Capítulo VII - Notícias

Voltaram para o castelo de mãos dadas. Todos estranharam, mas pelo caminho eles foram explicando. Todos parabenizaram e falaram coisas como “vocês ficam fofos juntos” e “tomara que tudo dê certo”.

Annie passou a tarde na biblioteca com Rose, Lílian e Rachel. Pra ela, aquilo de namorar era muito estranho, então ela precisava de um tempo pra se acostumar com a ideia.

 ***

No dia seguinte, voltaram à rotina normal. Porém, durante o café da manhã, o diretor fez um anúncio:

- Bom dia. Eu gostaria de comunicar que o baile de inverno acontecerá na próxima semana. Isso não os surpreende muito, eu imagino, pois na lista de materiais foram solicitados trajes de gala. Mas este ano será diferente dos outros. Geralmente sobravam alguns alunos, que não conseguiam par. Este ano, os pares estão determinados. Será a dupla fixa de vocês. Para aqueles que têm dupla do mesmo sexo, a dupla será trocada, para isso vocês precisam tentar trocar entre si. Mas temos uma relação com todas as duplas, então quem já tem um par não pode trocar, e tentar fazer isso é perda de tempo. O baile acontecerá um dia antes do natal. Acho que vocês têm tempo suficiente para se organizar. Então, é só isso. Obrigado pela atenção.

O salão se encheu de murmúrios. Ninguém queria formar par com sua dupla fixa. Isso incluía Rose Weasley e Draco Malfoy.

- Ah não, vão me obrigar a dançar com a sangue ruim mesmo? – Ele estava indignado.

Já Rose estava pior ainda.

- Eu não vou, não vou mesmo! No dia do baile, eu vou fingir que estou com febre, com dor de cabeça, gripada, qualquer coisa. Mas eu não vou dançar com aquele idiota. Não vou e não tem quem me obrigue! – Ela reclamava para Annie.

- Eu estou completamente feliz, porque a dupla do Alvo é um menino. Então eu vou trocar, vou falar pra Samantha que ela dance com a dupla dele. Ela vai gostar da ideia, eu acho. Apesar de que gostando ou não, eu não posso fazer nada por ela.

- Nossa, a Lílian quem se deu bem nessa! – Rachel riu.

- Verdade, o meu par é muito lindo! É o Cory, vocês conhecem né?

- Ah, sei quem é. – Falou Annie. – Ele não é o Mister Universo, mas dá pra o gasto.

- Ele é muito lindo sim! – Defendeu Lílian. – Pena que é tão burrinho, né... Mas fazer o quê? Pra dançar não precisa falar nada.

- E eu também estou sem dupla. – Disse Rachel. – Vou ver quem troca comigo.

- Boa sorte! – Annie desejou.

No terceiro horário, a Grifinória fez dupla com a Sonserina, então Annie pôde negociar com Samantha. Ela concordou em trocar a dupla.

- Está em cima da hora, eu acho. – Disse Samantha.

- Eu não acho, já temos tudo...

- Ah, Annie, você não entende. Precisamos de tempo pra nos preparar. Principalmente quando nosso par não sabe dançar.

- Ãhn, tem isso ainda. – Ela virou pra o lado. – Você sabe dançar, Alvo?

- Mais ou menos. – Ele falou. – Acho que dá pro gasto.

- Ótimo, eu sei, minha mãe me ensinou... Então tá. – Annie olhou para a frente e viu Rose discutindo com Carly Peverel, uma garota da sala delas. Se concentrou para tentar ouvir a conversa:

- Eu não vou trocar, Rose! O Malfoy é nojento. Se ele é seu par, problema seu.

- Carly, por favor! Eu nunca te pedi nada! – Rose estava desesperada.

- Infelizmente, eu não posso fazer nada por você. O meu par é o meu melhor amigo, e eu não vou deixar de dançar com alguém que eu conheço pra dançar com um cara tão ridículo como o Scorpius Malfoy.

Rose bufou.

- Obrigada pela consideração! – E voltou para o seu lugar.

- Estou com pena da Rose. – Falou Annie para Samantha. – Ela vai ter que dançar com o Scorpius.

- Ah, que azar. Ele é insuportável! Mas aposto que tem umas meninas da Sonserina que dariam a cabeça pra ficar no lugar dela... Por que ela não fala com elas?

- Acho que é um problema pra trocar. Principalmente depois que ela protestou com a professora. Vão ter um cuidado especial com a Rose depois daquela.

- Sinto muito por ela. Acho que ninguém merece ter o Malfoy como par.

- É mesmo.

Já durante a noite, Rose parecia uma criança fazendo birra.

- Eu não vou dançar com ele. – Ela falou, durante o jantar. – Eu prefiro ficar sozinha, só assistindo aos outros dançando.

- Você ainda tá nessa? – Perguntou Lílian. – Achei que tinha deixado pra lá, Rô.

- É que é inconformante! Eu deixei de comprar uns quatro perfumes e ainda umas blusas lindas pra comprar aquele vestido. Agora ele vai ficar lá numa caixa, mofando pro resto da vida? Não! Se eu comprei eu quero usar! Só não quero usar com aquele idiota!

