A REUNIÃO DAS FADAS



    Imaginem um ser cabeçudo de dez centímetros de altura, com o mau humor do professor Snape e o pavio curto de Rúbeo Hagrid, juntem a isso o fato de ser uma fada 200 anos mais velha que as outras que estavam em Hogwarts, o que lhe dava um senso de responsabilidade sobre elas, a quem tratava com severidade militar. Complementem esta receita com um jeito ligeiramente desastrado, uma certa propensão a causar acidentes e um par de asas de gafanhoto nas costas e vocês terão a exata idéia de como era a fada Assobio.
    Era ela que se encarregava de reunir as outras, para saber se elas estavam bem até o momento em que iam ser realmente necessárias naquele castelo. E ela fazia isso justificando seu nome. Na tarde imediatamente antes da volta dos alunos do feriado de Natal, ela pôs os dois dedos na boca e deu o seu famoso assobio.
    Um tremor sacudiu ligeiramente o castelo, mas ninguém o percebeu, apenas o professor Dumbledore, que levantou os olhos de uma carta que estava escrevendo e prestou atenção. O assobio da fadinha era numa freqüência tão alta que era inaudível, mesmo para ouvidos de bruxos.
    Fogacho que estava num lustre admirando Severo Snape enquanto ele passava a limpo seus programas de aula, disparou por dentro de uma torneira, atravessando as paredes através do encanamento até o lugar de onde viera o assobio. Flauta, que estava no corujal conversando com as corujas para saber como ia o tempo na Cornualha, voou escada abaixo,  espalhando um brilho azulado atrás de si, Harmonia, que dava piruetas, invisível sobre a superfície do grande lago de Hogwarts,  atravessou uma janela quebrando o vidro, o que a fez atrasar-se, pois teve de voltar para consertá-lo. Assobio já esperava as três de cara feia, mesmo sem saber o que haviam aprontado.
‒ Muito bem, ‒ disse em pensamento às outras ‒ o que vocês andam fazendo?
‒ Bem, eu ando bem ocupada... ‒ começou fogacho ‒ eu não estou conseguindo fazer Severo progredir...
‒ Severo é zangado demais! Porque você escolhe sempre casos tão difíceis?... pelo menos eu espero que dessa vez você não tenha ‒ Assobio viu a cara que a outra fada fazia e olhou feio para ela ‒ Fogacho, você não se apaixonou pelo Severo também, não é mesmo?
‒ Ah, ele é tão bonito...
‒ Fogacho, ele nem lava o cabelo! E nós não podemos, você sabe... somos seres fantásticos, estamos aqui para ajudar os humanos não para ficarmos suspirando por eles... e francamente, Severo é tão mau humorado que se você conseguir fazer com que ele dê pelo menos um sorriso já está muito bom...Você lembra que da última vez que se apaixonou por um humano...
‒ Eu sei, passei trinta anos aqui amassada dentro de um livro...
‒ Harmonia, o que você tem feito?
‒ Não posso sair daqui e Hermione está longe... mas ela já aceita minha presença,  o próximo passo vai ser ela admitir que gosta do Rony...
‒ E você já se certificou que ele também gosta dela?
‒ Isso eu tenho certeza!!!!
‒ Melhor que Fogacho, que é tão grande e não consegue fazer nada direito ‒ Fogacho abaixou a cabeça, evitando o olhar da irmã mais velha. ‒ e você Flauta?
‒ Aiaiai... Draco não quer saber muito da minha ajuda... ele tem medo de mim.
‒ Claro, você escolheu um pupilo que foi criado no meio de coisas feias... não sabe reconhecer a beleza da magia de uma fada... melhor continuar tentando... e vale a pena perguntar... nenhuma de vocês...
‒ Não, nem pensamos em chegar perto do Harry Potter.
‒ Ótimo, só eu tenho essa autorização, vocês sabem disso! Fim da reunião...
‒ E você, Assobio? Não vai nos contar como anda com Neville? Ele já melhorou seu problema de autoconfiança? ‒ Fogacho apertava os olhões na direção dela
‒ Para sua informação, por minha causa ele já folheou um livro ao lado de Gina... e eu não perdi a oportunidade de lançar meu feitiço de carisma nele... não perco tempo esperando que nem vocês...
‒ Mas você escolheu alguém que adoraria ser ajudado ‒ Flauta fez um muxoxo
‒ Não importa! Mais uma coisa...
‒ Já sabemos, nenhuma de nós pode usar o feitiço de Glamour, só você... Para de repetir o que a gente já sabe.
‒ Muito bem ‒ um pensamento sob a forma de uma voz masculina muito suave e potente invadiu o pensamento de todas as fadinhas ao mesmo tempo ‒ Elas levantaram os rostinhos e deram com a face de Alvo Dumbledore, que olhava para dentro da gaveta vazia onde elas se escondiam ‒ Eu agora quero saber o que as senhoritas estão fazendo aqui...
    Assobio então passou a explicar em pensamentos uma história longa e complicadíssima a Dumbledore, de vez em quando olhando com o rabo do olho a face imprescrutável do bruxo que a escutava completamente calado, temendo que ele fizesse alguma coisa que as mandasse de volta antes de concluir a missão... da cabeça dele não parecia vir nem um pensamentozinho escutável.... Então ela concluiu:
‒ E foi por isso, Mestre Alvo, que viemos para cá.... concorda que é muito grave?
‒ Se vocês estão me contando tudo que sabem, e eu sei que fadas não mentem, realmente é muito grave... não deveria deixá-las soltas por Hogwarts, e ainda não consigo entender porque vieram com tanta antecedência... mas não vou prendê-las em gaiolas, porque acho que vocês querem ajudar pessoas que precisam de ajuda...contanto que tomem cuidado... mas se vocês fizerem alguma besteira, prometo que chamo Silvia
‒ Silvia! Silvia! ‒ As fadinhas ficaram numa alegria indescritível
‒ Sim, prometo que chamo Silvia e as despacho por um portal.
‒ Não faça isso, mestre.. não faça...
‒ Não farei, por enquanto... e Fogacho, eu tenho uma sugestão para te dar sobre Severo...

