Guerra de Vontades
Capítulo 2 - Guerra de Vontades
A primeira impressão que Gina teve do garoto, era que ele parecia um anjo. Tinha os cabelos loiros e olhos azuis, mas não no tom acinzentado do olhos de Draco, eram de um tom mais claro. O garoto não se parecia em nada com Draco, o tom dos cabelos eram diferentes, iguais os de sua mãe. Na verdade Andrew era uma cópia perfeita de Fleur. A única coisa que parecia ter herdado de Draco era a postura rígida, e a expressão de arrogância.
- Você é a nova babá – declarou o menino, o tom de acusação evidenciando-se em sua voz.
Gina respirou fundo e tratou de se lembrar de seu treinamento. Todos sempre haviam lhe dito que tinha jeito para lidar com crianças. Essa era uma das razões pela qual decidira se tornar uma babá quando compreendera que precisava partir se queria prosseguir com sua vida. Agora, claro, chegara o momento da verdade.
Ajoelhando-se sobre o amplo tapete para ficar na mesma altura da criança, ela estendeu-lhe a mãe e ofereceu-lhe um sorriso amistoso.
- Sim, sou eu. Meu nome é Virgínia, mas pode me chamar de Gina. E você deve ser Andrew.
Andrew Philip Michael Malfoy, o Primeiro – informou-lhe ele com altivez. Logo esqueceu-se das boas maneiras – Você se veste como uma camponesa.
Ouvindo o comentário, a sra. Pram atravessou o quarto até o armário e abriu as portas, revelando uma fileira de severos conjuntos de saia e blazer cinzentos, e capas pretas.
- A srta. Weasley ainda não teve tempo para colocar seu uniforme, Mestre Andrew. Procure perdoa-la.
Gina lançou um olhar desolado para os conjuntos pendurados nos cabides. Teria que cuidar de um menino de seis anos usando um daqueles? Bem, mas considerando a própria escolha dele para se vestir...
Ainda assim, não podia se imaginar em roupas de aspecto tão severo e desconfortável. Na certa, a questão do uniforme não poderia significar tanto. Talvez pudesse discutir o assunto depois com o Malfoy. Por enquanto, teria que se resignar.
- Oh, obrigada por me mostrar os uniformes – declarou, procurando parecer jovial. – Bem, agora acredito que Andy e eu gostaríamos de nos conhecer melhor, não é?
- Eu certamente não gostaria
Gina obrigou-se a manter o sorriso assim mesmo, embora já começasse a sentir os músculos faciais tensos. Onde estava o garotinho inseguro apenas a espera para ser amado? Nem mesmo Mary Poppins, sua instrutora na agência teve que lidar com uma situação destas...
- Vai mudar de idéia – informou-o ela com gentileza, determinada a não se deixar derrotar. – Obrigada sra. Pram, – acrescentou num tom casual – acho que pode continuar com suas tarefas. Eu cuido das coisas por aqui.
- Sra. Pram eu lhe ordeno que não saia – interveio Andrew de imediato, com sua voz infantil empertigada. – Não me deixe sozinho com ela. Quarenta e nove pessoas são assassinadas por dia no país, e muitas delas por conhecidos.
Foi inevitável para Gina ocultar o choque de sua expressão. Então, o menino era mesmo um manual ambulante de estatísticas. E estatísticas nada agradáveis, por sinal. O que deveria fazer a respeito?
- Bobagem – disse-lhe com firmeza. – Estou aqui para cuidar de você, não para lhe fazer mal. -Pode mesmo se retirar sra. Pram.
A velha mulher estivera observando a cena com ávido interesse, mas acabou dando de ombros e se retirou.
Ao se virar para o menino, Gina viu que ele continuou a encara-la com inconfundível raiva e desconfiança. De repente tirou um rolo de pergaminho do bolso da calça e começou a escrever algo. Quando tornou a enrola-lo, ela pode ler o que fora manuscrito como título no topo.
"Infrações Cometidas pela Babá Número Quatro". Bem, devo ser eu, claro.
Sem tentar argumentar desta vez, ela pegou-lhe o pergaminho das mãos e leu em voz alta:
" Infração Número Um: recusa em chamar Andrew Philip Michael Malfoy, o Primeiro, pelo nome apropriado".
