A recrutação
ELE ESTAVA ANDANDO numa rua escura com uma névoa gelada com uma mochila às costas. A varinha estava debaixo do casaco, mas a segurava fortemente. Os quatro pedaços de alma jaziam intactos dentro da mochila suja e velha. Ele havia acabado de chegar na Polônia e, apesar de tudo, não estava com frio. Não naquela situação, naquelas condições. Mudanças drásticas do clima não o afetariam. Nunca o afetaram, por que isso ocorreria agora? Mas estava preparado para o que quer que fosse. Não hesitaria em amaldiçoar alguém caso fosse ameaçado, ainda mais se fosse um reles trouxa andando pela rua escura. É claro que, ali onde estava, não encontraria nenhum. Isso porque estava numa área bruxa de Lodz. Iria se hospedar um tempo na grande casa de Aurum Avery e, mais tarde, partiria em direção ao mundo afora.
Em suas cartas, Avery insistia que iria com ele onde quer que fosse, assim como Lestrange, Nott e Travers. Havia falado vagamente com Rosier e este havia dito que em breve se encontrariam trazendo amigos de Durmstrang. Sempre quis conhecer essa escola de magia. Já havia imaginado de que Durmstrang tivesse sido fundada pelo seu nobre antepassado, Salazar Slytherin, já que a escola enfatizava as Artes das Trevas e não admitia sangues-ruins. Somente os de descendência mágica e pura podiam entrar. A escola se situava em algum lugar da região escandinava e seria quase impossível achá-la procurando normalmente. A fronteira entra a Noruega e a Suécia era extensa e teria de percorrer um longo caminho. Mas a carta de Rosier o animou quando leu que Rosier tinha amigos em Durmstrang e que o diretor de lá aceitaria sangues-puros para uma breve visita. Adoraria conhecer a escola de Salazar por dentro.
É claro, isso se fosse a escola de Salazar. A data de fundação de Durmstrang ficava um pouco longe da partida de Slytherinem Hogwarts. Haviauma diferença de 300 anos e, para isso, Salazar teria que ter criado uma Horcrux. Se isso tivesse acontecido, tinham mais uma coisa em comum: a alma partida. E se isso realmente tivesse acontecido? Se ainda não tivessem destruído a Horcrux de Salazar, este ainda estaria vivo. E se estivesse, onde estaria? O que estaria fazendo? Horcrux viveu quase 600 anos e grande parte desta vida nunca soube o que aconteceu. Mas Salazar não. Saberia os efeitos. Era sabido em Artes das Trevas. Tomaria providências para proteger e esconder sua Horcrux em um lugar seguro. A não ser que, assim como ele, estivesse levando sua Horcrux para onde quer que fosse. Isso, pensou, seria extremamente arriscado. É, disse para si mesmo, extremamente arriscado. Desconsiderou esse caso e voltou onde estava. Onde estaria Salazar agora, o que estaria fazendo? Estaria como ele, andando pelo mundo? Ou escondido, fraco e velho demais para continuar?
Se o encontrasse, não teria o que falar. Pensaria apenas em servi-lo. Diria tudo o que fez, contaria da Câmara Secreta e de seus feitos. Juntos, iriam finalizar aquele trabalho purificador. Purificar... essa era uma nova palavra em seu vocabulário com novos sentidos e um antigo objetivo. Essa palavra também lembrava algo que havia, nem mesmo um ano, presenciado. Não fazia um ano em que esteve em Calais por trabalho e acabou vendo o maior duelo da história bruxa. Grindelwald, que havia sido derrotado por Alv... derrotado? Não, não foi uma vitória. Duelos daquela escala deviam terminar em morte e não no modo ridículo como terminou. Por ironia (do destino?), Dumbledore salvou a vida de Grindelwald no último momento.
