DE COMO DRACO SEPAROU HARRY E
Duas semanas depois dos feriados, começaram os treinos do Quadribol. Harry recebeu uma nova carta de Bianca Fall, e essa ele realmente tinha motivos para esconder de Willy:
"Harry,
Como uma pessoa tão sensível como você pode namorar uma garota tão antipática, que além de tudo se veste como um elfo doméstico e anda com aquele penteado deprimente? Tia Liza se a visse daria gargalhadas! Não que ela seja realmente feia, mas acho que você mereceria coisa melhor... e alguém que não te questionasse tanto, como você agüenta isso? Ela parece que não combina em nada contigo, Harry... eu sei que o amor é cego, mas pense... eu sou sua amiga, estou falando para seu bem.
Eu acho que ela ficou com ciúmes de mim... mas também, se você fosse meu namorado eu também teria ciúmes, não é todo mundo que pode namorar o apanhador do melhor time da escola..
Aqui Harry deu um sorriso envaidecido.
Espero realmente que ela melhore seu temperamento e não atrapalhe minha amizade contigo...
(Mais tarde, quando Rony leu essa carta disse: "Aqui ela está dizendo na verdade: espero que ela saia da sua vida e deixe o caminho livre para mim")
Boa sorte no jogo contra a Sonserina...
Um beijinho,
Bianca Fall"
Harry escondeu muito bem essa carta no meio de suas coisas, mas ficou pensando se realmente Willy o questionava demais.
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Quando voltou de casa, Draco, pela primeira vez desde que entrara em Hogwarts, evitou aproximar-se de Harry ou de Rony para implicar com eles... a vergonha pelo que seu pai fizera e as conseqüências disso ainda estavam vívidas demais na cabeça dele... não tinha como fazer farol para eles depois que eles tinham visto Sirius partir o queixo de seu pai.
Para completar, Lúcio o proibira de levar sua coruja para Hogwarts, e ele viu-se na incômoda situação de não poder mandar cartas para Sue, uma vez que seu pai tinha mandado uma carta ao professor Dumbledore dizendo que ele não estava autorizado a usar nenhuma coruja do corujal da escola para postar cartas, pois estava de castigo em relação a isso. Era humilhação demais, também.
Draco então, começou desesperado a pedir aos amigos da Sonserina que lhe emprestassem uma coruja pois ele precisava muito mandar uma carta, muito mesmo. É nessas horas que se descobre realmente quem é nosso amigo... todos os seus colegas eram filhos de pessoas que tinham relações com seu pai... e as relações de seu pai eram sempre baseadas em medo. Lúcio Malfoy não tinha amigos a quem tratasse de igual para igual, usava sempre seu dinheiro, influência e posição para desenvolver "amigos" submissos... fora assim que seu filho tivera dois brutamontes como guarda costas desde que entrara em Hogwarts. E o pai de Draco avisara a todos os amigos que não gostaria de saber que seu filho usara a coruja de um deles emprestada. E para cada coruja que pediu, Draco ouviu um sonoro "não".
O que o pai de Draco não sabia era que medo na verdade é uma das manifestações mais vivas de ódio... o ódio que o inferior sente de sua posição. Draco a vida inteira sentira medo do pai, e ele nunca precisara apanhar para isso... a sucessão de humilhações que vivera desde a mais tenra idade se encarregara de incutir dentro dele um medo enorme e um ódio surdo pela figura de seu pai. Aos dezesseis anos, finalmente Draco Malfoy descobriu o quanto odiava seu pai. E esse ódio começou a atrapalhá-lo. Bem que a fadinha Flauta tentava ajudá-lo, mas Draco era refratário a ela, achava que ela não podia ajudá-lo em nada.
Estava no ensaio do grupo de Teatro, e simplesmente não conseguia se concentrar. Normalmente, era normal para ele distender o peito imponentemente e se tornar Sibelinus Zenith, o mago orgulhoso e heróico que expulsara Rubro Salmonella, levando o bruxo das trevas a atirar-se num abismo... mas a última coisa que ele se sentia ultimamente era um herói, estava sentindo-se impotente, patético, ridículo. Um verdadeiro lixo. Foi com esse sentimento que foi refugiar-se na coxia da sala de teatro, baixando a cabeça e tirando do rosto os fios de cabelo que caíam sobre sua testa. Rony Weasley o seguiu:
‒ Olha aqui, Malfoy, se você perdeu a vontade de fazer o papel avisa, não fica dando uma de babaca e ...
‒ Cai fora, Weasley, me deixa sozinho, tá?
‒ Você é um cretino mesmo, aposto que entrou nessa só para se exibir e agora que não agüenta o tranco... ‒ Draco Malfoy levantou-se de um salto, um ódio descontrolado o impeliu a pegar Rony pela gola da veste e empurrá-lo contra a parede, os dentes trincados.
