XI



N/A: E olha só... Mais um capítulo no mesmo dia. 
Pois é meninas, estamos na reta final mesmo, e nem daria muito pra estender porque ficaria enchendo linguiça e é só um final de semana :P

Enfim, eu estou adorando o resultado e fico feliz que vocês também. Acho que vamos para o capítulo 15.
Beijocas a todos e boa leitura. Essa semana posto mais.


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Isto não pode ser verdade.
 Astoria ainda estava parada, fitando a maldita porta fechada à sua frente como se Draco fosse voltar, lhe pedir desculpas, dizer que tinha sido estúpido com ela  e que ela não merecia ser tratada com tamanha grosseria.


Caminhou, resignada, voltando para o banheiro, mortalmente indignada. Abriu o chuveiro novamente e respirou fundo, colocando a cabeça embaixo do forte jato de água sentindo as gotas escorrerem por seu corpo enquanto seus próprios olhos despejavam grossas e pesadas lágrimas.


Como posso exigir que ele me trate bem depois dessa pergunta idiota? Mas por que ele não confirmou? Droga! Bateu com as mãos no rosto, o escondendo entre as palmas em seguida. Não pode ter sido um sonho. Não outro. E por que eu estava nua? Que droga, Draco. Por que não me disse? Idiota. Estúpida. Como pode esquecer algo como isto, sua idiota? Respirou fundo. Profundamente. Então... Caraca! Sorriu presunçosa. Ele não cobrou. Eu não acredito. O sorriso morreu. Por que não cobrou? E por que não me disse a verdade? Será que sou tão ruim de cama assim? Se for isso, mamãe tem razão. Bateu novamente no rosto. Não foi um sonho. Não pode ter sido um sonho. Eu sei que não foi... Detalhado demais para ser um sonho. Profundo demais para ser um sonho. Meu corpo sente que não foi um sonho. Respirou profundamente novamente. As lágrimas não caiam mais. Preciso me desculpar.


 


...


 


- Bom dia, Draco. - o rapaz foi recebido pelo senhor Greengrass que lia seu jornal enquanto tomava café.


- Bom dia, senhor. - respondeu automaticamente. O sorriso disfarçava a desilusão que carregava agora. Sentou-se à mesa para tomar café, de frente ao mais velho.


- Dormiu bem, meu filho? - o homem pareceu preocupado, perguntando por cima do jornal.


- Sim. Dormi. Obrigado.


 


Um silêncio seguiu os dois. Draco tomava seu café lentamente. Estava concentrado pensando nas muitas coisas que vivera neste fim de semana. Irritado com o turbilhão de sentimentos que vinha sentindo. Revoltando com o fato de Astoria estar tão embriagada ao ponto de não se lembrar de nada.


Não deveria me sentir assim. É o meu trabalho. Minhas clientes não tem a obrigação de lembrar de uma transa, de mim ou da minha cara. Muito menos, de se apaixonar por mim... Minha obrigação é satisfazer e ponto. Isto eu fiz, tenho certeza. Depois, receber e esquecer. Receber... Não posso…




- Draco? - o homem lhe olhava curioso.


- Oi - ele respondeu como quem acaba de acordar de um transe. Desorientado.


- Estava perguntando como vai com Astoria.


- Ah... Estamos bem, obrigado.


- Sabe, Draco. Fiquei muito satisfeito com a atitude que tomou ontem. Finalmente acredito que a Tory terá a oportunidade de conviver com alguém que a merece.


- Farei o possível - não conseguiu conter um sorriso sincero.


- As mulheres desta família são um pouco complicadas - o senhor continuou e Draco não pode deixar de concordar intimamente - Acredito que já tenha percebido isto.


- Digamos que sim - os dois sorriram.


- Mas elas são igualmente fortes.


- Sim. Claro.


- Sim. É verdade. E cada uma delas tem qualidades incríveis.


- Não duvido, senhor.


- Sei que não - sorriu para o jovem dobrando o jornal e o descartando sobre a mesa - Astoria é uma garota maravilhosa, mas ela tem medo, muito medo de mudar, de ousar, do diferente. E isto lhe prende muito. Ela fica sem saber o que fazer ou o que esperar quando sai de sua zona de conforto, e isto a apavora.


