Primeiro treino de Quadribol -

Primeiro treino de Quadribol -



Eu ainda estava um pouco confuso com os últimos acontecimentos de minha vida. Nunca imaginara que a Murta teria coragem de espalhar para todos do castelo o que ela havia visto àquela noite. Quer dizer, eu não imaginava que veria meu nome na boca das pessoas por esse motivo. Sempre havia feito tudo isso de forma tão cuidadosa e, da única vez que havia me esquecido de que àquele banheiro tinha a Murta, da única vez, tivera essa consequência tão grave.


            Eu ainda estava tentando esquecer a conversa constrangedora que tivera com Dumbledore aquela noite. Quer dizer, o quão estranho pode ser seu diretor lhe perguntando se você realmente andou transando no banheiro feminino? Eu sabia que provavelmente a Jus estava ainda mais constrangida que eu, mas, no final das contas, ao menos aquela noite tivera um momento bom.


            Tudo bem, quando a Profª Minerva me encontrou e disse que o diretor queria me ver e ao Remmie também eu já fui me preparando para contar a maior lorota da minha vida ao melhor detector de mentiras da face da Terra. Fui sabendo que ele saberia que estávamos mentindo sobre não termos ido aos finalmente naquele banheiro, mas, no final das contas, o diretor aceitou nossa versão e disse que falaria com a Murta sobre o incidente.


            A parte boa não tinha sido aquilo, claro que não. O melhor de tudo foi na hora do jantar. Se vocês pudessem ver como eu e a Evans conversamos àquela noite. Quase como se fossemos amigos. Não consigo me lembrar de quando havia sido a última vez que ela havia me tratado tão bem. Era como se não houvesse divergências, como se sempre tivéssemos nos comportado de tal forma um com o outro. Era algo que eu havia sonhado por tantos anos. Talvez meu gelo estivesse funcionando de uma forma que eu não havia esperado. Talvez o fato de trata-la friamente tenha despertado nela sentimentos por mim. Ou talvez fosse apenas aquela situação que não comportava uma aversão mútua por estarmos no mesmo barco.


            Enfim, minha felicidade não durou tanto quanto eu imaginava. Quer dizer, havia dias que eu não os via juntos, mas, pelo que parecia, os dois ainda estavam se encontrando. Talvez até namorando... Vai saber... O que sei foi que quando eu estava me preparando para dar o meu desfecho de uma piada particularmente boa...


            - Lily, quando você acabar o jantar, podemos conversar? – Henry apareceu e disse olhando fixamente para a minha ruivinha. – Estarei te esperando no 7º andar, perto da escada.


            Foi um grande babaca ele. Nem deixou que ela lhe respondesse e já deu as costas, saindo com aquele ar de “sou o maioral” que ele exalava. Meu estômago deu um solavanco e senti um animal raivoso brotar em mim. Foi por muito pouco que não azarei o Henry ali mesmo, na frente de todos. Mas sabia que aquilo iria estragar a noite e não queria que a Lily terminasse o dia com raiva de mim. Não mesmo.


            Percebi que, embora todos tivessem voltado ao normal com o passar dos minutos, ela parecia mais distante. Não quis comentar nada para que não pensasse que eu era intrometido, mas aquilo me machucou. Foi como se o Henry tivesse cravado uma faca em meu coração quando chegou chamando pela minha garota e ela estivesse perfurando a faca já cravada para ferir mais ainda com aquele olhar vago dela, aqueles sorrisos falsos, que tentavam esconder sua preocupação.


            Foi questão de minutos até a Lily dar um suspiro e dizer finalmente.


- Gente, vou indo...  Nos vemos no salão comunal.


Eu sabia que ela estava indo até ele, até o Henry. Eu sabia que não teria nada que eu pudesse fazer para impedi-la e nem tentaria. Já tinha concordado que não me humilharia mais daquela forma por ela. Eu, James Potter, estava perdendo toda a minha fama de garanhão por conta de uma garota que não estavam nem um pouco aí para mim... Não, isso não iria acontecer comigo.


