Alvo
A ansiedade que Alvo sentira no dia que foi ao Beco Diagonal não era nada comparada a ansiedade que se apoderara dele agora. Ele não conseguia pensar em mais nada, era como se tudo – tudo mesmo – estivesse girando em torno daquilo. O dia finalmente chegara, era hoje o dia em que ele finalmente embarcaria num trem e iria para Hogwarts.
Como se já não bastasse o fato de que ele tinha e impressão que sua cabeça explodiria, Rose tinha sumido a manhã inteira, Alvo acordara às seis da manhã e ficou cerca de uma hora deitado na cama tentando se acalmar, quando chegou à conclusão de que era uma causa perdida, ele se levantou e foi para a sala, não ligou a televisão para não acordar todos na casa.
Passaram-se alguns minutos e ele já estava se sentindo sufocado de novo, era como se tudo estivesse encolhendo, as paredes estavam menores? Ou estavam chegando mais perto? Ele precisava de ar, levantou-se do sofá e foi em direção aos fundos da casa, era um quintal de grama bem grande, talvez tivesse ar o suficiente lá.
Era um lindo quintal, todo verde, poucas arvores para facilitar jogos de quadribol ocasionais, não tinha muita coisa, apenas um galpão e os mastros de gol improvisado, era estranho como todos ligavam bastante pra quadribol naquela família, seu pai tinha sido um apanhador, seu tio goleiro, seu irmão era um batedor, sua mãe tinha sido artilheira e apanhadora por um tempo, Teddy era goleiro também, Dominique, apanhador, claro que Alvo também adorava quadribol, mas como em todas as outras coisas ele se sentia deslocado quando jogava com seus primos, ele não tinha uma posição definida no jogo, sempre o colocavam como goleiro ou artilheiro, ele não era bom como apanhador, sempre deixava o pomo escapar, como batedor pior ainda, quase morrera na primeira vez que tentou, se James não tivesse conseguido rebater o balaço a tempo Alvo teria levado uma pancada na cabeça tão forte que que reduziria os Potter em quatro. Mas como goleiro até que levava jeito, de dez arremessos ao gol ele defendia sete ou oito, como artilheiro ele era um pouco melhor, se não fosse Teddy o goleiro do time adversário – ele era realmente muito bom – Alvo acertava todas as vezes em que tentasse, e ele era bom com acrobacias com a vassoura, tinha um equilíbrio muito bom o que o ajudava na hora de fazer dribles. De repente ele começou a ver sua oportunidade, quando fosse para Hogwarts – no segundo ano claro – poderia entrar para o time da casa como artilheiro, mas para qual casa ele ia? Depois de tanto tentar se distrair seu pensamento voltou aquilo de novo. E se ele fosse para a Sonserina e decepcionasse seu pai¿ Será que ele ia ser excluído pela família? Seu pai pararia de gostar dele? O tiraria da escola¿ Seus primos se afastariam dele¿ Parecia que era tudo ou nada, ou ele ia para a Grifinoria e continuava com sua vida normal, ou ele ia para a Sonserina e perdia tudo e todos que amava. Era muita coisa dependendo de uma escolha que nem era dele! Isso tinha que estar errado.
Ficara tanto tempo perdido em pensamentos olhando para as nuvens que nem se deu conta, quando seu pai saiu da cozinha para o gramado, foi perceber a presença dele quando ele sentou ao seu lado.
- E então filho, animado?
- Claro! – era difícil esconder a ansiedade – Bastante!
- Que bom. – era impressão dele ou seu pai parecia nervoso também?
O silencio se estabeleceu por alguns minutos.
- Temos que conversar Alvo, você e eu. – aquilo não podia ser bom.
- Ãh, claro pai, pode falar.
- É um pouco difícil de explicar, e quero que você entenda, que só não te contei isso até hoje, por que achei que você estaria melhor sem saber.
- Estou começando a ficar preocupado de verdade pai, conta logo!
E então, seu pai começou uma narrativa interessante de como seus avós – James e Lily Potter – tinham morrido, como um poderoso bruxo das trevas chamado Voldemort tinha matado eles e tentado matar seu pai, dando a ele aquela estranha cicatriz em forma de raio na testa, como esse mesmo bruxo tentara de todas as formas matar seu pai durante todos os anos em que ele esteve em Hogwarts, como seu pai nem imaginava que era bruxo até os onze anos, era uma historia longa, – um pouco emocionante, ele tinha que admitir – mas era muito absurda! Não podia ser verdade. Seu pai era algum tipo de herói? É claro que ele era muito conhecido porque prendera muitos bruxos das trevas como auror, mas um herói de verdade? Alguém que salvou o mundo bruxo do maior bruxo das trevas que já tinha vivido?
- Isso quer dizer que você é tipo o bruxo mais poderoso do mundo magico agora? Você pode derrotar qualquer um?