‒ Eu disse que eu quero ficar sozinho, você ficou surdo? ‒ Rony arregalou os olhos, encarando Malfoy: eles já haviam brigado muitas vezes, eram semelhantes em físico e altura, mas Rony sempre achara que Draco não era o tipo do sujeito que se descontrola e parte para a briga, mas que simplesmente provoca a briga para depois se aproveitar disso, normalmente de forma covarde. Olhou-o e disse:
‒ Eu detesto você, mas quero muito que essa peça dê certo, Malfoy.... sem você isso fica impossível. Pode me dizer o que está impedindo de ter uma atuação normal? ‒ Rony olhou-o com um interesse sincero. Draco o encarou. Não, eles não eram amigos, mas para falar a verdade, nenhum dos seus amigos até agora sequer notara que ele não estava bem, achou então que podia falar com alguém que não era amigo mesmo.
‒ Você lembra daquele dia em Londres ‒ Draco olhou sério para Rony, antes que ele risse de seu pai, e Rony continuou sério, mesmo sentindo a satisfação de recordar Lúcio Malfoy de queixo partido ‒ Eu estava com ela, você viu, não viu?
‒ Vi, você estava com Sue, meus parabéns, você ganhou, meu chapa... ‒ Rony disse amargurado.
‒ Ah, para com isso , Weasley, ela não quer nada contigo... e o seu negócio é a Mini-Minerva, que eu sei...
‒ Voltando ao seu, assunto, Malfoy...
‒ Meu pai não podia saber... ele não podia, não dá, ele não entende...
‒ Ele odeia trouxas, mesmo que eles tenham salvo o pescoço de seu filho de ser mordido por uma vampira, eu sei...
‒ Pois bem... ele descobriu e me ferrou... agora eu não posso mandar cartas para ela...
‒ Como assim?
‒ Ele trancou minha coruja em casa, as que vêm de casa para mim são encantadas... só vem de casa para cá e daqui para casa... ele mandou uma carta para Dumbledore dizendo que eu estou proibido de usar as corujas do corujal da escola...
‒ Ninguém pode te emprestar uma? Seu pai não pode ter encantado as corujas de todos os seus amigos...
‒ Quase isso... todos os meus amigos me negaram corujas... acho que todo mundo tem medo de meu pai
‒ Eu conheço uma pessoa que daria um chute na bunda de seu pai com prazer, e que vai te emprestar uma coruja para escrever para Sue...
‒ Quem?
‒ Venha comigo ‒ Rony saiu e ele foi atrás, pediram licença a Lockhart e Draco viu que Rony tomava a direção do corujal, ele não sabia que Weasley tinha alguma coruja, sempre achara que ele era pobre demais para isso. Chegaram ao corujal, e Rony assobiou, olhando para os lados. Uma coruja minúscula bateu no rosto de Draco e pousou no ombro de Rony, bicando-lhe o pescoço com carinho.
‒ Píchi, Malfoy, Malfoy, Píchi. ‒ Rony pegou a coruja com uma mão e estendeu para Draco ‒ Minha coruja, pode usar. Ela pode parecer pequena demais mas não se engane... voar daqui à Itália para ela é moleza... O bom é que é tão pequena que ninguém vai te dedurar por vê-la contigo‒ Draco olhava para Rony atônito... em outros tempos teria caçoado da corujinha, mas agora era o que tinha, e para quem estava se sentindo um lixo até meia hora atrás, aquilo era ótimo. Quase sentiu vontade de abraçar Rony, quase.
‒ Eu não sei como agradecer, Weasley!
‒ Agradeça voltando a ser gente na peça... eu não faço isso por você, mas por amor a arte...e não roube minha coruja, não tenho dinheiro para comprar outra.‒ Rony deu-lhe as costas e desceu a escada
Draco pela primeira vez se envergonhou de ter zombado da pobreza dos Weasleys.
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"Sue.
Não estranhe esta coruja... foi a melhor que pude arranjar. Mau pai me proibiu de escrever para você, mas eu consegui essa coruja emprestada com um colega, que foi muito legal comigo.
Sinto muito pelo que meu pai disse a você. Eu gostaria de ter tido coragem de partir eu mesmo o queixo dele, mas ele é meu pai e eu não posso fazer nada quanto a isso. Me perdoe. Obrigada por ter devolvido o dinheiro. Isso realmente quase matou meu pai de raiva.
Eu sinto falta de você, passei contigo a melhor tarde da minha vida, espero poder te ver de novo, dane-se o que meu pai disser, mas eu gosto de você, Sue, eu gosto de estar com você. Queria que você gostasse de mim assim também, é possível?
Responda minha carta pela mesma coruja, não sei quanto tempo eu vou levar para te escrever de novo, meu colega pode precisar dela.
Com carinho,
Draco Malfoy"
Draco olhou a carta satisfeito... já podia escrever a Sue, seu pai não podia fazer nada quanto a isso. E já sabia como se vingar de seu pai. Flauta o olhava, e antes que pudesse dizer-lhe alguma coisa, ele pensou: "Não enche, Flauta!"
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‒ Quê? Malfoy saiu do time? O que aconteceu? Falta uma semana para o jogo! ‒ Harry olhava incrédulo para Hermione, que lhe dera a notícia. ‒ Nós vamos arrasá-los!
