Vigilância constante!



Ron ouviu Fred e Jorge saírem da sala comunal.

- Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom - sussurrou ele, apontando a varinha para o mapa. Imediatamente, apareceu toda a Hogwarts no precioso pedaço de pergaminho. Ele se procurou no mapa, e se encontrou, exatamente onde estava, na frente da escadaria que dava para o dormitório feminino. Sem saber o que fazer, ele apontou a varinha para a escada no mapa.

- Ok... agora me mostre como chegar lá encima. - Falou ele, não achando que ia funcionar. Se surpreendeu quando o seu “eu” no mapa apontou a varinha para a parede ao lado direito da escada e um balão de fala apareceu, com a palavra “Safadus”. - Que apropriado - resmungou Ron. Ele olhou para a parede e apontou sua varinha para ela, com o coração batendo rápido. - Safadus - falou ele.

Ron pulou quando apareceu uma porta marrom, ali. Ele olhou para o mapa. O seu “eu” entrara pela porta e murmurara “Safadus” novamente. A porta do mapa desaparecera. Ron foi atingido pela dúvida. “Será que eu faço isso mesmo?” se perguntou, nervoso. Ele examinou o mapa. O seu “eu” voltara ao lugar onde ele estava agora. E ele olhou para cima. Viu o pontinho “Hermione Granger” encima do lugar onde sabia que estavam as camas. Ron se encheu de coragem, olhou para a sala comunal para se certificar de que ela continuava vazia e entrou pela porta. Ele fechou-a, e murmurou o feitiço novamente. A porta desapareceu. Aliviado, Ron suspirou. Ele olhou para cima. Era uma escada muito escura. Suspirou e começou a subir.

Dois minutos depois, se viu frente a uma outra porta. Ron olhou o mapa, se certificando de que não havia ninguém no corredor do dormitório feminino. Ele girou a maçaneta e abriu a porta, sentindo o coração sair pela boca.

Era um corredor bem iluminado, com archotes, e um tapete vermelho por toda a sua extensão. Ron fechou a porta e, sem surpresa, viu que ela desaparecera. Ele colocou o mapa no bolso do casaco, e andou pelo corredor, procurando a porta “Dormitório Feminino, Sétimo Ano”. Quando achou-a, a dúvida novamente tomou conta dele. Será que era aquilo mesmo que ele queria? Bem, que ele queria, era isso mesmo. Mas será que seria certo? Que daria certo?

Ron pensou no que Fred e Jorge haviam dito. “Mione ama você, e você ama ela, e está escrito tanto na testa dela como na sua.”. Ele sorriu. Que se dane, pensou, abrindo a porta silenciosamente, e desejando de todo o coração que Parvati e Lilá tivessem ido passar as férias de Natal em casa.

Seu desejo foi realizado. Assim que ele entrou no dormitório bem decorado e escuro, viu três camas. Nas duas primeiras, não havia ninguém, graças a Deus. E na última, de cortinas abertas, ele viu a figura que tanto conhecia, deitada de barriga na cama, soluçando. Hermione.

Como ela não pareceu perceber sua presença, Ron se aproximou da cama. Ele chamou:

- Mione?

Ela suspirou e respondeu:

- Vai embora, Ron, e... - Ela deu um pulo e se virou, sentando-se. - RON??? Meu Deus,Ron, que diabos você está fazendo aqui? Como você... quando você... há quanto tempo... ah, Ron, o que diabos você está FAZENDO? - Ron sorriu para ela. Ela esfregou os olhos, como se achasse que pudesse estar sonhando.

- Calma, Hermione.Uma coisa de cada vez. Primeiro: não é um sonho, eu estou aqui mesmo. Segundo: eu acabei de chegar. Terceiro: eu consegui subir até aqui com a ajuda do Mapa do Maroto. Quarto: o que eu estou fazendo aqui? - Ron parou. Como iria explicar? - Bom, essa nem mesmo eu sei responder direito. Hermione o encarou severamente.

- Você entrou no dormitório feminino com o Mapa do Maroto? - Ela indagou, austeramente.

- Sim. - respondeu Ron.

- Harry sabe disso?

