvores cheias de vida demonstravam que o lugar era rico em verde.
– Estamos indo para fora da cidade?
– Já estamos chegando, se acalme!
Mais alguns minutos e o ruído do carro foi diminuindo até não se escutar mais nada. Nenhum carro passava, nenhuma alma vida além dos dois. Ao longe se via uma cidade.
– Tá legal, me diz, o que nós estamos fazendo aqui? No meio do nada?
Rony não respondeu, apenas saiu do carro e ela o imitou. Ele deu alguns passos e pediu que ela o seguisse. Havia uma linha reta pintada no asfalto da rua.
– Sabe essa linha? Coloque um pé para cá e outro para lá! - e ela o fez, mesmo achando aquilo estranho.
– Rony...
– Você está em dois lugares ao mesmo tempo! - Hermione o encarou sem entender.
– Como?
– Lembra aquele dia em que nós estávamos conversando e você disse que "se fosse possível gostaria de estar em dois lugares ao mesmo tempo"?
– Sim. - respondeu lembrando-se da vez em que a energia de todo o seu prédio foi cortada e não tinham nada para fazer, então começaram a falar sobre o que gostaria de fazer se possível.
– Então, neste instante você está em dois lugares ao mesmo tempo. - acrescentou apontando para duas placas que indicavam "Vocês está saindo de Londres" e "Bem-vindo à Oxford".
– Que demais! Tira uma foto!
4- Estar em dois lugares ao mesmo tempo;
...
Harry tinha nacionalidade Britânica, mas como os pais eram da área de relações internacionais, viajavam o mundo representando o país. No Canadá conheceu a família Weasley, tornando-se amigo deles rapidamente. Pessoas boas, eles. Sempre o trataram bem, principalmente a matriarca, senhora Weasley que vivia dizendo a ele estar franzino ou pálido demais. Como uma avó oferecia-lhe comida a todo instante. Embora todos fossem legais com ele, Rony era com quem mais tinha em comum. Seu melhor amigo, com quem sabia poder contar. O tipo de amigo que se quer pela vida toda. Mas seu coração batera mais forte quando conhecera Gina. Ainda lembrava a primeira coisa que ela dissera:
– Prazer, e não me chame de Ginevra!
Ela podia ter um jeito de durona, mas no fundo era uma boa pessoa. Sua primeira e única paixão, ele esperava. Tinha a Cho Chang, mas foi diferente. Todo adolescente admira alguém, Harry tinha uma tremenda admiração beirando ao fanatismo. A garota de antecedência chinesa era considerada a garota mais bonita da escola, todos os garotos queriam poder namorá-la, mas Cedrico era o sortudo. O popular jogador de hóquei no gelo, esporte popular no Canadá. Quando ele encontrou outra garota - a pálida e desastradaBella– Cho achou que seria legal fazer ciúmes no ex, e o escolhido foi Harry. Assim ele percebeu que a chinesa não era nada do que ele pensava. Cética, egocêntrica e mandona. A primeira e única - jurou para si mesmo - desilusão.
Ele e Gina começaram a sair quando ela ainda frequentava o nono ano, sendo ele um ano mais velho. Por mais que estivesse indo tudo nas mil maravilhas, a ruiva voltou para sua terra natal indo morar com a tia Muriel, mas não foi por isso que o contato - bem melhor naquela época - seria quebrado.
O moreno ainda tinha os Weasley, mas quando eles também decidiram que era hora de voltar, as coisas complicaram. Seus pais, vendo como aquilo o afetou, pediram transferência para a Inglaterra. Lá conheceu, não só Hermione - que viera a se torna sua melhor amiga -, como também todos os que residiam em sua roda de amigos.
O mais estranho seria nem ele, nem Gina ficarem mencionando Rony. Talvez porque aquela época fora a que ele se tornara desagradável e saísse com Lavender Brown.
Sete anos juntos... Aquele seria o melhor aniversário de namoro!
– Tudo pronto? - Gina vinha andando na direção de um Harry absorto em pensamentos. Amava tanto aquela ruiva. - Temos que chegar antes deles!
– O que? Desculpe-me. - a voz da garota o trouxe de volta a realidade.
– No mundo da lua Potter! Pensando em que? - ela o fitou curiosa.
– Ah, não era nada. Coisas... Nós não temos que ir? Precisamos chegar antes deles!
– Foi o que eu disse!
Ele só precisava de uma resposta!
...
A primeira coisa que Hermione percebeu quando chegaram foi a falta de movimentação do lugar.
– Tem certeza que é aqui? - perguntou quando ainda estavam no carro. - Está um tanto... Sem pessoas... E as luzes estão apagadas...
