O LOBO E A FADA
Horas antes de Hogsmeade ser invadida pelos Comensais da morte, o monitorador mágico Mario Murad havia saído para comemorar a vitória do seu time de Quadribol, os Vultures, no campeonato local... ele tinha mesmo que comemorar, afinal os Vultures só ganhavam os campeonatos locais mesmo... mas não foi sem um certo sentimento de culpa que deixou um estagiário vigiando os aparelhos e mapas de monitoramento de energia mágica. Afinal, nenhum estagiário era capaz de fazer esse serviço como ele.
O trabalho de Mario Murad era exaustivo e ele trabalhava demais, porque afinal de contas era o melhor monitorador mágico do mundo. Trabalhara durante muitos anos para o ministério da Magia, mas depois de se aborrecer com Cornélio Fudge por um sem número de motivos, começara a trabalhar e residir na Fundação de Aristóteles Hemerinos, onde conhecera e se tornara grande amigo de Silvia Spring.
Eles estava no meio da comemoração, junto com alguns outros bruxos torcedores dos Vultures no Caldeirão Furado, quando sentiu que algo de grave devia estar acontecendo. Era melhor ver se estava tudo bem com o estagiário. Ele foi, adernando ligeiramente depois de tanta cerveja amanteigada, andando para a fundação e rapidamente chegou à sala de monitoramento, que era coberta de mapas do mundo e principalmente da Inglaterra, que podiam ser ampliados e mostravam quando algo não ia bem no mundo mágico. Ele abriu a porta e parou.
O estagiário olhava apavorado para os mapas. Virou-se quando ele entrou, a boca aberta, em pânico. Mario Murad arregalou os olhos quando viu os mapas: Sobre Hogwarts havia uma massa de energia maligna tão forte, tão poderosa, que só podia significar tragédia. Hogsmeade estava inteira também tomada por uma outra força, tão terrível quanto a primeira. Ele abriu a boca para perguntar qualquer coisa, quando o apavorado estagiário apontou-lhe algo no mapa: Azkaban tinha simplesmente desaparecido.
‒ Essa não! – Mario sentou-se na frente dos mapas, tirando o estagiário do lugar – precisamos achar todos os Aurores disponíveis e mandá-los agora para Hogwarts... Eu tenho certeza que “ele” voltou...
‒ Ele quem, professor Murad? – Estagiários bruxos não são mais inteligentes que estagiários trouxas.
‒ O que não deve ser nomeado, Spike. Me ajude a procurar Alastor Moody no mapa agora.
‒ Ele está no Japão, professor, já procurei. Parece que tem um maluco lá dando vida a brinquedos assassinos.
‒ Isso é péssimo... Avatar Fernandez?
‒ Nas Filipinas. Combatendo o bruxo das salamandras vulcânicas.
‒ Droga! Tem algum maldito Auror disponível?
‒ Receio que não, pelo menos não ao alcance de uma coruja.
‒ Droga, droga!!! Tem que haver alguém... Lupin! Onde está Lupin? Ele não é auror, mas é bom nestas coisas!
‒ Err... professor, ele está aqui.
‒ Aqui?
‒ Na fundação... veja – o estagiário apontou o mapa da fundação. Realmente, Remo Lupin estava lá. Junto com Silvia Spring, nos aposentos dela.
‒ Vou lá chamá-lo – Mario parou. Silvia e Remo eram namorados... não queria interromper nada. Spike, o estagiário, olhava-o com uma cara idiota.
‒ O senhor não vai chamá-lo, professor?
Mario olhou o estagiário e resolveu ir atrás de Silvia e Lupin assim mesmo. Subiu os degraus que levavam ao quarto andar, onde morava Silvia Spring, a residente mais antiga, num confortável apartamento de cobertura. Bateu duas vezes na porta e ouviu alguns barulhos lá dentro “Droga, droga, droga”, pensou, “que coisa mais embaraçosa.” A porta se abriu um pouquinho e o rosto de Silvia Spring apareceu, pela metade. Ela sorriu e abriu o resto da porta. Tinha uma xícara na mão.