- Eu percebi...


- Vou te pedir uma coisa, Draco.


- Sim, senhor...


- Não deixe que os medos dela afastem vocês. Releve. Você é um bom homem, e precisa de uma boa mulher.


 


Draco o olhava atentamente.


 


- Se você for esperto o suficiente, será capaz de retirar dela tanta doçura e carinho que irá se surpreender. Não desista dela nem de vocês e tenha em mente que mal entendidos podem acontecer sempre, problemas e até discussões, mas que será a forma como lidam com isto que irá solidificar o sentimento, o envolvimento de vocês.


 


Draco pensava se havia a possibilidade de ele saber o que aconteceu na noite passada e nesta manhã ou se era apenas o senso de um bom pai que ama e conhece muito bem a filha que tem ao ponto de lhe dizer o que ele precisava ouvir.


 


- Eu tenho certeza que este fim de semana será responsável por uma grande mudança na vida de vocês dois...


 


O homem sorria animado ao mesmo tempo que mostrava a certeza de todas as suas palavras em seu olhar.


 


- Claro que sim. - Draco confirmou sorrindo. Não teria como não confirmar. Já havia mudado muita coisa em sua vida, de fato - Espero mesmo que seja assim...


- Bom dia, papai! - Astoria apareceu pondo fim à conversa.


 


Beijou a testa semi careca do senhor e foi até a geladeira pegando iogurte e se sentando ao lado de Draco, que a acompanhava com o olhar, se perguntando como ela conseguia ser tão bonita sempre.


Usava um vestido roxo ajustado ao corpo suportado com duas alças finas que se cruzavam nas costas praticamente nuas. A saia era rodada e tinha um movimento envolvente, próprio para danças. O cabelo estava solto, ainda molhado, e lhe caia sobre os ombros deixando um delicado caminho úmido por onde tocava. O tom roxo do vestido deixava sua pele ainda mais corada. Ele observava tudo com admiração e não percebia que era observado por trás do jornal.


 


- Onde está a mamãe? Não vão ao ensaio?


- Sua mãe foi fazer a última prova do vestido - ele falou voltando a ler o jornal.


- Ah... Sei. E o Ed e a Dafne? Onde estão?


- A Dafne foi com sua mãe. Vai ao ensaio de lá. Sua mãe volta para cá.


- Não vão ensaiar? - Draco perguntou enquanto Astoria devorava rapidamente uma generosa fatia de bolo.


- Não - ele sorriu observando a filha e desviando os olhos para Draco - Com toda a franqueza, os noivos são os únicos que realmente precisam de ensaio. Nunca vi dois seres tão duros.


- Sim, eu consegui perceber que não são os melhores pés de valsa que já conheci - Draco brincou.


- É verdade - Tory confirmou enquanto tomava um copo de iogurte empurrando a fatia de bolo - Vamos então, Draco?


- Claro. - ele não sabia o que pensar dela. Não sabia como estavam - Bom dia senhor.


- Bom dia crianças. Peguem o carro.


- Obrigada papai. - ela falou e novamente houve um beijo - Eu te amo.


 


As palavras e gestos eram tão sinceros que o envolveu. Caminhou até a namorada e, após lhe pegar na mão, saíram.


 


Permaneceram em silêncio por uns cinco minutos, enquanto ele dirigia. Ela o olhava de tempos em tempos, aflita. Ele percebeu, mas não falou nada. Ela falou, finalmente, enquanto olhava através da janela do carro.


 


- Por que não me disse a verdade? - o tom era suave.


- Que verdade? - respondeu impassível.


- Disse que não aconteceu nada esta noite - ela o olhou.


- Mas não aconteceu - ele respondeu olhando rapidamente para ela e voltando a atenção ao caminho.


- Sim, Draco. Aconteceu. Por que está mentindo?


- Não estou mentindo. Apenas estou dizendo aquilo que você quer ouvir - ele foi duro.


