XV



Algumas horas depois...


Não podia negar: Estava bonita. O vestido lilás com decote reto era longo e tinha alças para sustenta-lo e lhe impedir de cair. Seu cabelo estava amarrado em uma espécie de banana com vários cachos soltos em torno do rosto e pescoço. Segurava um buquê em uma das mãos e tinha uma tiara com flores e brilhantes ornamentando a cabeça.


Treinava, diante do espelho, os mais variados sorrisos e expressões para serem usados naquele dia. Haviam acabado com o seu casamento, com sua confiança e, quem sabe, com um futuro romance, mas ela… Ela não faria o mesmo. Estava resignada e cansada de nutris sentimentos e esperanças vãs.



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Draco se aprontava para ir embora. O terno cinza escuro só mostrava o quão nebuloso ele estava. Suspirou fundo ouvindo os carros da propriedade se afastarem em direção à igreja. Se perguntava como as pessoas eram capazes de mentir daquela forma, enganar alguém com tanto cinismo.


Poderia, sim, ter acabado com aquela farsa abrindo o jogo com Ed, mas isto não era de sua responsabilidade. Como poderiam compactuar com algo tão baixo e mesquinho? Como ela pode acusa-lo? Por que não foi procura-lo?


Não podia negar que dormira mal. A visão do rosto de Astoria tão decepcionado lhe impediu ide descansar, mas não perdeu a esperança de que ela fosse procura-lo e que pudessem conversar, se acertar…


Não sabia como ela estava, mas imaginava que a resposta era apenas uma: mal.



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Astoria estava parada, sentada na escadaria ao fundo da Igreja, esperando que sua mãe a chamasse para o início da cerimônia. Estava tão compenetrada em seus pensamentos que não viu o homem se aproxima, percebendo sua presença apenas quando ele sentou ao seu lado lhe olhando.




- Esta tudo bem?


- Ah… Oi papai. Sim, está?


- Tem certeza? - ela o fitou atenta. Seu pai era, definitivamente, a única pessoa sensata daquela família. - Por que não se permite falar a verdade, minha filha? Por que não assume o que realmente tem sentido?


- Eu não sei… - olhou para as mãos.


- Por que deixou que ele fosse embora?


- Porque sou fraca.


- Não, minha filha. Você pode ser muita coisa, menos fraca. - ela o olhou surpresa.


- Não sei se o senhor tem razão, papai.


- Sabe… Uma vez eu li em uma entrevista numa dessas revistas femininas que toda mulher tem exatamente a vida amorosa que ela deseja - Astoria o fitou espantada com a mesão da frase de Draco.


- Papai, o senhor sabia… - o senhor sorriu brincalhão e prosseguiu.


- Eu concordo com esta frase. - ele parou um pouco antes de continuar - Você sempre se importou demais com a opinião dos outros… Desde criança, e eu te pergunto se em algum momento isto te fez realmente bem? - ela negou com a cabeça - Acho que já está mais do que na hora de parar com isso e se preocupar com o que te faz bem.




Ela não conseguia encara-lo. Era um choque estar ouvindo aquelas palavras, embora ela soubesse que eram totalmente certas e verdadeiras. Ele continuou.




- O que você quer, Astoria? Acha que, com ele, poderia dar certo? - ela o olhou e confirmou com a cabeça - Ele está em casa, no anexo. Vá atrás dele.




O homem sorria. Ela sorriu junto, levantando e saindo correndo em busca de um carro. Se desequilibrou, mas continuou. Se apressou, entrou em um carro qualquer, ligou e fez a curva, saindo do estacionamento e quase atropelando Ed que, por algum motivo, corria enraivecido atrás de Jason.


Ela sorriu sentindo-se viganda, enfim, ao compreender o que acontecia, mas não tinha tempo para isto agora. Não perdeu o foco e acelerou o carro em direção ao anexo da casa onde passaram a noite.


Desceu do carro tão ou mais desesperada quanto quando entrara nele. Sorriu ao levantar a barra da saia e tirar os sapatos para correr mais rapidamente. Não tinha nenhum segundo a perder.




- Draco, me desculpe…




Entrou afogueada no cômodo e soltou a saia em surpresa. Os sapatos caíram das mãos. Sentou-se desolada sobre o sofá e olhou para o chão, vencida pelas circunstâncias.




Ele já foi.




O loiro dirigia rumo ao aeroporto local perdido em seus pensamentos. O desejo era de voltar, correr até ela e pedir desculpas por tudo que a atormentava.  Parou o carro no meio fio e depois de alguns poucos instantes em silêncio, deu a volta e dirigiu novamente rumo ao vilarejo, entrando depois de alguns minutos em uma ruela calma e acolhedora onde a Igreja na qual seria realizado o casamento surgiu adiante.


