Capítulo II

Já haviam se passado 32 minutos e Alice ainda não parara de falar.

É, eu contei.

- Sério Sabina, não acredito nisso, não acredito na tua sorte guria! – ela andava de um lado pro outro do dormitório enquanto eu a observava entediada, sentada em minha cama.

 

- Sorte?! Alice, eu não sei se você percebeu, mas antes de ontem eu rolei dois lances de escada, DOIS! Os hematomas não vão sair tão cedo!

- Como diz o velho deitado...

- O velho ditado...

- ...há males que vem para o bem.

 

- O que decididamente não é o caso! É-só-a-porcaria-de-uma-festa-Alice  - eu já estava a ponto de voar no pescoço dela.

- Não é só uma festa, Sabina, é a festa mais legal e exclusiva da escola e você foi convidada diretamente pra ela! Nada de sorteios, nem jogos, o Sirius Black praticamente chegou e te disse “e aí gata, vamo na minha festa super maneira nos pegar até os seus ossos virarem pó hehehe”.

 

- Para o seu bem eu vou ignorar a última parte. – eu disse com um sorriso sarcástico – E eu não chamaria isso – disse entregando o envelope amarelo sujo de cobertura de chocolate pra ela – de “convidar diretamente”.

- Foda-se, Sabina, quem liga? O importante é que você foi convidada e que essa é a sua chance de mostrar pra Hogwarts que você existe e já está aqui há 5 anos!!! – ela me sacudia. Muito obrigada pela parte que me toca, Alice – Além disso, se você não for, eu juro pelas barbas e até os pelos pubianos de Merlin que arranco um fio desse teu lindo cabelinho louro aguado,  - dá pra parar de acabar com a minha raça, guria? – faço uma Poção Polissuco, vou pra essa festa, faço tudo o que você não tem coragem de fazer e depois ainda te mato de inveja!

Eu poderia dizer que a Poção Polissuco levaria um mês para ser feita, isso sem contar os ingredientes e a complexidade, mas uma coisa deve ser dita a respeito de Alice: não é recomendado contrariá-la e/ou contestá-la quando ela está com raiva (o que acontece frequentemente). Ela assume um ar psicopata enquanto esbugalha os olhos e fala muito rapidamente e sem interrupções. Da última vez que Franco Longbottom o fez, ele quase foi impossibilitado permanentemente de ter filhos, se é que vocês me entendem.

- Ok... OK PORRA, EU VOU! Caralho... – eu berrei me arrependendo no instante seguinte – Certo, eu vou Alice, ta feliz agora? Ta contente? Vai me deixar em paz?

- Hahahaha óbvio que não! – agora ela tinha ido de Alice Psicopata para Alice Raio-de-Sol, dançando debilmente – Agora nós vamos falar sobre isso até a noite, quando você finalmente sair para a sua primeira festa de verdade!

Merlin.o.que.foi.que.eu.fiz.tenha.piedade.

 

 

 

 

 

Quando Alice disse que falaríamos sobre isso até a noite ela não estava exagerando. Na verdade não teve nenhum “nós”, foi quase um monólogo.

 

- Ta, vamos decidir o que você vai usar... – ela disse enquanto sentávamos à mesa da Grifinória para almoçar.

- Que tal... roupas??????

- Eu acho que eu tenho um vestido que ficaria ótimo em você, apesar de você não ter peito o suficiente para usá-lo... literalmente hahahaha – ela disse mais para si mesma do que para mim, ignorando totalmente a minha piadinha super inteligente e elaborada, essa vadia!

- Ta vendo, Alice? Nem roupa eu tenho! Não vou mais – acho que essa foi quinquagésima terceira vez que mudei de ideia.

- Ah, você vai, lógico que vai! Porque não iria?

 

- Vou fazer uma lista pra você: 1º eu não tenho o que vestir 2º eu não sei dançar 3º eu não conheço ninguém 4º eu não estou afim de ver o quanto as outras garotas são mais bonitas e legais que eu 5º você quer mesmo que eu continue?

