Monitoria e discussão andam ju
- Ufa! - exclamou Ron, ao entrar e se sentar na sala comunal, aparentando cansaço.
- Eu sei - falou Hermione, sentando-se na poltrona defronte. - Não achei que pendurar festões e supervisar as decorações de Natal fosse tão cansativo.
- Nem eu. - Ron examinou a sala comunal. - Ser monitores-chefes não é nada fácil. E pelo jeito demoramos. Harry cansou de esperar e foi pra cama.
- Também... deve passar das duas da madrugada. E você NÃO AJUDOU atraindo a atenção do Filch! - Falou Hermione, censurando-o. Ron riu gostosamente.
- Ah, Hermione, você tem de admitir que aquilo foi genial.
- Não vejo nada de engraçado em colocar uma tôca de Papai-Noel na Madame Nora e pendurá-la de cabeça pra baixo na árvore principal! - Ron riu novamente, lembrando-se da cena. - NÃO É ENGRAÇADO! Teríamos pego um mês de detenção se não fôssemos monitores!
- Ah, relaxe, Hermione, eu sei o que faço.
- É, foi o que você disse hoje antes de fazer um “Wingardium Leviosa” em si mesmo achando que ia funcionar, levitar um metro e meio e cair com um baque surdo no chão! - Ron fez uma careta, esfregando as costas.
- Aquela doeu. - disse ele.
- Bem feito! É pra você aprender a me escutar! Faz bem de vez em quando, sabia? - disparou Hermione, cheia de farpas. Ron a encarou.
- Já que você se acha tão espertinha, que tal uma partida? Garanto como você não ganha de mim. - desafiou Ron. Agora ele tocara no ponto fraco. Hermione se empertigou.
- Não cante vitória antes do fim da partida! Para a SUA informação, andei treinando! - disse ela, se sentando na mesinha, enquanto Ron tirava o tabuleiro de xadrez, sorrindo.
- Ótimo. - disse Ron, sorrindo presunçosamente. - Então prove.
Bem, tudo o que Ron teve a dizer sobre a partida foi
- Há! Eu te disse!
Hermione não disse nada. Mas ela deu um sorriso.
- Realmente, você tem de admitir. Eu sou ÓTIMO no xadrez---
- Ok, eu admito.Você É realmente ótimo no xadrez. - falou Hermione.
- Vamos, admita, e--- Ron não absorveu as palavras que Hermione havia dito. - Eu... quê?
- Você é maravilhoso no xadrez, Ron. - repetiu Hermione, forçando-se a olhar para ele. Se o maxilar de Ron fosse flexível, ele chegaria até o joelho. Mas como existem ossos, ele apenas ficou boquiaberto.
- Eu... eu... ah... obrigado. - murmurou ele, com as orelhas avermelhando-se. Hermione sorriu para ele.
Naquele momento, uma coruja marrom entrou pela janela. Com uma carta. De Vítor Krum.
Hermione apanhou-a, tentando parecer absolutamente normal, enquanto Ron olhava dela para a carta, e da carta para ela.
- Essa não é... essa não é uma carta daquele maldito búlgaro, é? - perguntou ele, a voz trêmula de raiva.
- Eu não conheço nenhum búlgaro que seja maldito, Ron. - disse Hermione, calmamente, fingindo não ver o fogo saindo do olhar que Ron direcionava a ela e à carta.
- Hermione, eu não acredito! Você ainda não percebeu quais são as intenções desse... desse... dessa coisa?
- Primeiro: ele NÃO é uma coisa. Segundo: de que intenções você está falando?
- Ora, Hermione, não se faça de besta. É óbvio que ele está metido até o pescoço com Artes das Trevas, e quer que você o ajude com isso!
Hermione absorveu as palavras de Ron, e sentiu um espasmo de raiva.
- Ron, eu já lhe disse! Vítor não tem absolutamente NADA com Artes das Trevas! - ela falou, bufando.
- Ele é aluno do Karkaroff!
- ERA, Ron, caso você não se lembre, Karkaroff fugiu!
- Um covarde, assim como Krum!
- Vítor NÃO É covarde, ou não teria descido até o fundo do lago no quarto ano pra me salvar!
- Aah, sim, como você se sentiu sendo A COISA DE QUE AQUELE MEDROSO MAIS SENTIRIA FALTA? - indagou Ron, a raiva estampada em cada sílaba.
- Pra sua informação, eu me senti muito bem!!! - falou, ou melhor, gritou Hermione. - Ele NÃO É medroso, Ron, ou nunca teria descido até lá!
- Pelo amor de Deus, Hermione, até Fleur, que é uma garota, desceu! - falou Ron, o tom de voz aumentando gradativamente, exasperado.
- Ah, sim, vamos começar a falar sobre Fleur! - disse Hermione, irritada.
- Isso não é sobre Fleur, isso é sobre você não saber diferenciar um idiota metido com artes das Trevas de alguém decente!
- ELE NÃO É METIDO COM ARTES DAS TREVAS! ELE NÃO É MEDROSO! - berrou Hermione, indignada. Achou que o assunto “Vítor” já estava enterrado desde o quarto ano, mas se enganara.
- Ah, claro, defenda ele, eu sabia que você ia fazer isso!!
- Eu não estou defendendo ele,estou falando a VERDADE!
- Então você é uma mentirosa!
- NÃO SOU NÃO! Ron, você não pode sair por aí dizendo coisas que não sabe! Você não pode sair me ofendendo, nem se importando com o que eu sinto!
- Você SENTE??? - indagou Ron, furioso. - SENTE O QUÊ?? POR ELE???????
- EU JÁ DISSE! EU NÃO SINTO NADA PELO VÍTOR!! - berrou Hermione, raivosa. - Estou falando de você não se importar com meus sentimentos, não está nem aí se eu me magoo com o que você diz ou não!! Você não se importa nem um pouco! - Ela se perguntou como, há apenas uns minutos atrás, estavam jogando xadrez calmamente.
- Desde o meu primeiro ano - começou Ron, sem pensar, alto. -, tudo o que eu faço todo o santo dia é me importar, e muito, com você! Quem te defende do Malfoy e de todo mundo que te chama de... daquela maldita palavra? Quem sempre te ajudou quando você estava chateada? Hã? Quem sempre esteve lá por você quando você não podia falar na frente de Harry sobre a maldita profecia e sobre Sirius?? Com quem você conversava?? Hã? Comigo!! E se você é idiota ou cega demais pra perceber isso, então não é problema meu.
Os dois pularam de surpresa. Ron, pelo que tinha acabado de dizer. Hermione, pelo que ele tinha dito. Ela sentiu as bochechas corarem.
- Não... não me chame de idiota! - ela falou, nervosa.
- Eu lhe chamo do que eu quiser! - falou Ron, arrogantemente.
- NÃO, NÃO CHAMA! Eu NÃO sou idiota! E você sabe muito bem disso - protestou a garota.
- Pode até ser. Mas então é cega. - falou Ron. Hermione sentiu os olhos úmidos, e o encarou.
- Sou muito menos cega do que você, pode ter certeza. - Ela esfregou os olhos. - Nunca mais fale comigo, Ronald Weasley. - Ela se virou e subiu correndo as escadas do dormitório feminino.
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