- Pode me chamar de Mestre Andrew, se quiser – disse ele, com arrogância. – Mas "Andy" está fora de cogitação.
- Entendo. Que tal simplesmente Andrew?
- Mestre Andrew.
- Pode me chamar de Gina – repetiu ela, numa nova tentativa amistosa.
- Você é uma babá, seu título é irrelevante. Posso chamá-la do que quiser.
Gina refletiu sobre o último comentário. Se realmente o menino fosse inseguro, parecia determinado a esconder tal insegurança sob um escudo de esnobismo e desdém, porém isso já é uma característica de pai e mãe, lembrou-se. Embora a Agência Bradford se aprofundasse em temas como nutrição adequada, exercícios físicos, controle da mágica espontânea nos pequenos, educação e lazer, para manter uma criança saudável e feliz, não houvera regras precisas de como lidar com uma pestinha. Apesar da orientação em psicologia infantil, ao final caberia a babá recorrer a seu bom senso para lidar com determinadas situações. E pelo que já vira, tinha certeza que um pouco da disciplina tradicional iria fazer bem àquele menino.
Estratégia definida, ela o fitou com calorosos olhos azuis.
- Vou chamá-lo de Andy – informou-o com um sorriso firme mais gentil. – Andrew é um nome que evoca respeito e , se quer ser tratado assim, terá que demonstrar respeito também. Quando puder fazer isso, eu o chamarei de Andrew.
O garoto a encarou com altivez, mas ela se recusou a recuar e sustentou-lhe o olhar, percebendo que seria uma batalha de vontades. Quando começava a se parabenizar por ter controlado a situação, ele tornou a escrever freneticamente no pergaminho.
- Infração número dois – disse-lhe – Recusa a usar o uniforme apropriado.
Gina não podia discordar dessa. Realmente não queria usar os severos conjuntos. Após uma breve ponderação, decidiu que seria melhor se não os usasse. A agência a designara para lá porquê os métodos tradicionais não estavam dando resultados no convívio com o menino, assim fora concluído que seria necessário um pouco de criatividade. E nada melhor do que abolir os horríveis uniformes para começar.
- Acho que minhas própria roupas serão mais adequadas.
- Mas você é uma babá. Tem que usar uniforme.
- Como babá, minha função é cuidar de você. De sua alimentação, se sua educação, do seu lazer. - Não posso fazer isso num daqueles uniformes. Como vou ensinar você voar de vassoura, andar a cavalo, brincar de snap explosivo, leva-lo ao parque, num conjunto todo engomado?
- Não faço nenhuma dessas coisas – disse Andrew prontamente.
- Mas você só tem seis anos. Ainda tem a permissão para tentar coisas novas. E acho que essa opção ainda fica em aberto até os 11 ou mais.
- Agora está gozando de mim.
- Claro que não
- Não gosto de você – declarou ele, fazendo bico em ressentimento. Era o primeiro sinal de normalidade que Gina via e ficava aliviada com isso. De qualquer forma, não queria aborrece-lo e decidiu mudar o assunto.
- O que gosta de fazer?
- Eu leio. Venho lendo desde os três anos de idade. Meu pai aprendeu a ler sozinho quando tinha dois anos. E você?
Ela olhou para ele surpresa, não sabia que o Malfoy era tão inteligente assim, se bem que ele sempre fora um bom aluno em Hogwarts, apesar das suas armações, e se ele era mesmo tão inteligente, pelo jeito o Andy herdara essa qualidade.
- Bem, eu devia ter uns seis – admitiu ela e recebeu um olhar de desdém por sua óbvia inferioridade. Preferiu ignora-lo. – Que tipos de coisas gosta de ler? Ou seja, além de estatísticas de quantas pessoas são assassinadas por dia?
- Essa é uma estatística importante. Você tem que tomar cuidado sabe. Acontecem muitas coisas ruins por aí – O menino pareceu estuda-la por um minuto, depois, com um brilho especulativo no olhar, lançou sua bomba. – Minha mãe foi assassinada.
