Carta jamais enviada III -1997

 

 

A última carta, o penúltimo capítulo...

Talvez tenham a expectativa de ler uma carta bem romântica ou, melhor dizendo, com aquele romantismo tradicional. Hermione também esperava, com certeza. Mas quem conhece Ron sabe que ele não tem o dom das palavras. Escrever a carta que segue e fazer tais confidências exigiram grande esforço. Leiam a partir dessa perspectiva e acredito que vão concordar comigo: nunca houve uma carta mais romântica.

Com meu abraço,

Morgana

 

* * * * *

 

 

 

 

 

Londres, 12 de julho de 1997.

 

Hermione,

Nem sei por que estou escrevendo se não vou poder mandar esta carta agora.

Sou seu amigo. Então não estranhe eu dizer que queria receber notícias, saber como você está. Sinto também falta de suas cartas. E até das nossas brigas. É sério!

Mais do que escrever, eu queria mesmo é encontrar com você. É que tenho algo muito importante para dizer. Não sei se vou ter coragem.

Também é difícil escrever sobre isso, mas vou tentar. Claro que vou esconder esta carta muito bem para Fred e Jorge não a encontrarem.

Isso é um segredo. Nunca contei para ninguém. Mas tenho certeza que mamãe já sabe, meu pai desconfia, os gêmeos também. E o Harry... Bem, acho que ele sempre soube. Mas nunca falamos sobre isso, que fique claro.

Estou fazendo suspense. Já vejo você suspirar. Mas como posso dizer / escrever isso?

Você pode me estuporar à distância? Isso pensando na hipótese de você estar lendo esta carta. Se eu falar pessoalmente, com certeza serei estuporado.

Talvez você não acredite. Vive dizendo que sou insensível, não trato as pessoas bem. Sem falar que eu e você brigamos muito.

Por isso o que quero dizer não faz sentido. Nem eu mesmo sei como aconteceu.

Como você é muito inteligente, já percebeu. Tenho ciúmes de você. Detestei ver você no baile de inverno com aquele cara. E não gostava nada de saber que ainda se correspondiam!

Ciúme de amigo? Sentimento de proteção? É, achei que era. Eu defendia você dos ataques da Doninha. Por isso queria defender você do risco de namorar um outro idiota (me recuso a escrever o nome dele). Mas depois soube que você beijou (arg!) aquele búlgaro narigudo!

Ah, Mione, meu sangue ferveu! Não consegui aceitar que o seu primeiro beijo fosse com ele e não... Deixa para lá! Isso não vai mudar mesmo.

Eu namorei a Lilá, você sabe. Não tinha mais motivo para esperar por quem não esperou por mim. Bem, na hora não pensei nisso. Achava ela bonita e divertida. Só que descobri que era um grude também, me sufocava, não me deixava ser eu mesmo.

Tudo isso só fez aumentar a certeza de algo que eu desconfiava desde o quarto ano, desde aquele baile fatídico. Eu não queria estar com a Lilá, não era ela que eu queria como namorada.

A essa altura você já sabe quem é a menina. Mas se ainda não tiver certeza, basta eu dizer que essa menina sempre tumultuou minha vida, me tirou do sério. Cheguei a achar que ela era um pesadelo.

Minha mãe disse que temos medo do desconhecido, até mesmo do sentimento que desconhecemos. Então, basicamente, eu ainda tenho pavor de tudo isso. Talvez seja pior que enfrentar aquelas aranhas gigantes.

Não pense em me estuporar de novo. Deixe ao menos eu concluir!

Eu sei. No fundo, acho que você não quer nada disso. Talvez também tenha medo. E se eu não quero e você também não, por que estou falando dessa loucura toda?

Quer mesmo saber? Alguma coisa me diz que, se vencermos esse medo, vamos ficar muito bem.

Por mais que a gente brigue, não consigo me imaginar longe de você. É. Dou o braço a torcer. Sinto MUITO a sua falta.

Tudo bem, Hermione, não precisa reclamar que estou falando sem dizer. Vou tentar dizer / escrever tudo.

Acho que você é muito bonita, linda, na verdade. E brilhante! É, por mais que seja difícil, preciso confessar isso: EU TE AMO.

Não é brincadeira. É sério até demais. Se for uma doença, acho que estou já em estado terminal. Talvez morra disso... A não ser que...

Bem, impossível, não é? Se você não me estuporar, não lançar uma petrificus totalus ou outro feitiço pior em mim, na certa vai me dar um baita fora.

Mesmo assim, preciso falar o que sinto. Pelo menos uma vez na vida tenho que fazer algo por mim mesmo.

E se você for louca o suficiente para aceitar... Acho que vou ser um bruxo muito feliz!

Um beijo,

Ron

 

 

 

 

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