- Não. Mas Fred e Jorge me garantiram de que ele não se importaria. - falou Ron, corando e dando graças a Deus que estava escuro.

- Fred e Jorge?? Que diabos ELES estão fazendo aqui? Eles já terminaram a escola! - falou Hermione, confusa. Ron explicou:

- Os dois vieram dar uma volta e ver como andam as coisas. E... e os dois acabaram ouvindo a nossa briga.

A expressão de Hermione mudou de confusa para furiosa ao ouvir a palavra “briga”.

- Vá embora, Ron. - murmurou ela, se jogando na cama de novo.

- Não. - falou ele, firmemente. - Não, não vou.

- Ah não? Então que tal eu chamar a Profa.McGonagall aqui e ela lhe dar uma bela detenção? - ameaçou Hermione, virando-se para ele.

- Claro, chame ela. Até você descer e voltar, eu já estarei tranqüilamente no meu dormitório e ela vai achar que você pirou, e vai tirar seu distintivo de monitora-chefe, porque não podemos ser monitores quando somos loucos, podemos? - falou Ron, tranqüilamente. Hermione enfureceu-se.

- AH! Você é TÃO---

- Calma, Hermione. - falou ele. - Eu... eu não vim aqui para brigar. Pelo contrário, eu... eu vim aqui pedir desculpas. - Hermione ficou surpresa.

- V-Veio, é?

- Vim. Eu... me desculpe, Hermione, eu... eu não queria ter chamado você de idiota nem de cega.

- Mas chamou - falou ela, magoada.

- Eu sei. E estou realmente arrependido. - Hermione não o encarava. - Olhe pra mim, Hermione. Escute. - Ela o olhou, com lágrimas nos olhos. - Sei que você anda toda superemocional por causa dos N.I.E.M’s e tudo, e eu não devia ter chamado você daquilo. Porque você não é. Realmente não é. - E esquecendo tudo o que Fred e Jorge disseram sobre “manter o controle da situação”, ele falou: - Se tem alguém que seja idiota, sou eu.

Hermione deixou o maxilar cair,em choque. Não era da natureza de Ron pedir desculpas. Algo estava acontecendo.

- Ron, o que está havendo? - perguntou ela. Ron sentou-se ao lado dela e a encarou.

- Eu... eu não vim aqui só pra pedir desculpas. - disse ele, enchendo seu peito de coragem.

- N-Não veio? - perguntou ela, sentindo uma tremida e um repentino pressentimento.

- Não. - respondeu Ron. - Na verdade eu... eu... eu vim para... para... para dizer que... que... você pode me emprestar seu dever de História da Magia? - Ron ouviu as próprias palavras, e considerou a idéia de se atirar para fora da janela. Na hora “H” não conseguira! Que droga.

Hermione suspirou.

- Não, Ron. Você teve tempo suficiente para---

- Ah, eu não vim aqui pra perguntar isso. - falou Ron, apressado, antes que a coragem se mandasse novamente. - Eu sou um idiota.

- Você também é cego, sabia? - falou Hermione, timidamente, encarando-o.

- Não. - respondeu ele, mansamente. - Isso eu não sou mais.

- Pois eu acho que é. - falou Hermione, cruzando os braços.

- Pois eu acho que não sou. - retrucou Ron.

- É sim.

- Não sou.

- É sim.

- Não sou não.

- É sim,Ronald. Tem milhares de coisas bem na sua frente que você se recusa a enxergar.

- Não me recuso mais. - respondeu Ron. - Hoje você acordou com resposta pra tudo, não é?

- Eu SEMPRE tenho resposta pra tudo, Ronald Weasley - falou Hermione, secamente.

- Ah é? - desafiou Ron. - Então que tal uma resposta para isto?

Antes que ele pensasse direito, e antes que a coragem tivesse o descaramento de abandoná-lo novamente, ele tomou o rosto de Hermione nas mãos e capturou os lábios de Hermione com os seus, num beijo suave.

Ela se assustou. Logo se desgrudou dele, tão vermelha que a escuridão não conseguiu disfarçar.

- Que diabos você pensa que está fazendo??? - indagou ela, chocada. Ron não respondeu, apenas sorriu e acariciou o rosto dela. Ela se arrepiou. - Foi por isso que você veio? P-Pois se foi, p-pode ir emb-bora.

