As suspeitas de Potter



As suspeitas de Potter


 


     Denis e Amanda ficaram se encarando alguns segundos, até que Denis comentou:


     - Acho que você precisa aprender o nosso jeito de duelo...


     - É mesmo... Eu preciso...


     Eles demoravam a falar como se seus pensamentos estivessem chegando em câmera lenta, mas não deixaram de se encarar um só segundo. De repente Denis pareceu acordar de um sonho e chamou Amanda:


     - Vamos. Os outros já devem estar jantando.


     - É, vamos...


     Eles se levantaram e saíram da sala 11D, andaram por um longo corredor e chegaram a uma enorme cozinha, onde Victor e Puff já tinham começado a jantar. Denis puxou a cadeira e se sentou Amanda apenas ficou observando eles, então Puff quebrou o silêncio:


     - Por que você não se senta? O jantar esta delicioso.


     - Não se preocupe, não foi o Puff que fez o jantar.


     Amanda sorriu e ficou em silencio por alguns segundos, depois se sentou e se dirigiu a Victor:


     - Me desculpe por ter dito aquilo mais cedo, eu sabia que não tinha a mínima chance de ganhar, mesmo assim eu fui arrogante e desrespeitosa.


     - Tá de boa!


     E Puff comentou na conversa:


     - Não precisava ter dito tudo isso, só um "foi mal '' estava bom.


     Denis ergueu uma sobrancelha pra Victor e ambos sorriram, até ele retomar o assunto:


     - Mas a questão é: você precisa aprender a duelar, para nossa e a sua segurança.


     Amanda ficou feliz em saber que o amigo de Denis não guardara rancor dela, e melhor: pensara em sua proteção.


      - Por mim, tudo bem. Mas quem vai me ensinar?


      Denis respondeu para ela:


      - O nosso professor: Teddy Lupin.


      Puff dessa vez comentou, mas dessa vez para corrigir:


      - Lupin não pode. Saiu em missão e não temos previsão de quando voltara.


      Então Victor olhou para Denis e deu sua ideia:


      - Você pode ensiná-la. Afinal, tem mais paciência e já a conhece melhor.


      - Mas eu faço as missões de busca. Não posso levá-la comigo!


      Amanda interrogou:


      - Missões de busca? - Mas eles pareceram nem escutá-la, e Victor já rebatia:


      - Você acabou de voltar de uma missão. Não precisa fazer outra agora, e além do mais, eu e Puff também sabemos fazê-las muito bem.


      - Mas eu não posso ensiná-la Herbologia ou Poções. Puff pode fazer isso melhor que eu.


      Dessa vez Puff também entrou na conversa:


      - Você não tem a minha super-habilidade em poções, mas pode ensiná-la.


      Denis disse num tom irônico:


      - Muito modesto você, não?


      Eles sorriram e Amanda também entrou na conversa:


      - Por mim tudo bem se Denis me ensinar a duelar!


      Com mais este argumento Denis não pode fazer mais nada a não ser aceitar.


      - Tudo bem então. Na próxima missão de busca vocês irão ao meu lugar.


      - Quando começamos? - Perguntou Amanda empolgada.


      - Amanhã, depois do café.


       Então Puff argumentou:


      - Não temos notícias sobre McEffron. O que será que ele está fazendo agora?


      - Mas o que leva vocês a suspeitarem de McEffron? Ele é o melhor Ministro da história.


      - Quantas vezes teremos que dizer que temos fontes no Ministério? - Argumentou Victor.


      - Mas eu quero saber quais são as suspeitas.


     Denis argumentou:


      - É o que chamamos de suspeitas de Potter. McEffron foi Monitor e Monitor-Chefe, Capitão do time de quadribol na Sonserina e foi campeão sete vezes seguidas. Ele era ótimo em tudo que fazia, tirou “O" em todos os N.O.M.s e N.I.E.M.s que prestou. Resumindo, McEffron foi um aluno modelo em Hogwarts, um dos melhores, se não o melhor.