Se não tivesse presenciado todo o duelo e soubesse apenas do final, acharia que Dumbledore e Grindelwald fossem antigos conhecidos. Acontece que viu todo o duelo e tinha certeza de que fossem antigos conhecidos, talvez até mesmo amigos. Eles conversavam normalmente diante daquela magnitude relembrando coisas passadas. Se não soubesse mais sobre Grindelwald, diria que estudou junto com Dumbledore em Hogwarts, mas isto não tinha acontecido. Sabia que Grindelwald foi “educado” em Durmstrang e que fora expulso, mas não havia nenhuma relação com Hogwarts. Aquela notícia que lera em seu último ano letivo na escola dizia que Grindelwald não parecia querer se aproximar da Escola de Magia e Bruxaria, ma por quê?
O bruxo das trevas estava dominando todas as escolas, desde o norte ao centro-europeu, chegando perto de Beauxbattons e parando para se divertir com uma tortura naquele vilarejoem Calais. Porque não continuou indo ao leste para Hogwarts? Sem falar que havia algo que aconteceu durante o duelo que ele simplesmente não entendia. Como um simples feitiço protetor de Alvo Dumbledore impediu toda aquela gente, incluindo eu, pensou, de ser assassinada por Grindelwald? Não havia feitiço que impedisse a maldição da morte. Dumbledore conheceria outros tipos de magia? “O amor é o feitiço mais poderoso. Lembrem-se disso”. Só agora se lembrou do que seu ex-professor havia dito no discurso de fim de ano junto com Dippet. Mas não, não podia ser. Dumbledore não conhecia Horcruxes e, mesmo que conhecesse e tolo como era, não iria citá-las. Sem falar que aquilo não fazia o menor sentido. Era impossível que um sentimento tão... tão fraco, pequeno, quase inexistente pudesse fazer tudo aquilo. Haveria outra explicação. Uma explicação mágica ele encontraria.
A rua começou a fazer curvas inesperadas. Seu relógio marcava três horas da madrugada quando ele avistou uma enorme casa no fim da rua. De perto, parecia uma mansão. Chegou na porta dourada e apertou a campainha. Cinco segundos depois, um elfo doméstico bem velho de olhos cinzas abriu a porta. Avaliou o terno barato de Riddle, sua mochila e perguntou numa voz bem aguda:
– Deseja alguma coisa, senhor...?
– Lord Voldemort – respondeu com frieza. O elfo, ele percebeu, iria retrucar falando alguma coisa, mas parou quando alguém de dentro de casa gritou alguma coisa. Percebeu uma cabeleira dourada vindo.
– Milorde! – exclamou Aurum Avery, fazendo uma profunda reverência. Nisso, o elfo fez uma reverência ainda mais exagerada e encontrou os lábios sujos e duros em seus pés.
– Aurum – respondeu Riddle, entrando na porta e encarando todo o lugar. Parecia Hogwarts, pois o teto era estrelado. Com certeza enfeitiçado. Várias colunas coríntias sustentavam os mais altos patamares. O saguão era lustroso e belo com pedras de granito que oscilavam entre o dourado e o negro. Os vários retratos se mexiam e ocupavam todas as paredes. Reconheceu alguns da família Avery.
– Como foi a viagem? – perguntou Aurum, ansioso. Visivelmente, estava feliz de Riddle estar ali em sua casa.
– Cansativa – respondeu apenas. Aurum apontou o dedo para a mochila que Riddle agora segurava com uma alça e ordenou:
– Leve a mochila de milorde, sua praga – com um chute em suas costas, o elfo se dirigiu a Riddle.
– Sim, meu senhor – respondeu o elfo timidamente, que andou até Riddle encurvado e tocou na outra alça. Riddle olhou para Aurum antes de soltar a mochila, a qual o elfo levou para cima rapidamente.
– Praga vai guardá-la em seu quarto – tranquilizou ele, olhando pelo caminho por onde o elfo foi.
– Praga? É o nome desse elfo? – indagou ele, querendo rir de um nome tão ridículo, mesmo para um elfo.
