Capítulo I
Acordei em uma manhã ensolarada em que os pássaros cantarolavam do lado de fora da torre da Sala Comunal da Grifinória. Infelizmente meu humor não ornava com o clima de comercial trouxa de margarina que fazia lá fora. Olhei no relógio e, depois de muito esfregar e arregalar os olhos, constatei que eram 7:04 da manhã, o que significava que eu estava atrasadíssima para o meu primeiro dia de aula como quintanista. Parabéns, Sabina, sua retardada.
Me levantei com um sobressalto, olhei em volta e estava sozinha no dormitório. Alice, sua vadia piranha vagabunda desgraçada, você me paga. Alice é minha melhor amiga, mas não por muito tempo, já que muito em breve ela estará morta. A minha única amiga é uma filha da puta egoísta que nem ao menos se dá o trabalho de me acordar, sei lá, só por consideração, vadia vadia vadia. Praguejei enquanto vestia a saia do uniforme, dando pulinhos em volta do dormitório, com o cabelo preso em um coque no topo da cabeça. Uma cena bem bonita de se ver.
Depois de lutar por longos 5 minutos para pentear meus cabelos e desistir quando o último grampo caiu no chão e desapareceu – “maldade inata do ser inanimado” meus caros – joguei meus livros e cadernos na mochila e saí correndo desembalada.
Cheguei no Salão Principal e encontrei Alice sentada na mesa da Grifinória, saboreando sua torta de maçã, rindo e flertando com Franco Longbottom. Va-ga-bun-da.
- Obrigada Alice, realmente muito obrigada, eu não sei o que seria da minha vida sem você. – eu disse no tom irônico que ela conhecia muito bem, sentando ao seu lado e lançando meu olhar ainda-arranco-suas-tripas-piranha.
- Sabssssssssssss – ela disse sorrindo, tentando me abraçar – Me desculpa Sabs, eu tentei te chamar mas você dormia feito uma pedra...
- Aham. Tá. – peguei uma fatia de bolo de chocolate, ou melhor, d’O Bolo de Chocolate dos Deuses, e saí andando.
- Sabinaaaaaaaaa, espera aí poxa! – ela corria pra me alcançar – Me desculpa, eu também tava atrasada, te chamei alguma vezes mas você não acordou!
- Crucio, Alice, Crucio! Qualquer coisa que me fizesse acordar, poxa! Qualquer coisa pra eu ter um café da manhã tranqüilo e decente... – eu disse dando uma mordida n’O Bolo, me encaminhando com passos apressados para a sala do Prof. Binns (começando o dia e o ano com História da Magia, yaaaaaaaaaaay!), com Alice grudada no meu calcanhar. – E você ta de rolo com o Franco de novo? Pelamor Alice...
- Ai Sabina, cê não pode me culpar, você já reparou naqueles braços? ME DIZ SABINA, VOCÊ JÁ REPAROU NAQUELES BRAÇOS? – ela disse isso mordendo os lábios e eu só pude rir, rir porque ela era minha melhor amiga pervertida e porque eu estava feliz em tê-la por perto de novo.
Mas aí, acabando com toda a magia do raro Momento Sabina em Acesso de Fofura, uma tragédia acontece: [N/A: imaginem tudo isso em câmera lenta, é mais emocionante hahah] enquanto digo pra Alice o quanto ela é uma safada pervertida, começo a descer o lance de escadas, sinto algo sob os meus pés, apesar de não ver nada, escorrego e saio rolando escada abaixo. Merlin, seu grande filho da puta, tu podia ter me deixando viver um pouco mais! Quero que gravem “Aqui jaz Sabina Plastinina, a garota mais gostosa OPS BRINCADEIRA inteligente que o mundo bruxo já vira” na minha lápide e toquem In my life no meu enterro. John Lennon, eu te amei, com toda a metade trouxa do meu coração amargurado, eu te amei. MÃE, A MACONHA EMBAIXO DO COLCHÃO NÃO É MINHA! Adeus mundo cruel! Aí eu apaguei.
zZzZZzZzZzZzzZzZzZzZZzZzZz...
- Sabina?
- Ahn...
- Sabina???
- Hummm
- SABINA, MALDITA!!!
- CARALHO, TO AQUI!
- Srta.Carter! Caso você não tenha notado, isso aqui é uma enfermaria! E Sabina, se você continuar gritando suas costelas vão sair voando pela sua boca, então eu aconselho que a senhorita a mantenha fechada! – era a voz de Madama Pomfrey, ou Madames Pomfreys, já que eu via duas, no pé da minha cama.
- Foi mal – Alice e eu nos desculpamos pela gritaria enquanto ela saía com sua cara-da-eterna-TPM (palmas para Alice e seu dom incomparável para criar apelidos *clap clap*)
- Caralho Sabina, não faz mais isso, eu achei que você tava morta! – Alice disse beijando todo canto beijável do meu rosto.
- Tá, tá, chega, homossexualismo em público não Alice, já disse... O que aconteceu? – eu disse me sentando na cama, mas me arrependendo no instante seguinte, pois sentia uma dor lancinante no topo da cabeça.
