Capítulo VI - Floresta



Chegando lá, a professora não queria nada demais.


- Meninas, queria saber quem foi a dupla de vocês na aula de Feitiços. Me pediram para que eu fizesse uma relação, e essas pessoas serão a dupla fixa de vocês. Não entendi porque fazer isso agora, mas, bem, foi um pedido do diretor... Então?


- Minha dupla foi Samantha Gutterfield. – Disse Annie. – E a da Rose foi o Scorpius Malfoy.


- Sim, obrigada. – A professora anotou.


- O quê? Eu vou ter que fazer dupla com o Malfoy toda aula? – Protestou Rose.


- Sim. – Falou a professora.


- Não, eu não vou fazer isso!


- Senhorita Weasley, se não estiver gostando, fale pessoalmente com o diretor, mas acho que ele não poderá fazer nada por você. Agora, se puderem ir... Não é própria a presença de alunos aqui fora do horário de aulas.


- Claro, obrigada professora. Vamos, Rose! – Annie a puxou pelo braço. – Eu falei que queria te contar uma coisa...


- Ah, é! – Rose se distraiu completamente e saiu atrás de Annie.


- Então... – Annie falou, quando estavam a uma distância segura. – É uma coisa muito chocante.


- Fala logo!


- Sabe aquela hora que você foi na biblioteca?


- Aham.


- Eu fiquei sozinha com o Alvo. Aí ele me pediu pra ficar com ele... Aí eu falei que não era de ficar. Aí ele falou que era por uma causa justa, e falou que gostava de mim. Aí...


- Calma, tenta evitar falar tanto “aí”. Eu não tô acreditando. Continua.


- Aí... Opa, foi mal. Então a gente se beijou.


- SÉRIO, ANNIE! MEU MERLIN! É SÉRIO? SÉRIO MESMO? NÃO, É PEGADINHA! MUITO BOM E FÁCIL PRA SER VERDADE! – Rose estava chocada.


- Eu não brincaria com isso. Sim, é sério.


- Então, vocês estão tipo, namorando? Namorando sério?


- Ahn, não. Nós nos beijamos, e ficou um clima lá, mas a gente não tá namorando.


- Então se prepara, que ele vai te pedir em namoro logo logo.


No outro lado da escola, Alvo estava conversando com uns amigos. Estava falando de quadribol, mas na sua cabeça, o único assunto era Annie.


- Então, o jogo será daqui a um mês, temos que nos preparar, afinal, é com a sonserina. Aquele tonto do Malfoy jura que vai ganhar... Temos que dar uma lição nele. Com a Grifinória não se brinca! – Falava Jim Caillat, o artilheiro da equipe. Ele era exagerado.


- Bem, seria bom que reservássemos logo o campo pra treinar. Sabe como eles são irritantes, vão fazer isso logo. – Lembrou Alvo.


- É mesmo. – Falou James. Era a primeira vez que ele abria a boca. James era batedor. – Ano passado fizeram isso. Vamos reservar o campo hoje?


- É, seria uma boa. – Falou Alvo. – Agora se não se importam, eu já vou. – Ele pegou a mochila do chão e apoiou no ombro esquerdo.


- Vai pra onde?


- Resolver um assunto pendente. – Ele respondeu. – É pessoal.


- Ah, okay, senhor mistério. – Falou James. – Vai lá beijar o Malfoy.


- Vá à merda, James. Pensa que sou você? – Ele sorriu. – Fui.


Então ele foi embora atrás dela. Demorou um pouco pra encontrá-la, mas depois achou Annie conversando com Rachel.


- Annie, vem cá por favor?


- Claro. – Ela levantou. – Falo com você depois, Rachel.


Rachel não falou nada, então Annie foi atrás de Alvo.


- Olha, você quer dar um passeio de moto? – Ele convidou.


- Moto?


- É, a minha.


- Eu não sabia que você tinha moto.


Ele riu.


- Bom, na verdade quase ninguém sabe. Ela fica escondida, porque isso é uma escola de magia, então todos acham que nós devíamos andar de vassouras, não de moto. Mas também não nos deixam andar de vassoura.


- É verdade. – Annie riu. – Tudo bem. Só que eu nunca andei de moto.


- Não me impressiono com isso. – Ele sorriu. – Quero te mostrar uma coisa.


Eles andaram juntos até o jardim. Lá, Alvo deu um toque de varinha em algo perto de uma estátua. E então, a moto apareceu.


- Simples assim. – Ele falou. Então subiu na moto, colocou o capacete e pediu que Annie fizesse o mesmo. – Agora, se segura. – E deu partida.


Annie achou aquilo muito atirado e clichê, mas a velocidade estava realmente alta, então ela não viu outra alternativa a não ser se segurar nele.


- Ei! Ninguém vê a gente não?


- Ninguém está prestando atenção. – Ele respondeu, com a voz abafada.


- Eu não confiaria tanto!


- Estamos indo muito rápido, ninguém vai ver.


Ela segurou com mais força. Achava aquilo muito ridículo.


Um minuto depois, eles chegaram à Floresta Proibida. Alvo desligou a moto e eles desceram.


- Oh-oh. Se alguém vir a gente aqui... Estamos fritos! – Annie falou.


- Ninguém vem pra cá. Pelo menos não nessa parte da Floresta.