‒ O time já tem uma apanhadora nova, Harry. ‒ Harry arregalou os olhos, lembrando-se subitamente de uma coisa.
‒ Willy? ‒ Hermione assentiu e ele engoliu em seco.
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‒ Harry, qual o problema de me enfrentar no Quadribol?
‒ Willy, nós somos namorados... não é certo.
‒ Se não é certo, porque então você não desiste?
Harry e Willy estavam discutindo à beira do campo de Quadribol, ela arrastava Sieglinda atrás de si e ele tinha a Firebolt ao ombro, no céu os times das duas casas treinavam, prestando atenção disfarçadamente na discussão dos dois.
‒ Eu sou apanhador há mais tempo que você!
‒ Mais um motivo para você não ter medo de me enfrentar!
‒ Willy, eu não tenho medo de você!
‒ Então porque você quer que eu desista? Vamos, Harry Potter, jogue contra mim, me vença, se é assim tão importante para você!
‒ Porque é tão importante para você?
‒ Não é importante assim, mas eu não posso deixar o time na mão, Harry!
‒ Eu não quero brigar com você por causa disso!
‒ Mas já está brigando, Harry!
‒ Willy, desista!
‒ Harry, vá catar besouros! ‒ E Willy subiu na sua vassoura, cortando o ar.
Naquele momento, Harry odiou Draco Malfoy mais que nunca em sua vida.
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Não terminaram o namoro, mas as coisas entre eles ficaram complicadas, se encontraram na sala de transformação à noite na antevéspera do jogo e Harry pediu desculpas a ela.... porém meia hora depois já estava de novo tentando dissuadi-la a desistir do jogo. Não conseguiu e fingiu desistir, mas dentro dele, continuava achando que ela não tinha o direito de fazer isso com ele...
No dia da partida, ainda foi até ela na hora do café. Willy já estava vestida com a roupa do time, e olhou para ele tranqüilamente, dizendo, com um sorriso:
‒ Boa sorte, meu amor...
‒ Willy, eu...
‒ Harry, eu não vou desistir... o que há com você? É o melhor apanhador da escola... eu acho que não sou tão boa quanto você! Porque você não quer me enfrentar?
‒ Não é isso, eu não quero que você me enfrente...
‒ O quê? Harry, você bebeu água da privada?
‒ Você me enfrenta, Willy, o tempo todo... gosta de me enfrentar.
‒ Quem te disse isso, Harry?
‒ Ninguém.
‒ Não, até pouco tempo você não ligava para isso... quer saber, Harry, acho que afinal, você não está tão certo assim se gosta de mim... eu te enfrento, essa é boa.
‒ Eu não queria brigar com você por causa disso...
‒ É mas está brigando... Quer saber, Harry, eu vou entrar lá, e se eu ganhar, espero que você ainda goste de mim, porque eu vou jogar como se você fosse um outro jogador qualquer... faça o mesmo comigo.
Falar é muito fácil. Quando o jogo começou e Harry viu Willy pequenina, entrando em suas vestes verdes, como sempre grandes demais para ela, ele sentiu uma coisa dentro do peito, um frio na barriga. Não queria perder, mas também não queria ganhar e comemorar uma vitória sobre a sua namorada. Subiu para o céu, olhando em busca do pomo, queria realmente pegá-lo primeiro, mas só para mostrar alguma coisa a ela, que não valia a pena ela questioná-lo...
Já jogavam a meia hora e a Grifnória perdia por dez pontos quando ele e Willy viram o pomo ao mesmo tempo, Harry disparou, sentindo um certo desespero ao notar que Willy estava exatamente emparelhada com ele, iam na mesma velocidade na direção do pomo, Harry pensando: "Eu tenho que pegar, tenho que pegar, tenho que pegar!"
Pegou e virou-se na direção que ela estava e para sua surpresa, Willy parara um metro à frente dele, passara do pomo e o deixara para ele, mas fingira que se desequilibrara e não conseguira pegá-lo. Ele olhou-a e ia dizer alguma coisa, quando ela disparou para o chão, olhando-o magoada e saiu do campo. Não teve muita graça ser carregado pelo time e festejado pela escola toda depois disso, mas ele não conseguia fugir deles. Encontrou-a finalmente depois de horas, trancada no banheiro da Murta.
‒ Willy, eu quero falar com você!
‒ Vá embora, Harry ‒ Willy falou de dentro do box, onde estava chorando.
‒ Me perdoe.
‒ Você não fez nada. Só ganhou.
‒ Mas eu não mereci... você deixou que eu pegasse.
‒ Deixei.
‒ Willy, porque você fez isso? ‒ Ela abriu a porta do banheiro, e olhou-o .
‒ Porque para mim você é mais importante que um jogo idiota. Tome ‒ deu-lha a pulseira que ele lhe dera de aniversário ‒ acabou.
Voltou para dentro do box e o trancou, deixando do lado de fora o que sobrou dele em pé, com a cara mais idiota do mundo. Grifnória ganhara, estava na frente no Quadribol e no campeonato de casas e, pela primeira vez desde que entrara em Hogwarts, isso não tinha a mínima graça.
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