      - E qual é o problema nisso?


      E Victor respondeu:


      - Em ser o melhor aluno não há problema nenhum, mas todos aqueles que ambicionaram demais penderam para as trevas. Vimos acontecer com Grindelwald, Voldemort e até mesmo Dumbledore. Eles ambicionaram demais e foram para o lado das trevas.


      - Mas Dumbledore foi um grande herói, todos sabem disso.


      - Mas se não fosse o acidente com Ariana será que ele seria um herói?


     Puff falou:


      - Nós pesquisamos o passado de outros bruxos e uma das razões de Potter suspeitar dele é sua sede de poder.


     Denis olhou o relógio na parede e disse:


      - Está tarde, vamos nos deitar e amanhã conversaremos.


     Todos foram dormir cada qual em seu quarto e Amanda no quarto de hóspedes.


     Ao amanhecer, o sol estava claro e reluzente pela janela, iluminando toda a cozinha gigantesca da casa. Quando Amanda se levantou, ela encontrou Denis e Victor tomando café e lendo jornal. Ela ainda estava de pijama, pois não tinha levado o malão que estava em Hogwarts. Se sentou à mesa e perguntou:


      - Puff ainda está dormindo?


      - Não. Ele já tomou café e está praticando Herbologia no quarto.


      Amanda viu uma criatura de orelhas muito grandes como de um morcego, mexendo na frigideira, num fogão bem mais alto que seu próprio tamanho. Ela percebeu que era um elfo doméstico, e os outros também viram e mencionaram:


      - Este é o Timber. Nosso elfo doméstico. Ganhamos ele da sua avó, já que ela é chefe da Seção de Controle das Criaturas Magicas. Ele é livre, mas gosta de trabalhar pra nós.


     Eles ouviram um pio alto e uma coruja muito negra com outra coruja parda entraram pela janela trazendo um enorme malão marrom, com letras bordadas em dourado.


      - É o meu malão.


     Victor comentou:


      - Pensei que Potter fosse mandá-lo ontem, afinal, você precisa dos seus pertences.


      Ela tentou levantar o malão, mas aparentemente era muito pesado pra ela. Denis apontou a varinha para o malão e disse:


      - Locomotor Malão!- E o malão flutuou e saiu pelo corredor. Ela saiu logo atrás e disse:


      - Volto logo...


      Ela saiu e pouco tempo depois Puff apareceu com a roupa suja de terra.


      - E aí gente? Alguma notícia nova?


      Denis estava mexendo na coruja e retirou das suas garras um exemplar do Profeta Diário e tinha uma carta com o nome Harry Potter no remetente. Ele entregou o jornal a Victor e começou a ler a carta:


                         Amigos da Ordem


      “Mandei com esta carta o malão de Amanda. A esta altura, como eu já tinha informado a vocês, todos já sabem do desaparecimento dela e acusam um bruxo misterioso de sequestro. Não sabem da existência de vocês, mas duvido que McEffron não suspeite. Além disso, me informaram que ele está tentando criar uma lenda. Não sei o que quer dizer, mas se vocês tiverem alguma idéia, me mandem um patrono."


      Eles acompanharam atenciosamente a leitura da carta e depois questionaram sobre o jornal:


      - Nada importante - Respondia Victor - Só o que Potter comentou foi o Ministério se gabando e mandando a população tomar cuidado...


      Amanda chegou e Victor se levantou dizendo:


      - O que você está preparando agora, Puff?


      - Estou tentando criar uma espécie de poção de transfiguração, para nos ajudar na autotransformação em animago.


      - E pra que vai servir?


      Puff respondeu com um ar responsável, que raramente assumia:


      - Para podermos nos transformar em outras espécies de animais, que não sejam os nossos próprios.


     Amanda perguntou com uma voz interessada:


      - Vocês são animagos? Quais são os seus animais?