– Tenho certeza. Harry disse que era o Restaurante da Fênix, e é o nome desse. Além disso, olhe, são eles. - ele indicou duas pessoas ao lado de um carro.
Rony estacionou na vaga mais próxima que encontrou perto dos amigos, e foram de encontro à eles.
Hermione tinha razão: o lugar parecia fechado, embora houvesse diversos carros parados.
– Oi gente! - Gina os saudou com abraços. - Feliz aniversário de novo, depois dou seu presente!
– Oi Mione! Idem ao que Gina disse. - e lançou lhe um sorriso.
– Obrigada. Feliz aniversário de namoro vocês também. Que vocês fiquem juntos por muito tempo! Presentes depois, né?
– Então, vamos entrando? - Gina convidou recebendo um olhar confuso de Hermione.
– Vocês têm certeza desse lugar? É que parece não ter ninguém.
– Parece mesmo, vai saber, né? Foi Harry quem fez as reservas!
Tinha algo bastante estranho ali e Hermione não sabia se gostaria de descobrir. Nunca ouvira falar dali, mas talvez fosse um lugar legal.
Harry, Gina e Rony entraram na sua frente e sumiram no breu. Escutou a porta bater as suas costas.
– Espera, onde nós estamos? Onde vocês estão? - havia uma nota de pânico em sua voz.
As luzes se acenderam e ouviu-se um coro de vozes gritando. De princípio Hermione não entendera, mas quando a confusão repentina passou ela entendeu.
As pessoas tinham gritado "Surpresa! Feliz aniversário!" E ela não esperava por aquilo. Uma festa surpresa. Não sabia se ficava constrangida ou se ria, fora bastante inesperado.
– Eu não acredito! - exclamou sentindo-se envergonhada.
Seus amigos, quase todo mundo - e mais um pouco - que lhe desejara parabéns mais cedo estava ali.
– Surpresinha de aniversário! - Gina lhe sorriu. - Espero que goste.
– Mas... Mas e o aniversário de vocês?
– Ah, não faz mal, pode apostar! - Harry respondeu.
– Vocês são os melhores amigos e namorado do mundo! - mais uma vez ela os abraçou.
5- Terminar a noite comemorando.
O lugar em que fora armada a festa estava decorado em azul e prata. Bexigas, toalhas de mesa, inclusive a parede. Uma casa de shows redecorada, com direito a DJ e jogo de luz.
Os convidados dançavam algum remix que Hermione não conseguiu reconhecer. Harry e Gina sumiram logo que ela olhou para o lado contrário.
Foi uma comemoração tranquila até. Rony e Hermione passaram a maior parte do tempo juntos, conversando ou dançando. Muitos amigos vieram lhe desejar os parabéns, entregando presentes que ela achou melhor abrir depois, mesmo o protocolo dizendo que éfalta de educação não fazê-lo.
Cantaram parabéns, a aniversariante soprou as velas, fez seu pedido e entregou o primeiro pedaço do enorme bolo para Rony.
Mais tarde, um pouco depois da meia noite, só restaram os quatro amigos para contar a história. A grande parte precisava acordar cedo no outro dia para trabalhar, inclusive eles, mas Gina queria falar com Hermione sem encontrar as palavras certas.
– Gina me conta logo o que foi, está me deixando aflita com essa animação! - a castanha reclamou.
– Tá, tá certo. Tentarei usar as mesmas palavras que você usou... - Hermione a encarou perplexa. - Não notou algo diferente...
– Como assim?
– Tipo, algo diferente na minha mãe direita! No meu dedo anular? - como da vez em que Hermione contara a amiga que Rony a pedira em casamento, Gina quase fundiu sua mão ao rosto dela.
– Jura? - perguntou igualmente animada. - Me deixa ver direito. - segurou a mão da amiga entre as suas. No dedo anular brilhava uma aliança de pedra brilhante. - É lindo! Parabéns, espero que sejam felizes, vocês se merecem tanto.
– Você e Rony também! Ah, por falar nele, não mencione isso. Harry e eu contaremos juntos. Sabe, irmão protetor...Ele pode ficar chateado ou algo do tipo.
– Pode deixar, eu não contarei nada...
Os casais seguiram seus caminhos, aproveitando o resto da noite, sabendo que acordariam cansados. Mas isso não os preocuparia. Os fatos das semanas seguintes é que os assustariam. Aquele arrependimento e desejo de mudar o passado...
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Será que ainda têm pessoas lendo?
Comentários (1)
AHHHH amando a sua fic!!! Continua, não para não, está de mais!!!
2013-05-30