- É claro que não, sou um bruxo normal, como qualquer outro, mas tive que passar por alguns obstáculos enquanto crescia, e não queria que o peso disso caísse sobre você, por isso te criei longe disso.
- Mas, se você é um “herói” todo mundo no mundo magico deve saber disso?
- Provavelmente.
- Então todo mundo conhece o nome Potter.
- É possível.
- E quando eu for para Hogwarts, com outras crianças que cresceram acostumadas a te chamar de herói, elas também vão saber de quem eu sou filho, e vão esperar o mesmo de mim?
- É claro que não Alvo. Ninguém espera que você faça nada, esperamos que você cresça e se torne um bruxo brilhante como sabemos que você é, mas isso no seu tempo, nos seus termos. Você não deve viver sob expectativa de ninguém.
- Mas eu já vivo! Se o que você acabou de me contar é verdade, deve ter tipo um memorial para você em algum lugar no mundo magico, todos devem te idolatrar, e vão esperar que o pequeno Alvo Potter seja tão brilhante quando seu pai, o famoso Harry Potter!
- Alvo, não é isso! Deixe que eles falem, você é meu filho e isso é tudo o que importa.
- Exatamente pai, eu sou seu filho, e isso é tudo o que importa!
- Alvo, por favor, preste atenção em mim, eu sou seu pai antes de tudo, e não quero que você se preocupe com o que os outros dizem, eu já tenho orgulho de você filho, não importa o que os outros esperem que você faça você sempre é bom o suficiente.
- É ai que esta o problema, eu não posso ser bom o suficiente, eu tenho que ser ótimo, sensacional! Ou se não, não estarei honrando o nome Potter!
- Vai sim! Você honra o nome desde o momento em que nasceu filho. Ninguém tem nada haver com a sua vida, só você decide o que deve ou não fazer, ninguém mais pode fazer isso por você, a menos que você permita.
- Quem mais sabe disso? – era impossível continuar com aquele assunto, seu pai não entendia a pressão, agora, mais do que nunca, ir para Hogwarts parecia assustador – quero dizer, de você, dessa historia.
- Imagino que Teddy, Roxanne, Victorie, Dominique, Fred, James...
- Quer dizer que todo mundo sabia, menos eu?
- Não, claro que não. Eu e sua mãe, assim como seus tios Ron e Hermione, decidimos esperar vocês ficarem maiores para entender.
- Então, Rose não sabe?
- Acho que não. Seus tios não queriam contar, na verdade foram contra eu vir conversar com você, mas achei que estava na hora de você saber.
- Ah! Muito obrigado pai! Por pensar em mim pelo menos uma vez nestes últimos onze anos!!
E então, Alvo correu, correu como nunca tinha corrido na vida, pulou a cerca do quintal e correu em direção as arvores, foi correndo cada vez mais para o meio, até que se viu no meio de muitas arvores, onde elas começavam a ficar muito perto umas das outras e parou ali, ele ainda podia ver um pedaço da casa do outro lado, então quando fosse voltar, saberia o caminho.
...
Quanto tempo ele tinha ficado ali em baixo daquela arvore ele realmente não sabia, tinha deixado seu relógio na cabeceira da cama, então não tinha como saber as horas, e foi ai que ele começou a se preocupar, se desse 11h e ele não estivesse lá? Sairiam sem ele? Procurariam por ele? Ele resolveu esperar mais um pouco, tomar um ar antes de ter que encarar a família, a essa altura seu pai já tinha dito para sua mãe o ocorrido, talvez até para seus tios, ia ser difícil encarar a todos.
De repente ele escutou um barulho de folhas se quebrando, era claramente o barulho de passos, foram chegando mais perto, até que James surgiu do meio dar arvores.
- Ah! Ai esta você! São 10h e você nem arrumou suas coisas maninho, assim vai se atrasar.
- eu só preciso juntar algumas roupas. Mas o que, em nome de Merlim, você veio fazer aqui?
- Bom, estão todos preocupado com você lá dentro, papai contou o que aconteceu – ele deu um sorrisinho e então Alvo notou que ele segurava um estranho pergaminho velho nas mãos que estavam atrás das costas – quer dizer, ele contou aos adultos da casa, eu meio que escutei atrás da porta. Uma coisa que você e Rose já estão acostumados a fazer eu presumo.
- Como você...?
- Como eu soube? Ah maninho, eu sei de muitas cosias que acontecem nessa família que você nem imagina.
Ele olhou para a casa, depois olhou para Alvo e se sentou do lado dele encostado na arvore.