– É, está na minha família desde a época de meu avô. É uma verdadeira praga – ele olhou para o retrato de seu avô e logo continuou:
– Vou levá-lo ao seu quarto.
Aurum o levou até o andar mais alto da mansão. As escadas, assim como na escola, se moviam sozinhas. Estas, no entanto, contornavam quartos e corredores. O quanto onde iria dormir era espaçoso e bem iluminado. Riddle gostou ao perceber uma conhecida estátua no quarto. Não era tão pequena quanto as dezenas que havia nos dormitórios nem tão grande quanto a que estava na Câmara, mas esta era em tamanho natural. O rosto de Salazar Slytherin estava tão jovial quanto nunca.
– Que sangue-puro não iria louvá-lo? – suspirou Avery, indo até a estátua e soprando-a. Riddle não respondeu à pergunta.
Além de uma vasta cama de casal com cobertores de pele para amenizar o frio polonês, havia várias molduras de retratos de mais membros da família de Avery junto com uma pequena árvore genealógica. Riddle lembrou-se de quando Avery disse que queria ter filhos e imaginou-os ligado a Aurum Avery na árvore. Notou que havia várias famílias de sangue-puro conhecidas se entrelaçando com a de Avery, incluindo os Lestrange e Black.
– Tecnécio deve chegar amanhã – explicou repentinamente Aurum, que parecia estar pensando no assunto antes de falar. – Disse que estava procurando gente à nossa causa na Romênia. Natrium também virá amanhã, está com o pai em Portugal – disse, contando quem faltava nos dedos. – Laurêncio deve aparecer em dois dias, está na Inglaterra. Já Rubídio...
– Eu sei – interrompeu-o Riddle, pois havia recebido uma carta faz algumas semanas de Rubídio Rosier, dizendo que estava na Escandinávia. – Está no norte procurando gente de Durmstrang. Ele me falou – acrescentou ante ao olhar indagador de Aurum.
– Ótimo – respondeu feliz –, boa noite, então – disse, saindo do quarto e fechando a bela porta dourada.
Riddle apenas encarou-o quando saiu.
Abrindo a mochila, conferiu o diário, o medalhão, a taça e o diadema. Era muito arriscado carregá-los para o que iria fazer. Precisava de mais gente nisso, o que já estava sendo arranjado. Vestiu-se apropriadamente e deitou. Adormeceu pensando nas próximas semanas.
No dia seguinte, Tecnécio chegou trazendo um rapaz de sua idade chamado Mendell Mulciber. Por incrível que pareça, era o mesmo Mulciber que estudou com Tom Riddle e os outros, mas que não se falavam com tanta frequência. Ele disse rindo que foi ele que gritou e se jogou no chão na primeira noite na escola achando que havia se queimado na lareira quando o fantasma sonserino, Barão Sangrento, passou por ela.
Lembrou-se que Mulciber comemorou os ataques aos sangues-ruins, mas nunca tinham conversado seriamente. Mulciber convenceu-o dizendo que o serviria e que o admirava desde a época de colégio, pois o viu falar com uma cobra. Sua família apoiava sua decisão da dominação do mundo bruxo. Aceitou-o.
Tecnécio, com seu nariz curvo, continuava com algumas espinhas. Natrium chegou durante a noite com um rapaz um pouco mais velho do que eles, Ytrio Yaxley, que estava no sétimo ano quando Riddle entrou na escola. Ele comentou algo sobre Helga Hufflepuff na primeira noite em que o viu e também estava lá quando Riddle comandou a cobra. Disse que se sentia honrado em se juntar a ele por uma causa tão nobre e justificada.
Natrium disse que Yaxley estava em Portugal com a família quando o interrogou sobre os planos do grupo e este concordou. Yaxley tinha as mesmas costeletas quando o viu pela última vez, embora agora estivesse sete anos mais velho. Laurêncio apareceu no dia seguinte feliz em reencontrar o antigo grupo e uma nova parte de amigos. Disse que sua família o apoiava e daria ajuda e abrigo caso precisassem. Os Lestrange eram os mais devotados a Riddle.