- Ah, Draco. Por favor... Eu passei no banco, eu saquei muito dinheiro, eu... eu bebi demais e... acordei sem roupas - ela falava mais para si do que para ele - Não é possível que tenha sido um sonho. Não pode ser... Foi diferente do sonho da noite passada...


- Sonho da noite passada? - O sorriso cínico de lado apareceu em seu rosto.


- Er... Não. Você ouviu errado...


- Como quer que eu seja sincero com você se você mesma gosta de se enganar?


- Eu... Eu... Ah, Draco! Quer saber? Sonhei. - ela falava como se liberasse um peso enorme - Sonhei com você noite passada. Sonhei que nós nos amávamos e pode me chamar de idiota ou do que bem quiser, não vou mais negar.

Após o desabafo ela cruzou os braços infantilmente sobre os seios, respirando profundamente antes de continuar. Ele apenas ouvia, sem esboçar qualquer reação. Como se estivesse absorvendo as informações.


 


- Sou uma estúpida mesmo - falava novamente para si mesma - Sonhei com você esta noite novamente, ao que parece. Não sei o que está acontecendo. Como pude imaginar que...
 


Um silêncio pairou após ela interromper a frase.


 


- Que...?


- Nada. - ela parou de falar e ele estacionou o carro. Saiu e abriu a porta para ela em seguida, lhe estendendo a mão.


- Astoria, eu não posso controlar os seus sonhos. Eu adoraria, mas não posso. Nem mesmo você pode controlar...


 


Ela o olhava atenta como se anotasse em seu cérebro cada uma das palavras que ele dizia.


 


- Eu... - ele adoraria dizer que queria transformar seus sonhos em realidade, mas pensou mais a fundo sobre isso - Acho que você é uma mulher incrível e não me sinto o máximo em saber que sonhou comigo ou que me deseja...


- Não? - ela parecia confusa. Imaginava que esta seria a maior realização da vida dele como profissional da área.


- Não. - ele foi firme ao olhá-la. Estavam de pé em frente ao salão - Não preciso me vangloriar de seus desejos.


- Por que não?


Porque eu também te desejo - Porque eu não sou assim.


- O que aconteceu esta noite? - perguntou. A voz estava falha.


- Você sabe o que aconteceu, Tory. Não preciso confirmar nada.


- Draco, eu... Me desculpe. Não deveria...


- Se arrepende? - a voz soou entristecida.


- Não - falou rápida e certa - Mas não deveria ter pensado em comprar... Não desse jeito... Não assim.


- Vamos combinar algo então?


- O que?


- Vamos esquecer, tudo bem? - falou com firmeza e começou a andar em direção á entrada.


- Esquecer...? Esquecer? - ela permaneceu parada ainda absorvendo o teor da palavra que ele dissera - Como você pode ser capaz de me pedir isto?


- Mas é o melhor - ele falou ao vê-la irritada e ainda parada.


- Não, Draco. Não é o melhor.


- Mas se não queria que acontecesse é melhor esquecer.


- Mas eu não quero esquecer - esbravejou.




Draco não sabia o que falar ou como reagir. Não sabia nem mesmo o que pensar. Não conseguia entender o que ela tentava dizer. Olhou ao seu redor e avistou um banco ali perto. Voltou a olhar para ela, que estava claramente confusa. Estendeu a mão. Ela aceitou. Caminharam até o banco. Sentaram-se em total silêncio.


 


- Eu queria que isto acontecesse, de verdade - confessou sem encará-lo - Desde o sonho que tive eu tenho desejado… Talvez até antes. Talvez desde o dia que li aquela matéria… Mas desta forma foi errado. Tive a intensão de te pagar e... Jamais pagaria por sexo, muito menos com você.


- Nossa...


- Não entenda mal. - emendou rapidamente - É que eu não te considero um objeto, não mais...


- Fico feliz que esteja pensando assim.


- Sim. É assim.  E estou me achando suja por ter pensado isto. Consegue entender?


- Acho que sim...


- Você tem me mostrado coisas que eu não conhecia, Draco. Ou que não queria conhecer.


- Tipo…?


- Tipo… Que não devo julgar uma pessoa, muito menos sem conhecê-la antes. Que não deveria ter tanto medo de me arriscar, às vezes. Que é muito mais fácil receber algo de boa vontade do que simplesmente implorar…




Ele não soube o que responder, apenas a observou.