Acenei e me despedi quando a Evans estava indo embora. Fiquei mais alguns minutos com a galera na mesa, contando novas piadas (mesmo que os pensamentos estivessem no 7º andar com a Evans e o Henry), tentando comentar os casos que o pessoal ia falando, mas, por fim, cansei daquilo e disse que iria me deitar.


Me despedi de todos e segui em direção ao Salão Comunal. Quando já estava saindo do Salão Principal, o Padfoot me alcançou e seguiu ao meu lado sem dizer nada. Eu sabia que ele queria dar aqueles comentários dele sobre meus sentimentos (como se ele fosse algum mestre), mas permaneceu dignamente calado.


As primeiras palavras só foram pronunciadas quando já estávamos no dormitório.


- Dia cheio esse hein? – ele disse tirando a roupa e já com a calça do pijama em mãos.


- Cheio e cansativo. Por isso mesmo temos de descansar, quero estar com bastante disposição para o nosso primeiro treino amanhã.


- Então essa sua deitada cedo não tem nada haver com a Evans e o Henry...? – ele perguntou cauteloso. Não tinha certeza se eu queria falar sobre o assunto... e conhecia meu gênio.


- Tem muita coisa sobre isso, mas o passo que não damos para frente é um novo acontecimento que matamos em nosso futuro, então... – eu disse pondo meu pijama e deitando na cama. – Boa noite Padfoot.


- Boa noite Prongs. – ele respondeu.


 


Eu acordei cedo no dia seguinte. Seria o nosso primeiro treino do ano e eu queria muito levar a Taça de Quadribol esse ano. Já havia ajudado a Grifinória com esse título umas duas vezes antes, a primeira em meu quarto ano (um ano depois de entrar para o time) e a segunda em meu quinto ano. Sempre me diziam que eu era bom, que talento como o meu era raro, mas quando se é o capitão de um time tudo parece mais pesado. Você tem que montar as táticas, estudar os times adversários, ver seus pontos fracos, seus pontos fortes, saber tudo o que eles pretendem fazer. Enfim, era muita responsabilidade para uma pessoa só.


Cheguei bem cedo ao ginásio para aprontar as coisas para o nosso treino. Eu tinha marcado o treino para às dez da manhã, mas, antes das nove tudo já estava pronto. As bolas estavam em posições, alguns planos de jogadas que eu havia pensado no verão já estavam desenhados no quadro-negro  e eu não tinha mais nada para fazer por ali.


Era pouco mais que nove horas quando a Mary chegou ao ginásio, meio suada e com uma cara de preocupada. Não quis perguntar logo de cara porque talvez fosse algo que ela não gostaria de compartilhar.


- Já por aqui? – perguntei quando ela guardava sua mochila no armário e se sentava me observando.


- Bom, acordei cedo. Tive uns sonhos esquisitos e, bem... – ela deixou a frase no ar.


- Se quiser conversar sobre o que te preocupa... – disse tentando não parecer intrometido. Afinal, apesar de conversarmos bastante, das meninas a que mais tinha intimidade comigo era Jus, em todos os sentidos.


- Bom, promete não comentar com ela que falei contigo sobre isso? – a Mary disse num tom que era quase um sussurro.


- Claro... claro...


- Bom, a Lily voltou para o dormitório diferente ontem. Parecia estranha, abatida, perguntei se ela estava bem, mas ela não quis conversar comigo sobre isso... Disse que era impressão minha, mas tenho certeza que a ouvi chorar ontem à noite. E não foi pouca coisa. Tive um pesadelo essa noite e acordei de madrugada e, bem, ainda podia ouvir os soluços dela. Ai Prongs... Ela nunca deixou de me contar nada. O que está acontecendo com ela? – eu podia perceber o tom de preocupação na voz da Mary.


- Calma Mary... Ela pode ter brigado com o Henry... Mas já já eles fazem as pazes...


- Acho muito pouco provável que uma briga entre eles tivesse causado esse estrago. Ela nem ao menos está apaixonada por ele...


Aquelas palavras causaram em mim uma mistura de felicidade e preocupação. Então a Evans, minha ruivinha, não sentia nada de especial pelo Henry? Eu ainda estava no páreo? Mas, por outro lado, o que poderia estar afligindo-a daquela forma?


- Bom, se eu souber de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, juro que te conto ok? – prometi.


