Reencontro



Arquitetura. A arte de projetar e construir ambientes. Mas o que isso tem em comum com o nosso capítulo de hoje? Absolutamente tudo.


 


Mesmo com a inesperada mudança da família Granger, eles continuaram com todos os projetos arquitetônicos projetados e programados, apenas desaçociaram Weasley à Granger. Em menos de dois meses o sobrenome McLaggen era ligado a eles, dois motivos: Hermione carregaria esse nome em algum tempo e a empresa da família também.


 


Córmaco e Hermione casaram-se muito cedo, aos vinte anos, uns seis meses depois de se conhecerem. Além de se gostarem, se casaram por pressão das duas famílias. Córmaco é filho do meio de outros dois irmãos. Assumiu os negócios familiares precocimente também. Seu posto como chefe trouxe um ótimo lucro, resultados positivos e crescimento para a empresa, o que deixou seus pais orgulhosos e curiosos por saber como ele conseguira tal feito tão rapidamente.


 


Desde pequena, Hermione viveu no mundo da arquitetura. Conheceu os principios básicos e avançados do ramo ainda criança. Seus pais sempre a levavam para conhecer lugares conhecidos por portarem obras magnificas, como Páris, Torre Eiffel, Itália, Torre Pisa, Roma, Coliseu, entre outros. Viajou por muitos países quando menor. As viagens cessaram pelos seus onze anos, mas tinha muita história para contar, para quem quissesse ouvir e saber.


 


A garota não precisava trabalhar, pois seu marido poderia sustentar os três muito bem, mas têm algo no ato de trabalhar que lhe dava prazer e satisfação, talvez saber que teria seu próprio dinheiro para comprar suas coisas e de sua filha, nada de pedir dinheiro ao "homem da casa".




Ter se reencontrado e conversado com seus melhores amigos foi uma sensação maravilhosa, que a deixou mais leve. Era sempre bom ter alguém para conversar. Aquela não seria nem a primeira e nem a última delas. Ginny e Hermione falavam-se bastante, a ruiva estava sempre ligando para saber das novidades e contar suas novidades, e essas novidades poderiam resultar em horas ao telefone.


 


" - Hermione, Rose é uma gracinha, você deveria levâ-la mais vezes a minha casa para que brinque com James e Alvo.


– Eu sei, eu sei, mas ando sem tempo. - Hermione estudava uma proposta de contrução da loja de roupas para a famosa estilista e modelo Emma Watson enquanto conversava com a amiga.


Depois de mais alguns minutos conversando, Hermione escutou Ginny dar um grito de susto e logo em seguida exclamar:


– Caramba! Hermione tenho que desligar.


– Tudo bem, tenho um reunião agora. Até mais. Mande um abraço à Harry e à seus filhos.


– Claro. Até."


 


Hermione pegou alguns papéis na mesa e foi para a sala onde aconteceria a reunião.


 


Seus pensamentos voavam longe. Passavam por Rose, Córmaco, seus pais, Ginny e Harry. Em uma das milhares de conversas que tivera com os amigos confessara que não se sentia mais tão confiante para dizer à Ron que tinham uma filha. Antes até diria, mas agora não tinha tanta convicção, e que por um lado foi até bom terem se separado. Quase recebeu um bofetada de Ginny por tê-lo dito. Soltou uma gargalhada ao recordar. Esqueceu que tinha várias pessoas ao seu redor. Todos os presentes a encararam sérios e ela ficou vermelha por vergonha.


 


– Desculpem.


 


– Bom, como eu ia dizendo - um homem de meia idade, barba e cabelos prateados falou. - vocês estão de acordo com os grupos? - não deixou ninguém responder e finalizou. - Ótimo. A reunião está terminada.


 


Todos retiraram-se da sala e voltaram aos seus afazeres. Antes que Hermione pudesse sair o homem a chamou.


 


– Hermione?


 


– Sim?


