O QUARTO SIGNO SINISTRO
O jantar que Willy preparava parecia um jantar da velha Hogwarts... uma quantidade estúpida de comida, só que apenas as crianças beberiam suco de abóbora... para os adultos havia uma boa quantidade de vinho de cerejas, que Sirius trouxera num barrilzinho do três vassouras. Era realmente como estar em casa e Harry até esqueceu que estava muito preocupado com a estranha calmaria do Camaleão. Neville cumprimentou Rony e Hermione de uma forma discreta, ele estava reservado mesmo com os amigos desde que assumira a vaga de Snape, e Rony não pôde deixar de pensar se não era ridículo que o velho Neville tivesse virado um discípulo de Snape. Logo depois de Sirius, Sheeba chegou com seus filhos, Claudius e Celsus vinham se socando quando ela os separou e disse para ficarem quietos. A pequena Hope, agora com oito anos, usava luvinhas refletoras de bons pressentimentos, que Sheeba tinha que olhar de vez em quando para ver se não estavam furadas, porque a garota adorava surpreender os outros com previsões. Já fora inclusive advertida nas escola integral para parar de amedrontar a pequena Amelia Paddignton, a quem dizia que as orelhas iriam se transformar em repolhos.
Willy tinha subido para se arrumar e desceu um pouco depois, usando uma veste de tecido mágico dos que Silvia Spring ajudara ela a inventar, e tinha espalhado luons que cintilavam pela casa... ela sabia como fazer algo simples parecer especial. Os filhos de Sheeba, que agora a adoravam, pularam sobre ela e ela riu muito. Então Hope disse:
– Tia Willy, porque você não fala logo para tio Harry que vocês vão ter um bebê?
– Hope! – Sheeba falou alto.
Harry estava de boca aberta, sem saber o que dizer. Então era isso que ela parecia esconder há alguns dias... Sirius e Rony deram uns socos amigáveis em seus ombros, enquanto o sacudiam, bestificado, olhava para ela que sorriu e disse:
– Era para ser surpresa... – ele então pareceu sair do estado de choque e deu um berro alto de felicidade, fazendo todos por ali rirem muito, até mesmo Neville, que atualmente quase não ria. Aquilo melhorou mais ainda o clima de alegria no jantar, que transcorreu em meio a recordações dos ótimos tempos de Hogwarts, com eles lembrando de coisas boas que haviam acontecido nos seus anos de estudante, e às vezes de coisas ruins... Harry levantou a taça como fazia às vezes e disse:
– Ainda brindo à memória de Cedric, mesmo dez anos depois da sua morte... ele realmente não precisava ter morrido – disse quase melancólico.
– Pelo menos a Murta agora tem companhia... – disse Willy, e era verdade, desde que ele morrera, seu fantasma fora avistado algumas vezes no castelo, muito poucas porque ele era por demais discreto para assustar os outros. – eu também gosto de brindar a meu pai...
Para espantar o clima ruim que ameaçava pairar sobre eles, Sirius começou a contar histórias engraçadas do seu tempo de estudante, e as traquinagens que ele fazia com os outros marotos, e de como eles várias vezes roubavam coisas de Snape e punham a culpa em Lúcio Malfoy, de como Atlantis era um grande piadista na época de Hogwarts e grande cantor, ao contrário de Sirius, que perguntou se eles queriam uma amostra de seu talento vocal, o que foi terminantemente recusado por todos. Hermione tinha seu filhinho quase adormecido nos braços, e às vezes sorria para Rony, e Harry, lembrando-se das coisas que faziam também quando eram o trio mais unido da escola.
Sheeba olhava Sirius rindo quando ele começava a contar alguma coisa realmente engraçada, como as que ela também fazia, principalmente as peças que pregava em Sibila Trelawney, “a tonta”, como Sheeba a chamava. Então ele disse:
– E é claro, existem histórias que nunca chegarão a público... dessas que se passam dentro de armários – ele disse candidamente olhando para Sheeba, que ficou séria e o fuzilou com um olhar.
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Enquanto eles estavam neste clima de total descontração, a alguns quilômetros dali, o Cameleão estava perversamente feliz porque Tom Riddle acabava de lembrar-se que era Lord Voldemort. O velho bruxo agora tinha a face encovada transfigurada por um ódio frio e surdo, os cabelos grisalhos colados à cabeça pelo suor e sujeira dos meses de terror que passara, os pulsos magros em carne viva dos grilhões que o prendiam à parede... começara novamente, para o júbilo do Camaleão... mas agora seria diferente, acostumado a ser mestre, Voldemort agora seria servo dele... ele não tinha escolha. Mas antes, ele queria avisar o objeto de sua vingança que ela finalmente começaria.