E ele tinha razão. Ela já tinha ido à Floresta Proibida, mas apenas durante aulas específicas. Nunca foi por vontade própria, porque por mais que fosse rebelde, sabia muito bem que a punição para quem fosse flagrado ali era bem severa. Mas olhando bem, aquela era uma parte bem diferente da Floresta. Era um lugar confortavelmente quente, comparando ao resto do castelo, que estava muito frio devido ao inverno. Havia vários tipos de flores silvestres, e árvores gigantes, que ela não sabia como não ficavam visíveis para quem via do lado de fora. E, incrivelmente, a grama era bem cortada. Viu alguns esquilos, coelhos, e animais do tipo. Aquele pedaço da floresta parecia um conto de fadas. Era impressionante.


- Uau. Gostei daqui. Mas como ninguém vem pra cá? – Ela questionou.


- Simples. Está protegido com mágica. Não é qualquer pessoa que consegue entrar. Só que, como todo feitiço tem uma exceção, eu encontrei esse lugar em um, hm, mapa especial, digamos assim, e desde então eu tentei achar contrafeitiços que me permitissem chegar até aqui. Já faz dois anos, e eu só consegui entrar agora. Deu um trabalho imenso, mas no fim das contas, acho que valeu a pena...


- Quer dizer que ninguém conhece isso aqui?


- Creio que não. Hogwarts é cheia de mistérios, Annie. Sempre tem algo a mais pra explorar. Por isso que eu gosto tanto daqui. – Alvo sorriu.


- Bem, mas por que protegeriam a parte mais legal da floresta?


- Eu não sei. Mas não acho que teria nada muito perigoso aqui, se não teriam avisado, ou reforçado a segurança daqui, sei lá. Mas eu andei pesquisando e... As florestas antigas eram exatamente aqui. E aconteceu algo muito estranho quando em vim aqui pela primeira vez. Eu passei cerca de duas horas e quando saí daqui só se passaram alguns segundos.


- Quer dizer que o tempo que passamos aqui dentro não é o mesmo de lá fora? Não sei, isso não me parece bom...


- Sem problemas. Eu tinha um livro velho de lendas de Hogwarts. Era do meu avô Arthur. Lá falava daqui. Um garoto do primeiro ano da lufa-lufa de 1954 achou isso aqui. Mas quando ele falou ao diretor, o diretor foi procurar, mas não viu nada. Então acharam que ele era louco ou estava mentindo, e já que naquele tempo tudo aqui era mais rígido, como você sabe, eles expulsaram-no. Mas o autor do livro, que provavelmente era desse tempo mesmo, registrou a história. O garoto que descobriu isso descreveu como um lugar mágico, e disse que passou dois dias aqui, e não viu nada demais. Ele falou que era como o bosque da Branca de Neve, já que ele era nascido trouxa.


- Não sei você, mas eu estou com medo. – Ela falou.


- Não tenha medo. Vai ficar tudo bem. Agora eu te trouxe aqui porque queria conversar com você... É sério.


- Tudo bem, então pode falar.


- Como eu já te falei, eu tô gostando de você. Eu não gosto de joguinhos, e acho que nenhum garoto gosta. E desde que nos beijamos, eu não consigo tirar aquilo da cabeça. Eu nunca gostei de nenhuma menina, mas com você tá sendo diferente. Então eu queria saber... Você quer namorar comigo?


- Alvo, você não acha que é cedo demais? – Ela perguntou. Estava surpresa, mesmo Rose já tendo alertado-a.


- Annie, eu te amo, eu quero ficar perto de você de uma vez! – Ele falou. – É muito ruim gostar de verdade de alguém e ter que fingir que é só amizade. Nós podemos assumir o namoro, eu conheço sua família, você a minha, tudo certinho. Eu faço o que você quiser, só pra eu poder parar de falar que você é minha amiga, ou a melhor amiga da minha prima. Eu quero falar pra todo mundo que você é minha namorada, com todas as letras. Me dá uma chance, por favor.


Ela pensou um pouco.


- Tudo bem, eu aceito. – Annie respondeu, e ele sorriu. – Mas a primeira besteira que você fizer, eu não perdôo, ok?


Eles se beijaram outra vez.


- Já que o tempo não passa aqui, acho que não iam sentir falta da gente por uma horinha, né? – Alvo perguntou.


- Acho que não. – Annie riu.


Então ele tirou a mochila das costas, e de lá puxou um violão.


- Como você faz essas coisas? – Ela perguntou.


- Aprendi esse com a mãe da Rose. – Ele falou. – Ela é minha tia mais legal, só que isso é segredo. É muito clichê se eu tocar pra você?


- É. – Annie respondeu.


- Tem algum problema então?


- Não, nenhum problema. Pode tocar. – Ela sentou, sorrindo.


Ele sentou ao lado dela, e tocou algumas melodias. Ela ficou totalmente encantada, ele levava jeito. Depois, eles subiram na moto e voltaram para o castelo. Alvo colocou a moto de volta no jardim, tirou o capacete, colocou por cima,  e Annie fez o mesmo, em seguida balançou a cabeça para que os cabelos ficassem certos. Ele olhou pra ela.


- Você fica linda assim.


- Sério?


- É, apesar de que você fica linda de todo jeito.


- Falou o menino mais feio de Hogwarts. – Ela brincou.

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