NA RUÍNA DOS CORVOS
Enquanto tudo isso se passava em Hogsmeade, dentro do castelo de Hogwarts os alunos e professores restantes estavam trabalhando na resistência. Ninguém mais poderia abandonar Hogwarts porque eles teriam que fazer o escudo de luz resistir enquanto os errantes estivessem do lado de fora. Tudo começou perto da meia noite, quando Dumbledore percebeu que o escudo não iria durar 24 horas se eles não cuidassem dele, pois eram muitos errantes e havia ainda muito mais energia maligna no ar. Ele reuniu todos no salão e orientou-os para que compreendessem o funcionamento da resistência. Então, dividiu-os em turmas mistas de alunos e professores que se reuniam em turnos de duas horas para que se concentrassem e apoiassem o escudo. Apenas três pessoas não paravam para descansar, pois eram necessários em todos os turnos: Dumbledore, Snape e Minerva. Eles formavam um círculo central, que era cercado por outro círculo, daqueles que se revezavam. Sheeba queria também participar, mas Dumbledore não permitiu.
‒ Seu bebê precisa que você descanse.
Contrariada, Sheeba sentou-se num canto com Hope no colo, Smiley estava ao seu lado. Ela estava tocando um botão que roubara da roupa de Sirius, como sempre. Também vigiava a situação através da jóia de comunicação de Hermione. Naquele momento ela já sabia da morte de Atlantis e que a sentinela já estava a caminho. Mas olhando pela janela, viu que ele acabava de chegar.
Era como ver a lua surgir atrás de uma nuvem. O dragão e o cavaleiro formavam um espectro luminoso, uma luz branca que variava do suave ao mais intenso, no momento que se aproximou de Hogwarts, o Dragão lançou sobre os errantes que estavam à porta do castelo um jato de chamas azuladas gigantescas, e pode-se ouvir o grito deles desintegrando-se, no clarão que se formou. O Dragão pousou e Sheeba pode ver pela janela que o cavaleiro desmontou dele. O Dragão abocanhava os errantes com uma fúria que ninguém suporia olhando seu aspecto geralmente pacato, já o guerreiro avançava sobre eles e cada vez que um tocava seu escudo ou espada, desaparecia como queimado por uma chama invisível. Sheeba olhou para a planície coberta de errantes e imaginou quanto tempo seria necessário para eles acabarem com a multidão de mortos vivos que a cobria, segundo a lenda, vinte mil. Olhou para os bruxos que cuidavam da resistência e apertou um pouco sua filha ao encontro do peito.
‒ Amanhã tudo isso terá acabado e seu pai estará de volta – ela disse, mas para si que para o bebê.
Na colina logo depois de Hogsmeade, Harry sentiu uma pontada na sua cicatriz. Ele tremeu ligeiramente e Rony olhou-o:
‒ Aconteceu alguma coisa?
‒ Não. – mentiu
‒ Harry, você não acha que isso está muito estranho?
‒ Eu acho que já era para o Sirius ter voltado – disse Neville, um pouco assustado. – Parece que tem alguém nos vigiando.
‒ Eu sinto a mesma coisa – disse Hermione. – Temos que fazer alguma coisa, antes que eles peguem a gente de surpresa.
Harry viu alguma coisa se mexer entre os arbustos e ergueu-se, julgou ouvir alguém sussurrar “mestre” mas , seja lá o que fosse, afastou-se rapidamente. Ele começou a andar na direção dos arbustos. Uma mão o deteve. Era Draco.
‒ Está louco? Não siga uma coisa esquisita sozinho. Eu acho que eu sei o que estava ali,
‒ Eu também sei. Era a cobra que pertence a Voldemort.
‒ Temos que nos manter juntos. Eles vão nos atacar a qualquer momento. E de surpresa.
Os cinco se ergueram e ficaram lado a lado, de costas para a entrada da capela, as vassouras com que haviam chegado ali estavam encostadas na porta. Repentinamente, começou. Luzes verdes começaram a sair dos arbustos e eles começaram a combatê-las, da forma que sabiam, era terrível não conseguir ver o inimigo.
‒ Se continuarmos parados aqui não teremos chance – Disse Harry, ele procurava esconder que já sentia mais dor na sua cicatriz, já era suficiente estarem tentando resistir a bruxos escondidos nas árvores.
‒ Vamos formar um escudo – disse Hermione, Sirius ensinou em defesa contra artes das trevas, lembram? Quando eu contar até três. Um, dois, três... AGORA
‒ Isolate!- eles gritaram e de suas varinhas saiu uma luz azulada que os envolveu, eles ficaram sustentando o escudo, o que não era fácil e para Harry estava se tornando particularmente doloroso
‒ Temos que sair daqui – Harry disse – Ou não vamos conseguir resistir por muito tempo.