‒ Olá, Mario.... eu e Remo estávamos tomando um chocolate, ele acaba de chegar, veio me visitar... você aceita? – Mario olhou a cara de poucos amigos que Remo Lupin fez, sentado no sofá. Se aquela fosse uma visita social, ele sairia correndo.
‒ Na verdade eu preciso falar com ele, Silvia... desculpe, eu sei que ele tem passado muito tempo na Irlanda e vocês quase não se vêem... mas está acontecendo algo grave, e creio que ele pode ajudar.
Remo levantou-se de um salto e chegou até ele. Rapidamente Mario resumiu a situação que vira nos mapas, e sua desconfiança de quem estaria por trás disso. Finalmente disse que não havia nenhum auror disponível no momento.
‒ Eu vou para lá agora – Lupin disse, sem hesitação. – comunique o ministério
‒ Eu vou com você – a voz de Silvia Spring estrilou atrás dele.
‒ Silvia, por favor... não se meta nisso. Você entende muito de fadas, não de forças das trevas.
‒ Como assim, não entendo? Você sabe quem foi que reprimiu a última tentativa das fadasombras de invadirem Seelie? O senhor já enfrentou uma fadasombra? Elas são terríveis e eu enfrentei oito de uma vez – Silvia falava muito rápido, sua voz ia se esganiçando e um vergão vermelho apareceu na sua testa.
‒ Está bem, então você vai aparatar comigo para Hogwarts – Remo olhou para ela triunfante. Silvia não era capaz de aparatar, nem de usar pó de flu sozinha, por causa de sua natureza de meio-fada. Não podia pôr as mãos em nada mágico também, portanto não usava vassoura. Só conseguia voar com um tapete voador (e era a única com autorização para isso) e só ia para lugares distantes de Metrô bruxo.
‒ Eu não consigo aparatar, você sabe disso, Remo. Vamos no Ali – Ali era o tapete mágico dela
‒ Você sabe o que eu penso daquele trapo velho...
‒ Bem, eu não queria interromper, mas... VOCÊS ESTÃO PERDENDO TEMPO – gritou Mario – escute, Lupin... eu tenho um jeito – cochichou qualquer coisa no ouvido dele , que assentiu e arrastou-a para o lado de fora da fundação, de onde não se podia aparatar, assim como em Hogwarts. Mario Murad ficou em sua sala e lhes desejou boa sorte. Foi para a janela por um instante para ver se tudo ia correr bem. Lupin e Silvia chegaram ao pátio da fundação e ela perguntou:
‒ O que afinal de contas... – Não teve tempo de dizer nada. Remo a abraçou e beijou com força, de forma a tirar seu fôlego, então, aparatou com ela para Hogsmeade.
Na janela, Mario suspirou aliviado. “Dá certo com trouxas, então dá certo com meio fadas” – pensou – “Espero que eles cheguem a tempo!” Suspirou e foi tirar o uniforme vermelho e preto dos abutres... não era a primeira vez que o trabalho estragava uma comemoração.
Silvia e Lupin aparataram na praça central de Hogsmeade. Ela ia protestar pela forma que ele usara para transportá-la, mas ao ver o estado da cidade, não conseguiu.
Nevava sobre Hogsmeade. E muito. Eles olharam em volta e viram que a cidade estava deserta e escura... provavelmente os que conseguiram, haviam fugido, e os demais deviam estar trancados dentro dos porões das suas casas. Lupin sentiu um frio que ele conhecia bem.
‒ Dementadores. Muitos, provavelmente todos os que existem
‒ O que será que tomou Hogwarts? – Silvia perguntou
‒ Não sei, e tenho medo de me fazer esta pergunta. Você ainda sabe fazer aquele feitiço de fada para nos deixar invisível?