- Valeu Jay... – e ela me deu um beijo no rosto. Acho que foi a primeira vez que a Mary havia feito tal coisa comigo. Talvez ela me considerasse mais do que eu imaginava.


Pouco depois a galera do time de quadribol começou a chegar e a minha conversa com a Mary foi se tornando mais descontraída. O padfoot foi o último a chegar e pareceu meio desconfortável com a minha “intimidade” com a Mary. Eu pude perceber que a garota deu um sorrisinho ao ver a expressão com a qual o Sirius nos olhava. Eu teria que explicar a ele mais tarde que nada havia acontecido.


Comecei o treino falando sobre algumas táticas que havia pensado para o nosso time esse ano. Disse que todas as jogadas haviam sido inspiradas no time do ano anterior, então obviamente teria algumas falhas. Prontamente, sem nem ser questionado, o António ofereceu-se para espiar os treinos dos outros times. Eu lhe disse que o fizesse sempre que tivesse um horário vago. Seria ótimo saber o que os adversários estavam armando.


Aquele time, com toda certeza, era um dos melhores que a Grifinória já tivera. O Sirius, a Mary e o Edward formavam um excelente trio. Pareciam que já jogavam juntos há tempos. Se continuasse com aquele entrosamento seriam os maiores goleadores dos últimos anos. O António voava muito melhor que a Beck, mas a garota era muito mais astuta que o menino e, no final das contas, eu tinha dois tipos de batedores. Um de ataque e um de defesa. A agilidade do António seria excelente para os momentos de ameaça, mas a Beck e sua astúcia nos criaria muito mais oportunidades que seu parceiro.


No final do treino, até o próprio Lincoln que não queria ser goleiro, já estava convencido de que estava na posição certa. O Sirius, a Mary e o Edward tiveram bastante dificuldade para driblar a parede que o Lincoln estava se revelando ser. Com aquele time nós estaríamos dando longos passos em direção ao título do ano.


Por fim, após guardar tudo e fechar os vestiários, eu e o time voltamos juntos até o castelo conversando, rindo e esbanjando otimismo. Apesar de toda a aparente alegria, eu estava, em minha mente, bolando um plano para ajudar a Evans sem que ela soubesse que aquele era meu propósito e eu tive a ideia enquanto passávamos pelo Saguão de Entrada e a Beck contava sobre um admirador secreto que ela uma vez tivera. Era exatamente isso que faria. Iria buscar a inspiração em tudo, inclusive na biblioteca, e mandaria cartões para a Evans, assinando como seu admirador secreto. Alguém que saiba dela, que cuide dela, que a ame como ela merecia... Alguém como eu gostaria de ser para ela. Seu herói. 

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Comentários (2)

  • Vitaminadoz

    Olá, Becky, querida... também estavámos com saudades de você. Linda e compreensiva como sempre.Tenha mais compaixão pela Lily, mesmo que ela já esteja apaixonada pelo James, é difícil superar essa barreira do ódio que ela criou. Mas vamos aguardar...Terão vário momentos James/Lily nessa fic... até porque eles são os shappers principais ahsuah. Espero que goste das surpresas que estão por vir...Acho que o Sirius tem uma queda pela Mary... por isso até mesmo devolveu o diário a ela. Isso é sinal de amor, né? =)E sim, Mary também chama Prongs, assim  como a Justine... é um apelido que se proliferou, mesmo que no começo fosse algo meio que esocndido.Curta suas férias, minha linda. Beijos.  