Gina não conseguiu ocultar a expressão chocada. O Malfoy dissera-lhe que Fleur morrera, um acontecimento que devia ter sido traumático o bastante para um garotinho. Mas não falara nada sobre o assassinato, e esse era um fardo bem mais pesado para uma criança. Afinal, após uma hora naquela casa sombria, o que sabia? Sem dúvida, teria que conversar com o Malfoy pela manhã...embora a perspectiva não ajudasse em nada a acalmar seus nervos.
Andrew ainda a observava. Sem saber da verdade, Gina achou que a melhor tática seria mudar de assunto novamente. Levantou-se do tapete, esticando as pernas cansadas.
- Estou com fome. Já é tarde para jantar, mas que tal um lanchinho?
- Dodd não permite "lanchinhos".
- Dodd?
- O cozinheiro, meu pai não gosta de elfos cozinhando.
- Bem terei que dar um jeito. – Sem olhar para trás, ela deixou o quarto.
- "Lanchinhos" não fazem bem para você – declarou Andrew, num tom de censura, mas a seguiu mesmo assim.
- Nesse caso, terei que viver perigosamente.
Seguiu-se um prolongado silêncio, apenas o som dos calçados de ambos de encontro aos assoalhos, enquanto percorriam os longos corredores e desciam as escadarias. Ao chegar no vestíbulo, Gina percebeu que andava em círculos, não fazendo a menor idéia de onde ficava a cozinha. Enfim, lançando-lhe um olhar condescendente por seus esforços, Andrew mostro-lhe o caminho.
O misterioso cozinheiro não se achava por perto, assim ela aproveitou a oportunidade para procurar algo comestível. Acabou encontrando um pote de sorvete de chocolate no freezer. Levou-o para a pequena mesa de madeira a um canto, com duas taças que encontrara.
Apenas os criados e os elfos se sentam aí – informou o menino.
- E onde você se senta?
Ele a conduziu até a imponente sala de jantar ao lado. Lá havia uma enorme mesa retangular em mogno maciço, espaçosa o bastante para acomodar dezesseis pessoas. Do teto, pendia outro lustre um pouco menor que o da sala. Gina levou o sorvete do volta para a cozinha.
- Sente-se, Andy – ordenou-lhe e, sem aguardar até que ele obedecesse, colocou generosas porções de sorvete em cada taça. – Agora coma.
Pelos dez minutos seguintes, ela ao menos foi abençoada com o silêncio. Esvaziando sua taça de sorvete mecanicamente. Andrew parecia contente em apenas encara-la. De sua parte, Gina se empenhou para se concentrar somente na deliciosa sobremesa.
Aquela casa era tão estranha...o dono distante demais, a criança muito séria. Mas ao menos o sorvete tinha um sabor de lar.
E sentada ali, finalmente na etapa que estivera sonhando alcançar durante os últimos e longos seis meses, perguntava-se mais uma vez se tomara a decisão certa. Não ficar perto dos pais, eles não apoiaram a sua decisão, apenas seus irmãos a apoiaram na idéia de tomar um novo rumo até que as lembranças não fossem mais tão insuportáveis. Talvez nessa mansão sombria conseguisse esquecer Nick. Talvez ali, mesmo sendo o domínio do arrogante do Malfoy, e de seu filho inseguro, pudesse, enfim, deixar o passado para trás.
Embora olhando para circunspecto garotinho sentado à sua frente, não tivesse assim mais tanta certeza. Ele a observava com um olhar fixo, um olhar que trazia de volta a austera imagem de Draco Malfoy. Malfoy possuía agora uma áurea tão intimidante...tão poderosa. O que haveria por trás de sua fachada enigmática?
E quanto a Fleur Delacour Malfoy? Andrew dissera que a mãe fora assassinada. Claro que algo assim não podia ser verdade, nenhum de seus irmãos havia comentado, nem mesmo o Gui.
Sob a pálida iluminação da cozinha, Gina descobriu-se estremecendo.
Fugira de uma terrível tragédia do passado. Mas onde havia chegado não fazia a menor idéia...
Após uma noite de sono profundo por pura exaustão. Gina acordou para abruptas notícias. Malfoy partira.
