OS CATIVOS, O CASTELO
Não havia como ir atras do Camaleão àquela hora... pelo menos a coroa estava segura no castelo, e ele não agiria enquanto não tivesse a coroa. Assim, mesmo angustiados, eles se ajeitaram aquela noite para dormir... era mais reconfortante imaginar que achariam o castelo onde o Camaleão se escondia durante o dia, quando ele estaria impossibilitado de fazer despertar o sombrio, que só podia ser libertado durante a noite, quando era possível quebrar os sete feitiços secretos e perdidos que prendiam o sombrio sob o pavilhão dos corvos, feitiços há tanto tempo feitos que poucas pessoas saberiam desfazer.
Lord Voldemort passara um bom tempo de sua vida descobrindo que feitiços seriam estes, e só descobrira depois de uma exaustiva pesquisa em breviários muito antigos que ele roubara ainda na sua época de estudante. Para ter certeza que ninguém mais descobriria, ele destruiu todos os breviários e memorizou passo a passo todos os feitiços... sabia que de sete, três eram mortais, e que nenhum deles poderia ser conjurado pelo mesmo bruxo... daí a necessidade do Camaleão de conseguir sete cativos, sete bruxos e bruxas que conjurariam por ele os feitiços que libertavam o monstruoso ser preso há mais de três mil anos sob aquele estranho pavilhão baixo dominado pelos corvos... e ele tinha certeza que se seu plano funcionasse, ele teria o último elemento no dia seguinte, antes do pôr do sol.
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Naquela noite, Luccas Lux ergueu-se subitamente do rochedo mais alto de Azkaban, assustando Bianca. Ele abraçou-a mudo e calmo, mas ela sabia que algo não estava bem... não vinha bem desde muito tempo, ele às vezes parecia quieto e estranhamente preocupado... estava escondendo dela alguma coisa. Ele a segurou pelos ombros e deu nela um beijo longo e profundo, com uma terrível aparência de despedida, então começou a falar:
– Flores Negras... eu vim para este mundo numa missão. A primeira parte eu cumpri há três mil anos... chegou a hora de cumprir a segunda. Eu sei que há um bruxo das trevas neste momento planejando libertar o sombrio... eu sei que ele tem tudo para conseguir. Eu escuto sua respiração difícil entremeada de ódio.. eu sei que mesmo que ele morra, vai conseguir libertar meu inimigo, e isso seria o fim da raça dos homens. Eu tenho que ir, Flores Negras... só eu posso lutar contra o Sombrio... só a mim ele não pode transformar em morto vivo.
– Luc... meu amor, deixe-me ir contigo.
– Não. Você fica aqui, exatamente aqui... e me espera, quando isso tudo acabar, eu volto para você, eu te prometo isso, e nunca houve um Guerreiro da Luz que deixasse de cumprir sua promessa.
– Não... e se você morrer?
– Se eu morrer? – ele riu – eu não vou morrer, pelo menos não sem levar o sombrio junto comigo... e se eu por acaso morrer, algo de mim fica contigo para sempre. Não insista. – ele conjurou os grilhões e a gargantilha fortemente nela e disse – estes não são como os antigos... estes a prenderão aqui. Por favor, não me siga. – ele deu um assobio alto e Fídias veio até onde estavam, Bianca implorou para ir junto, mas ele apenas disse: ‒ Eu volto – sorriu, os primeiros raios da aurora iluminaram seu rosto e ela pôde ver que havia uma única lágrima pairando teimosamente num de seus olhos. O dragão levantou vôo e Bianca caiu ao chão, chorando lágrimas quentes sobre a fria rocha do topo de Azkaban.
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Nem bem amanheceu, os aurores saíram em missão pela planície no entorno de Hogsmeade, iriam procurar o castelo onde o Camaleão mantinha seus cativos, e não sabiam naquele momento o quanto seria difícil encontrá-lo, e como seria tarde para alguns dos cativos quando o encontrassem.