----

    Naquela noite, Snape estava em sua sala ainda, procurando elaborar o teste mais difícil possível para aplicar aos pobres alunos que viriam com a cabeça vazia do feriado de Natal, quando a vela que ele usava começou a oscilar. Ele olhou a vela, depois em volta, procurando a corrente de ar que fazia com que ela se agitasse, então, ouviu uma risadinha infantil... sorriu maldosamente e disse:
    ‒ Então, a fadinha voltou, não é mesmo? ‒ olhava desconfiado, já preparando a rede de caçar morcegos e um grande livro para prender a fadinha quando na parede à frente dele, uma imagem apareceu. Severo olhou espantado.
    Como se projetada, apareceu uma figura, a caricatura de Lúcio Malfoy, como ele era na época de estudante em Hogwarts, chorando de raiva porque levara uma surra. Snape sorriu ligeiramente, então a figura trocou, nela aparecia Harry Potter mostrando a ele um caldeirão derretido como sempre acontecia com Neville Longbotton. Snape sorriu mais um pouco e a figura mudou, nela a professora Minerva McGonnagal apareceu beijando um grande sapo que tinha a cara de Rúbeo Hagrid. Snape fez um "hehehe". A figura seguinte mostrava o professou Dumbledore com a barba e os bigodes muito sujos de chocolate, como ele vira uma vez há um tempo atrás, e ele riu. Quando a figura seguinte apareceu ele deu uma gargalhada! Madame Pomfrey aparecia se coçando e com a ratoeira que ele armara pendurada na ponta do nariz, inchado e vermelho, dizendo: "Snape, você é um paranóico". Mas nada o preparou para a última figura.
    Era uma figura animada. Nela, Sheeba brigava com Sirius, chamando-o de grande besta idiota, ele gaguejava desculpas e ela rapidamente dizia: "Vire-se" ele se virava e ela aplicava-lhe um sonoro pontapé na bunda, e Sirius caía de cara no chão. A figura então voltava o ponto de partida, e quanto mais via Sheeba chutando a bunda de Sirius Black, mais Snape ria. Já estava se engasgando na própria risada, ele, que há pelo menos vinte anos não sabia o que era rir de verdade, rir não porque se está satisfeito com o resultado de uma poção, e sim porque realmente em certas horas a vida pode e deve sim, ser muito, muito engraçada! Então a figura sumiu e a fadinha apareceu na frente dele, exultante. O pensamento dela invadiu a sua cabeça no exato instante em que ele catava a rede de morcegos, tentando lutar contra os reflexos do riso:
‒ Foi engraçado, Severo? ‒ Snape parou. Olhou para a fadinha que ria e sorriu de volta.

----
    No dia seguinte, os alunos que voltavam do feriado não puderam acreditar quando viram o professor Snape: Pela primeira vez em anos seus cabelos não pareciam ensebados! Ele não estava com uma cara muito melhor que a habitual, mas pelo menos não parecia prestes a pular no pescoço do primeiro aluno que lhe desse motivo. Interiormente, ele ria-se disso. Mais tarde, a fadinha Fogacho disse em pensamento ao professor Dumbledore:
‒ Obrigada, professor, seus desenhos foram muito úteis!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.