A PENSEIRA
Passou uma semana sem que ela falasse comigo. No dia do encontro seguinte, eu fui, achando que ela não estaria lá, mas ela estava, novamente sem livros, só com uma conchinha musical grudada ao ouvido.
Vocês já viram uma conchinha musical? Eu sempre quis ter uma, mas minha avó dizia que eu já era distraído o suficiente. É um artefato mágico feito com uma dessas conchas que serve para trouxas ouvirem o mar. Lá dentro há um fragmento pedra–de–gravar, que pode acumular mais de mil músicas. Pansy, obviamente, levara a dela para não falar comigo. Eu fiquei um tempo sentado diante dela, que cantarolava (muito desafinada) músicas que só ela podia ouvir. Aquilo foi me enchendo.
Comecei a fazer caretas para ela. Sou bom em fazer caretas (tá, isso não deveria ser um talento confessável), e ela olhou para todos os lados antes de finalmente cair na gargalhada. Eu aproveitei para tirar a concha do ouvido dela, e um verso solto saiu dela, com um acompanhamento de piano:
If I was a sculptor, but then again, no
Or a man who makes potions in a travelling show
(se eu fosse um escultor, ou antes
um homem que faz poções em um show itinerante)
–Um homem que faz poções? – eu perguntei – estava fazendo alguma pesquisa de campo?
–Por que você não some, Neville? – ela disse, tentando pegar a conchinha da minha mão. Eu a suspendi acima da cabeça e disse –
– Só se você me ouvir.
– Não quero! – ela disse, tentando pegar a concha.
– Pansy... me desculpa, de novo.
– Você vive falando besteira e pedindo desculpa, Longbottom. Devolva minha concha.
– Eu realmente falei besteira. Me perdoe. São as coisas que se diz por aí, oras.
Ela parou e me olhou, séria.
– Eu estou cansada das coisas que dizem por aí. Toda minha família, por muitos anos, foi da Sonserina. Ninguém seguiu bruxos das trevas, só o meu pai. Isso é idiota. Meu tio Ângelo era auror, nunca teve o reconhecimento que merecia, porque havia saído da Sonserina. Ele precisou morrer para ganhar uma ordem do Merlim...
– Meu pai ganhou uma também, e ele nunca olhou para ela. Ele também era auror, Pansy. E hoje está no St. Mungos, e nunca me disse um oi. Eu o visito todos os verões, e desde pequeno ouço minha avó dizer que um dia ele vai acordar, sair do delírio em que as torturas dos comensais o puseram. Ela fala a mesma coisa sobre a minha mãe, mas se você quer saber, eu perdi a esperança que isso aconteça já faz muito tempo. E isso tudo foi por causa do Você-Sabe-Quem, que dizia ser o herdeiro de Slytherin. Veja bem, eu nunca tive motivos para confiar na sua casa.
Pronto. Eu havia contado. Havia dito para Pansy o que eu jamais tivera coragem de dizer para os meus amigos, nem mesmo para Hermione. A lembrança da forma como eles haviam descoberto tudo ainda doía. Ela me olhava com uma cara absolutamente atônita, e sentou-se, como se eu tivesse dado um tapa na sua cara. Eu sentei de frente para ela, e entrguei-lhe a concha em silêncio. Estava virando uma rotina incômoda isso de um acusar o outro e acabar fazendo uma revelação dolorosa. Ela pegou a concha, mas não a colocou no ouvido. Apenas disse uma palavra mágica e a concha silenciou-se.
– Desculpa, Neville.
– Tudo bem – eu falei. Já estava arrependido de ter contado tudo. Por algum motivo, não queria que ela sentisse pena de mim. –eu só queria que você visse porque eu falei aquela besteira para você.
– Eu entendi. O que muita gente não entende é que não é porque nós somos da Sonserina que vamos sair aderindo a qualquer idiota que disser que vai dominar o mundo. Meu avô me dizia, antes de morrer, que eu nunca fosse o que se esperava de mim apenas porque era o esperado. Acho que meu pai seguiu isso à risca. Meu avô nunca achou que o Você-Sabe-Quem estivesse certo. Eu acho que agora entendo porque você pensa assim... e não é culpa sua.
Mais um silêncio constrangedor se seguiu. Já havíamos desperdiçado dois encontros brigando, e nada de descobrir uma boa idéia, que virasse uma poção decente. E aquele encontro parecia estar indo para o mesmo caminho. Pansy rolava a conchinha sobre a mesa, pensativa, como se não estivesse com muita vontade de comentar o assunto. Eu perguntei:
– Que música era aquela que você estava ouvindo?
