A LONGA NOITE
Harry e Troy tentavam entrar no castelo quando os portões se abriram e os jogaram em direção a duas árvores que os prenderam com galhos firmes como braços. Uma procissão de gente maltrapilha e esfarrapada saiu de dentro do castelo, Harry viu horrorizado que Gina e Neville estavam entre eles, mais algumas das pessoas que estiveram desaparecidas, pareciam caminhar sob feitiço imperius. Não viu porém sinal de Voldemort ou de Draco Malfoy... eram sete pessoas alinhadas e acorrentadas, atrás de todos vinha o Camaleão... transfigurado com a aparência de Harry.
‒ Que tal, Potter? Uma homenagem... eu imaginei que alguém viria me visitar... cerquei o castelo com feitiços, como as bobagens que você pôs em volta de sua escolinha adorada... agora de nada adianta, veja, que beleza – ele abriu uma pequena caixa que carregava e de dentro dela tirou uma coroa ricamente adornada, com um diamante azulado gigantesco bem em cima da fronte – a nova coroa... eu fiz um joelheiro mágico conjurá-la... claro que isso custou a vida dele, pode por esta na conta das minhas mortes... destes aqui, alguns devem perder a vida.... mas o que é a morte senão parte da vida? – ele pôs a coroa sobre a cabeça e uma ventania sacudiu o castelo, os dois dragões ao lado dele tornaram-se vivos e começaram a cuspir chamas – Poder... – disse o Camaleão inebriado – deixo vocês na companhia das minhas sentinelas.... rezem para que elas não sintam fome. – Vamos! Ele fez um feitiço breve e desapareceu com os sete cativos. Subitamente o dia virou noite, Harry olhou para cima e viu um grande escudo tapando o sol... o Camaleão provavelmente o conjurara. Os dragões começaram a vir na direção deles.
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Mr. Sandman encontrou Stoneheart e Sirius em alguns minutos e explicou brevemente o que o Guerreiro havia lhes dito, eles então aparataram perto da ruína mais a oeste de Hogsmeade e correram na direção que o mapa apontava. Neste momento a escuridão cobriu tudo e Mr. Sandman disse:
‒ Ele conseguiu.... ativou a tríade do poder com uma coroa fabricada.
‒ Eles chegaram à clareira onde havia o Castelo, e portando o amuleto que o Guerreiro lhe dera, Mr. Sandman podia ver que não era apenas uma ruína, e podia ver os dois dragões que avançavam para Harry e Troy, sem que ninguém lhe dissesse o que fazer, ele ergueu o medalhão que emitiu uma luz intensa por um segundo, paralisando os dragões e transformando-os novamente em pedra... o amuleto também desfez o feitiço que ocultava o castelo, e todas as trancas externas deste se abriram... porém o poder do medalhão teve um efeito colateral e Sirius pôde ver a verdadeira face de Mr. Sandman, que o deixou de queixo caído. Durou apenas um segundo, e apenas Sirius pôde ver, Stoneheart estava mais à frente, de costas, perto de onde Harry e Troy estavam presos. Sirius ficou calado, apenas murmurando: “como pode ser?”
‒ Eu explico depois... – Mr. Sandman disse sério para ele. – Agora, vamos libertar seu afilhado.
As árvores já tinham soltado Harry e Troy, seus galhos pendiam soltos agora e eles dois tinham folhas nos cabelos. Harry olhou sério para Troy e disse:
‒ Essa foi por muito pouco, não é mesmo? – Troy não pôde deixar de rir. Mr. Sandman deu breves explicações do que Luc havia dito e falou que eles teriam que entrar no castelo, porque o Camaleão retornaria em breve. Conhecendo como conhecia o Guerreiro da Luz, Harry não tinha motivo algum para duvidar. Olhando para o castelo, os seis se dirigiram para os portões escancarados.
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Na ruína, o Camaleão preparava-se para começar a usar os bruxos cativos para desfazer os feitiços quando ouviu uma voz dizer bem atrás dele:
‒ Se você libertá-lo será seu fim – ele virou-se para ver a figura do Guerreiro da luz, ao lado de seu Dragão imenso e encilhado, ambos em posição de combate
‒ Você vai me matar? Eu tenho reféns... se algo acontecer comigo, todos eles morrem.
‒ Eles quem? Eu sou cego... nada posso ver.
‒ Não banque o idiota... eu sei muito sobre você, Guerreiro... eu sei que pode sentir o cheiro e saber quantas pessoas estão sob meu poder.