      - O meu é uma doninha - Continuou a responder Puff - O do Victor é um falcão, e o de Denis é um dragão.


     Eles perceberam que ela ficou bem mais empolgada. De certo não imaginara que eles fossem animagos, pois só os bruxos mais poderosos eram. Denis se levantou da cadeira e disse a Amanda:


      - Quando você acabar seu café me encontre na sala 11D, para seu treinamento de duelo.


     Eles se levantaram e saíram por uma porta. Victor, que já tinha acabado seu café saiu pela outra porta, e Puff logo se retirou também. Passaram alguns minutos e Amanda foi para seu treino.


     Ela encontrou a porta da sala 11D aberta e Denis parado à alguns metros. Ela entrou e o cumprimentou, ele respondeu com um aceno de cabeça e disse a ela:


      - Vamos começar seu treino. Empunhe a varina.


     Ela empunhou a varinha e a enorme porta se fechou. E Denis deu aproximadamente vinte passos para trás e disse:


     - Para começar vou te ensinar a usar feitiços de defesa. - eles apontaram a varinha um para o outro. - Quando eu disser três, você vai defender e se esquivar dos meus feitiços.


    Ela esperou um tanto excitada a contagem:


     - Um... Dois... Três! Estupefaça! - E um lampejo brilhante foi lançado rápido contra Amanda, que por sorte conseguiu lançar um feitiço:


     - Protego! - E uma parede transparente e brilhante a protegeu. Ela sorriu com o resultado: conseguira defender um feitiço. Ele falou:


     - Parabéns! Você tem um ótimo Feitiço Escudo, parabéns mesmo. Mas agora eu vou lançar uma grande sequencia de feitiços. Vamos testar sua agilidade. - Ela se preparou e segurou forte a varinha - Um... Dois... Três... Estupefaça! - Outro lampejo foi lançado rapidamente, e ela defendeu com mais um Feitiço Escudo, mas o feitiço mal se dissipara e ela viu mais um Feitiço Estuporante, ergueu a varinha e fez outro Feitiço Escudo, mas dessa vez o impacto foi maior que a defesa malfeita, que embora tenha defendido o feitiço, não a impediu de ser projetada pra trás.


     Ela caiu e rolou alguns metros no chão, e esperou ele vir ajudá-la. Mas ele não veio, e ao invés disse:


     - Um feitiço malfeito não defende completamente os efeitos de um feitiço de ataque. Se fosse um duelo de verdade, você estaria morta. Levante-se, temos que continuar treinando.


     - Certo então. Pode ir quando quiser.


     - Um... Dois... Três... Estupefaça! - Outro lampejo brilhante disparou contra ela, que bloqueou, com efeito, mais três feitiços lançados contra ela, quando Denis a pegou de guarda baixa:


     - Petrificus Totalus! - Ela estava esperando outro Feitiço Estuporante, então levou no peito o Feitiço do Corpo-Preso lançado. Ele apontou a varinha e começou a falar: - Finite! - O feitiço se rompeu e ele recomeçou a falar - Fique atenta! O inimigo não vai mandar apenas o mesmo feitiço. Vai ser necessário você desviar algumas vezes.


     - Tudo bem,vamos tentar de novo! - Disse ela convicta.


     - Um... Dois... Três! Estupefaça! - Um lampejo prateado foi lançado, Amanda se protegeu, e defenderam mais três seguidos, todos Feitiços Estuporantes, depois ela se desviou de dois Feitiços do Corpo-Preso, e uma Azaração de Impedimento, defendeu mais três Feitiços Estuporantes com Feitiço Escudo e saltou para o lado. Denis fez um movimento em falso com a varinha, que não produziu feitiço algum, mas serviu para atrair atenção de Amanda, que desesperada lançou um Feitiço Escudo. Denis esperou dois segundos, e no mesmo segundo que o feitiço Escudo se rompeu, ele conjurou:


     - Expelliarmus! - A varinha dela escapou da mão e ela olhou indignada:


     - Feitiço para desarmar? Você está brincando?