Por fim, no fim de semana, chegou Rubídio Rosier com um estrangeiro chamado Antônio Dolohov. Este tinha estudado em Durmstrang e disse que lá a disciplina era rigidamente controlada. Tinha uma cara triste e estranhamente torta. Disse que ficaria feliz em causar dor algumas vezes, afinal, já foi torturado num Clube de Duelos. Queria o efeito contrário agora, o de torturar. Eles decidiram partir no dia seguinte à chegada de Rosier e o tal Dolohov. Este disse que os levaria ao Instituto Durmstrang para conhecerem o diretor da época, Cascorov, que disse que aguardaria ansioso pessoas que estivessem dispostas a fazer o que sempre quis: purificar o mundo bruxo. Antes, Riddle pediu que se dirigissem a ele como Lord Voldemort e eles aceitaram. Era importante já deixar claro quem seria nas próximas semanas e para sempre conhecido. Temeriam esse nome.
Eles saíram da casa de Aurum, na Polônia, a 10 de agosto de 1946. Riddle perguntou a Aurum se poderiam deixar seus pertences no quarto contanto que ninguém mexesse e este concordou. Por via das dúvidas, Riddle amaldiçoou a mochila e a tornou invisível, colocando-a suspensa acima da estátua de Salazar. Quem a tocasse, morreria. Era verão na Europa, mas isso não queria dizer que estava quente. Pelo contrário, estava mais frio do que o invernoem Hogwarts. Elespartiram para o norte aparatando.
Dolohov, que já tinha conhecimentos do lugar, levou-os direto a várias pousadas em alguns países. Pararam primeiro na Alemanha e uma semana depois chegaram a Copenhague. Atravessaram o mar Báltico e por fim chegaram à Suécia. Lá, Dolohov levou-os diretamente a fronteira com a Noruega, tendo pouco mais de 1600 km de extensão. Dolohov explicou que a escola se situava no condado de Nordland, na Noruega, e que vivia mudando de posição na comuna de Ballangen. Em pouco tempo, encontrariam a escola. Por sorte, viram o diretor em uma taberna conhecida da escola e foram conversam com ele.
Cascarov era um homem fedorento de pouquíssimos fios de cabelo, mas carismático. No dia seguinte, como combinado, visitaram o Instituto Durmstrang. A escola não era tão grande quanto Hogwarts, mas visivelmente bela. O símbolo gravado na entrada é o de uma águia com duas cabeças. O castelo era um pouco menor do que o de Hogwarts, visto que só tinha quatro andares, mas o terreno era tão grande quanto, pois se notavam vários lagos e montanhas ao redor. Os corredores eram vastos e alguns tinham estranhos símbolos de uma pupila cortada por uma linha vertical.
Devia ser o mesmo símbolo que Grindelwald tinha no dia daquele duelo fantástico. Devia ser um dos símbolos da escola, embora o oficial, como dissera Dolohov, era a águia. Lembrava um pouco a casa Corvinal em Hogwarts, mas era mera semelhança. O diretor explicou que o frio é comum ali e as lareiras só são acesas magicamente no inverno e não todo dia, como Aurum explicou sobre Hogwarts. Riddle perguntou sobre a matéria das Artes das Trevas e o diretor respondeu que a escola quer apenas tratar os alunos como serão tratados na vida real.
Morrer é fácil demais lá fora e por isso torturas, ocasionadas pelas maldições, são comuns. Isso é o que ganham os alunos que fazem algo desrespeitoso a um superior e que os professores tem ordem para disciplinaram como quiserem. A tarde foi extremamente prazerosa para todos. Presenciaram algumas aulas de Artes das Trevas e os alunos aprenderam a utilizar algumas maldições. Riddle não entendia como Grindelwald foi expulso se a prática de maldições era comum ali. E também sabia que o que quer que tivesse feito não acarretou nenhuma morte, então, o que teria feito? Perguntando isso ao diretor, este disse que nada sabia pois não era diretor na época em que Grindelwald estudou na escola. Riddle mostrou suas habilidades ao diretor por pura satisfação.