 


– O arquiteto da outra empresa, com quem trabalharemos virá amanha para conversar com você. Mostre a ele estes relátorios. - lhe entregou alguns papéis. - e Segunda teremos uma reunião para fechar negócio e começar a projetar. - ele sorriu bondosamente.


 


– Claro. - ela sorriu de volta. - Nos vemos depois senhor Dumbledore.


 


– Até.


 


Quando seu expediente terminou ela foi buscar a filha na escola, voltando em seguida para casa, onde tomou banho, jantou e dormiu.


 


No dia seguinte, acordou cedo, ela sempre acordava cedo, mas desta vez foi cedo de mais. Preparou um café da manha especial, onde apenas ela e Rose participariam, pois Córmaco estava viajando. As viagens de Córmaco eram ótimas para ela. Sentia-se muito melhor quando ele não estava. O rapaz chegava a ser irritante algumas vezes... a maioria das vezes.


 


Depois de prontas, Hermione, como todos os dias, levou a filha até sua escolinha. Com o coração na mão foi embora. Adorava a companhia da menina e deixá-la parecia tão... errado?


 


Saiu de seus devaneios e foi ao trabalho.


 


Receberia a visita do arquiteto da outra empresa aquele dia às 10 da manha. "Qual o nome da empresa mesmo? Isso que dá não prestar atenção no que falam."


 


Começou a procurar o nome da empresa ou do sujeito na papelada, mas logo desistiu.


 


– Ah, foda-se! - Hermione falando palavrões é uma coisa realmente inédita. Nós sempre esperamos que ela seja menina educada e certinha.


 


– Senhora McLaggen? - a secretária de Hermione, Clémence, a chamou, após bater na porta e escutar um entre.


 


– Sim? - ela estava de costas para a moça, sentada na cadeira, contemplando a vista que a janela lhe proporcionava.


 


– Desculpe incomodar, mas é que o arquiteto da outra empresa está aqui. Ele é bem pontual, não?


 


– Pelo o que parece, sim - respondeu rindo. De repente uma felicidade a invadiu. Não sabia o motivo, mas estava muito feliz. - Mande o entra, por favor. Obrigada.


 


– Claro. De nada, estou a seu dispor. Com licença. - disse retirando-se da sala.


 


Talvez por uma razão infantil, ou não, ficou girando na cadeira. Adorava fazer isso. Sentia-se bem ao fazer isso. Escutou algumas batidas na porta e pediu que a pessoa entrasse. De costas, prestes a virar-se sobressaltou-se ao ouvir aquela voz tão conhecida, e ao mesmo instante tão distante.


 


– Hermione Granger.


 


– Eeeeeeeu? - disse levantando-se em uma voz infantil, sem perceber direito o que fazia.


 


No momento em que viu quem estava ali seu coração gelou e desejou intimamente que não tivesse levantando, pois estava prestes a cair. Tantas coisas vieram a tona. Como se uma avalanche de recordações caísse sobre Hermione. "Não, não pode ser verdade." Sua cabeça só formulava esse pensamento


 


Trazia um sorriso sarcástico no rosto, como se estivessem brincando de pique esconde e ele tivesse descobrido o esconderijo dela.


 


Queria fugir, se esconder, estar em qualquer lugar, menos ali, na presença daquele ser que mudara toda sua vida. Ele não foi apenas um namorado, foi o homem que mais amou, depois de seu pai.


 


– Ron? - não sabia de onde tirou coragem para falar, ou de onde tirou forças para não gagueijar, mas por um milagre se pronunciou, quase deixando lágrimas escaparem de seus olhos, conequência da emoção de vê-lo depois de tanto tempo.


 


Estava lindo como sempre. Aqueles cabelos ruivos, tão ruivos, agora um pouco maiores, quase lhe caindo sobre os ombros, dando um ar mais adolescente à ele.


 


– Desde que eu nasci. - tentou fazer graça onde não tinha.