- Ok, você rolou dois lances de escada amiga, DOIS LANCES DE ESCADA! A sua sorte foi que elas não estavam se movendo na hora... – ela disse num misto de euforia e preocupação.
- Tá, e como é que eu rolei dois lances de escada? Eu sei que eu sou desastrada e tropeço até parada mas...
- Bolinhas de Gude Camufláveis.
- Bolinhas...? Bolinhas de Gude Camufláveis da Zonko’s?!
- É, essas mesmo, fazendo vítimas desde 1953! – ela disse como uma garota propaganda, acrescentando um “desculpa” depois de notar a minha cara de poucos amigos.
- Eu atraio esse tipo de coisa, só pode... Quão pé frio uma pessoa deve ser pra rolar dois lances de escada e quebrar o braço no primeiro dia de aula em uma escala de 0 á Sabina Plastinina? Mas, opa, hehehe, eu sou a Sabina né, ta explicado! EI, ME DEVOLVE O ESPELHO! – eu berrei (e recebi o meu próprio olhar ainda-arranco-suas-tripas-piranha, vejam só, da Madame Pomfrey) quando vi Alice escondendo o espelho.
- Amiga, é melhor não...
- Pelamor, não pode ser pior do que o que eu vejo todos os dias! – e tomei o espelho da mão dela. Mas é claro que se tratando de mim, pode ficar pior... Quando me olhei no espelho havia um curativo no cantinho da testa, onde os cabelos loiros ainda estavam sujos de sangue, outro curativo no queixo, um hematoma roxo embaixo do olho esquerdo e um corte no lábio inferior. Coloquei o espelho de volta na mesinha de cabeceira, olhei para cima e lamentei – Merlin, eu sei que a nossa relação nunca foi muito próxima mas, sério, porque tanto ódio no seu coração? Porque me fazer parecer a maldita esposa de um troll das montanhas? Eu sou uma boa garota, tirando o mau-humor e o estresse eu sou!
- Amiga, não há nada que uma boa maquiagem não possa resolver! É sério, eu e você presenciamos todos os dias esse milagre, basta olhar pra cara da Ananda quando ela acorda e depois quando ela sai do banheiro! A gente vai dar um jeito nisso!
- Só se a nossa amizade for forte o suficiente para que você me maqueie depois de morta pro meu enterro, porque eu vou me matar! Aliás, quem foi o filho da puta que fez isso? Aí eu aproveito e levo ele junto comigo! – eu disse, subitamente me lembrando do causador da minha angústia e sofrimento.
- Errr... Tiago e Sirius – ela disse baixinho, como se fosse um palavrão.
- O QUE? TIAGO E SIRIUS?!
- OU VOCÊ CALA A BOCA OU EU FAÇO VOCÊ PRECISAR FICAR UM MÊS INTEIRO AQUI, GAROTA! – Madame Pomfrey berrou do outro lado da enfermaria.
- DESCULPA! Desculpa. – eu disse com a minha melhor imitação da cara de um cachorrinho arrependido – Tiago e Sirius? Sério?
- Aham, na verdade foram Sirius e Remo que te trouxeram até aqui, mas tiveram que ir embora por que a Madame Pomfrey vive em eterna TPM mesmo depois da menopausa, como você sabe...
- Ela fez bem, se eu acordasse e o Sirius estivesse aqui, ele ia precisar mais dessa maca do que eu! – eu disse enquanto socava e torcia o travesseiro – O que eu fiz praquele guri? Além de salvar a pele dele, óbvio!
- Com certeza ele tem uma boa explicação pra isso.
- Quero que ele e suas explicações vão para o inferno... Agora vai pra aula e me deixa sozinha nesse poço de dor, amargura, decepções e tristeza que é a minha vida, já que a Madame Pomfrey vai me deixar apodrecer e decompor nessa cama.
zZzZzZzZzZzZzZzZzZzZzZzZZz...
Quando acordei já era noite. Não me pergunte como aconteceu mas estava vestida na minha camisola de ovelhinhas e vaquinhas. Na mesa de cabeceira havia um prato de sopa com uma cara não muito convidativa, ao lado de um jarro de água e um frasco com comprimidos. Me sentei na cama esfregando os olhos e bocejando. Virei para o outro lado da cama e me deparei com Sirius Black. Olha, eu odeio o Sirius Black, portanto, não me importo com o que ele pensa de mim, mesmo assim não é agradável encontrar o garoto mais bonito da escola (e mesmo que eu odeie admitir isso, é a verdade) parado ao lado da sua cama quando você está vestida numa camisola de ovelhinha e vaquinhas, com o cabelo tão bagunçado que provavelmente parece um ninho de passarinho e a cara – de sono – cheia de hematomas.
Ele por sua vez estava no seu esplendor habitual. Tirara a gravata e o casaco do uniforme e usava apenas a camisa branca amarrotada, com os botões de cima aberto. A mão esquerda no bolso da calça e uma caixa na outra mão.
- Oi – ele sorriu timidamente, com o que seria a cara de desculpas mais “awn vem cá” que eu já vi, se eu não o odiasse.