Um dos professores o desafiou para um duelo nos terrenos. Riddle, obviamente, aceitou. A maldição da morte não poderia ser usada, e somente ela. O duelista tentou torturá-lo várias vezes e Riddle ou desviava ou conjurava escudos. Todos estavam se divertindo vendo o duelo. Dolohov disse que o professor de duelos era vencedor de um clube da Grã-Bretanha e que, com as maldições liberadas, dificilmente seria derrotado.
Dificilmente para Riddle tornou-se facilmente. Ele atingiu o duelista com a maldição Cruciatus e atirou-o num dos vários lagos. Ainda por cima, com um feitiço congelante, fez o lago virar gelo. O homem estava nesse momento debaixo d’água sob várias camadas de gelo. Estava começando a ficar roxo quando o Cascarov tentou quebrar o gelo, mas não pôde e teve de pedir misericórdia a Riddle, que agora estava visivelmente com prazer de ver o homem sucumbir à falta de oxigênio. Com um estalido que terminou num estranho barulho, o gelo se partiu e o homem, roxo e tremendo, saiu dali.
Os outros professor o levantaram e o levaram para a ala de feridos na escola. Os alunos estavam todos observando das janelas e olhavam abismados e admirados para Riddle. Cascarov retomou-se do choque de ver seu colega quase morrer e cumprimentou Riddle, dizendo que avisaria a todos sobre o seu feito contra um conhecido vencedor de duelos. Avery, Lestrange, Nott, Travers, Mulciber, Yaxley e Dolohov estavam encantados com o término do duelo. Não paravam de dizer a quem estavam servindo e que o mundo bruxo estaria em boas mãos em breve.
Ficaram uma semana em Durmstrang, os quais foram recebidos por um estranho visitante: um dementador fugitivo de Azkaban. Convenceu a criatura que, se unisse a Riddle ajudando-o, poderia obter quantas vítimas e almas desejar. Após a aceitação, Riddle, que era pouco afetado, mandou-lhe que adentrasse numa poção que fervia a pouco mais de 400ºC. Surpreendentemente, a criatura aceitou a mergulhou na poção. Riddle mentira. A poção incorporava o corpo da criatura, que começou a fumegar após longos tormentos, gritos e soluços rascantes. Estava feito. Sua poção estava pronta. Bastava alguém para testá-la...
Passaram novamente pela Suécia e, por incrível que pareça, apareceu em alguns jornais bruxos da Finlândia sobre como Riddle venceu um tal de Polski. Várias pessoas o reconheceram já que Cascarov havia mandado a foto de Riddle com um feitiço da varinha. Várias pessoas vieram homenageá-lo durante mais de um mês enquanto estavam na chamada União Soviética. Lá, encontrou uma antiga conhecida da escola que uma vez conjurou uma cobra. Era um membro da família Black, seu nome era Dorea. Ela o reconheceu como “o próximo ofidioglota famoso” do bruxo e disse que, se precisasse, sua família estaria à disposição. Riddle agradeceu e informou que logo Lord Voldemort se destacaria no mundo bruxo.
Foram para o sul e pararam na Romênia. Lá, Dolohov se desentendeu com um vampiro e amaldiçoou-o com a Cruciatus. Nunca em sua vida disse que sentiu-se mais feliz até aquele momento. Era um prazer enorme exclamar uma maldição e ver o impacto que ela atingia em seu oponente. Como estavam a sós com o vampiro, resolveram se “divertir” um pouco. Cada um lançava alguma maldição e outros tipos de feitiços.