‒ Realmente... e também posso ouvir longe, eu ouço você desde que chegou à planície... eu vigio esta planície sempre, eu amo este lugar... eu sei mais sobre aquele que está sob a terra que você. Neste momento ele está me esperando, não poderá se aliar a você, a menos que me derrote... o ódio dele por mim é mais forte que qualquer coisa.. ele iria atrás de mim se eu estivesse do outro lado do mundo. Porque não fazemos um acordo?
‒ Um acordo?
‒ Sim... liberte os seus cativos, que eu liberto o sombrio...
‒ Não confio em você.
‒ Posso provar o que digo... eu sozinho posso desfazer cada um dos feitiços que prende o sombrio. Para cada feitiço, você liberta um refém... que tal? Mas preste atenção... quando chegar ao quarto feitiço, você vai libertar todos os reféns... porque o sombrio já desfez três dos sete feitiços... feito?
‒ Porque eu faria acordo com você?
‒ Porque você na verdade está morrendo de medo do sombrio... chegou muito longe, não é?
‒ Isso não é verdade... eu tenho a tríade do poder
‒ Será que tem? Se eu sei que essa coroa não é a real, ele também vai saber... imagine o quanto ele vai se aborrecer com isso. Vamos, liberte um refém, eu desfaço um feitiço..
‒ Está bem – disse o Camaleão, apontando para uma bruxa magra e velha, no fim da fila com sua varinha – pode ir, você – a bruxa disparou pela porta da ruína. Luc começou a falar:
‒ O primeiro feitiço é uma transfiguração... tumba de pedra, transforme-se em areia! – com um gesto do Guerreiro, a tampa negra que cobria o túmulo escavado no chão no centro do pavilhão central desfez-se em areia branca e fina. – O Camaleão olhou surpreso e disse:
‒ Então, você pode fazer mágica sem uma varinha?
‒ Isso não é para ser impressionante... liberte outro refém – o Camaleão fez um gesto quase automático com a varinha, e um bruxo flácido que antes de ser seqüestrado provavelmente fora muito gordo saiu disparado porta a fora sem olhar para trás. – bem, ‒ Luc continuou-, agora, um feitiço ridiculamente simples... mas fatal – surja o que está oculto na areia! – Uma grande planta surgiu da areia, Neville arregalou os olhos ao reconhece-la, era uma planta extinta, uma papoula devoradora, que ergueu sua imensa cúpula no ar e abocanhou de uma vez só o Guerreiro da luz. Ele ficou impassível, enquanto o seu dragão, eu estava um pouco mais atrás, imenso contra a parede, soltou um jato de chama azulada que fez a planta soltá-lo.
‒ Vê, o que esperava o feiticeiro que desfizesse este feitiço – perguntou, para a direção dos reféns... Neville sabia que o Guerreiro se referia a ele. A planta estava encolhida e chamuscada, mas ainda parecia viva. – Liberte o terceiro refém, e eu desfaço o terceiro feitiço – O Camaleão ia libertar Neville, que enfaticamente fez um gesto de negação com a cabeça, apontando Gina... o bruxo então mudou de idéia e libertou outra mulher, que correu porta afora.
‒ Mais uma transfiguração – disse Luc – e outra seguida. Dois feitiços em um: Planta, se faça bicho – a planta tornou-se um imenso tigre de dentes de sabre e pulou da areia na direção do Guerreiro, que disse: ‒ vitrificae! – o tigre tornou-se uma grande escultura de vidro, e a areia sobre a abertura da tumba se tornou uma grossa parede de vidro puro – Olhe pelo vidro, Bruxo – ele disse ao Camaleão, que aproximou-se do vidro, olhando para baixo.
O que ele viu o encheu de fascínio e temor. Bem abaixo da tampa de vidro um rosto inexpressivo contemplava-o, estava usando uma máscara cinza escura, sem expressão, com um par de olhos que pareciam duas poças negras que davam no vazio total... ele usava uma veste totalmente negra com capuz, e tinha mãos longas e brancas, com garras negras na ponta, uma delas estava aberta e sustentava levitando um estranho objeto redondo e negro, que estava envolto em chamas negras.
‒ Vê a aparência dele, bruxo? Você ainda pode desistir... é a mim que ele quer.
‒ Não vou desistir agora.
‒ Solte os reféns...
‒ Não vou soltá-los... quero uma garantia...
‒ É o acordo.
‒ Você agora fez o mais difícil... um vidro eu posso quebrar sozinho...
‒ Solte os reféns. Esse é um dos feitiços fatais... se você quebrá-lo, morre.
‒ Então, está bem... mas vou ficar com essa moça. – ele agarrou Gina pelos cabelos – eu preciso de uma garantia.
‒ Não! – Neville gritou
‒ Liberte todos.
‒ Eu preciso ficar com um pelo menos.
