Fred e Jorge
Ron ficou a observando enquanto ela subia. Ele se virou e caiu no sofá.
- Essa é boa - falou, indignado, arrepiando os cabelos ruivos. - Eu, idiotamente, digo que me importo com ela e ela me diz que sou cego e sai correndo... não entendo as mulheres, definitivamente.
- Nem tente, irmãozinho. - falaram duas vozes idênticas. Ron se levantou.
Fred e Jorge estavam parados na frente do buraco do retrato, sorrindo.
- Fred? Jorge? - indagou Ron, confuso. Se bem lembrava, eles já tinham saído da escola. - O que diabos vocês estão fazendo aqui???
- À passeio, irmãozinho. Resolvemos que poderíamos dar umas voltas por aqui, e ver como é que vai sobrevivendo esta escola sem a gente. - falou Fred, sorridente. Ron ignorou sua “modéstia” e perguntou:
- Há quanto tempo estão... parados aí?
- A tempo suficiente para confirmarmos mais uma vez o que já sabíamos. - disse Jorge.
- Ou seja, a tempo suficiente para ouvir sua confissão. - completou Fred.
- Que confissão - começou Ron, mas ele parou no meio e arregalou os olhos. - , esperem aí,estão querendo dizer que ouviram nossa... nossa...
- Sua “simpática e esclarecedora conversinha”? - falou Fred.
- Sim, ouvimos. - disse Jorge.
- Por que “esclarecedora”? - indagou Ron.
- Ron - começou Fred, solenemente. - Sabíamos que você era um tapado da melhor categoria, mas não fazíamos idéia de que era burro.
- Pensando bem, fazíamos - falou Jorge, olhando para o irmão, que fez cara de “É, bem.” - mas não achamos que era TANTO.
- O que querem dizer com isso? - perguntou Ron, desconfiado de que não seria nada de bom.
- Ora, Ron, todos sabemos que você está estatelado, esmagado, achatado, caído de amores pela Mione. - disse Fred, num tom de quem explica a uma criança que um mais um é igual a dois. Ron pulou.
- Quê? O que quer dizer com “todos”? Ôpa! Quero dizer, eu não... eu não estou... eu não... eu nunca... - Ron corou furiosamente.
- Ah, Fred, olhe só, não é bonitinho, ele está tão apaixonado que está até corando... - debochou Jorge.
- Vão para o inferno. - mandou Ron, afundando na poltrona mais uma vez.
- Ahhh, isso não foi nem um pouco educado, sabe, irmãozinho. Deveríamos escrever à mamãe agora mesmo. - ameaçou Fred. - Mas como somos ótimos irmãos - Ron revirou os olhos. -, vamos lhe ensinar como lidar com o complicado mundo das mulheres.
- NÃO, NÃO VÃO NÃO! - exclamou Ron, horrorizado com a idéia de ter uma conversa desse tipo com alguém, especialmente com Fred e Jorge.
- Você deveria nos agradecer. Sabemos que você não é lá muito bom com isso. Então cale a boca e escute - acrescentou ele, quando Ron fez menção de responder algo bem malcriado. Ele fechou a boca, contrariado, e afundou mais um pouco, como se considerasse desaparecer entre as almofadas.
Fred e Jorge pararam em frente a eles e começaram.
- Bem, Roniquinho. A primeira coisa que você tem de saber, é que dificilmente as mulheres dão o primeiro movimento. É a parte ruim - boa, eu diria - de ser um homem, sabe. Você tem de tomar a iniciativa.
- Eu não vou tomar iniciativa nenhuma!! - teimou Ron, sentindo as bochechas quentes.
- Ah, vai, ou será que você gostaria de ver a sua querida Mionezinha nos braços de Vítor Krum, só porque ele tomou a iniciativa primeiro, como aconteceu no quarto ano? - Os olhos de Ron se arregalaram de terror.
- Não, ele NÃO VAI nada! EU NÃO VOU DEIXAR! - falou ele, indignado. Fred e Jorge sorriram um para o outro.
- Viu? Isso se chama iniciativa. Está no sangue dos Weasley. - falou Jorge, estufando o peito. Ron os encarou e afundou na poltrona novamente.
- Muito bem - continuou Fred. - Agora: as mulheres gostam de um certo romantismo, Roniquinho. E você tem de ser romântico para conquistá-las. Mas também não pode ser um... como se diz ainda, Fred?
- “Pau-mandado”. - Fred encolheu os ombros. Isso mesmo. Você tem de... digamos... manter a coisa sobre seu controle. Você tem de ter o domínio da situação. - falou Fred, sabiamente.
- E não deixar ela dominar você. Como ela fez agora à pouco. - observou Jorge, erguendo as sobrancelhas comicamente.
- QUÊ? - exclamou Ron, indignado. - Ela não tinha controle algum da situação! Ela se descontrolou também!
- É, mas ela conseguiu, consciente ou inconscientemente, fazer você falar que se importa com ela. - explicou Fred, pacientemente. Ron deitou a cabeça no encosto da poltrona, se achando um idiota por ter falado aquilo.