Mr. Sandman desaparecera tão logo apareceu, mas se ele estava ali eles sabiam que iria guardar a coroa com a própria vida se possível, embora não soubessem onde ele estava, sabiam que nada entraria em Hogwarts com ele por perto.
O que eles não imaginavam, era que o Camaleão desistira daquela coroa que estava em Hogwarts... precisava sim de um objeto mágico... uma coroa que completasse a tríade do poder, feita de ouro maciço, com 250 diamantes 450 rubis e 600 esmeraldas de pequeno tamanho, e com um diamante de maldição a pairar sobre a fronte como um olho de cíclope... ele tinha o mais importante: o projeto desta coroa e um joalheiro mágico entre seus cativos, fazendo-a dia e noite desde que ele chegara ao castelo, sob o feitiço imperius.
Ele ria da própria idiotice dos aurores... ninguém imaginara que ele estivera juntando dinheiro para comprar com trouxas ouro e pedras preciosas... era mais fácil comprar do que roubar, ele só precisara tomar os cuidados necessários, agora, a coroa estava quase pronta e esta noite ele a poria na cabeça... se achava um gênio.
Neville retornou à consciência aos poucos. Ele lembrava-se apenas de ter saído da casa de Harry e ter visto Gina na penumbra, então a chamara e ela não respondera, depois ele fora até ela e tudo havia ficado escuro. Sentiu que estava num lugar frio e úmido. Estava muito escuro, ele não conseguia ver nada, apenas sabia que em algum lugar havia uma luz avermelhada, ele se mexeu e teve consciência que estava preso ao chão... procurou mexer o que dava para mexer, e percebeu que podia pelo menos sentar-se. Foi quando ele percebeu que não estava sozinho. Mais adiante, ouvira um ruído rouco e surdo, uma tosse. E esbarrou em algo ou alguém, que se mexeu da mesma forma, seus olhos se acostumaram a pouca luz do lugar e ele viu que havia mais algumas pessoas ali, todas elas presas ao chão como ele. Apenas uma pessoa, o homem que tossia, estava deitado no chão, longe demais para que ele visse seu rosto. Ele contou oito pessoas ali, e procurou tentar falar algo para o homem ao seu lado... era um homem, esfarrapado, sujo, ele sentia o cheiro terrível que todos ali emanavam, torturados por muito tempo com certeza. Disse alguma coisa e o homem não pareceu escutar... então, uma voz o respondeu do canto em que ouvira a tosse:
– Não adianta dizer nada... ninguém aqui pode escutá-lo, apenas eu. Todos os outros estão sob feitiço congelante por metade do dia... a outra metade os deixa gritando, quer acabar com a sanidade mental de todos, e com a minha também, ele sabe que isso não me afetaria, portanto acha mais produtivo me deixar consciente. Se ele não te congelou, é porque vai voltar logo. Ele é louco, fala coisas sobre glória e poder... e eu acho que está cada vez pior, só espero que eu morra antes que ele consiga atingir o poder... toda noite eu acho que será a última, mas no dia seguinte ainda estou vivo... eu daria tudo para morrer agora.
Neville engoliu em seco, e teve medo do que o esperava.
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Na casa de Harry, Sheeba, Hermione e Willy preparavam luons, e Willy às vezes olhava de rabo de olho para Sheeba, enquanto fazia a poção, pois não conseguia imaginar como seus pequenos brinquedos poderiam ser úteis. Hermione aprendera a não fazer perguntas que Sheeba não queria responder, e apenas seguia as instruções de Willy, Sheeba por sua vez, murmurava baixinho algumas coisas que nenhuma das duas conseguia compreender. Ela estava um tanto chateada porque naquela manhã, Sirius dissera a ela com todas as letras que se sentiria morto se não se juntasse a Harry e aos outros para procurar o castelo do Camaleão... ela sabia que ele não seria mais o mesmo depois disso, e temia pelo fim da paz que ela tanto sonhara para os dois. Piscou os olhos nervosa e disse para Willy:
– Não se preocupe... eu sei o que estou fazendo. Apenas continue.
