Reviravoltas e boatos - Lily

- LILY! – Mary entrou gritando no dormitório. – Eu sou a mais nova artilheira da Grifinória e... – ela de repente, parou ao ver que eu e Justine estávamos abraçadas e ela chorava. – Er... O que está acontecendo aqui?

 

- Mary, estou muito feliz por você ser a nova artilheira da Grifinória. Eu sabia que isso iria acontecer! – Ela deu um sorriso, mas ao olhar para Justine ela ficou seria novamente. – Mas, uma coisa muito séria aconteceu e eu preciso saber se você ouviu algum boato rolando por Hogwarts?!

 

- Não! – ela olhava para nós duas, sem entender absolutamente nada. – Não ouvi nenhum boato, mas o que está acontecendo? – Ela olhou para Justine que agora estava aos prantos novamente.

 

- Eu vou te contar o que aconteceu, “M”. – Justine virou-se para Mary, enxugou as lágrimas e contou tudo que havia contado horas antes para mim.

 

- Nossa Jus, isso é mesmo horrível. – dei uma olhada “fuzilante” para Mary, mas acho que ela não percebeu. – Mas eu não ouvi nenhum boato. Talvez a Murta esteja só blefando.

- Meninas, vocês não vão acreditar no que esta acontecendo... – Alice e Isabelle entraram afobadas no dormitório. Mas olharam para a situação e perceberam que Justine estava chorando.

 

- Bom, então vocês já sabem? – Alice perguntou sem jeito.

 

- Eu disse que era melhor você fazer o que ela mandava “J” – Isabelle falou sentando-se em sua cama.

 

- Claro que não é a melhor solução, Isabelle. – Me levantei do chão e olhei feio para ela. – Inclusive, acho que é melhor irmos logo falar com Dumbledore. A essa altura ele também já sabe dos boatos.

 

- Não Lily! Você está maluca? – Justine se levantou e foi na minha direção. – Ele vai chamar os meus pais.

 

- Ele já deve estar sabendo Jus e a qualquer hora ele vai querer falar com você, então vamos logo! – me aproximei dela e segurei seu ombro. – Vamos, é melhor encarar o problema de uma vez. Todas nós iremos com você.

 

- Ok, vamos logo!

 

Todas saímos do dormitório e descemos as escadas em direção ao salão comunal, mas quando chegamos lá, infelizmente, o salão não estava vazio. Deveria ter por volta de umas 10 pessoas. E todas essas já pareciam ter ouvido o boato, pois no instante em que descemos as escadas, todos pararam o que estavam fazendo e ficaram olhando para nós. Justine abaixou a cabeça e seguimos pelo salão, mas todos continuavam a encará-la.  

 

- Estão olhando o que seus idiotas? – berrei e olhei para todos. Foi como se eles estivessem saído do transe, pois no mesmo instante, eles pararam de nos encarar e voltaram ao que estavam fazendo.

 

Passamos pelo retrato da mulher gorda e Justine voltou a chorar, abracei-a bem forte e caminhamos. Os corredores estavam vazios, a maioria dos alunos deveriam estar do lado de fora do castelo, era sábado e um sábado ensolarado. Continuamos caminhando até a gárgula que guarda a sala do diretor, disse a senha e fomos na direção da sala de Dumbledore, bati e a porta se abriu.

 

- Já ia pedir para a professora McGonagall, que a chamasse para a minha sala, minha cara. – Justine fungou bem alto e ele continuou. – Não é necessário todas vocês aqui. Deixem-me apenas com as senhoritas Cooper e Evans. – O professor Dumbledore, fez sinal para que eu e Justine sentássemos. – Ah, senhorita Martem. Poderia por favor, chamar o senhor Potter e o senhor Lupin? – Mary, fez que sim com a cabeça e saiu com as meninas da sala do diretor.    

 

- Diretor, poderia saber porque eu e o Remus também participaremos dessa conversa? – perguntei e ele me olhava por cima dos óculos.

 

- Bom, senhorita, por dois grandes motivos... Vocês são grandes amigos dos envolvidos no boato e vocês dois são monitores.

 

Assim que o diretor acabou de falar, ouvimos batidas na porta da sala. E logo Remus e Potter entraram.    

 

- Sentem-se. – o diretor indicou duas cadeiras ao lado da minha. – Bom, imagino que vocês quatro saibam o motivo pelo qual eu os chamei aqui. – Ele fez uma pequena pausa e ficou olhando-nos por cima dos seus oculozinhos de meia-lua. – Ouvi uns rumores sobre a sexta-feira da semana passada e gostaria de saber de vocês, o que realmente aconteceu...

 

Ficamos nos olhando sem saber quem ia começar. Ao perceber que nenhum dos outros três ia fazer qualquer comentário eu resolvi começar...

 

- Bom... – Comecei sem saber ao certo o que eu ia dizer... – A Murta Que Geme começou a ameaçar a Justine e como a Justine não cedeu as chantagens, ela resolveu espalhar esse boato...

 

- Então foi só mesmo um boato? – o Professor Dumbledore continuava nos olhando de forma enigmática, nunca dava para saber se ele estava acreditando ou não.