- Sabe Al – James sempre o chamava de “Al”, apesar de ele não gostar muito – quando o papai me mandou para Hogwarts, no meu primeiro ano, ele não tomou a mesma decisão que tomou com você, eu fui para lá sem saber de absolutamente nada, quando finalmente comecei a ligar as informações que outras pessoas me deram, foi que mandei uma carta para casa, dizendo tudo o que eu sabia, papai ficou furioso – ele viu o olhar surpreso no rosto de Alvo e riu, uma risada despreocupada e feliz, uma risada que só James sabia dar – não comigo, ele ficou furioso consigo mesmo, com o fato de ter escondido isso de mim, e ter me deixado descobrir por outras pessoas.
- Então porque ele já não abriu o jogo com todos nós naquela época?
- Acho que ele tinha medo. E com razão, não é uma coisa muito fácil ser o filho do famoso Harry Potter, mas no fim das contas, eu me dei bem, fiz amigos, tenho certa fama com as garotas só por causa do nome, e do charme claro, mas acima de tudo, eu parei de tentar ser igual ao papai, fui eu mesmo e conquistei meu próprio lugar naquela escola, apesar de alguns professores dizerem que pareço o vovô.
- Vovô Arthur?
- Não! Vovô James.
- Por que dizem isso?
- Estou trabalhando nisso ainda.
- Como assim?
Ele o olhou com um olhar de desconfiança, mas depois sorriu e tirou o pergaminho velho e amassado do bolso traseiro da calça e o estendeu a frente dos dois, pegou sua varinha e disse:
- Mal feito, feito.
O pergaminho começou a formar palavras que surgiam do nada, parecia que estavam sendo escritas na hora.
- Os senhores Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas tem o prazer de apresentar O Mapa do Maroto. – Alvo leu – Quem são Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas?
- É nisso que estou trabalhando, perguntei para o Teddy se ele sabia de alguma coisa, ele disse que nos tempos de escola, o pai dele, Lupin, era conhecido como Aluado.
- Mas o pai dele era amigo do vovô James.
- Muito bom maninho, mas o que você não sabe, é que o pai do Teddy e vovô James tinham mais dois amigos inseparáveis, o falecido padrinho do papai, Sirius e um outro cara que era conhecido como Rabicho, se tornou Comensal da Morte e acabou morrendo.
- Comensal do que?
- Comensal da Morte, eram os seguidores de Voldemort.
- Espere, então você esta dizendo que esse tal Mapa do Maroto pertenceu ao vovô James?
- Eu tenho quase certeza que sim, achei isso no escritório do papai.
- James!
- Ei, não me julgue ainda! Eu dei uma lida em alguns livros velhos da tia Hermione e...
- Você? Lendo?
- Não me interrompa! Então, eu pesquisei um pouco e achei um feitiço que se refere a esse tipo de magia do mapa e usei para expandir um pouco o que o mapa mostra, antes ele só mostrava Hogwarts – ele abriu o mapa e mostrou vários lugares situados em Hogwarts – agora, eu fiz um feitiço que faz com que ele mapeie o lugar em que estou, numa área de pelo menos 5km, não é muito, mas foi o que consegui, talvez eu consiga expandir isso com o tempo, mas o que realmente importa é que foi assim que te achei, o mapa mapeou toda a área da casa e um pouco mais, e então eu vi seu lindo nome no meio do bosque atrás da casa.
- Isso é de mais!
- É claro que é. Fui eu que fiz o feitiço.
- Não isso, o mapa em si, ele é demais!
- É, mas você não pode contar pra ninguém ok?
- Ok.
Alvo de repente sentiu uma coisa estranha, como se realmente amasse seu irmão, tudo bem que era estranho ele ter demonstrado sentimentos desse jeito, e ainda mais confiar nele um segredo desses. Mas era simplesmente estranho sentir como se James realmente se importasse.
- Hum...Que bom que você confia em mim. – Alvo sentiu um impulso muito forte de abraçar seu irmão, e ele o fez, era tudo muito estranho.
- Ei, sei sentimentalismo pra cima de mim! – James o afastou com os braços.
- Desculpe. – nem Alvo sabia por que tinha feito aquilo.
- Tudo bem. – ele abriu outro sorriso – Vamos maninho, esta na hora de você desonrar toda a família no seu primeiro ano. – ele deu dois tapinhas nas costas de Alvo e saiu andando em direção a casa.
Alvo o seguiu, sentindo o peso em suas costas parecer um pouco menor agora, a Seleção ainda o atormentava, mas tinha apenas um jeito de acabar com isso. E hoje, ele ia para Hogwarts.
Comentários (2)
Adorei esse momento do alvo e do james!
2013-11-12AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH *-* Amei amei ameiiiiiiii o capitulo, foi muito lindo. Serio, esses dois são ótimos, digo James e Alvo, amei o James dando uma ajudinha ao irmão e falando tudo que sabia e achei legal do Harry também, tipo Hermione e Ron, se não contarem é capaz da Rose descobrir sozinha e ficar um pouco revoltada com isso ou não...Mas aposto que na Continuação da fanfic saberemos *----------*bjoos!
2012-12-17