     - Não. O feitiço para desarmar é o ponto básico para terminar qualquer duelo, pois um inimigo sem varinha, não pode conjurar nada, pode?


     - Eu não tinha pensado por esse ângulo. Qual estratégia de luta você usa?


     - Nenhuma. Eu só desarmo o inimigo sempre que posso.


     - Mas você sabe todos os contrafeitiços de duelo, como não tem nenhuma estratégia?


     - Saber os contrafeitiços só ajuda na experiência, não inventa estratégia, nem faz você ganhar nenhum duelo. O que é essencial em todo duelo, é você saber a sua capacidade e não ter medo.


     - Mas, se ele souber feitiços que eu não sei? Como vou contraatacá-lo?


     - Desvie. É o movimento mais básico de todos.


     - Mas eu posso tentar algo diferente?


     - Claro que pode. Só não deve usar feitiços que não sabe ou que não controla. Agora vamos continuar.


     Ela se ergueu e apontou a varinha. Ele começou a contagem:


     - Um... Dois... Três! Estupore! - Ela defendeu o lampejo vermelho, saltou para o lado e escapou de mais dois feitiços estuporantes, logo depois bloqueou outro lampejo brilhante, e viu o campo livre... Ela poderia atacar, mas nesse momento viu o Feitiço para Desarmar acertando-a outra vez.


     - Você não ataca nunca? - Questionou ele.


     - Ataco. Mas pensei que estivéssemos treinando apenas feitiços de defesa.


     - E nós estamos, mas a melhor defesa é o ataque, não é? E eu estou te ensinando a duelar bem, não apenas defender feitiços hostis.


     - Tudo bem. Vou atacá-lo da próxima vez... - Ela pegou a varinha que estava no chão - Você não vai começar a contar?


     - Não, vamos embora. Você já fez grandes progressos hoje. Vá aproveitar o resto do dia, a casa é grande e você tem muito que conhecer.


    Ele apontou a varinha e a enorme porta se abriu, eles saíram e foram para a cozinha, onde chegaram a tempo de ver o elfo Timber preparar o almoço.


     - O elfo gosta de trabalhar para vocês?


     - Ah, sim... Ele veio pra cá por livre e espontânea vontade, gosta de ficar aqui. Ele se sente útil.


     - Mas a minha avó não fez um decreto de libertação para os elfos domésticos?


     - Fez. E com isso ela os impediu de serem escravos, mas não pode impedi-los de trabalhar por conta própria... Mas em todo caso foi ela que nos enviou ele para trabalhar aqui. Ele tem certa afeição pela gente.


     - Na minha casa, ela não quis deixar nós termos um elfo, e pra vocês mandou um dos melhores.


     - Mas você não vivia sozinha e tinha que fazer trabalho de casa quando era mais nova.


     - Nessa parte você está certo, mas eu preferia não ter que lavar a louça na mão, não é?


     - Os elfo só devem ser chamados...


     - Quando realmente necessário e devem receber salários e ter direito a descanso. Meu pai dizia que quando minha avó assumiu o cargo de chefe no Ministério, essa foi a primeira lei que ela pôs em vigor, por isso, ela sempre repetia para ele nunca esquecer...


     - Você fala dela como se ela tivesse sido um monstro...


     - Ah, você diz isso porque não conviveu com ela tanto tempo quanto eu.


     - Na verdade eu convivi sim. Ela foi nossa primeira professora, antes de Lupin aceitar o cargo, ela deu aulas pra nós mais ou menos um mês, desde então ela nos visita frequentemente.


     - Mas ela cobra muito. Está sempre dizendo que temos que ler toda hora, saber de tudo e estar sempre atento, mas eu não acho real necessidade disso.


     - Ela também era assim conosco.


     - E você não achava chato?