- Não vou fazer comentários sobre como você é bonita em pleno Salão Comunal, as pessoas já acham que nós somos lésbicas... Mas de qualquer maneira, você vai estar ocupada demais se pegando com o Sirius que nem vai precisar dançar, E QUANTO A ROUPA – ela aumentou o tom de voz ignorando a cara feia que fiz – é uma festa trouxa, você é mestiça, não vai ser um problema...

- Espero que esteja certa, pra variar um pouquinho – ela riu e em seguida jogou um punhado de ervilha na minha cara. Eu amo minha melhor amiga, eu amo minha melhor amiga.

 

Depois do almoço tivemos dois tempos de Feitiços, onde Sirius conseguiu uma detenção em tempo recorde, no 3º dia de aula, por escrever na lousa “CORNÉLIA STRUDDEL GOSTA DE BRINCAR COM A VARINHA DO HORÁCIO SLUGHORN”. Achei que Cornélia fosse explodir, achei que depois de vermelha ela ia ficar roxa e nunca mais voltar à cor normal, achei que ela puxaria Sirius pelos cabelos e o faria apagar a lousa com a língua. Ela se limitou a berrar “FORA DA MINHA SALA E JÁ PARA A DETENÇÃO, SEU RAPAZINHO INSOLENTE E PERVERTIDO!”. Ele saiu sorrindo e mandando beijos. Uma terceiranista quase desmaiou.

 

É claro que passei o dia inteiro evitando-o. E é claro que passei o dia inteiro pensando em quão ridículo seria chegar lá e “oi, você e seus amigos me fizeram rolar dois lances de escada e eu ainda tenho os hematomas mas decidi vir à sua festa porque não tenho uma vida social”. Eu nem sei por que estou indo. Óbvio que não ter as unhas da Alice cravadas na minha jugular e continuar vivendo é um ótimo motivo mas a verdade é que Sirius me irrita, Tiago mais ainda, Ananda Albarn me dá nojo. Estar num lugar cheio de cópias dessas pessoas não vai ser muito agradável.
Exceto o Sirius, o Sirius é único. Graças a Merlin por isso!

 

 

 

 

 

Depois de duas horas tentando encontrar no malão de Alice e no meu uma roupa bonita, que fosse comportada e ainda assim sexy, que tivesse a minha personalidade e também mostrasse um lado completamente novo e sensual de mim em vão, acabei decidindo por usar um vestido de mangas ¾ preto com gola Peter Pan branca, meia-calça branca, um sapatinho boneca preto e uma tiara preta no cabelo. Alice julgou meu look como “comportado e trouxa demais”, acrescentando um “Hahahah, entendeu o trocadilho? Trouxa? Hahahaha” logo depois. Eu o julguei satisfatório, afinal, eu não estava tentando impressionar ninguém, certo? Certo.

Caminhei até o 7º andar com a certeza de que deveria voltar e fazer algo útil, de que aquilo era ruim, de que eu iria me arrepender, mas como sempre o meu lado “ah, vamos lá, tente, você não tem nada a perder, pode ser divertido!” venceu.

 

Chegando lá me concentrei na missão impossível de imaginar como uma festa trouxa feita por bruxos pareceria. Por incrível que pareça funcionou. Uma porta se materializou na parede antes vazia à minha frente. Eu entrei e graças á Merlin todos pareciam estar ocupados demais para me notar.

A sala estava escura, – exceto pelos mini holofotes coloridos – cheia e quente, quente pra caralho, quente como o inferno deve ser.  As pessoas se mexiam freneticamente e em menos de um minuto lá dentro achei que iam arrancar meus cabelos ou sei lá, a minha roupa!  A música parecia ser do Sex Pistols, o que me pareceu apropriado apesar de eu ter certeza que 90% das pessoas ali não sabia do que se tratava.