Agora seria mais fácil, como Hogwarts movimentada, cheia de alunos e a equipe de filmagem... ele tinha o cetro Amalin e a a cruz Gamadin, só faltava agora o terceiro item da tríade do poder... o diamante da maldição, retirado da coroa um milênio antes e responsável pela morte e desgraça de dezenas de trouxas que o haviam possuído esperava para ser novamente engastado em seu lugar... então, ele poria a coroa sobre a cabeça e despertaria o sombrio, e seria o novo mestre das trevas, com o maior de todos os tempos parado a seus pés... era bom demais para ele antever esses momentos de Glória... então ele tiraria de seu caminho aqueles que podiam atrapalhá-lo.
Vagarosamente ele dobrou o pergaminho que tinha nas mãos e pôs no envelope, sentindo a garganta arranhar um pouco. Reprimiu um ataque de tosse e riu. Podia estar doente... mas Harry Potter em breve estaria morto. Ele assobiou e uma coruja negra pousou no seu braço, ele amarrou uma carta em sua pata e disse a ela quase carinhosamente:
‒ Encontre Potter...
A coruja levantou vôo e ele riu, se achando totalmente exibido...queria que Potter soubesse que iria morrer... queria que ele soubesse. Os gritos dos cativos das masmorras chegavam até ele, que subiu a escadas do castelo, gritando para baixo:
– Sosseguem!!!!!
A risada alta transformou-se num acesso de tosse quando ele chegou ao terceiro pavimento.
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A coruja chegou em alguns minutos à casa de Harry, onde ele e os amigos estavam aproveitando os momentos após o jantar para conversar e falar sobre o filme, cujas gravações começariam no dia seguinte. Sheeba explicava para Hermione e Willy em um canto porque afinal de contas Gina dera o fora em Neville:
– O que aconteceu foi muito simples... Neville queria proibir Gina de dar aulas, queria que ela se tornasse uma dona de casa depois do casamento... vocês conhecem Gina, podem imaginar a reação dela – ela disse baixinho, dando olhares furtivos para Neville, para ver se o rapaz não podia realmente escutar o que diziam.
– Eu nunca imaginei que tivesse sido por isso – murmurou Hermione.
– Deve ser por causa – Sheeba deu uma nova olhada na direção onde estavam os homens – do que aconteceu aos pais dele... – ela então viu que a paisagem conjurada oscilava mostrou a Willy, que a desativou. Eles puderam ver uma coruja grande batendo no vidro da janela, uma coruja negra de olhos amarelos furiosos. Harry teve um mau pressentimento: conhecia aquela coruja. Ele andou até a janela e a abriu, deixando que a coruja entrasse e largasse sobre ele a carta, antes de sumir noite adentro. Ele foi para seu gabinete abrir o bilhete, mas não conseguiu evitar o olhar da madrinha, que o encarava séria. Sirius o seguiu.
– Um signo sinistro – ele disse a Sirius calmamente – eu sabia que ele estava quieto demais...
– Harry – Sirius fechou rapidamente a porta do gabinete, olhando-o sério – quantos desse você já recebeu?
– Esse é o quarto – Harry sabia o que viria pela frente, sabia o que Sheeba previra.
– Acho que você vai ter que pedir reforço. Sabe o que Sheeba previu sobre o quarto signo?
– Sirius, eu não sou mais um estudante, você sabia? Agora eu tenho vinte e quatro anos, sou um auror.
– E vai ser pai, e se não se cuidar, nem vai ver o próprio filho nascer. Mande uma coruja agora para seus superiores...
– Sirius, eu sei me cuidar, será possível?
– Harry, você não entende? Por acaso você quer morrer?
– Não, mas eu tenho que enfrentar o perigo, não tenho?
– NÃO SOZINHO, HARRY!
Nesse instante, Sheeba entrou no gabinete e disse a Harry:
– Vai deixar seus convidados sozinho, Harry?
– Bem, não...
– Venha, não é educado deixar as pessoas sozinhas – ela fez um gesto significativo para Sirius, que queria dizer: “Depois nós resolvemos isso”, então, Sirius se calou e ficou observando Harry sair esperando que ela dissesse alguma coisa. Mas a verdade era que a reunião estava arruinada. Em pouco tempo, todos foram embora, Hermione e Rony recolheram-se para o segundo piso da casa. Sheeba pediu a Sirius que levasse as crianças. Ele pôs os adormecidos Claudius e Celsus nos ombros e Hope o seguiu, depois de dar um olhar bem adulto para a mãe, que significava que ela queria vê-la prever o futuro do “tio Harry”. Sheeba olhou séria para a menina que seguiu o pai sem dizer nada. Sheeba olhou Harry e Willy de frente, dizendo:
– Vocês querem minha ajuda?