     - Não. Na verdade, só eu não achava. Eu era o único que acompanhava tudo que ela dizia, lia de tudo e treinava tudo. Acabei me tornando uma espécie de sabe-tudo do grupo, como ela foi na escola.


     - Você deve estar odiando me ouvir falar mal dela, não é?


     - É. Eu estou mesmo. Mas eu não ligo tanto... E afinal, eu já ouvi coisas piores a respeito dela.


     Nesse momento Puff irrompeu da porta com um frasco cheio de liquido vermelho muito escuro, como sangue e passou bufando.


     - Essa porcaria não vai servir pra mais nada!...


     Denis questionou quando ele passava:


     - O que deu errado?


     - Acho que foi o sangue de dragão. E meu estoque já está quase todo acabando.


     - Por que você não troca o sangue de dragão por pelo de unicórnio? Os pelos de unicórnio têm melhores propriedades transfiguradoras que os dragões.


     - Mas os dragões tem melhor resistência contra outros efeitos, nos ajudaria a ter mais resistência como animais.


     - É uma boa teoria. Mas a questão não era poder se transformar em outros animais?


     - Continua sendo. Mas eu espero unir o útil ao agradável.


     Ele atirou o frasco no lixo e voltou para o seu quarto. Amanda começou o questionário:


     - É bom? - E vendo a expressão de interrogação no rosto de Denis - Se transformar em dragão?


     - Ah, isso! É estranho, diferente de tudo que você já tenha visto ou sentido.


     - Como é? Se transformar, qual é a sensação?


     - É ruim. Principalmente no meu caso, pois um dragão é um animal muito grande e com muitas propriedades mágicas... Torna-se complexo e até doloroso se transformar em algo tão grande e diferente. Quanto mais diferente é um animal de um humano, mais difícil é a transformação nele.


     - Então, a transformação mais fácil seria qual?


     - Um macaco, pois é o que mais se assemelha aos humanos, mas mesmo gatos, ratos e cães são mais fáceis de transformar.


     - Mas, se você sabia disso tudo, por que escolheu um dragão?


     - Fui avisado sobre tudo isso. Mesmo assim meu ego foi tão grande que não me deixou pensar direito. Fiquei maravilhado em saber que poderia me transformar em dragão, e mesmo sendo avisado, o escolhi.


     - Não se pode mudar de animal?


     - Não. Quando você se transforma a primeira vez, algo do animal escolhido como a personalidade e algumas características ficam presas ao bruxo, e isso impede de se transformar em outro animal.


     - O que você tem do dragão? - Ela sorria, aparentemente achando engraçado que Denis tivesse alguma característica de dragão.


     - Por enquanto nada que se acentue muito. Mas eu adoraria cuspir fogo pela boca...


     Eles deram algumas gargalhadas e ficaram conversando pelo resto do dia, Puff ficou no seu quarto treinando poções, e Victor ficou voando pela casa, com sua super vassoura, fazendo acrobacias superdifíceis...


     A noite caía, enquanto muitos dos bruxos no Beco Diagonal já estavam quase puxando as portas para fecharem suas lojas e irem descansar em casa. Muitos estavam ansiosos pela hora de partir que nem viram dois vultos negros, voando como agouros, passando por cima das lojas. De repente eles desceram, desviando rápido de objetos e pessoas, e pararam em frente a uma loja. Voltavam à forma normal quando já estavam se dirigindo a porta da loja. Um bruxo de cabelos grisalhos estava de costas, dentro da loja empilhando caixas retangulares numa prateleira cheia delas, quando ouviu o sino da porta tocar quando os dois vultos de negro entravam. Ele nem se virou para dizer aos dois:


     - Já estamos fechados. Volte amanhã, por favor.


     Uma voz muito rouca respondeu:


     - Com certeza não voltaremos amanhã... - E no momento em que o bruxo de cabelo grisalho se virou, ele só teve tempo de ver o lampejo brilhante atingir seu peito, e sentir suas costas baterem contra a prateleira e derrubar muitas caixas retangulares, antes de seus sentidos desaparecerem completamente...