– Ah... é uma música de trouxas, minha mãe tem um toca discos, ela gosta disso, embora pai sempre tenha achado isso idiota. Ela tinha um disco lá que tinha essa música, eu sempre gostei dela. Eu bem que tento cantá-la... mas sei que eu não canto nada bem.
– Ah, fique feliz... eu também sou péssimo com...
Uma vez alguém me disse que telepatia era possível. Eu sempre tentei descobrir o que o Trevo pensava, para começar num nível mais primitivo, mas jamais cheguei sequer perto de ser um telepata. Só que naquele instante, no instante em que me ocorreu uma idéia, quando eu olhei para Pansy, eu percebi que ela e eu havíamos de alguma forma feito algum tipo de telepatia, porque tivemos a mesma idéia. Ela começou:
– Nós podíamos...
– Sim, nós podíamos sim! É uma ótima idéia! E não está na lista das ideias medíocres...
– Exato... ei, espera. Eu te falei o que eu pensei?
– Não, mas eu sei. Tive a mesma idéia: não é uma poção para cantar de forma afinada?
– Exatamente! Mas... de qual de nós dois foi a idéia?
– Isso tem importância? É uma idéia nossa, Pansy, e ele não vai poder chamar de medíocre... – subitamente me ocorreu uma coisa – será que a gente pode adicionar alguma coisa contra timidez nesse troço? Sei lá, acho que mesmo com a mais eficiente poção eu jamais cantaria para a turma toda. Não sem ficar vermelho e ridículo como um tomate gigante...
Ela riu. Uma coisa é ótima em se discutir uma idéia com uma pessoa: o assunto não acaba, quando a idéia é dos dois. Começamos a falar na nossa poção naquele mesmo minuto, e falamos nela por várias semanas, e, era incrível que, apesar disso, eu estava conseguindo conciliar tudo com as outras matérias. Talvez porque eu estivesse achando que tinha chances de passar em poções, que era sempre a minha pior nota, as outras não pareciam agora tão complicadas. E a história da poção estava me ajudando em Herbologia, a única matéria onde eu já tirara uma nota máxima na vida. Madame Sprout estava encantada com meu interesse:
– Mas a senhora então tem certeza que a Malva-das-Montanhas pode ajudar a obter uma voz mais clara e cristalina?
– Com certeza, meu querido! E se combinada com a menta chilena e o edelweiss vai lhe dar uma ajuda também nos brônquios.
– E a sarça sagrada, professora, pode mesmo ajudar a combater a timidez?
A nossa poção já estava bem avançada nos quesitos orgânicos, físicos e químicos. Mas se fosse só isso, seria no máximo uma garrafada para deixar a pessoa com a garganta limpa e mais animadinho. Faltava o tal ingrediente mágico, o que faria realmente qualquer um (até a professora Sibila, por exemplo, com sua voz de formiga) cantar como se tivesse nascido para aquilo. Isso requer magia. Para vozes “maravilhosas” como a minha e a de Pansy, MUITA MAGIA.
Já havíamos trabalhado muito duro, bastante mesmo, e pouco havíamos conseguido além de um ralo caldo roxo–esverdeado que Pansy remexia desanimada.
– Temos que colocar alguma coisa nisso, e eu não sei o que é.
– Eu não sei também... o que você conseguiu com aquele livro sobre capturar sentimentos?
– Muito pouco. Enganação, tinha que ser, o prefácio era do professor Lockhart.
– Devíamos ter desconfiado – eu disse, desanimado. – Mas o que a gente vai colocar aí? O que faz uma pessoa cantar bem?
– Sei lá. Deve ser talento... emoção. Essas coisas.
– Nada disso se engarrafa – eu falei desanimado e Pansy riu. Eu olhei para ela. Foi então que eu notei que havia algo diferente. Bem diferente. Sei lá ela parecia mais bonita, apesar de...
– Pansy, o que você fez com o seu nariz? – ela pôs a mão no nariz, sem graça e não disse nada. – eu não acredito – eu ri – você conseguiu fazer a poção???
– Shhhh! Fiz nada – ela falou, em voz baixa – o máximo que eu consegui com a poção que eu fiz foi transformar meu nariz numa couve flor!!! Pelo menos serviu para eu não achar o meu nariz de antes tão horrível.