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Em Hogwarts, muito bem disfarçado, Mr. Sandman acabara de ter uma idéia. Olhou o sol, que se aproximava do zênite e se perguntou se realmente o Camaleão estava interessado em pegar a coroa. Uma idéia começou a tomar conta de sua mente... ele se dirigiu aos portões e rapidamente saiu, rumo à ruína dos corvos... precisava estar lá antes do meio dia.
Foi mais ou menos nessa hora que Gina Weasley chamou seu irmão e o namorado para almoçar no três vassouras.
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Harry seguira em patrulha junto com Troy Adams, eles se ignoravam educadamente agora, precisavam estar juntos, Harry carregava junto ao corpo uma jóia de alarme que avisaria Sirius e Stoneheart se estivessem em perigo. Eles iam andando pela floresta, com um mapa de cada ruína que havia no entorno de Hogsmeade, todos castelos de uma época morta em que bruxos e trouxas conviviam bem, era sempre igual, andavam por um trecho de bosque calados, se orientando com o mapa e feitiços de apontamento, então subitamente a floresta se abria numa clareira onde havia uma ruína... faltavam quatro ruínas das que tinham mapeadas. Eles chegaram a mais uma, e ela parecia perfeitamente normal, deserta, era a mais decadente de todas, parecia estar demolida até quase os alicerces. Harry ia suspirando conformado, quando viu uma coisa no rosto de Troy: uma desconfiança premente, ele mostrou uma coisa a Harry: no alto do que seria a cumieira do castelo, uma coruja entrava naquele momento através do que parecia uma janela. Troy e Harry se olharam e Harry usou a varinha na direção dos olhos dizendo:
– Dilusionis. – ele se espantou. Na sua frente se erguia agora um castelo imenso e negro de granito, com duas esculturas de dragão dos lados. Ele encarou Troy que fizera o mesmo. Era óbvio que não seria fácil entrar naquele castelo
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Neville olhou para os lados, procurando distinguir alguém na penumbra, ele via os rostos encovados e mal iluminados de homens e mulheres petrificados, se perguntando intimamente quem seriam, seu companheiro falante cessara seus comentários e passara a tossir alto, um barulho afiltivo e agonianate. A pouca luz que entrava pela pequena grade na porta da cela, permitia divisar apenas até alguns centímetros adiante, ele via o rosto de um homem que achava ser familiar.
Foi nesse momento que a luz se ampliou e a silhueta negra de um homem apareceu na porta da cela... contra luz, Neville via apenas que era alto e parecia magro, seus cabelos louros tinham um brilho estranho contra a luz avermelhada, ele podia jurar que já o conhecia. Então ele disse:
– Finite incantatem – um coro de vozes desesperadas encheu a cela, Neville permaneceu mudo olhando para eles, então distinguiu alguém que não vira até então... Gina, ela era também uma das cativas.... como então ela podia estar ali? Ela parecia estar ali há um bom tempo... estava magra e pálida, parecia doente – olhou para a silhueta na porta e viu que o homem mudara novamente a aparência, agora estava de cabelos negros, ombros um pouco mais largos. Então ele falou, e sua voz era como a de Harry Potter:
– É hora... vamos transformar dia em noite, chegou o momento de usar vocês, meus cativos – Neville sentiu uma força estranha o impelir à frente, as correntes que o prendiam ao chão enrolaram-se nos braços do homem que estava ao seu lado, e todos em breve estavam assim também enrolados, em pé e amarrados uns aos outros por correntes – Apenas um de vocês fica... esperando que eu volte, quanto aos outros, Imperio! – o homem disse, e sentindo o feitiço apoderar-se dele, Neville começou a andar.