Ele não sabia o que pensar ao contemplar aquela cena: Ed proferia palavrões de tão baixo calão enquanto perseguia Jason pelas ruas da cidade que ele achou que seria necessário lavar seus ouvidos para limpá-lo por completo.


Ele fez a volta e acompanhou, em baixa velocidade, o noivo de perto, a postos para ajuda-lo ou socorre-lo tão quanto se fizesse necessário.
 


- Não aguento mais - Ed falou muito cansando.


- Por que não para? - Draco respondeu do carro.


- Preciso pegar aquele traidor - falava cansado. As pernas quase parando.


- Ed, na velocidade que o Jason passou por mim, ele já deve está cruzando a França. Vamos… Venha. Entre no carro.




Ed parou e Draco fez o mesmo. O noivo se aproximou cansado e entrou no carro, sentando-se no lado do passageiro enquanto respirava profundamente.




- Ele teve um caso com a Dafne - soltou como se aquelas palavras pesassem toneladas - Ela me contou.


- Mas vocês não estavam juntos quando aconteceu.


- Não… Mas a Tory sim. Como puderam fazer isso com ela?


- Eu… Realmente não sei. E o que você vai fazer agora?


- Não sei.


- Você a ama?


- Sim.


- Então, o melhor é tentar. Por mais que ela tenha errado, escondido por tanto tempo, ela fez questão de não começar o casamento de vocês baseado em uma mentira.


- Não sei, Draco…


- Vale mesmo a pena deixar que o Jason também estrague a felicidade de vocês? Ela errou, mas parece ter se arrependido e… Te ama de verdade.


- Eu sabia que existia alguém quando a gente começou a sair, mas eu não me importei de verdade. Ela disse que era errado, que tinha que terminar, até que terminou e eu relevei... Relevei porque poderia ser qualquer um, menos o Jason.


- As coisas nem sempre funcionam como queremos...


- Ontem eu tive pena de você. Entrou na história de paraquedas e ainda levou a culpa...


- É… Foi meio injusto.


- Ela só estava nervosa. As coisas vão se resolver.


- Pode ser…


- Quando eu vi vocês ontem, eu fiquei lá, do lado dela pensando no quanto eu tinha sorte de ter uma mulher como a Dafne comigo.


- Ela é a mesma, Ed. Ela não mudou. Cometeu erros no passado, mas se arrependeu.


- Não sei se devo considerar.


- O mais difícil na vida não é simplesmente amar, mas não ter medo de se permitir ser amado.




Ele respirou fundo pensando na seriedade e profundidade daquelas palavras, usando-as para si mesmo e se dando conta de que não poderia desistir tão facilmente e que deveria, sim, se permitir. Continuou.




- É complicado conviver. Somos pessoas diferentes, mas se ela te conhece e você a conhece também e se no final do dia você preferir desistir do que tentar… Nada nunca vai valer a pena, realmente.




Ed o olhou atentamente e o loiro prosseguiu.




- Se acha que pode tentar no final do dia, por que não tenta algo novo?


- Algo novo…?


- Sim. - o loiro sorriu com a ideia - Você pode voltar e passar o resto da vida fazendo sexo para fazerem as pazes.




Ed sorriu, talvez analisando as possibilidades.




- Draco, meu chapa. Vamos para a Igreja - ele sorria - Minha noiva está me esperando.







- Dafne. Você está bem?




A noiva chorava e estava triste de verdade. Astoria não controlou o impulso de ir ve-la. De lhe consolar. Se achava uma estúpida por sentir-se assim, mas não podia simplesmente se afastar da irmã. Já havia passado por algo parecido e sabia o quanto doía e por mais que achasse que Dafne merecia passar por aquilo, não podia simplesmente fechar os olhos para o fato de ela ter contado tudo, e antes do casamento. Havia colocado o seu futuro em jogo para não precisar continuar mentindo, muito menos enganando.




- Eu… Acho que sim. Obrigada.


- Eu sinto muito, Dafne.  Eu…


- Não - a loira interrompeu - Eu sinto muito, Tory. Isso tudo é minha culpa. Eu não te respeitei, nem ao Ed, nem a mim mesma. Eu… Eu te traí e eu sinto muito por tudo, Tory. Me perdoa.


- Dafne… - ela estava entorpecida - Não precisa pedir…


- Sim, Astoria. Eu preciso. Eu estraguei tudo, seu casamento, sua vida, a vida do Ed, meu casamento… É tudo minha culpa. Eu menti, eu enganei… Fui falsa.