Depois de muita luta para me enfiar no meio das pessoas, sendo espremida e esmagada, quase deixando meu cabelo e outras partes do meu corpo para trás [isso ficou estranho G_G], consegui me mover na velocidade de uma lesma até o outro lado da sala, onde descobri que não tinha nada para fazer.

 

O que eu to fazendo aqui, porra? Caralho, como eu sou idiota! Calma, eu ainda tenho chance de ir embora sem que ninguém me note... É só atravessar o marzão de gente fornicando pra chegar do outro lado da porta. Mas eu não to afim de atravessar o marzão, porque eu não posso simplesmente aparatar até a minha cama? Porque eu não posso morrer? Merlin me acode!

 

Eis que no meio da escuridão, enquanto eu travava uma batalha interna, uma figura se aproximava. Espremi os olhos e constatei que era Sirius Black. Ótimo, maravilha, mesmo.

Ele usava uma calça escura colada (não o suficiente para parecer gay, e isso é importante), um suéter listrado preto e branco e coturnos. Além disso, ele tinha pintado os cabelos de azul com tinta removível na água e passado [precariamente] lápis preto nos olhos. Ele era um punk. E ele tava um gato. É, falei.

 

- Você veio!!! – ele disse sorrindo, animado até demais. Não posso lhes dizer ao certo se ele estava no seu estado natural ou se eram efeitos das drogas. – E você ta gaaaaaaaaaaaaata! – Drogas, com certeza.

 

- E você ta doidão – eu disse com um risinho sem graça – E tem um cachimbo de maconha, acho que se a mamãe e o papai descobrirem você vai ficar encrencado, rapazinho insolente! – eu disse apontado para o cachimbo em sua mão esquerda e fazendo uma imitação genial de Cornléia Struddel, palmas para mim!

 

- Não é um cachimbo de maconha, senhorita, é um cachimbo da paz de uma tribo indígena americana! – ele disse como quem diz “como ousa, garotinha burra?”, colocou o cachimbo entre os dentes, levantou a mão esquerda e me saudou indigenamente – HOW!

 

- Ta bom, me dá isso aqui – e tomei o cachimbo de sua mão para dar um trago [é assim mesmo que se fala? “dar um trago”?]

- Mim ser grande e sábio índio Almofadinhas, você ser cara pálida, você não fuma cachimbo da paz!

 

- Mim ser garota irritada, você não contraria garota irritada com hematomas – eu encerrei a conversa dando uma baforada de fumaça em sua cara – Espero que esse seja mesmo o cachimbo da paz, porque essa festa ta me deixando muito irritada...

 

- Você parece uma velha de 80 anos presa no corpo, e digamos de passagem “que corpo”, de uma garota de 15 – eu nem tive tempo de encará-lo com o olhar da fúria mortal pois, no instante seguinte, ele agarrou a minha mão e me puxou com a delicadeza de um trasgo montanhês para dentro da multidão de pecadores (Deus tenha piedade de suas almas, amém!) suados e drogados.

- Ô MEU FILHO QUE QUE CÊ TA FAZENDO, TA LOCÃO? – eu protestei tentando ao mesmo tempo me livrar das mãos dele e não ser arrastada ou ficar para trás. Não é preciso dizer que falhei tragicamente no primeiro quesito.

 

Chegamos ao outro lado da sala, aonde havia um balcão comprido que servia como bar e um sextanista metido e mal encarado da Sonserina que supostamente seria o barman. Olhei mais atentamente e reconheci quatros garotos encostados ali: Tiago Potter, Remo Lupin e Pedro Pettigrew, os namorados ops melhores amigos de Sirius. Maravilha, a gangue reunida, o que vocês vão fazer agora? Me fazer surfar na galera ou dançar brake pelada no meio de uma rodinha?