- Foi uma loucura ter passado no banco, mas eu queria tanto que isto acontecesse… Nem mesmo posso culpar a bebida. Era o que eu queria, realmente.


- Mas por que pensou que eu te cobraria?


- É o seu trabalho... - ela suspirou - Apesar de tudo. Eu... Pensei em pagar porque... - ela olhava para suas mãos.


- Por que...?


- Porque achei que... Porque eu sei que jamais poderia te conquistar.


- Como? - ele parecia espantado. Ela o encarou antes de continuar.


- Como poderia ser capaz de te conquistar, Draco? Você é lindo… Educado, culto, atencioso… Já deve ter saído com as mulheres mais interessantes do planeta e eu... Bem, eu não passo de uma solteirona desesperada por um pouco de afeto e atenção.


- Astoria, já te falei e repeti inúmeras vezes que você e uma mulher incrível, capaz de conquistar quem bem quiser e... Para que tenha total certeza disto, eu não quero e nem vou te cobrar. Se fosse, avisaria.


- Não quero que faça nada por pena, Draco. É seu dinheiro, por direito.


- Não sinto pena de você. Nunca senti, na verdade.


- Não?


- Não. Passamos uma noite incrível e foi você quem me seduziu. Em nenhum momento te vi como uma cliente, e sim como uma mulher encantadora que mereceu e merece tudo o que um homem esperto for capaz de dar.


- Obrigada...  Eu acho - ela sorria timidamente. A face enrubescida.


- Não agradeça. Eu... Bem, eu realmente não te vejo mais como uma cliente.


- Não? - ela o encarou, curiosa - E o que eu sou agora? Como me vê?


- Como...


- Ah... Astoria. Draco. Finalmente chegaram. Pensamos que também não viriam mais...


 


Astoria olhou para Draco apreensiva. Tensa. Curiosa. Draco apenas sorriu, agradecendo, de certa forma, ter sido puxado daquela saia justa.


Levantou olhando para Astoria que parecia entorpecida enquanto Dafne os puxava para dentro do salão. Ela falava, mas nenhum dos dois prestava real atenção em suas palavras, estavam compenetrados um no outro. Compenetrados nas palavras ditas e não ditas. No desejo mútuo escondido. Ela aceitou a mão que ele lhe ofereceu, sorrindo de leve. Os olhos fixos por alguns instantes. 
Caminharam lado a lado, ao lado da sua irmã, enquanto Astoria se perguntava como era vista por ele... Agora.

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Comentários (3)

  • Tati Hufflepuff

    Aaaaaah que lindinhooooos! Draco é um fofo mesmo!! E logo quando ele ia se declarar a irmã maluca interrompe... Sacanagem com a Astoria, vai ficar na dúvida sabe-se lá até quando! Tava lendo o comentário da Lana e me lembrei desse ex noivo maldito que ta muito quietinho ainda... Sinto cheiro de confusão...

    2013-11-21
  • Dani_Ela

    Concordo plenamente com a Lana. Cadê um Draco da vida real? Kkkkkk . Mudando de assunto, adorei dois capítulos em um mesmo dia! E caiu como uma luva, já que agora já podemos saber que eles já estão se acertando. Adorei o pai da Astoria aconselhando o Draco, realmente veio em uma ótima hora. E odiei mais ainda a Daphne, por ter interrompido os dois. Amei o capítulo! BeijosDani. 

    2013-10-21
  • Lana Silva

    *-----------------------* Dracooooooooooooooooo cadê você na vida real ? Tô quase saindo por ai procurando um Draco, sério, depois desse capitulo mais ainda. Fico me perguntando se vai acontece algo ruim, porque eu simplesmente não consigo mais acreditar que tudo possa dar certo assim (eu, pessimista). E também, tem esse ex noivo da Astoria que com certeza vai ficar mordido por Astoria estar feliz com Draco, todo mundo percebe que ele  gosta dela e que o sentimento é retribuido. Vou esperar pra ver o que vai rolar :)Beijoos! 

    2013-10-20
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