- Não se sinta idiota, Roniquinho - disse Jorge, como se lêsse os pensamentos do irmão. - Quero dizer, você é - Ron lançou a ele um olhar chamuscante. -, mas as coisas que você falou exigiram o que chamamos de “bravura dos Weasley”.
- Eu chamaria de “idiotice dos Weasley” - retrucou Ron, mal-humorado.
- Como quiser - falou Fred. - Mas tenha certeza de que ela gostou. - Ron se desencostou da poltrona.
- Gostou?? - fez ele, apalermado. - Então por que diabos ela saiu correndo? - Fred e Jorge suspiraram, fingindo cansaço.
- Bem, você a chamou de idiota - falou Jorge.
- E por mais que ela tenha gostado de saber que você se importa com ela, ela ficou chateada porque você a ofendeu. - completou Fred.
- É, e ela ficou dividida entre agradecer a você com muitos beijos - Ron atirou uma almofada em Jorge, que se abaixou -, e berrar com você. E como ela não conseguiu se decidir...
- Saiu correndo para o dormitório feminino - falou Fred. - Onde ela provavelmente deve estar deitada na cama chorando.
- Chorando? - Ron pareceu muito cansado daquilo tudo. - Chorando?? Por que diabos ela estaria chorando? - Fred e Jorge balançaram as cabeças.
- Você é mais cabeça-oca do que eu pensava, Roniquinho. - observou Jorge.
- E pensar que achamos que talvez estes anos de monitoria tivessem ocupado sua mente vazia... - Fred sorriu. - Será que não é óbvio?
- O QUÊ? - disse Ron, exasperado.
- Ora, Ron, ela obviamente está chorando por dois motivos. - começou Jorge.
- Um - começou Fred -, porque você a xingou de idiota e de cega...
- Não a culpo - interrompeu Jorge. Ron lhe atirou uma segunda almofada. Ele escapou de novo.
- E dois - continuou Fred. -, porque ela gosta de você, e deve ter somado dois mais dois; e finalmente ter descoberto que você gosta dela.
- E ela provavelmente não sabe o que fazer quanto à isso. - disse Jorge. Ron apenas ficou ali, boquiaberto, observando os gêmeos, que sorriam para ele como se dissessem “Dããã.”
- Então vocês querem dizer... - balbuciou Ron. - Vocês não estão me dizendo que...
- Sim, é exatamente o que você está pensando, Roniquito. - falou Fred, sorridente. - Mione ama você, e você ama ela, e está escrito tanto na testa dela como na sua.
- Em letras de fôrma. - completou Jorge, rindo. - E ela conseguiu ler. Todos nós lemos.
- E pela sua cara, você também leu. - falou Fred. Ron ficou abrindo e fechando a boca, sem ter o que falar. Finalmente, ele disse:
- O que...o que querem dizer com “todos”?
- Simplesmente isto, irmãozinho... - começou Jorge.
- Todos sabem que você e a Mione se gostam. Harry sabe, Gina sabe---
- PERAÍ! - exclamou ele, corando. - Harry sabe?
- Já te disse, Roniquinho. O mundo todo sabe - Jorge encolheu os ombros. - Simas, Dino, até o Lino já percebeu. Angelina, Katie, Lilá, Parvati, os professores... se duvidar até Dumbledore sabe. - Ron ficou pasmo.
- Não... não, não pode ser... eles não podem saber... - falou ele.
- Pelo menos você não nega que gosta da Mione, eh? - fez Fred, sabido, erguendo as sobrancelhas. Ele foi atingido por três almofadas consecutivas. Muito ágil, Fred se desviou,e falou:
- O que está esperando? Vai atrás dela, sua anta. Vai atrás dela e resolve isso tudo antes que nós façamos mais esse favor pra você. - Ron pareceu considerar a idéia.
- Mas... mas como eu vou subir lá? - perguntou ele, num misto de desespero e alívio. - Aquela droga de escada vira um escorrega todas as vezes que eu tento!
- Hmmm, ele tenta... - fizeram Fred e Jorge, caçoando. Dessa vez, Ron os derrubou no chão com as almofadas.
- O Mapa do Maroto, seu palhaço. - falou Jorge, se levantando. Fred continuou por ele:
- Lá tem uma passagem para o dormitório feminino. Acha que Godric Griffindor era burro ou o quê?
Em vez de jogar mais almofadas nos gêmeos, Ron se levantou e correu para o dormitório masculino, e voltou, dois minutos depois, com o mapa de Harry na mão.
- E não se esqueça, irmãozinho - falou Fred, enquanto Ron se dirigia para a escada do dormitório feminino. - Mantenha o controle. Como diria o velho Moody, VIGILÂNCIA CONSTANTE! - Ron sacudiu a cabeça.
- Será que Harry se importará? - perguntou Ron, sacudindo o mapa hesitante para Fred e Jorge.
- Nah - fez Jorge. - Ele quer ver essa situação resolvida quase tão rápido quanto você. -Nem bem tinha se recuperado e já estava no chão de novo, coberto por cinco almofadas.
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