‒ Eu fico – gritou Neville – deixe que os outros vão.
‒ Eu me lembro de você – disse Luc- estava aqui quando me libertaram...
‒ Eu fico... – Neville repetiu
‒ Está bem... – o Camaleão concordou e todos os reféns foram libertados, menos Neville. Gina abraçou-se a ele e o camaleão olhou-os com desprezo – Vá embora, garota, você está livre.
‒ Se ele ficar, eu fico – Gina contemplou-o com fúria nos olhos castanhos – estava maltrapilha e suja, mas ainda era bonita.
‒ Está bem por mim... mas ele que decide – disse o Camaleão dando de ombros.
‒ Não é o que eu desejaria, mas vou aceitar – “tenho uma chance de salvar os dois de uma vez... vou tentá-la” ele pensou. Conjurou um feitiço e todas as portas e janelas da ruína se fecharam com estrondo, tornando-se de ferro logo em seguida. Ele baixou a cabeça e se aproximou de onde sentia a fria estátua de vidro. Pôs as mãos em torno da cabeça do tigre esculpido e disse: ‒ Disanguio! – O vidro explodiu, se quebrando em um milhão de pedaços que atravessaram seu corpo em algumas partes, e em outras cravaram-se na cota de malha... aquilo ia enfraquece-lo, ele sabia, mas era melhor que levar um humano à morte, ele sentia a dor excruciante dos cacos de vidro abrindo feridas grandes e vivas em sua pele branca, mas ainda teve força para virar-se e gritar, apontando as mãos na direção onde estavam o Camaleão e os reféns – Caminos Aeros, retornem para de onde vieram! – ele sentiu o calor deles desaparecerem e caiu de joelhos no chão... pelo frio às suas costas, sabia que o sombrio acabava de sair de seu cativeiro.
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Harry e os outros entraram no castelo para constatar que era muito grande e cheio de escadas... devia haver uma armadilha em cada canto... eles não sabiam o que procurar, então decidiram se dividir. Eram muitas saídas e entradas, e eles foram cada um para um lado. Sirius e Stoneheart tomaram a direção dos salões, Troy, desceu às masmorras, Mr. Sandman e Harry subiram, separando-se quando chegaram no primeiro patamar. Harry ia com os olhos fixos à frente, imaginando o que o esperava ali, talvez a morte, talvez a descoberta de quem era o Camaleão na verdade.
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‒ Terminou, Sheeba... seis mil e quinhentos luons.
‒ Ótimo, vamos para a ruína dos corvos agora..
‒ Sheeba, o que afinal estamos fazendo?
‒ Salvando um guerreiro da luz. Tem a pedra de alarme?
‒ Tenho.
‒ Ótimo, tenho certeza que vamos precisar dela.
Sheeba arrastou Willy, segurando seu braço sem que ela percebesse para saber o que acontecia com Harry. Engoliu em seco ao ver o que esperava o afilhado no último salão do castelo.
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Sem saber como, Neville se viu transportado novamente para a frente do Castelo do Camaleão, Gina ainda estava abraçada a ele, e mais adiante, eles viram o Camaleão que gritava indgnado:
‒ Maldito! Traidor! Canalha... ele me enganou! – Neville ainda estava acorrentado, mas protegia o corpo de Gina com o seu contra a aproximação eventual do Camaleão, este, ainda trasnfigurado em Harry, percebeu subitamente que seu castelo fora desmascarado e invadido. Olhou para Gina e Neville e disse: ‒ Então, seu amigo se soltou... vocês vêm comigo agora, para dentro do castelo – ele disse e transportou os dois e aparatou no último salão, no alto do pavimento mais alto à esquerda da torre leste de seu castelo.
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A primeira coisa que Luc sentiu quando voltou à consciência foi frio... depois, a dor das mais de mil feridas que tinha por todo corpo, ele era uma massa disforme de sangue caída no chão, atrás dele ele sentia o Sombrio, sua respiração gelada e alta, era como encarar um dementador dez vezes mais forte, mas que em vez dos pensamentos, roubava a força física de quem o encarava.... sem seu amuleto, que dera ao bruxo que chegar primeiro à ruína, ele teria que se superar para enfrentar o inimigo...
O sombrio o ergueu no ar e Luc pôde sentir seu hálito frio... o sombrio era incapaz de falar, mas ele sabia que o que a criatura queria dizer era que esperara mais de dois mil anos para vingar-se dele... seu hálito de gelo enfraquecia mais ainda Luc... antes de mais nada, era preciso voltar a ser ele mesmo... era preciso voltar a luz... ele sabia que no canto da ruína, Fídias estava tentando soprar sua chama azul para o sombrio sem sucesso... com o coração das trevas na mão, o sombrio era imune ao poder do dragão da luz, que estava provavelmente paralisado pelo feitiço das trevas do ser escuro... a única solução era ele soltar-se das garras do Sombrio... tinha que ter forças, tinha que ter.