– Sheeba, eu...
– Harry... era o quarto signo não era?
– Era.
– Você obviamente sabe que agora o perigo é real...
– Sei.
– Quer ou não ajuda?
Willy pegou resoluta as mãos do marido e pôs entre as mãos desenluvadas de Sheeba, dizendo:
– Harry, ela pode nos ajudar, não banque o bobo.
– Está bem... – Sheeba fechou por uns segundos os olhos, então começou a dizer:
Harry... eu vejo um castelo. Um castelo não muito longe, eu posso ver uma montanha de Hogwarts atrás deste castelo, ele é muito perto daqui... você está nele. E está lutando com o Camaleão... ele tem vários rostos que eu não consigo ver, gelo de confusão... eu vejo você e Troy Adams entrando no castelo, eu vejo Willy envolta em luons... e Neville preso no porão deste castelo – ela abriu os olhos subitamente – Harry, vá atrás de Neville, agora!
Harry disparou porta afora e Sheeba olhou diretamente para Willy:
– Eu vi uma outra coisa, Willy. Vou te ajudar a fazer mais luons... vamos precisar de muitos deles.
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Harry correu velozmente até o três vassouras, ele olhou para dentro e viu que Neville não estava lá, embora o pub estivesse cheio e barulhento, Simon Bravestar estava sem camisa no centro do bar tocando sua guitarra e cantando, para delírio da platéia, Harry então ergueu sua varinha e disse:
‒ Accio, Firebolt – em alguns segundos a vassoura saía de sua casa por uma janela e vinha às suas mãos, Harry subiu nela e voou sobre a aldeia, usando um feitiço iluminatório na ponta da varinha, mas nada de encontrar Neville. Ele sobrevoou todo o caminho até Hogwarts, e então, impuslionou bem alto a vassoura, para ir até a torre norte. Ele olhou por uma janela e viu que a porta que conduzia a Câmara onde estava a coroa estava muito bem segura, então, retornou a Hogsmeade. Precisava comunicar seus superiores que acontecera mais um desaparecimento.
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Demorou mais ou menos meia hora para que Angus Stoneheart aparatasse junto com Troy Adams no centro de Hogsmeade. Depois de algumas perguntas a Harry, finalmente Stoneheart resolveu falar claramente:
– Temos que saber onde o Camaleão pegou o sujeito... o ministério não vai ficar nada satisfeito, é o segundo bruxo a desaparecer aqui, e era pressuposto que você estivesse tomando conta do povoado.
– Espere um segundo – disse Sirius, que representava Hogwarts naquele momento – Harry estava em seu horário de folga, e o próprio ministério não pediu que ele vigiasse a aldeia em período noturno, apenas sondasse movimento suspeito.
– Sirius, deixe-me argumentar por mim – disse Harry exasperado – Stoneheart, ninguém calculava que ele estivesse tão perto. – Stoneheart deu uma olhada insatisfeita para Sheeba. Com uma simples premonição ela desacreditara todas as deduções que ele e Troy haviam preparado nos últimos dois meses de que o Camaleão estivesse bem longe de Hogwarts preparando o plano perfeito para roubar a coroa... não, ele estava perto, ela dizia, ridiculamente perto e ninguém o enxergava.
– Minha senhora – começou Stonehearts – sem querer duvidar de seus poderes... como ele pode estar num castelo tão perto de Hogwarts e nós não o vermos?
– É uma propriedade trouxa, que devia estar vazia há muitos anos, o senhor sabe a popularidade que castelos perto de lugares bruxos adquirem junto aos trouxas... e provavelmente deve estar em ruínas.
– Há umas dez ruínas perto daqui – disse Troy Adams – como vamos saber em qual delas ele está? Nós sabemos que ele sacou um bom dinheiro de uma das suas contas trouxas há pouco tempo... ele provavelmente comprou algum castelo aqui perto. Mas porque ele compraria?
– Isso realmente não é importante agora – interrompeu Harry, nervoso – precisamos achar onde ele está, antes que ele suma com mais alguém.
– E precisamos também ficar de olho na coroa.
– Isso não é problema – ninguém soube como aquele homem apareceu na sala da casa de Harry, nem mesmo ele... mas ele sabia que só podia ser uma pessoa, só uma pessoa se disfarçava de velho e parecia tão pouco um velho:
– Mr. Sandman? – o velho sorriu
– Deixem a coroa comigo... vão atrás do sujeito entes que ele mate alguém.
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