- Dafne…


- Me desculpe, Tory. Eu sinto muito. Não mereço uma irmã como você. Eu sinto muito mesmo, mas, por favor, me deixa um pouco sozinha.


- Claro…


 


Enquanto saia do anexo da capela onde Dafne estava, Astoria tombou com Ed que vinha correndo em sua direção. Ela rodopiou de leve e virou para a porta, vendo-o entrar como uma flecha, fazendo Dafne soluçar enquanto o abraçava. Ela sorriu e ficou tão comovida com a cena que não percebeu que outra pessoa se aproximava dela.


 


- Oi.


 


Ela ouviu a voz e pediu com todas as suas forças que não estivesse sonhando e que suas pernas parassem, por favor, de tremer.


 


- Draco - ela falou ao virar-se para ele - Eu sinto…


 


As palavras foram interrompidas. O beijo era tão profundo de sentimentos que ela imaginou que seu coração fosse explodir e estraçalhar a sua caixa toráxica. sentiu as pernas ainda mais bambas e o corpo mole. Seu cérebro entrou em colapso e a única coisa que ela queria era que aquele momento durasse eternamente, então ele interrompeu o beijo.


 


- Bem. Preciso ir.


- Draco… - ficou nervosa - Não vai embora, por favor.


- Eu não vou embora…


- Então…?


- Preciso ir. Sou o padrinho do noivo.


 


Ele sorriu. Ela sorriu incrédula e igualmente feliz. Ele estava ali. Tudo estava bem agora.




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Sobre os comentários:

Ah meninas, Fabiana e Dani, espero que tenham gostado de como as coisas terminaram. Não sei se a Astoria ficaria legal numa versão mais vingativa, porque ela é boa em sua essência, e ficaria estranho.
A Dafne foi muito sem vergonha sim, eu não posso discordar de vocês, mas ela se arrependeu no final e se acertou direitinho com a irmã, e foi sincera com o Ed, no final das contas.
Na verdade, eu queria um final feliz kkkkkkk

E pode deixar, Dani, vou tentar fazer um epílogo ótimo para vocês.


Para quem acompanha e não comenta, quero compartilhar aqui a Campanha Vamos Animar a FeB. Deem uma olhada no link que estou passando e não deixem de dar a opinião de vocês. É muito importante saber o que pensam, ter retorno, seja ele positivo ou não, e uma boa crítica é capaz de fazer milagres.

CAMPANHAhttp://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=46113 
 

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Comentários (3)

  • Tati Hufflepuff

    Que lindo genteeee! É tão bom ler uma história dessas... Como tinha dito antes, nunca havia lido Drastoria antes... Mas com certeza agora vou começar a ler!  Sua história foi tão envolvente e leve (até mesmo nos momentos de tensão a leveza estava lá) que não tinha como não se deixar levar por ela e nem pelo casal!Adorei do início ao fim Andye, parabéns por maisuma história ótima! Agora procurarei outras histórias suas para comentar e encher sua caixa de notificações :)Beijinhos e até a próxima! o/ 

    2013-11-21
  • Dani_Ela

    Own... Sem palavras pra descrever esse final lindo, Andye! Adorei a última fala do Draco, adorei o pai da Astoria saber o segredo dos dois e (pode me chamar de má, eu deixo! hehehe) adorei o tempinho que a Dafne sofreu, achando que foi largada no altar. Na minha opinião, ela mereceu cada segundo! >:) Mas adorei também ter ficado tudo bem pra ela, afinal, todo mundo merece um final feliz. Concordo com a Lana... também espero que você escreva mais fics sobre Astoria/Draco, que, apesar de não ser (ou pelo o menos não parece ser) um shipper com muitos fãs, eles são incríveis e você retratou-os perfeitamente bem! E ainda estou esperando um epílogo gigante, viu? Beijos! Dani.

    2013-11-18
  • Lana Silva

    Eu amei *-* Foi ótimo... Ahhhhhhhhhhhh não queria que acabasse. Gostei muito. E lembrei da primeira fanfic sua que eu li... Me senti exatamente da mesma maneira quando ela acabou e fiquei me perguntanod, porqueeeee ? Então... Espero que venha muitas outras, gosto de ler o que escreve, gosto das histórias que escreve e mesmo odiando quando elas acabam, amo os finais. Com essa fanfic entrei um pouco mais no mundo Drastoria, o qual eu pouco explorei e me apaixonei pela maneira com que você escreveu os dois. Espero ler muitas outras Drastorias e espero que você as escreva, porque fez muito bem ao ship... Bem, agradeço pela fanfic maravilhosa e nos encontraremos em outras.Beijoos! 

    2013-11-17
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