Ainda por cima, descobriram que “o vampiro” era um trouxa disfarçado com dentes postiços, pó de arroz na cara e olheiras pintadas. Aquela situação não poderia ser melhor. Só depois é que se tocaram que era o Dia das Bruxas e por isso o trouxa estava assim. Nunca um momento num lugar desconhecido foi tão divertido. Dolohov não queria saber de feitiços, somente da maldição da tortura. Por fim, após os múltiplos ferimentos impostos pela variedade de feitiços, Tecnécio e Antônio quiseram, juntos, matá-lo. E assim o fizeram. A maldição dupla saiu ao mesmo tempo em suas varinhas e o trouxa estava morto. Ambos estavam com uma estranha expressão de choque no rosto e que, lentamente, foi tomada por um largo sorriso. Aurum e Natrium ficaram tão incomodados com a felicidade dos dois que resolveram que também queriam amaldiçoar alguém.
E foi o que fizeram também, pois logo alguém com um lençol sobre o corpo apareceu e logo a Cruciatus atingiu essa pessoa. Era outro trouxa que deixou cair dezenas de doces trouxas. Apesar de seus berros, ninguém o escutava. Após alguns minutos de intensa tortura, Aurum e Natrium lançaram a maldição.
Desta vez, Laurêncio e Mendell informaram que seriam os próximos a matar alguém, até o momento em que um terceiro trouxa, desta vez com uma vassoura velha, um alto chapéu, um nariz longo com várias verrugas e carregando um caldeirão apareceu. Desta vez, Riddle não perdoou apesar dos gritos de Lestrange e Mulciber avisando: “Mas não é a sua vez!”. Ele sabia que aquele trouxa estava caçoando da existência dos bruxos e que aquilo não era perdoável. Ytrio tentou ajudá-lo de todas as formas, mas não conseguiu. Iria matá-lo sozinho e após muito sofrimento.
Maldição após maldição era lançada por Riddle e Rubídio saiu com Ytrio para “caçarem” outro trouxa. Laurêncio e Mulciber foram atrás. Agora, o trouxa estava com todos os membros dilacerados, visivelmente agoniando de dor. Antônio, Tecnécio, Aurum e Natrium nunca viram tamanha raiva vinda de seu lorde. Quando o homem trouxa quase não mais respirava, matou-o. Os quatro que haviam saído voltaram com as varinhas apontadas para cima, visto que duas trouxas estavam suspensas nas varinhas. Derrubaram-nas. Deviam ser irmãs pelo tamanho e aparência. O caso é que foram ainda mais barbaramente torturadas pelas duplas. Rosier começou a lançar um feitiço escaldante após o outro, fazendo-a queimar. Ytrio lançava outros que faziam os membros serem perfurados. Já Laurêncio e Mulciber estavam agindo juntos. Amarraram o tronco e os pés da garota e cada um a puxava em lados opostos.
Eles começaram a rir até a hora em que um dos braços da garota rasgou-se inteiro. Outro feitiço fez a pele de uma delas queimar em brasa ainda pior do que o feitiço de Rosier. Outro fez a outra garota sangrar por todos os orifícios. Ytrio lançou um feitiço detonador que abriu um rombo na barriga da garota e, vendo o efeito do feitiço, Mulciber imitou-o. Elas gritaram de dor e Riddle resolveu pedir para matá-las logo. Os quatro relâmpagos verdes iluminaram a rua. Quando as garotas estavam mortas, perguntou olhando para todos:
– O que acharam?
– Fantástico – exclamou Aurum Avery primeiro. Os outros não tinham nada a dizer, mas estavam excitados demais para falarem. Eles se hospedaram num barzinho bruxo romeno e no dia seguinte partiram.