     O bruxo dono da voz rouca deu alguns passos com seus enormes pés, seguido do outro, que era bem menor que ele. Eles se dirigiram a escada e subiram dois lances de escada. Chegaram num corredor muito fino onde só havia duas portas, a mais perto deles estava escancarada, e a outra no fim do corredor estava trancada. O menor dos dois olhou para o mais alto, que era além de alto, muito corpulento e musculoso, já o menor era bem magricela e com os braços muito finos. O menor começou a falar baixo:


     - Ei! Oliver! Será que ele está no outro quarto?


     - É claro que está! O milorde disse que estaria, e quando ele errou Maulcom?


     - Nunca. Mas ele também não previu que aquele garoto nos enfrentaria.


     - Nem sabemos quem é o garoto. De certo devem ser um desses malditos nascidos trouxas, que o imprestável do Potter insiste em levar para Hogwarts.


     - Eu ainda vou enfrentá-lo de novo. E dessa vez vou matá-lo. – disse o maior dos dois.


     Eles chegaram ao fim do corredor, Maulcom mirou na porta e explodiu-a com estrondo, deixando vários estilhaços no chão. Enquanto a poeira subia, eles viram uma pessoa deitada na cama. Um velho muito frágil e doente estava deitado sobre a cama, estava muito assustado com a repentina aparição de alguém em seu quarto e mal conseguia se mover. Maulcom disse com sua voz aguda:


     - Levante-se, seu velhote imprestável!


     O velho mal conseguiu abrir os olhos, e Oliver já impaciente começou a gritar:


     - LEVANTE-SE AGORA, ANTES QUE EU RESOLVA MATÁ-LO!


     O velho nem piscou, de tão amedrontado que estava. Oliver se descontrolou e em menos de um segundo estuporou o velho, que apenas fechou os olhos, deitado na cama. Ele se aproximou e ergueu o velho com apenas um braço, e jogou por cima do ombro. Já ia saindo pela porta quando ouviu o tumulto lá fora, aparentemente as pessoas lá fora deviam ter escutado o barulho, pois já estavam invadindo a loja e subindo as escadas, Maulcom apontou a varinha para a porta, colocou o capuz negro na cabeça, e quando os primeiros bruxos chegaram à porta ele enfeitiçou:


     - Confringo! - E a parede ao redor da porta explodiu, jogando dois bruxos para trás, em seguida Oliver segurou firme o velho em seu ombro, agarrou Maulcom e aparatou.


     Os bruxos invadiram o quarto e viram a destruição feita, e um deles começou agitar para todos:


     - CHAMEM OS AURORES! SEQUESTRARAM OLIVARAS!


     E a sociedade ficou aflita a noite toda. Já na Bromptom Road todos estavam começando a dormir, quando uma luz forte irrompeu pela sala, iluminando toda a casa. Eles se levantaram correndo e se dirigiram para a sala, mesmo de pijama. Chegando lá, viram um cervo luminoso parado à sala. Quando pararam em frente à ele, uma voz conhecida ressoou:


     - Fiquem alerta! Olivaras foi sequestrado e acusam Denis de tê-lo feito. Qualquer movimentação estranha saiam dai! Fiquem alerta e não saíam até terem certeza que é seguro.


     O patrono desapareceu e eles ficaram aflitos, olhando um para os outros, quando Puff fez seus comentários:


     - Como podem ter feito isso? Sequestrar Olivaras bem debaixo dos narizes deles, é muita loucura!


     - E ainda puseram a culpa em mim? - Retorquiu Denis. Então Victor comentou:


     - Isso vai ser ótimo para o Profeta Diário.


     - É melhor nós irmos dormir, afinal, não podem descobrir esta casa, podem? - Era Amanda quem perguntava.