Tarde da noite, fora chamado para alguma espécie de convenção de Cientistas Bruxos em Genebra. De acordo com a sra. Pram, esses tipos de viagens de última hora não eram incomuns. Pareça que o Malfoy mantinha uma agenda bastante irregular. De qualquer forma, estaria fora por um período que poderia ir de cinco dias a duas semanas.
A novidade, sem dúvida, pegou Gina de surpresa. Não sabia se devia se sentir aliviada, afinal o Malfoy para sua surpresa, devia depositar alguma confiança nela por deixa-la sozinha com seu filho tão cedo; ou se devia entrar em pânico, pelo preciso fato de estar sozinha com uma criança tão imprevisível. E, claro, ainda restara a espinhosa incumbência de informar o menino sobre a viagem do pai.
Andrew não fez qualquer comentário quando lhe contou. Mas sua postura pareceu ficar mais rígida. Ela podia identificar com tanta certeza a necessidade dele em erguer aquelas barreiras. E era tão doloroso observar tal comportamento numa criança...Jurou a si mesma que quando Malfoy retornasse, teria uma séria conversa com ele sobre o óbvio distanciamento para com o filho.
O menino mostrou-se muito difícil de lidar nesse dia em especial, bombardeando-a com as suas estatísticas de doenças, quantos incêndios aconteciam, feitiços que ocasionaram acidentes fatais...enfim era deprimente demais. Aquele menino precisava sair um pouco, concluiu ela. Precisava de ar puro, sol e atividade. Qualquer coisa que o tirasse daquela morbidez.
E também necessitava de um pulso firme, como sua mãe, Molly Weasley, mantinha com seus sete filhos.
Essas foram as diretrizes básicas durante os doze dias seguintes. Andrew teimava, ela resistia. Ele usava seus sisudos terninhos pretos e cinza, Gina vestia suas saias amplas e confortáveis. Levou-o à piscina nos fundos da mansão e, quando ele se recusou a nadar, ela deu de ombros e nadou sozinha, deixando-o observar de uma das mesinhas ao redor. Estava convencida de que cedo ou tarde, Andrew se juntaria às brincadeiras como qualquer criança de sua idade. Mas a teimosia dele parecia sobrepor a sua...Em outra ocasião, conduziu-o aos estábulos mantidos numa área da vasta propriedade. Como o menino se recusasse terminantemente a acompanha-la num passeio a cavalo, Gina não se deu por vencida. Sob o olhar obstinado dele, trotou um pouco sozinha numa égua dócil. Andrew abominava piqueniques, mas o levou a pelo menos um, de qualquer modo. Era uma batalha de vontades e, ao final do décimo segundo dia, quando o colocou para dormir, o vencedor ainda permanecia indefinido.
Uma coisa era certa: Gina estava, sem dúvida, fazendo jus ao seu salário.
Agora passava um pouco das onze e meia, e as próximas horas eram oficialmente suas. Ela havia decidido aproveitar as primeiras noites ali para conhecer a mansão. Mas com tantos cômodos e labirintos de corredores, havia ficado apenas na tentativa. Na terceira noite, descobrira a biblioteca na ala oeste e, desde então, passara a ir até lá nas vezes seguintes. Era um ambiente agradável e espaçoso, recoberto de incontáveis fileiras de livros com encadernações de couro, organizados em elegantes estantes embutidas. Um imenso tapete oriental, num padrão de verde e prata cobria o assoalho de madeira. Delicados lustres achavam-se estrategicamente distribuídos por entre confortáveis estofados, destinando-os à leitura. Com o fogo crepitando na imensa lareira de pedra, era o único lugar na mansão que parecida aconchegante.
No momento, Gina se achava sentada a um canto do amplo sofá de couro, apreciando um dos inúmeros clássicos que preenchiam as estantes. Estava totalmente absorta pelo romance Sob o Feitiço do Amor na imaginação visualizando as charnecas inglesas, quando captou um movimento pelo canto do olho.
Malfoy estava ali.
N/A Como essa atualização foi MONSTRO vou só agradecer a todos que deixaram rewiews, e a quem me ajudou!
Qualquer coisa falem comigo pelo email: [email protected] (meu msn tb)
N/A 2: Ah...sei que o Andrew é um mala, mais ele melhora...hehehehehe
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