- Mas se você dançar com ele você não vai morrer. – Disse Rachel. – É só umas horinhas. No fim, nem vai ser tão ruim assim. Eu falo por experiência própria. Uma vez eu fui pra uma festa de uma prima minha, e chegou lá todo mundo tava dançando. Aí eu fui procurar um par, é lógico, e só encontrei um vizinho chato meu. Acabei dançando com ele. Eu achei que ia ser, sei lá, um sacrifício pros deuses gregos, mas nem foi. Na hora da dança, a gente meio que esquece quem está conduzindo. Vai por mim, dança com ele. Você nem vai lembrar que é o Scorpius Malfoy. Imagina que é o, hhhm, Dave McKinder do sexto ano. Ah, aquele ali é o paraíso em forma de gente. Pronto, aí você vai dançar a noite toda, colega.

Annie riu.

- Tem razão. Você nem vai vê-lo enquanto estiver dançando.

- Fala isso porque vai dançar com o Alvo, ninguém mais ninguém menos que o seu namorado! – Falou Rose. – Ah, que raiva.

- Deixa de drama, ruiva. – Disse Lílian, colocando uma colher de pudim na boca, despreocupadamente.

- Olha, o Scorpius é lindo. Você pode falar mil e uma coisas dele, mas é verdade. E, além disso, vocês não vão ficar conversando, provavelmente. Então vai ser, de certa forma, bom. – Falou Annie. – E, bem, desculpa estar falando isso mas... Vocês dois ficam bonitinhos juntos!

- Hum, é verdade! – Falou Lílian, de boca cheia. – Um loiro dos olhos azuis, de um metro e oitenta, com uma ruiva de olhos verdes, de um metro e sessenta e cinco. Nossa, é contrastante. Sabe, aqueles casais dos sonhos.

- Parou a palhaçada?! – Rose se irritou. – Eu não tenho um metro e sessenta e cinco. – Ela cruzou os braços, estava vermelha. Parecia uma criança de cinco anos quando recebia um “não”. – Eu tenho um metro e sessenta e sete. – Ela mesma riu.

- De verdade, dança com ele. Não é tão torturante quanto parece. – Disse Lílian.

- Dance no meu lugar então, querida!

- Ei, sério. – Disse Rachel. – Pela gente!

Rose pensou um pouco.

- Tá bem. Eu danço. Mas só porque não tenho opção.

As três a abraçaram, que na hora ficou sem reação, mas optou por abraçá-las de volta.

No dia seguinte, mal Rose pôs os pés para fora da sala comunal, e Scorpius apareceu.

- Weasley, você é meu par no baile, não é?

- Sou, infelizmente. Por que? – Ela perguntou, enfatizando o “infelizmente”.

- Porque eu não sei dançar. – Ele falou.

- Ótimo! – Ela falou, virando os olhos.

- Você me ensina? Quer dizer, só se tiver tempo... Porque eu não consegui ninguém pra fazer isso.

- É um galeão por minuto de aula. – Ela falou.

- Sua engraçadinha. Ou é isso ou você vai ficar sem par. Ou então ter os dedos todos pisados. Prefere o quê?

- Você ganhou. Eu te ensino. Mas falta um lugar, porque eu não quero fazer isso no meio do corredor.

- Essa é fácil. – Ele falou, olhou pra cima, e fez um biquinho, que Rose achou extremamente ridículo. – Tem umas salas desocupadas perto das masmorras. Ninguém vai. Então podia ser lá.

- Mas não são trancadas? – Rose estranhou.

- Pelo amor de Merlin, logo você que é a sabe-tudo não sabe dar um Alohomora? – Ele provocou.

- Ah, é. Não tire minha paciência.

- Pode ser ou não? – Ele perguntou.

- Pode. Às oito e meia?

- Nove. Nove é melhor.

- Ainda tenho que aturar luxo de riquinho. Vai, nove horas da noite. E vê se não se atrasa porque se tem uma coisa que eu odeio é esperar.

- Ok. – Ele falou.

- Fui. – Rose foi embora, e viu ele fazer o mesmo alguns segundos depois.

 

***

 

- Olha, pra quem não queria nem dançar com ele, isso é um avanço! – Disse Annie.

Estavam no café da manhã. Rose tinha acabado de contar a história.

- Pera aí! – Falou Lílian. – O casal perfeição já vai dançar juntos, a Rose vai ensinar o Scorpius a dançar, daqui a pouco eles estão casados, com sete filhos pra criar, e a Rose grávida de mais dois.

- Nossa, acho que você engoliu um palhaço hoje mais cedo, não é? – Falou Rose.

- Mas é verdade, você mudou de opinião muito rápido, eu tô estranhando isso... Eu convenci muito bem, né? – Perguntou Rachel.

- Engraçada. Não sei, alguma coisa me diz pra fazer isso.

- Devem ser seus sete filhos. – Disse Annie.

- E os dois da barriga! – Lembrou Lílian.

Caíram no riso, mas Rose permanecia séria.

- Na boa, vocês são muito insuportáveis. Avada Kedavra nas três! – Ela falou, fingindo um movimento com varinha.

- Essa doeu. Estou totalmente magoada. Não fale mais comigo. Vou chorar. – Disse Lílian.

 

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