– Sério? Que coisa! Você deveria conhecer uma moça que eu conheço, a Tonks. Ela é metamorfomaga, uma das brincadeiras favoritas dela é fazer o nariz parecer uma couve–flor... Mas, peraí. Seu nariz não está NADA parecido com uma couve flor.
– Eu sei – ela deu uma risadinha – olha o que aconteceu: eu passei a poção no nariz ontem à noite, e fiquei desesperada com o resultado. Aí eu fui lá na madame Pomfrey para que ela desfizesse a coisa... só que me ocorreu uma idéia – ela falou com o ar mais inocente do mundo.
– E você fez que ela melhorasse o seu nariz... ficou bom.
– Sério? Você acha que o Draco vai gostar?
Ah. O Malfoy, ainda ele.
– Pelo amor de Deus... você mudou o nariz por causa daquele bocó?
– Ele não é bocó!
– Alô??? Terra chamando Pansy... o pai do Draco está em Azkaban... isso não te diz nada?
– Ah, tá. Quem disse que só por isso o Draco também vai ser Comensal da Morte?
– Imagina... ele só ameaçou o Harry de morte. É um amor de criatura...
– Oras, pode ter sido da boca para fora... o Draco pode ter dito isso porque afinal o pai dele está em...
– TÁ BOM! – eu disse – o que importa para mim é que você pare de ficar botando a mão no nariz e dizendo que tem um nariz horrível e blablabla...
– Eu não faço isso!
– Não? Onde está sua mão agora?
Ela tirou a mão do nariz rapidinho, e ficou mais vermelha que um pimentão. Resolvi deixar para lá. Pansy era uma menina legal, merecia ser feliz, ainda que fosse com o pateta do Malfoy. Quando a reunião acabou, eu disse:
– Você vai fazer o que, agora?
– Vou para o salão comunal, tenho que estudar transformação. Você já conseguiu o negócio de transfigurar uma toupeira numa águia?
– Não. Uma toupeira com penas pelo menos ainda é melhor que nada, e foi tudo que eu consegui até agora. Mas na minha turma...
– Só a Granger conseguiu.
– Como você sabe?
– Novidade... ela sempre consegue em primeiro lugar.
– Claro, ela é a melhor daqui e...
– Ah, Neville, me poupe.
– Essa raiva é só porque ela é diferente de você.
– Exato. Eu sou normal. Ela é uma obcecada.
– Pansy, lembra das palavras proibidas? Vamos continuar deixando elas onde estão, ok?
Fomos cada um para um lado. E pouco nos falamos no dias seguintes. No fim de semana, Harry me chamou para ver ele e Rony treinando quadribol. Rony agora era o goleiro e capitão. O time conversara, e chegara a conclusão que ele era o mais indicado. Gina era artilheira, junto com mais uma menina da turma dela e Kate Bell, que estava no sétimo ano. Kirke e Sloper, os batedores, ainda eram uma desgraça, o que fazia a gente ter uma tremenda saudade dos irmãos do Rony. Pelo menos ainda tínhamos o Harry para salvar a pátria, e o Rony, que era agora quase tão raçudo e obcecado por um bom desempenho quanto o Olívio. Eu e Mione ficamos lá, olhando para eles. Eu estava quieto. Simplesmente não conseguia falar nada decente na frente dela. Nada como: “Hey, Mione, você está linda hoje.” Ela só tinha olhos para Harry e Rony. De repente, me perguntou:
– Neville, você acha que o Rony é um bom goleiro?
– Eu? Bem, eu acho que sim, afinal, ano passado ganhamos por causa dele. Gina ajudou, mas ele foi demais contra a Corvinal
– Mas... não adianta muito ele ser bom, não? O time depende do Harry.
– Mais ou menos... quando ele era... hum... não tão bom... mas esse ano ele está bem melhor, Mione. E é MUITO MELHOR que esses batedores. Eles sim, tinham que sair amanhã do time...
– Por esse ângulo...
– Mas é verdade que o Harry voa muito bem. É como se ele tivesse nascido para isso.
– É mesmo. Isso é verdade. As pessoas às vezes tem um talento especial, que ninguém ensina, como ninguém ensina um pássaro a voar.
Subitamente, tive uma idéia.
– Mione, existe algum feitiço que possa ajudar a transformar um determinado talento em... bem, há um jeito de se... engarrafar um pouco de algum talento?