Ron se surpreendeu com a frieza na voz dela. Fred e Jorge não tinham falado que ela gostava dele? Por que estava fazendo isto, então?

- Hermione, o que... - começou ele, com voz fraca, quando ela começou a chorar.

- Não brinque com meus sentimentos, Ronald Weasley - disse ela, sob as lágrimas.

- Eu não estou brincando com coisa alguma! - falou ele, exasperado e desesperado. - Hermione, você...você tem razão, foi... foi por isso que eu vim! Eu vim para... eu vim para te dizer que... que eu... que eu me importo com você...

- Você já disse isso lá embaixo. -murmurou ela, abaixando a cabeça. Ron colocou sua mão no queixo dela e levantou sua cabeça.

- É... - concordou. -, mas talvez eu não tenha sido muito claro. Ele encarou o rosto dela, iluminado pelo luar que entrava no quarto pela janela. Ela o encarou também.

Então descobriu que não precisava da porcaria da coragem para fazer isso. Ele apenas repetiu o que seu coração estava falando. - Hermione, eu... eu gosto demais de você. Demais. Você nem tem idéia do quanto. Eu não... eu não sabia que você também... quer dizer, às vezes, pelas coisas que você fazia, eu até... até meio que achava que você poderia... mas eu nunca quis me dar falsas esperanças. Até que alguém teve que dizer a verdade nua e crua para mim. Na minha cara. E então eu percebi que... que não importava se você gostava ou não de mim. Só que eu... que eu precisava dizer isso pra você. - Ele sentiu como se um peso no seu coração estivesse sendo extraído. - Porque... porque eu não... eu não consigo mais viver sem você, Hermione. - Eu... eu realmente... eu realmente... eu amo você, Hermione. É... é isso mesmo.Eu amo você. - Ela arregalou os olhos, que estavam se enchendo d’água, mal se atrevendo a acreditar. Os dois ficaram em silêncio, só se olhando na escuridão daquele dormitório, sem Parvati nem Lilá pra atrapalharem.

- Ah, Ron! - fez ela, atirando-se sobre ele, abraçando-o forte. Então Ron apertou seus braços em volta dela, abraçando-a também, fechando os olhos, e percebendo que de todas as vezes que ela falara “Ah, Ron” se atirara sobre ele, esta vez era a que ele mais gostava. - Ah, Ron, eu... eu mal posso acreditar - A voz dela estava fraca. - Eu nem sei o que dizer, eu...

Ron colocou um dedo nos lábios dela.

- Não diga - E ele colocou suas mãos no pescoço de Hermione, puxando-a para beijá-la mais uma vez. E desta vez, ela não o empurrou.

Os corações dos dois batiam descompassadamente, e alegremente. Esperaram aquilo por tanto tempo que o alívio, o amor, a paixão, o desejo, eram tão grandes, que o mundo podia explodir que eles continuariam ali, trocando carícias.

Hermione apenas interrompeu o beijo para dizer uma coisa:

- Eu amo você também, Ron - Ele a encarou profunda e apaixonadamente.

- Eu bem que desconfiava - brincou ele, beijando-a novamente.

- Nós...contaremos para alguém sobre... nós? - perguntou Hermione, ligeiramente sem-jeito.

- Não... não agora. Acho melhor por enquanto mantermos em segredo. Eu posso vir aqui todas as noites, usando a passagem que o mapa me mostrou.

- Seria ótimo - falou Hermione acariciando os cabelos ruivos de Ron, que a fascinaram desde pequena. - Só que você tem de ter cuidado, Ron... se a Profa.McGonagall te pega... somos monitores-chefes... como diria o Moody, VIGILÂNCIA CONSTANTE!

Ron se levantou e pegou-a no colo, girando-a no ar, rindo.

- Sabe - disse ele, depois de beijá-la mais uma vez. - Essa é a segunda vez que alguém me fala isso hoje.

Hermione enrugou a testa curiosamente, mas decidiu por não perguntar. Ela apenas sorriu, jogou seus braços em volta de Ron e beijou-o de volta.

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