Resolveram visitar a Bulgária e para lá foram. Conheceram o time búlgaro de quadribol, mas nada daquilo o interessava até um bruxo sangue-puro resolver testar os feitiços de que Riddle dizia ser capaz de realizar. Riddle não sabia que o homem trabalhava no Ministério búlgaro e não perdoou. O homem, pelo que ele mesmo disse, era treinado a capturar bruxos malignos e queria testar alguns feitiços nele. Qual foi sua surpresa ao sair do duelo incapacitado permanentemente a andar pela maldição que Riddle havia inventado há pouco tempo. Alguns assombraram o estado em que o outro ficou e Riddle ainda encarou o ministro búlgaro, dizendo que apenas se defendeu. Seus oito seguidores confirmaram e, mesmo que não o fizessem, o ministro tinha um olhar de receio ao encarar o fino e magro rosto de Tom Riddle. Eles partiram da Romênia quase um mês depois desse breve encontro com o tal trabalhador do Ministério búlgaro. Riddle queria provar logo sua perícia em magia das Trevas, mas não sabia como fazer isso sem entrar em confusão ou ser preso. Que tipo de experiências poderia fazer?
Dois anos se passaram e Riddle e seus oito seguidores, que havia denominado de Comensais da Morte, estavam agoraem Budapeste. Elecriou mais feitiços e maldições, ensinado algumas poucas aos Comensais. Nesse tempo, ocorreram mais torturas e mortes, mas nenhuma delas o relacionava. Foi principalmente na Suíça, cinco anos depois, que todos os bruxos europeus ficaram sabendo de seus feitos. Levou a magia a um patamar nunca alcançado antes. Levou a magia negra a um extremo antes inexistente pela maioria, demonstrou sua capacidade de voar que nunca ninguém jamais conseguiu antes.
Demonstrou sua capacidade ofidioglota conversando com várias cobras. A magia das Trevas que havia invocado era de tal escala que todos o admiraram, alguns temerosos nada faziam. Rompeu barreiras enormes entre países que eram intransponíveis. Mostrou seus feitiços aos maiores duelistas da época, tendo novamente derrotado, quase matado, alguns. Ninguém entendia o que ele fazia, mas o caso é que fazia muito bem. Teve encontros com os piores elementos do mundo bruxo, incluindo lobisomens e dementadores, que pareciam não afetá-lo. Reuniu outros dois seguidores dois anos depois, anos esse em que já era conhecido por toda a Europa como Lord Voldemort. Estes já eram conhecidos entre si. Rowle e Selwyn se juntaram à causa na Alemanha. Eram de família bruxas conhecidas e honestas que também apoiavam a ideia de Salazar Slytherin e, portanto, a ideia de Riddle.
Seguiram-no por diversos lugares e compreenderam a magnitude de seu “novo mestre”. Provaram que mereciam estar no grupo torturando e matando, em surdina, inúmeros trouxas. Quase mais dois anos depois, encontraram Jugson e Gibbon. Ambos eram pequenos, franzinos e louros. Assim como todo o restante do grupo, eram sangues-puros. Estes vieram da Bélgica e também provaram que desejavam fazer parte da área de influência de Riddle. Permanecerem algumas semanas na Bélgica e retornaram a casa de Aurum em Lodz.
Lá, Riddle pegou sua mochila e olhou-se no espelho, coisa que não fazia frequentemente. Seu rosto havia mudado, lembrava uma cobra. Suas feições estavam mais pálidas e finas do que nunca. Sorriu. Não era aquele sorriso cativante que encantava a todos no orfanato e na escola de Hogwarts. Era um sorriso bruto, tenebroso, assustador. Isso, era isso mesmo que queria. Não queria a atenção dos outros com sentimentos fracos. Quem não tinha o poder quando pudesse conquistá-lo era fraco e não merecia a vida que tinha. Era aquele rosto perfeito que procurava. O rosto que todos temeriam. O rosto que a todos dominariam. O rosto conhecido e lembrado pelos seus feitos e suas conquistas. Esse rosto lembraria um nome que a todos afugentaria. Um nome que ninguém se atreveria a presenciar durante seu auge. Auge este que duraria para sempre. Nada o deteria. Não haveria uma queda. Tomara precauções para que não houvesse uma e nada as atingiria. Ninguém nunca soube de nenhuma, a exceção de seus colegas de classe que sabiam, mas não de todas. As que mais prezava eram as relíquias dos fundadores e já sabia onde esconderia uma. Em Hogwarts.