– Você diz roubar o talento de alguém?
– Não. Não é isso. Eu digo, sei lá, transformar o talento em algo que se possa...
– Bom, se você pegar uma penseira, teoricamente, pode segurar um momento em que essa pessoa faz algo de bom. Mas vai ser sempre a sua impressão.
– Uma penseira, é? Acho que vou pedir uma para a minha avó!
Se Hermione me disse mais alguma coisa, eu não ouvi. Talvez, pelo que eu já estudara, a resposta estivesse numa penseira. Eu tinha que achar Pansy para contar isso para ela, o problema é que ela, àquela hora, devia estar no salão comunal da Sonserina, que eu sequer sabia onde ficava. Era melhor perguntar para alguém de lá, e pedir para chamá-la. O jantar ainda estava muito longe, queria falar sobre aquilo logo.
Só que, infelizmente, a primeira pessoa que eu achei foi o Draco. Não queria pedir nada a ele. Mas ao mesmo tempo, não queria deixar de falar com ela. Ele estava sem os dois panacões que o seguiam para todo lado. As mulas haviam sido postas em detenção pelo novo professor de Defesa Contras as Artes das Trevas, Kingsley Schacklebolt Ele ficava menos folgado sem eles por perto. Eu me aproximei:
– Com licença. Você sabe onde está a Pansy? – ele me olhou com cara de desdém.
– Ah... está procurando a sua namoradinha?
– Você não sabe, né? Deixa para lá. – eu virei as costas para ele. Tinha sido uma má idéia.
– Eu sei onde ela está – ele disse, quase triunfante – no quarto dela, chorando. – eu me virei rapidamente, revoltado. Se Pansy estava chorando, ele com certeza era o culpado.
– O que você fez, Malfoy?
– Eu?– ele perguntou cinicamente – nada. Apenas soube que ela tinha consertado o nariz. E disse que era uma pena que o resto não tivesse salvação.
Juro para vocês que eu gostaria muito de ser um cara corajoso, colar a cara dele na parede e bater tanto que ele precisasse tomar um vidro e meio de esquelecresce para consertar o estrago! Mas eu sou eu, lembram? Mesmo sendo maior (e um tanto mais largo) que Draco, só pude engolir minha raiva e sair de perto dele. Jurei para mim mesmo que se Pansy falasse nele mais uma vez, eu nunca mais falaria com ela.
Só que ela não falou. Naquela noite, depois do jantar, parei-a no corredor e falei sobre a penseira. Nem precisei pedir para a minha avó comprar uma! Pansy mesmo mandou uma coruja para a mãe, explicando tudo. Ela tentou parecer animada, mas eu vi que ela, no fundo, estava mal. Também, não devia estar sendo um bom ano para ela: seu pai desaparecido e todos os amigos da Sonserina se afastando. Só que eu não ia piorar as coisas contando o que o Malfoy tinha me dito. Eu posso ser, como diz o professor Snape, uma pessoa obtusa, mas tenho um pouco de “simancol”.
Quando a penseira chegou por uma coruja, Pansy estava quase bem. Junto dela havia um frasco com um líquido perolado, nunca maculado por pensamentos, que deveria ser colocado dentro da penseira. Meu raciocínio era que, uma vez cheio de coisas inspiradoras, esse líquido poderia ser adicionado à poção. Chegamos à conclusão que, se colocássemos ali nossas melhores impressões, poderíamos chegar à inspiração líquida que queríamos.
– Como vamos fazer isso? Digo, como vamos ter pensamentos legais e felizes para encher isso tudo de inspiração? – eu perguntei.
– Oras... vamos fazer coisas legais juntos! – ela disse – a gente pode se encontrar todos os dias e ouvir músicas, podemos pegar as tardes livres e passear perto do lago... depois a gente coloca isso na penseira.
– Se a gente vir um pássaro bem legal cantando, pode colocar também.
– Boa idéia – ela disse, sorrindo para mim, e, por um segundo, eu pensei que o Malfoy é que era um obtuso. Um sorriso daqueles não podia nunca ser chamado de “resto”. Eu peguei depois a lembrança do sorriso e pus na penseira quando ela não estava olhando. Quando ela me perguntou o que eu colocara na penseira antes dela, eu descoversei e disse que ela podia colocar pensamentos legais dela também, se quisesse, sem eu saber.