‒ Sei – ela executou o feitiço rapidamente. Não era possível para um bruxo comum ficar invisível sem uma capa de invisibilidade, mas Silvia sabia muitas formas de fazer isso à maneira das fadas.
‒ Vamos andando, tenho um palpite. Seja silenciosa.
Eles foram andando até o cemitério da cidade, ele ia na frente e ela atrás. Os portões do cemitério estavam abertos, lá dentro estava acontecendo uma reunião. Lupin teve um calafrio de raiva ao ver quem a conduzia. De pé, sobre uma sepultura, Pedro Pettigrew, o Rabicho, dava orientações aos demais de como saqueariam Hogwarts depois que os errantes “fizessem o serviço”. Não havia sinal de Voldemort, o que era mau. Lupin contou quantos eram: no total eram treze. E ele sabia quem eram todos. Ficou imaginando formas de combatê-los, e concluiu que não conseguiriam se tentassem diretamente, não com tantos dementadores em volta da cidade. Teriam que sair dali e combater primeiro os dementadores.
Naquele momento a reunião encerrou-se e os Comensais da morte saíram do cemitério, Lupin e Silvia saíram do caminho, vendo que eles rumavam para uma colina além do cemitério. Rapidamente tornaram a ficar visíveis.
‒ Está claro agora... Voldemort os libertou, ele deve ter feito um acordo com os dementadores. Temos que fazer algo, eles estão dando força para os comensais da morte. – Neste momento, Lupin ouviu um som. Alguém tentando se libertar, alguém que estava debaixo da terra. Os pelos da nuca dele se arrepiaram ao sentir a presença de um vampiro. Vampiros e Lobisomens são inimigos naturais.
‒ Ei, eu sei que há um lobisomem aí fora, eu posso sentir. Mas eu não quero brigar com você – disse uma voz audível apenas para ele – eu ouvi tudo que eles disseram e não posso deixar que eles façam o que querem fazer com meu irmão!
“Irmão?” – pensou Lupin – “será possível?”
‒ Caius? Caius Black?
‒ Eu mesmo – respondeu a voz – você deve ser aquele sujeito aluado amigo de meu irmão. Me tire daqui, por favor.
Rapidamente, Remo abriu com um feitiço o túmulo onde Caius estava preso. Ele saiu e disse:
‒ Eles foram encontrar Voldemort, que foi resolver um “assunto pessoal”, como disse o assistente dele... a coisa vai ficar feia por aqui.
‒ Remo, quem é esse?
‒ Um vampiro, Silvia, não está vendo?
‒ É o irmão de Sirius?
‒ Eu mesmo. Não temos tempo para conversa. Qual é o plano? – Lupin não gostou definitivamente do jeito do vampiro, mas era a ajuda que iriam ter por enquanto. Podiam aproveitar, porque afinal, vampiros eram naturalmente imunes a dementadores. Silvia teve uma idéia, e juntos os três discutiram a melhor forma de executá-la.
Além da colina, Harry e os outros haviam depositado o corpo de Atlantis dentro da capela, Harry sentia um bolo na garganta, aprendera a admirar e gostar de Atlantis como um bruxo forte, inteligente e de bom coração. Não era justo que ele morresse desta forma. Agora, ele jamais veria Willy de novo. Sentiu uma mão no seu ombro, era Sirius:
- Harry, quando acabar, nós daremos a ele o enterro que merece. Agora precisamos agir. – Harry assentiu, e saiu da capela, fechando os portais de pedra, sentia-se deprimido demais para lutar.
Eles estavam também pensando num jeito de acabar com os dementadores, Sirius disse:
- Vou me transformar em cão e ver quantos são. Voldemort deve ter conjurado proteção para os Comensais da morte andarem entre eles sem serem afetados. – Ele se transformou em cão e correu rapidamente subindo a colina. Havia uma coluna de dementadores ao longo dos limites da cidade, ele atravessou a colina e começou a farejar, tentando ver se havia algum Comensal da morte por perto. Sentiu o cheiro de Lupin, e achou-o em poucos minutos. Ele estava com Caius e Silvia Spring, perto do norte da cidade. Sirius transformou-se em homem novamente.