Luc apertou os olhos, procurando tirar de dentro de si mesmo mágica suficiente para regenerar o próprio corpo, mas a única coisa que conseguiu foi se soltar e ser arremessado com força na direção onde estava Fídias... o dragão era sua última esperança.
‒ Fídias... me queime, Fídias.
O dragão soltou um rugido desesperado, mas cumpriu a ordem, Luc sentiu cada fibra de seu corpo queimar e arder, mas isso emitia tanta luz que manteve o Sombrio distante... Luc achou que ele queria que o guerreiro se regenerasse... queria lutar contra Luc em sua força total. No momento que a dor das queimaduras se tornou realmente insuportável, o corpo de Luc explodiu em luz e chamas altas e azuladas, ele sentindo a dor transformar-se finalmente no calor e na luz que ele emitia, e ele gritou ao sentir que a vida voltava ao seu corpo da forma que ele conhecia. Fumegando, ele localizou o frio do sombrio dizendo:
‒ Agora estamos prontos... – O sombrio emitiu o único som que costumava emitir... uma risada baixa e gorgolejante... ergueu no ar o coração das trevas, enquanto Luc erguia sua espada de luz.
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No interior do Castelo, Troy descia às masmorras quando ouviu um som que lhe chamou a atenção... era uma tosse rouca e baixa, vinha de uma cela bem ao fundo da masmorra... ele dirigiu-se a ela, vendo a porta fechada por um pesado cadeado mágico. Começou a tentar feitiços de desarme, até que uma voz familiar veio de dentro da masmorra:
‒ Tente dizer: escudetto, alona, alorromorra. É isso que ele diz para abrir – a voz foi interrompida por um novo acesso de tosse. Troy pensou por um segundo e disse:
‒ Escudetto, alona, alorromorra! – a porta se abriu com um rangido e ele entrou, acendendo a varinha para ver quem estava lá, no fundo da cela.
Seus olhos arregalaram-se ao ver a figura quase cadavérica de Draco Malfoy.
‒ Me ajude a encontrar a pedra... é minha única chance. – ele disse, tentando se erguer e caindo com o rosto no piso de pedra da masmorra.
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No quarto piso do Castelo, Sirius e Mr. Sandman se encontraram, descobrindo que estiveram andando em círculos.
‒ Vamos seguir juntos? – propôs Mr. Sandman
‒ Já que não há outro jeito... isto aqui é realmente um labirinto.
Eles foram andando juntos, mudos, sem muita vontade de conversar. Sirius continuava não acreditando no que vira... ele nunca pudera imaginar quem era aquele sujeito, e todas as conjecturas que fizera afinal estavam completamente erradas. Isso martelava sua cabeça quando o outro disse:
‒ Escute... eu sei o que você viu... é a mais pura verdade. Você não deveria ter visto, mas agora que viu, eu não tenho outra alternativa...
‒ Vai me lançar um feitiço de memória, Snape?
‒ Não... vou sugerir seu nome como agente nº 2... mas para isso você vai ter que superar sua mediocridade e aprender transfiguração total... – Sirius ia abrir a boca para dizer alguma coisa quando ouviram o rugido alto de alguma fera e o grito de Stoneheart dizendo :
‒ Nenhum monstro idiota vai me matar!
Correram para de onde vinha o som e encontraram Stoneheart sentado sobre uma imensa fera escamada e cheia de garras... nenhum dos dois sabia do que se tratava, o ser tinha uma boca enorme cheia de dentes agudos e afiados, e estava estuporado. Stoneheart olhou para os dois extremamente mau-humorado e disse:
‒ Essa coisa esquisita é a única digna de nota nesta parte do castelo, tentei subir ao último andar, mas depois que Potter passou, a passagem se fechou. Se vocês querem saber, acho que algo aqui está errado... precisamos voltar e achar Adams... talvez ele tenha tido mais sucesso.
No último andar, Harry entrou num salão circular e viu um homem preso à parede, inconsciente, seus cabelos grisalhos lhe cobriam a fronte, mas ele podia reconhecê-lo, mesmo maltrapilho, machucado e inconsciente: Tom Riddle, que um dia fora Lord Voldemort. Sentindo a presença de Harry, ele ergueu a cabeça e o encarou. Seus olhos estavam duros e vermelhos, e brilharam de ódio ao reconhecer Harry:
‒ Nos encontramos de novo, Potter.
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