‒ Ainda temos as vassouras – Draco falou, elas estão bem atrás de nós, mas vamos ter que parar de sustentar o escudo.
‒ Nada disso – Harry, vamos sair um de cada vez, eu posso ser o último.
‒ Não seja idiota, Potter, qualquer um vê que você não está bem...
‒ Isso não te interessa. Neville, pegue uma vassoura e vá , Rony, quando ele sair, junte-se mais ao Malfoy. – Neville abandonou o escudo e rumou para o céu, uma luz verde quase o atingiu, mas ele conseguiu escapar, e sumiu na escuridão.
‒ Hermione, sua vez – Hermione abandonou o escudo e voou rapidamente para o céu, Olhando para trás, para defender-se de qualquer feitiço.
‒ Muito bem – disse Rony - quem vai agora.?
‒ Vá você, Weasley, eu vou ficar com Potter até o final
Rony pensou em dizer alguma coisa, mas não era hora para discussões, ele abandonou o escudo e voou, uma luz verde chegou a encostar na sua vassoura, mas ele lançou um feitiço de impedimento e ouviu-se o urro de um bruxo sendo atingido na escuridão.
‒ Malfoy, você vai agora.
‒ Nem pensar, vamos juntos, eu não vou deixar você morrer aqui sozinho para que eu sinta culpa para o resto da vida.
‒ Está certo então, no três?
‒ No três. Um, dois
‒ TRÊS! – os dois disseram ao mesmo tempo e pegaram as vassouras, Harry viu contrariado que iriam deixar duas vassouras para trás, com certeza algum dos bruxos viria atrás deles, mas a prioridade agora era fugir. Deu impulso ao mesmo tempo que Malfoy.
Draco olhava para a frente, imaginando para onde iriam depois, viu que as nuvens sobre Hogsmeade haviam desaparecido, e viu que lá embaixo havia agora mais pessoas, antes de descer virou-se para comentar algo com Harry e teve um choque.
O garoto desaparecera.
Harry sentiu sua Firebolt travar no ar assim que deu o impulso, e ele despencou, junto com a vassoura. Ainda tentou recuperar-se, mas caiu. Nada aconteceu com ele, que estava com sua roupa protetora. A vassoura caiu no chão adiante. Ele ia erguer-se, mas alguns rostos maus o cercaram, rindo malignamente. Ele viu os pais de Crabbe e Goyle, McNair, Rabicho, Sarina, Artêmis, Sibila Trelawney e mais alguns que não conhecia.
‒ Pegamos você – disse satisfeito Rabicho – os outros não interessavam ao mestre.
Ele foi amarrado e levado, sentia a sua cicatriz doer a medida que os bruxos o carregavam pelas colinas. Chegaram a um lugar estranho, parecia uma espécie de ruína, o que restara de um castelo abandonado. Perguntava-se se teria alguma chance. Já passara por isso tantas vezes, que já estava até se acostumando.
‒ Potter foi pego! – Draco disse assim que pousou. Rony olhou-o com uma cara terrível
‒ Ele foi pego ou você o entregou?
‒ Weasley, eu me recuso a responder perguntas imbecis.
‒ Porque você fez tanta questão de ficar com ele, seu vendido? Praticante de vodu filho de um comensal da morte nojento.
‒ Calem a boca os dois – Sirius disse. – Rony, se Draco não fosse confiável o chapéu seletor não o teria escolhido para despertar o dragão, lembra? Agora temos que descobrir onde Voldemort levou Harry. Vamos ter que voltar.
‒ E se ele aparatou para longe com Harry?
‒ Ele não faria isso. Está na expectativa de Hogwarts cair. Ele está aqui perto. Vamos.
Chegaram à colina em minutos. Sirius transformou-se em cão e farejou um pouco, indo na direção de uns arbustos, lá, tornou-se homem novamente.
‒ Caius, acaba de me ocorrer uma coisa. Você é mais indicado para procurar Harry que eu. Eles estão esperando por nós, mas não por um vampiro. Ele foi na direção daqueles arbustos, acho que você pode se transformar em morcego e procurá-lo.
‒ Não, eu vou como névoa. Será mais difícil que me percebam assim.
O vampiro desfez-se em névoa branca que deslizou suavemente pelos arbustos. Rony olhou desolado para Hermione, pegando a vassoura de Harry que ficara caída no chão.
‒ Tomara que eu consiga devolvê-la.
No momento em que chegaram à ruína, dezenas de corvos levantaram vôo das janelas, gritando no ar. Harry sentia sua cicatriz doer como nunca em toda sua vida, ele olhava impotente a sua varinha na mão de Rabicho, pensando em como iria recuperá-la. Não conseguia ver muita coisa da construção, mas sabia que Voldemort esperava lá dentro.