‒ Sirius! – disse Lupin – ainda bem que você apareceu.
‒ Deixei cinco garotos além da colina. Temos que sumir rapidamente com estes dementadores daqui. Eu tenho medo dos Comensais da morte pegarem Harry e os outros. Eles libertaram os errantes
‒ Eu calculei – disse Caius
‒ E nós libertamos a sentinela. Portanto, os errantes no momento não são problema.
‒ Nós temos um plano. Com mais um, vai ficar mais fácil executá-lo.
Explicado o plano, eles se dividiram. Silvia e Lupin foram para o Norte, Sirius para o Sul da cidade. Caius transformou-se em morcego e começou a voar, irritando os dementadores, que tentavam bater nele, ele voava de forma louca, batendo nos rostos encapuzados, tinha que deixá-los furiosos o suficiente para distraí-los, e não era tarefa fácil, pois tinha que voar ao longo de toda a cidade, finalmente, a neve se intensificou, os dementadores estavam com muita raiva, Caius mergulhou junto a Sirius e disse:
‒ Dê o sinal! – Uma chama vermelha subiu em direção ao céu, na mesma hora, pelo Norte e pelo Sul de Hogwarts ouviu-se um grito:
‒ EXPECTO PATRONUS! – Sirius, Lupin e Silvia conjuraram cada um seu patrono .
Da varinha de Sirius, saiu o espectro de um cão com mais de quatro metros, prateado, que correu na direção dos dementadores, que começaram a fugir, ele deu a volta e os conduziu para a direção do cemitério. Das mãos de Silvia saíram dois patronos menores, na forma de fadas aladas e prateadas, que voaram reunindo os dementadores ao sul, o patrono de Lupin tinha a forma de um grande lobo. Haviam programado seus patronos para juntar os dementadores em um ponto específico, de forma a passarem pelos portões do cemitério. Silvia então correu e à distância apontou as mãos para o portão, pensando fortemente no reino das fadasombras. Nunca havia aberto um portal para lá, mas sabia que em portões de cemitério isso era relativamente fácil.
‒ Umberdeen, abra-se! – ele viu com satisfação que atrás dos portões surgiu a paisagem árida de Umberdeen, e conservou as mãos postas de forma a evitar que qualquer coisa saísse de lá. Os dementadores começaram a ser sugados quando se aproximaram do portão, os capuzes se baixavam com a força do vento, mostrando seus rostos sem olhos e bocas escancaradas em gritos terríveis. Silvia sentiu-se apavorada ao ver que Caius também estava sendo sugado, ele se aproximara demais dos dementadores sem querer. Rapidamente ela conjurou uma corda, não um cordão faerie que seria complicado demais e lançou para ele, que segurou.
‒ Sirius, Lupin! Segurem-no!!!! – ela gritou para os dois, porque queria fechar o portal assim que o último dementador passasse. Lupin chegou primeiro, e com uma força que seu tamanho não sugeria, começou a puxar Caius pela corda, até que segurava a mão dele, Sirius Chegou nesse momento e eles o seguraram com força, ele era atraído para Umberdeen por causa de sua natureza maligna.
Silvia viu que o último dementador estava sendo sugado e gritou para que o portal se fechasse, os portões do cemitério se fecharam com um estrondo e tudo acabou. Sirius, Caius e Lupin caíram ao chão.
‒ O que as fadasombras vão fazer com eles? – Caius perguntou, mais pensando alto que qualquer coisa. Silvia deu de ombros.
‒ Eles que são maus que se entendam.
‒ Sobrou um, eu sinto – disse Lupin, olhando para os outros.
‒ Um não vai fazer diferença – disse Sirius, vamos procurar os garotos.
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