 

- Então, essa é a Sabina – Sirius anunciou me apresentando. Vulgo a garota que vocês quase mataram há dois dias atrás.

 

- Sabriiiiiiiiiiina!!! Como você ta? Cara, a gente sente tanto pelo que aconteceu com você, o Sirius já te explicou tudo né? Não era pra ter sido você cara, descuuuulpa – esse era o Tiago falando, e ele estava MUITO chapado e dava tapinhas no meu ombro e me abraçava a cada duas palavras.

- Oi hehehehe tirando os hematomas [e a humilhação perante a escola] ta tudo bem hehehe não precisa se preocupar – e essa sou eu tímida.

- A GENTE FEZ UMA COISA PRA VOCÊ – e esse era o Sirius pulando feito um débil mental na minha frente.

- Fizeram é? – Merlin me socorra nesse momento de tensão.

 

- TCHARAM! – ele pegou do balcão um copo cheio de uma bebida translúcida dourada, que quando chegava à borda transbordava no que pareciam ser fios de cabelo.  

 

Eu encarei o copo por instante, depois a cara de expectativa de Sirius, depois a cara de chapadão do Tiago, depois o rosto incrivelmente corado e constrangido de Remo, depois o de entediado de Pedro, até voltar a Sirius e de novo ao copo, e por fim disse:

 

- Que porra é essa?

- É a bebida mais incrível que uma bebida já teve ou vai ter a honra de ser – Sirius começou.

- Cara, você ta doidão, sério.

- É a MADEIXAS DE SABINA!!! – ele berrou orgulhoso.

- Puta que pariu, Sirius. Sério isso? Sério mesmo? – imaginem minha incredulidade nesse momento.

 

- Eu sou um gênio, né? Pode dizer! É claro que o Tiago teve uma pequena contribuição, mas eu fui o grande mentor, lógico...

- É o nosso pedido de desculpas heheheheheh – nesse momento achei que o Tiago fosse rir até vomitar e depois cair no chão e morrer asfixiado no próprio vômito.

- Nossa, eu estou profundamente lisonjeada, nem sei o que dizer...

- É, eu sei eu sei – o Sirius, contrariando as regras de um bom irônico, decididamente não sabe reconhecer ironias. Ele pegou um copo de “madeixas da Sabina” pra ele e me entregou outro. – TIN TIN!!!

 

Ignorando totalmente o meu bom senso e instinto de sobrevivência, peguei o copo e o virei de uma vez.

 

Sirius sorriu orgulhoso, me deu uma piscadela e disse:

 

- Welcome to the dark side, lady!

 

∆∆∆

N/A: Oi gente(??). Eu sumi por um tempinho e o motivo foi: ninguém lê/visita minha fic #chatiada. Acho que é normal quando a fic ta no começo e já me avisaram que as fics dos marotos não fazem tanto sucesso e tal, mas mesmo assim a gente sempre espera, né? Bom, daí eu entrava e não via visitas novas e acabei desanimando de escrevê-la. Só que eu me lembrei que gosto bastante da história, gosto de imaginá-la e gosto de escrevê-la, então resolvi voltar. Vou tentar postar um capítulo por semana, como disse no início, e é isso. Se você está lendo isso e se você gostou da minha fic, faça uma autora feliz e a dê ânimo para escrever, é só fazer um comentário rapidinho hehehehe foreveralone mesmo. Então ta, é isso, beijos!

Innocence: ei amore, fico muito feliz que você goste da minha fic, de verdade, pelo menos uma pessoa! Hahahaha desculpa pela demora, mas trouxe um Sirius punk para recompensar hahahaha espero que não abandone minha fanfic apesar de eu tê-la abandonado ): Beijos querida!

Rafaela Granger Snape: você não imagina o quanto o seu comentário me fez feliz! Sério, passei o resto da noite inteira sorrindo debilmente hahahahha Fico muito feliz que você tenha gostado da fic e espero que continue acompanhando flor, beijos!

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