 

E assim a conversa seguiu durante horas, todos nós fomos falando aos poucos, mas de forma em que parecesse apenas como se eles tivessem “só ficado” e que a Murta aumentou tudo.

 

Quando chegamos no dormitório, encontramos Mary, Alice e Isabelle super ansiosas para saber o que havia acontecido. Contei tudo nos mínimos detalhes. Contei que não assumimos em momento nenhum o que eles haviam realmente feito, que ele prometeu não chamar os pais de nenhum dos dois, mas pediu que isso não voltasse a se repetir, que diria aos professores para conversar com os outros alunos sobre o ocorrido e que o professor Dumbledore prometeu ter uma séria conversa com a Murta.

 

- Mas ela vai contar a versão dela! – Mary falou de forma assustada.

 

- Eu sei! – Isso já havia me passado pela cabeça. – Mas duvido muito que ele vá acreditar nela... Se bem que eu tenho certeza que ele sabe da verdade. Dumbledore nunca deixa passar nada.

 

Fomos jantar e vimos que muitos alunos ainda nos olhávamos, mas resolvemos fazer como se nada tivesse acontecido... Sentamos todos próximos na mesa da Grifinória aquela noite, eu, as meninas e os marotos. Foi realmente divertido, esquecemos todas as brigas e as diferenças aquela noite. Eu e o Potter nos comportamos como se fôssemos grandes amigos, Mary e Black fingiram que nada da história do diário havia acontecido e até Justine e o Potter fingiram que não estava acontecendo boato nenhum.

 

- Ah deixa eu avisar uma coisa a vocês, meus queridos artilheiros – Potter se dirigiu ao Black e a Mary. – eu estava pensando seriamente em nos reunirmos amanhã no Campo de Quadribol, bem cedo. Para começarmos nossos treinos.

 

- Ah Prongs, no domingo de manhã? – Black olhou-o com cara de desgosto.

 

- Você quer ou não ser campeão esse ano, Padfoot? – Potter olhou sério para o Black. – Tá decidido! Vai ter treino amanhã bem cedo, vou falar com o resto do time depois do jantar.

 

- Então Lily, você já fez a pesquisa de transfiguração? – Remus me perguntou.

 

- Epa, epa, epa, falar sobre trabalho em um sábado a noite na hora do jantar? Vai dar indigestão! – Black fez careta. E todos nós rimos.

 

Black ficou contando algumas piadas e o Potter também. Quando estávamos perto do desfecho de umas das piadas do Potter. Uma mão tocou meu ombro e me virei para ver quem era.

 

- Lily, quando você acabar o jantar, podemos conversar? – Henry olhava sério para mim. – Estarei te esperando no 7º andar, perto da escada. – Então sem esperar minha resposta ele saiu. Fiquei mega sem graça, não consegui levantar o rosto, pois percebi que todos haviam se calado e estavam prestando atenção no Henry e em mim.

 

Demorou algum tempo, e todos voltaram a se comportar como se nada tivesse acontecido, mas eu não consegui voltar a ser a mesma.

 

- Gente, vou indo... – Levantei ainda de cabeça um pouco baixa. – Nos vemos no salão comunal.

 

Fui andando até o sétimo andar e pensando o que exatamente o Henry queria falar comigo e que rumo levaria a conversa... Será que ainda ficaríamos? Bom, eu não sei nem se eu ainda quero ficar com ele. Acho que essa semana que fugi dele, nos afastou, toda aquela magia sumiu... Será que ele também não quer mais ficar? Ou será que ele tá me chamando para conversar porque na verdade ele ainda quer?

 

            Quando cheguei ao final da escada do 7º andar (local onde ficamos as várias vezes) ele já estava lá me esperando e ao contrário do que acontecia das outras vezes ele não sorriu ao me ver.

 

- Demorei? – perguntei com um sorriso de canto de boca.

 

 Ele apenas balançou a cabeça de forma negativa e ao contrário de mim não havia nenhuma sombra de sorriso nos lábios.

 

- Lily, eu te chamei aqui, porque eu acho que devíamos conversar... – Ele ainda estava sério e frio. – Depois do dia em que eu e o James brigamos, você andou fugindo de mim. Eu e James já fizemos as pazes, conversamos e você continuou fugindo de mim.

 

- Bom Henry, é que... – Mas não pude continuar porque ele me pediu para que o deixasse continuar.

 

- Sei que não dá mais para ficarmos. Mas eu gosto muito de você e não gostaria que continuássemos assim sem nos falarmos. Eu não vou te explicar o que aconteceu, acho que você não entenderia, e se eu dissesse que é algo de homem, você acharia que eu estou sendo machista. Então é isso Lily, só não quero que você continue chateada e fugindo de mim. - Depois de falar tudo isso ele me olhou nos olhos, me deu um beijo no rosto e saiu. Eu demorei até conseguir me mover, fiquei totalmente assustado com o comportamento do Henry, ele foi tão frio... Todos estavam me tratando assim ultimamente... O Potter e agora o Henry?!

 

            Fui caminhando até o salão comunal e lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos. Eu não sei exatamente porque, mas tive uma vontade muito grande de chorar. Quando cheguei à porta do salão comunal tinham muitas pessoas, mas acho que nenhuma percebeu o meu estado, aliás acho que ninguém percebeu a minha presença.

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