- O que você tá fazendo aqui? – eu disse, tentando (em vão) dar um jeito no meu cabelo.
- Eu vim ver como você ta e também vim pedir desculpas. Eu sei que você deve estar me odiando agora... Certo, a julgar pela sua cara, você está me odiando agora...
Eu respirei fundo, tentando não ser intimidada pela perfeição (física ok, física) da criatura que estava diante de mim naquele momento.
- Porque você fez isso? Sério, eu não entendo. Eu nunca fiz nada de mal pra você, pelo contrário, eu salvei a sua vida, caso você não se lembre...
- É claro que eu me lembro! - ele colocou a caixa na mesa de cabeceira e SE SENTOU DO MEU LADO NA CAMA. Respira guria, respira! – Sabina, um dia eu vou fazer com minhas próprias mãos uma estátua em sua homenagem, para que ninguém nunca se esqueça da pessoa maravilhosa que você é!
- Menos Sirius, menos.
- Não, é sério, eu não esqueci, eu vou ser – e nessa hora ele pigarreou e fez uma cara e voz de pessoa muito importante – eternamente grato! – e riu. E eu quase ri com ele, QUASE.
- ENTÃO PORQUE VOCÊ FODEU COM A MINHA VIDA?! – tive que gritar para me impor e mostrar pra ele que o poder de seu charme não ia funcionar comigo.
- Não era minha intenção! Sério! – ele respirou fundo, como se estivesse prestes a contar uma história muito longa, e recomeçou – Tiago e eu queríamos pregar uma peça no Ranhoso...
- Você quer dizer Severo, pregar uma peça no Severo – eu o censurei, arqueando as sombracelhas.
- É... Nós jogamos as bolinhas, só que aí você passou a frente dele e caiu, no lugar dele entende.
- Sirius, de verdade, não vai ajudar você vir aqui e dizer que era pra outra pessoa se foder no meu lugar.
- Eu sei, eu sei, acontece que Tiago e eu ainda não temos o mesmo nível de maturidade que você tem – ele sorriu tristemente – Mas você era a última pessoa nessa escola a quem eu queria que isso acontecesse, e eu tô realmente mal por ter feito você passar por isso. – Awn. – Me desculpa? – Desculpo neném, vem cá dar um abraço.
- Eu só posso te dizer se desculpo ou não se o meu rosto voltar ao normal sem cicatrizes e o meu braço voltar a funcionar perfeitamente depois disso aqui...
- Certo, é justo. Mas os hematomas ficaram bem sexy, você parece uma heroína vicking depois de uma batalha – ele sorriu. Não vai funcionar Sirius, não vai funcionar. – Ah! Eu te trouxe uma coisa... – ele disse pegando a caixa e me entregando. – A comida daqui é horrível.
Eu abri a caixa e meu estômago deu pulos de alegria quando bati o olho na Oitava Maravilha do Mundo: O Bolo de Chocolate dos Deuses!
- Isso é golpe baixo, Sirius... – eu disse lambendo a cobertura que ficou no tampo da caixa.
- Honestidade não é o meu forte... – o que não era verdade, Sirius podia ter um monte de defeitos (a idade mental de um trasgo de 3 anos de idade é o primeiro da lista), mas ele não estava na Grifinória à toa.
Eu fechei a caixa e a coloquei na mesa de cabeceira porque a situação já estava bem feia sem eu estar atacando o bolo feito um troll esfomeado.
- Não vou agradecer porque você não faz mais que a sua obrigação em me alimentar decentemente depois de quase me matar, ou pior, me deixar tetraplégica.
Ele riu. Pqp Sirius, assim fica difícil...
- Olha, você devia ir agora... – Ou eu vou acabar te matando ou me jogando nos seus braços. – Sabe, ta ficando tarde, e jajá vão fazer a ronda, então...
- É, e eu já te irritei demais por um dia... – ele sorriu – Bom, melhoras então menina, e boa noite. – ele apertou a minha mão, sorriu e foi embora.
E eu fiquei lá, parada, olhando pro nada, ainda sentindo sua mão fria tocar a minha. E depois a sacudi no ar.
Depois de recapitular toda a conversa na minha mente, senti meu estômago roncar e me lembrei que tinha uma fatia generosa d’O Bolo ali. Vai precisar de mais uns sete desses pra se redimir, Merlin.
Peguei a caixa e ouvi algo cair no chão. Era um envelope amarelo, com os seguintes dizeres em letras desajeitadas: “Para a Super Sabina”.
∆∆∆
N/A: Postei o capítulo bem antes do previsto porque 1) já o tinha todo pronto na minha mente e tive tempo para escrevê-lo e 2) sei o quanto é difícil se interessar por uma fic só pelo prólogo. To bastante animada e cheia de ideias pra fic, então Accio leitores e comentários, hahaha!
Por enquanto vou responder o único comentário que recebi #chatiada.
Innocence: que bom que você gostou querida! Fiquei muito feliz com o teu comentário, de verdade <3 Continua de olho que as coisas agora vão melhorar hahaha beijos!
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