    2013-07-14
  • becky bloomwood

      Eu quero ser produtiva. Vocês não têm ideia do quão produtiva eu gostaria de ser. Eu adoraria de postar um novo capítulo de A Aposta (vocês futuros: se eu não tiver acabado com A Aposta... por favor me bata.) e estudar pro enem e escrever uma história completamente nova e desenhar e correr uma maratona...   Mas então eu acordo cheia de preguiça. É, acho que as férias fazem isso com você. Você é envolvido nesse negócio de não fazer nada e daí é ladeira abaixo. E então embora eu queira ser produtiva, eu nem consigo pensar em fazer alguma coisa sem bocejar e sentir fome. Então aqui estou eu, sendo de alguma forma produtiva eu suponho. Comentário é alguma coisa e não requer muito movimento então eu estou disposta para isso.     E eu estou me sentindo superprodutiva porque eu recebi dois novos comentários seus. E eu adoro ler alguma coisa. (A Aposta –capítulos 4 e 5 para referência) E isso me deixou toda motivada e então a minha preguiça simplesmente disse “Escreva se você quiser mas eu estarei aqui mantendo a minha presença”. Então... ela ficou aqui. Ela quase me convenceu a não escrever (tanto que eu estava aqui remoendo por inspiração) mas eu sou uma heroína resistente. Suspiro... férias são tão tão tão tão tão tão tão boas.   Mas de qualquer forma. O próximo capítulo de A Aposta vai demorar um pouquinho porque eu ainda tô na metade do capítulo. Vocês postaram, depois do que pareceu uma eternidade, então vou deixar vocês felizes com um comentário (esperançosamente) invés de um capítulo, preguiça estúpida. Eu adoraria dar a vocês um capítulo, mas eu realmente não vou terminar hoje então não vai acontecer. Esperançosamente amanhã. Suspiro... veremos.   Certo, realmente comentar o capítulo seria legal. Vamos fazer isso!   Murta vai para o inferno! Quer dizer, ela iria, mas como ela se recusa a deixar o mundo dos vivos talvez isso nunca chegue a acontecer.   AHA! Dumbledore questionando James e Justine sobre eles andarem transando no banheiro feminino deve ter sido hilário, devia ter tido uma cena disso.   Finalmente o James decidiu não se humilhar mais pela Lily. Por mais que eu queira os dois juntos eu acho que ela precisa receber um gelo por um tempo, para dar valor.   Mary também chama James de Prongs? Fiquei chocada!!!   Lily é uma kenga. Não quer ninguém, mas quer todo mundo na cola dela e quando os caras se cansam ela vai chorar? Fresca!   Bom, segundo Mary não é isso, mas eu não lembro de mais nada que possa ser. Acho que vou ter que esperar para o próximo capítulo.   Que fofo, Sirius com ciúmes de Mary. Eu sempre soube que por trás daquela gozação rolava um sentimento.   Ó pra isso, trapaceando no quadribol, espionando o time adversário. Pode isso?   Que tchuco, o James escrevendo bilhetes amorosos secretos para a Lily, embora eu ache que ela não merecia. E eu achando que ele ia deixar ela vir até ele tsc, tsc, tsc.   NÃO HOUVE NENHUM MOMENTO JILY! Eu sei que eu falo mal da Lily, mas eu fico toda animada quando há um momento Jily. Não necessariamente beijo mas alguma conversa. Eu fico esperando que eles falem alguma coisa tchuca, ou Lily finalmente perceba que ela na verdade ama James desesperadamente. Realmente, eu só quero que ele sejam todos românticos e adoráveis. Isso é o que eu realmente quero.   Mas de qualquer forma, olhem para vocês postando. Eu tinha prometido a mim mesma que eu não ia comentar na demora mas é maior do que eu! Bem esse comentário não é nem de perto tão grande quanto o último. Eu me sinto mal por isso, mas eu estou com preguiça, não cansada. Então... desculpe eu acho. Eu achei esse capítulo um pouco pequeno acho que vocês deviam fazer alguns maiores. Talvez tenha sido a saudade que me fez ler tão rápido. Essa é uma possibilidade.   Bem eu estou esperando o próximo capítulo. E quero descobrir porque Lily tava chorando durante a noite.. embora eu ache que eu sei... suspiro...   Eu acho que eu vou voltar a não ser produtiva de novo mas sentindo como se eu pudesse ser produtiva. Eu vou achar algo para fazer enquanto tô no computador. Ah, deus minha vida é tão ociosa.   Então eu tô saindo. Boa sorte com o seminário e outras coisas e se divirtam fazendo o que quer que vocês estejam fazendo hoje. Eu não vou dizer para vocês postarem logo porque eu sinto que vocês vão e eu não desejo a morte... além do mais quem sou eu pra falar qualquer coisa, né?   Contagem de palavras: 770    

    2013-07-07
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