     - Não podem, pois há todo tipo de proteção disponível aqui. - Respondia Victor.


     - Então o melhor a fazermos é irmos dormir.


     Eles concordaram, mas todos dormiram com as varinhas bem perto do alcance das mãos.


     No outro dia, bem cedo já chegava a notícia no Profeta Diário:


                                                “Olivaras sequestrado"


     “No fim da tarde de ontem, um homem invadiu a loja de varinhas para sequestrar seu dono, Olivaras, que está muito velho e mal consegue se mexer, por isso, seu aprendiz, o Sr. Corey, já estava fechando a loja, quando um vulto de preto invadiu a loja e o estuporou, depois subiu as escadas e fez menção de explodi-la para matar Olivaras, mas a tentativa deu errado, e antes dos bruxos do Beco conseguir alcançá-lo, ele aparatou. Ninguém sabe quem é o verdadeiro autor desse horrendo crime, mas os aurores suspeitam que tenha sido o mesmo que sequestrou Amanda Weasley, que está desaparecida até hoje. O Ministro já colocou uma recompensa para quem capturá-lo: mil galeões morto, e dois mil galeões vivo, para interrogatório...”.


     - Nossa! Eles estão apostando todas as fichas nisso, não é? - Comentava Puff.


     - Acham mesmo que podem me prender? Nunca me levarão para Askaban! - Disse com a voz penetrante, Denis.


     Amanda olhou para ele e viu que seu olhar era concentrado. Ele realmente não deixaria ninguém levá-lo para Azkaban.


     O tempo foi passando, os dias voando como o vento, passando tão depressa que era impossível fingir que não passara tão rápido. O treinamento de Amanda continuava, e ela já estava tendo ótimos resultados. Defendia e esquivava de feitiços rápidos e diferentes, já contra-atacava e criava ate planos de ataque, embora não conseguisse cumpri-los com perfeição e Denis desviasse sem muito esforço. Sempre depois do segundo treinamento do dia, eles iam para a sala conversar, e quando acabaram de chegar viram Puff e Victor jogando xadrez de bruxo, aparentemente era uma partida muito disputada, mas Puff perdia por uma ou duas peças. Denis sentou-se no sofá e falou:


     - Eu jogo com quem ganhar.


     Nesse momento a porta de entrada se abriu, ouviu-se um horrendo barulho de gatos miando alto, eles se levantaram e apontaram as varinhas para a porta numa fração de segundo, deixando Amanda avulsa, atrás deles. Eles pararam em frente à porta de entrada, que estava repleta de névoa branca, subindo e descendo em movimentos disformes. De repente ouviu-se uma voz pronunciando:


     - Expecto Patronum! - E um cervo azul-prateado passou correndo pela névoa, se aproximou deles e parou observando. Eles guardaram as varinhas enquanto a névoa se dissipava. Quando ela sumiu, eles viram o dono do patrono, e falaram com uníssono:


     - Harry Potter! - Ele estava parado de pé, olhando para eles. Tinha os cabelos muito brancos, mas não tinha muitas rugas. Usava um paletó de risca negro e óculos muito redondos. Amanda deu um gemido agudo e saiu correndo em direção ao tio-avô, eles se abraçaram forte e conversaram baixinho por alguns segundos, e depois se soltaram e foram caminhando juntos em direção aos outros. Quando Potter chegou perto deles, estendeu a mão e apertou as mãos dos garotos e logo começou a falar:


     - Como vocês estão? - Perguntou ele com calma.


     - Bem. O que o traz aqui?- Perguntou Victor, indo direto ao assunto.


     - Sabia que você diria isso... Bem, vocês devem saber que Olivaras foi sequestrado.


     - Sim, sabemos. - Continuou Victor, interrompendo Potter.


     - Bem... A Ordem tem uma missão para vocês.


     - E qual é? - Perguntou Puff ansioso.


     - Invadir o refúgio de McEffron.

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