***
O tempo passou, o semestre estava chegando ao fim. Abandonamos metade da fórmula da nossa poção original, tiramos muita coisa que depois se mostrou desnecessária, e ficamos muito, muito tempo juntos. Passeamos pelo lago, ouvimos música, conversamos sobre livros, sobre nossos amigos, nos tornamos algo que só encontrei a palavra para definir muito tempo depois: cúmplices.
Eu confesso que coloquei uns pensamentozinhos sobre a Mione na penseira também, mas depois, sabe-se lá porque, eu catei um por um e joguei fora. Aproveitei para descartar uma imagem ridícula do Malfoy sorrindo que eu achei lá dentro. Se era para me inspirar, ele definitivamente não serviria.
Quando foi marcada a última visita do ano a Hogsmeade, vibramos! Poderíamos ficar muito tempo juntos e fazer muitas coisas legais. E, confesso, achei que uns doces da dedosdemel seriam ótima inspiração para o projeto. Na véspera da visita, nós nos vimos depois do jantar. Pansy agora não tinha mais nem um tiquinho daquela tristeza que eu vira no dia da cretinice que o Malfoy fizera com ela. Estava até bonitinha, eu achei. Aliás, ela estava mesmo MUITO bonita, pelo menos para mim.
– Acho que com o que vamos pegar amanhã, vamos acabar de encher a penseira! – ela disse.
– Bem, as ervas estão cozinhando bem, lá na sala de estudos – eu disse – acho que a poção vai dar certo, mas de repente a gente vai mesmo é ter que testá-la. Não vai ser legal apresentar algo que nos faça passar vergonha...
– Não vamos passar vergonha, Nev – ela disse.
– O quê?
– Hã?
– Você me chamou de Nev?
– Chamei, por quê?
– Só os meus amigos me chamam assim.
– É... – ela deu um passo a frente e me abraçou pela cintura, fechou os olhos, e me apertou bem forte. – o que você acha disso? – completou.
Não sei muito bem o que pensei. Mas joguei na penseira assim que tive oportunidade, e foi impressionante como o que estava lá dentro se agitou. O dia seguinte amanheceu tão bonito, que eu tive certeza que tudo daria certo. Deve ser proibido por alguma lei oculta do universo ter problemas em uma manhã de sábado como aquela.
Um passarinho cantando.
Um sorriso dela.
Hum... sorvete!!! Balas da dedosdemel!!!!
Outro sorriso.
Espuma de cerveja amanteigada...
Advinhem... outro sorriso.
A penseira estava quase transbordando de pensamentos legais, e ainda assim, toda hora um dos dois colocava alguma coisa lá. Estávamos no divertindo tanto. Nem me toquei quando Hemione chegou perto de mim e perguntou:
- Neville, você viu o Harry e o Rony?
- Não. A última vez que os vi, eles estavam com você.
–Ok... – ela saiu correndo e sumiu no meio da multidão de alunos. Depois, bastante tempo depois, eu me lembrei que nessa hora eu vi um cara estranho e encapuzado subindo uma colina, e ele parecia estar carregando um embrulho muito grande. Mas eu não liguei, tinha mais o que fazer.
Eram duas da tarde e faltava uma hora para o fim da visita quando eu e Pansy fomos abordados pela professora Mc Gonnagal, que parecia em pânico. Ela não disse o que era, mas disse que todos os alunos deviam voltar para o castelo imediatamente. Um pressentimento ruim me assaltou. Eu me lembrei de Hermione perguntando sobre Harry e Rony imediatamente, e comecei a procurar os rostos dos três na multidão. Pedi que Pansy embrulhasse e penseira e fosse na frente, e corri para o lugar onde achava que tinha visto Mione pela ultima vez. Só que quem me achou foi o professor Snape.
– Vamos, meu jovem. – ele me empurrou e havia algo na sua voz que me alarmava. Ele nunca me tratara bem ou me chamara de meu jovem.
– O que aconteceu, professor?
– Não posso falar. No castelo você vai ser informado.
– Eu já sei. Harry e Rony desapareceram, não foi? – o professor me olhou calado – foi ou não isso?
– Não queremos ninguém em pânico, senhor Longbotton. Sabe de alguma coisa?
– Eu vi Hermione procurando os dois. Me diga, eles desapareceram?
– Não só eles. A senhorita Granger também, e mais um aluno.
– Outro aluno?
– Draco Malfoy – disse Snape, e, não sei exatamente porque, nesse instante eu soube que a coisa realmente era séria.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!