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Neste momento, Mr. Sandman chegou à ruína dos corvos... que estava deserta e sem um único corvo. Ele olhou em volta, achando tudo muito estranho, alguém saiu de trás de uma pilastra, dirigindo-se diretamente a ele:
– Você entendeu antes dos outros, se veio para cá sabe o que ele vai fazer... você é esperto... – um rapaz veio andando na sua direção, usava uma cota de malha, espada e escudo. Era o Guerreiro da Luz. – Você quer impedi-lo, certo?
– Você...
– Eu mesmo. Lembra-se de mim? Eu me lembro de você – sorriu ‒ você mudou alguma coisa...
– Estou sob outra aparência.
– Seu segredo está guardado comigo. Você não deve impedir que o trevoso liberte o sombrio.
– Porque não? Ele vai sacrificar pelo menos três inocentes para isso – Mr. Sandman não entendia o que o Guerreiro podia pretender.
– Sob a terra ele já está desperto desde o dia que eu fui libertado... ele já rompeu três dos sete feitiços que o prendem... é claro que apenas eu sei disso, pois estive escutando-o sob a terra desde do dia em que acordei... é uma vantagem ser mais que mortal. O homem que pensa que será aliado dele, não perde por esperar... ele não quer aliados... ele quer a mim.
– Mas...
– Siga para o Norte, vá pela floresta. Alerte o homem que cheira como cão ao relento e o grande pedaço de rocha que o acompanha... sigam então para o oeste, lá você vai encontrar o meu amigo escama... ele agora já está sob grande perigo... esperem dentro do castelo, leve isso – ele tirou do pescoço um amuleto – isso fará com que evitem a grande armadilha no castelo. Procurem no castelo por aquele que deve ser libertado... deixe o sombrio comigo. Agora não há mais corvos aqui, nem haverá.
– Como você os espantou?
– Muito simples... um feitiço, mesmo criaturas mágicas aprendem com feiticeiros... agora vá, antes que seja tarde para escama.
– Quantos temos, Willy? – Sheeba, Willy e Hermione estavam desde o amanhecer fazendo luons, agora eles estavam se soltando da poção e começavam a flutuar em volta delas, mas não sorriam, estavam sérios e Willy achava aquilo tudo muito estranho, Sheeba mal falara desde que haviam começado com aquilo.
– Não sei, talvez uns dois mil... fizemos muita poção, quando eles acabarem de se soltar talvez sejam cinco mil, seis mil...
– Então basta... eles vão demorar muito a se soltar?
– Talvez meia hora
– Ótimo... meia hora é tempo suficiente. Hermione, vá agora ao três vassouras e estupore Gina.
– O quê., Sheeba?
– Estupore-a... ela não é Gina. É uma impostora, vá agora.
– Mas... eu
– Você olhou os olhos dela desde que chegou aqui?
– Na verdade – Hermione tomou súbita consciência disse – eu não a vi desde que cheguei, apenas de longe... ela não foi à estação.
– Corra. – Hermione saiu porta a fora e Sheeba virou-se para Willy:
– Agora eu vou explicar-lhe para que servirão estes luons... mas primeiro, procure entre as coisas de sua avó uma pedra vermelha redonda e traga-a aqui.
Hermione entrou no três vassouras e viu Gina de costas conversando com Rony... ela viu que Simon Bravestar estava com eles, os três riam... ela ainda teve dúvida por um segundo, então chamou a cunhada, que virou-se rindo e ela viu nos olhos dela o que afinal de contas estava escondido sob aquela aparência falsa:
– Estupefaça – Gina caiu desacordada para espanto de todos que estavam no bar. Hermione aproximou-se com um olhar duro e conjurou nela cordas fortes que a imobilizaram.
– Hermione... o que foi isso? – Rony disse, olhando-a de frente espantado.
– Essa não é sua irmã... ela queria algo que ele tem – apontou Simon Bravestar, cujo queixo caiu de espanto. – Algo que tem a ver com música. Foi nessa hora que para espanto de todos, escureceu como se a noite tivesse caído ao meio dia.
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