A ruína era um pavilhão alto e largo, meio destelhado, provavelmente muito antigo, havia um salão no meio e mais nada, colunas sustentavam o teto de par em par, ao longo do pavilhão. Numa das extremidades havia uma espécie de trono onde Voldemort estava sentado, a cobra sibilava aos seus pés. Ele abriu a boca e sibilou para ela, apenas Harry o entendeu:
‒ Nós o pegamos, Nagini, graças a você.
Harry sabia que com certeza a cobra os vigiara e dissera a ele onde estavam. Foi posto de pé, de frente para Voldemort, de tanto sentir a dor, esta se tornara apenas um desconforto a mais, junto com a dormência no corpo pelas cordas apertadas demais. Ele olhou Voldemort sério. O bruxo sorria:
- Eu vou lhe dar ainda uma última chance, Harry Potter. Você é um bruxo de valor, tem mais talento que todos os inúteis que me seguem juntos. Junte-se a mim e eu ensinarei você a fazer todo esse talento brilhar. Eu não tenho mais nenhum herdeiro homem, meu único filho está morto.
“Filho?” – Harry pensou – “Eu nunca imaginei que ele tivesse filhos.”
- Você não gostaria de ter sua namorada de volta? Eu posso achá-la para você
Harry percebeu então que Voldemort falava com ele em língua de cobra, não queria que ninguém mais ouvisse. Harry não estava disposto a respondê-lo.
‒ O que houve, Harry? Em dúvida? Já notou que seu mestre nunca está presente quando você precisa dele? Onde está o grande Alvo Dumbledore?
‒ Ele está defendendo Hogwarts dos errantes. Seus errantes vão ser destruídos pelo guerreiro da luz.
‒ Você não sabe a história toda. Aqueles que prenderam os errantes descobriram que sob este pavilhão há um outro guerreiro enterrado, mais forte que aquele, sedento por vingança. Um Sombrio. Eles nunca descobriram como libertá-lo, mas eu sei como. Assim que eu resolver meu assunto com você, esses inúteis que me seguem vão libertá-lo para mim. Claro que isso custará a vida de alguns, mas eles não sabem disso. Você ainda não respondeu minha pergunta. Quer viver para se tornar meu herdeiro ou morrer como uma carcaça velha?
‒ Eu não vou morrer. Não sem antes impedir que você liberte o Sombrio.
‒ Isso que te faz interessante, Potter. Força, fibra. Imagine o que você poderia ganhar se unindo a mim.
‒ Esqueça.
‒ Você não me dá outra opção... vou ter que trocar de lugar com você. E matá-lo no meu corpo.
Caius Black deslizava pela colina transformado em névoa, usava a mesma tática que normalmente usava para procurar o alimento, e estava faminto naquele momento. Dias debaixo da terra pensando em Lubna o haviam derrotado, mas a partir do momento que enfrentara os dementadores, a sede de sangue e vida se acendera novamente dentro dele, mas ele não iria trair a confiança de seu irmão, principalmente porque tinha alguém vigiando-o muito bem, e de perto: o lobisomem, que sabia que vampiros não eram confiáveis. Havia muito alimento além daquela colina, alguns que não sentiriam diferença nenhuma em serem transformados em vampiros, pois já não tinham muita alma mesmo.
Ele sentia a pulsação de seus corações adiante, ele sentia o calor do sangue correndo nas suas veias, aquilo era suficiente para açular mais sua sede... mas ainda não era a hora. Sabia onde eles estavam, agora usava seus poderes de vampiro para ouvir o que diziam, mas apenas duas vozes conversavam, em língua de cobra, que ele não conseguia entender. Mas conhecia os donos das vozes, precisava buscar os outros, mas antes faria uma coisa.
Uma bruxa loura e alta vigiava do lado de fora do pavilhão. Ela não podia vê-lo, e nem ser vista pelos que estavam do lado de dentro. Observou-a ... totalmente indefesa contra um vampiro. Entrou na sua mente e se surpreendeu com o que encontrou. Seu nome era Artêmis, e ela tinha uma paixão reprimida por alguém que ele conhecia muito bem. Podia aproveitar-se disso. Começou a chamá-la em sua voz suave, particularmente eficaz com mulheres solteiras e carentes como aquela. Ela veio andando, atraída pela força misteriosa. Ele se transformou em homem atrás de um arbusto e disse:
‒ Venha, Artêmis, venha para mim...
‒ Sirius?– ela murmurou, olhando-o meio oculto nas sombras.
‒ Não, parecido com ele, talvez... – Caius Black avançou para ela, e antes que ela gritasse, selou seus lábios com um beijo de vampiro. Ele sugou através de seus lábios todo o sangue de seu corpo e ela caiu inerte. Ele sorriu para o corpo no chão e disse:
‒ Quando você renascer, eu venho buscá-la.
Rapidamente transformou-se em morcego e voou na direção de onde viera. Alimentado, podia dizer aos outros onde estava Harry.
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