O lugar em que recebeu um lar e aprendeu a magia. Era lá, naquele incrível reduto de magia antiga, jazeria para sempre sua alma. Já sabia inclusive onde a esconderia, naquele lugar em que somente os mais inteligentes aventureiros sabiam, a sala onde se escondia de tudo um pouco. A Sala Precisa seria a morada final do diadema. Mas por que o diadema? Por que tinha ligação direta com os fundadores de Hogwarts. Mas o medalhão e a taça também tinham! Mas o diadema, mais ainda. Foi lá que soube da existência do diadema e de sua localização na floresta albanesas pelo fantasma da filha de Rowena Ravenclaw, a fundadora da casa Corvinal. Seria lá onde o objeto e fantasma teriam suas coincidências, seria lá onde objeto valioso e fantasma tanto quanto estariam, seria lá em que guardaria o diadema de Ravenclaw que agora era uma Horcrux. Desceu as escadas com o auxílio destas e viajariam.
– Para onde, milorde? – perguntou Dolohov, ansiosos para saber sua próxima missão e ainda mais contente em cumpri-la.
– Hogwarts – respondeu.
Todos olharam abismados para ele, mas não discordaram. Dos doze seguidores, apenas quatro puderam ir a Hogsmeade onde se hospedariam aguardando o resultado. Aurum ficaria um tempo em casa, cedendo cama a Laurêncio, Tecnécio e Ytrio. Os quatro restantes permaneceriam na casa de Jugson, na Bélgica, até um próximo encontro. Natrium, Antônio, Mendell e Rubídio o acompanhariam até a Grã-Bretanha. Antes, ele propôs algo que os outros saberiam que ele estaria chamando. Na casa de Avery, todos estenderam o braço esquerdo e mostraram o antebraço. Apontando a varinha para cada um, perguntou:
– Jura fidelidade ao Lorde das Trevas, Lord Voldemort? – todos disseram sim. – Virão ao meu encontro quando eu chamar? – todos concordaram. – Obedecerão a mim em todos os sentidos? – cada um afirmou com a cabeça. – Me procuraram, certificando-se de sempre estarem por perto? – eles concordaram. – Eu invoco a Marca Negra – disse com ferocidade. Alguns pareciam estar fazendo um pacto com o Voto Perpétuo, mas algo muito maior estava por vir. A varinha de teixo estava apontando para onde eles estavam, sem necessariamente em algum es especial. Os doze gritaram quando ele exclamou:
– Morsmordre!
O braço de cada um queimou e ficou negro. Eles o seguraram, alguns lacrimejaram, outros apenas gemeram e logo se endireitaram. Após 10 minutos de agonia e com um cheiro de carne queimada na casa de Aurum, os doze, automaticamente, observaram o braço. Tinha uma estranha tatuagem negra que se mexia lentamente. Era uma caveira que abria a boca e que, de dentro, saía uma cobra que espiralava pelo braço circundando a caveira. Ela dava voltas e voltas e retornava a boca da caveira, desaparecendo momentaneamente.
– É a Marca Negra – explicou –, cada vez que eu tocá-la em um de vocês, cada um deverá se juntar a mim. Caso eu a invoque no céu, todos deverão me encontrar.
Ele nada mais disse. Já havia feito os requisitos do acordo antes do feitiço dominar cada braço. Os fieis seguidores de Lord Voldemort, os Comensais da Morte, seriam conhecidos pela Marca Negra nos braços. Se um dia deserdassem e fugissem, seria assim que os encontraria e os puniria. Estavam ligados a Lord Voldemort que, num estalo, girou e desapareceu. Outros quatro o imitaram, mas foram para a Bélgica. Dos oito restantes, quatro ficaram e os outros quatro aparataram para Hogsmeade.
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