 


Esse é Ronald Weasley, fazendo graça com coisas assustadoras. Meio que logo em seguida seu sorriso sumiu do rosto, pois lembrou-se dos porques de estar ali.


 


– Por que você não me contou? - Ron nunca iria mudar. Um garoto (lindo, ruivo, tentação) sem rodeios.


 


– O que? - perguntou temendo a resposta. "Será que ele sabe sobre Rose?" pensou.


 


– Você estava grávida, é? - tentou manter a voz controlada sem muito sucesso. Provavelmente raiva era o que se via nos olhos de Ron. Raiva por ser enganado, raiva por ela ter escondido a verdade.


 


– Ron... - pensando bem, o que ela diria? Simples, "Sim, agora que você sabe seremos um família feliz. Eu, você e Rose!"




– Não minta pra mim, por favor. De novo não. - quase suplicou.


 


– Ron... eu... - nem precisou completar a frase, seus atos a denunciaram. - Como você descobriu?


 


– Ginny. Ontem eu fui na casa dela e vocês estavam conversando pelo telefone. Escutei uma parte da conversa e ela teve que contar.


 


– Ah, Ginevra!


 


– Por que você não me contou?


 


– Eu queria contar, juro que queria. - um sentimento de culpa, que a muito tempo não assombrava Hermione a consumiu. Sentiu uma enorme vontade de chorar, mas não se faria de vítima.


 


– Sério? Quando? - perguntou sarcástico.


 


– Não sei, não é tão simples, sabia? - sua voz estava embargada pelo contimento do choro.


 


– Claro, nada é simples, né? - sua voz tornava-se mais sarcastica a cada palavra. - Legal saber que agora você é a senhora McLaggen. Se casou né Hermione?


 


– Ron...


 


– Me diz uma coisa - não queria escutar suas explicações. - Pra onde foi todo aquele "amor" - fez aspas com os dedos ao dizer. - que você falava sentir por mim?


 


– Você não sabe de nada!


 


– Claro que não sei. Nunca sei. Eu sou muito idiota! - Ron começou a andar de um lado para o outro tentando conter a vontade de levar a sala de Hermione a baixo.


 


– Eu ia te contar. Por que você acha que eu procurei Ginny?


 


Ron abriu e fechou a boca duas vezes, mas nenhum argumento apareceu.


 


– E de que adiantaria também? Nós estamos casados. Lilá Brown, certo? - Hermione tentou manter a voz calma, mas ao pronunciar o nome da "outra"um desprezo desconhecido pode ser notado. - Belo nome, Evangeline.


 


Mantinham uma distância, como se tivessem medo da proximidade.


 


– Ora, não venha virar o jogo...


 


– Virar o jogo? - quase gritou. - Você ficou maluco? Aquela garota tem praticamente a idade de minha filha...


 


– Nossa filha... - deu ênfase ao nossa.


 


– Minha filha. - retrucou. - Bom saber que não esperou muito tempo para me esquecer...


 


– Eu nunca te esqueci. Isso foi... um deslize. - Ron estava ficando nervoso.


 


Hermione riu.


 


– Foi a mesma coisa que disse aos meus pais. Aqui não é local para conversar. Eu tenho que trabalhar. Quem sabe depois, outro dia, um chá, almoço. Eu queria realmente conversar com você, se você quissesse, é claro.


 


– Eu... eu quero. - disse com dificuldade. - Como ela é?


 


– Quem? - perguntou confusa.


 


– Nossa filha, claro.


 


– Ah - riu. - ela é parecida com você. Seus olhos, seus cabelos. Sempre que a vejo lembro de você.


 


– Ela deve ser linda então.


 


– Convencido. Seu nome é Rose, na verdade Rosalie, mas a chamamos de Rose. Como uma rosa.


 


– O nome que eu queria se tivessemos filhos? - ela assentiu. - Por que?


 


– Não sei, só... tive vontade de colocar esse nome.


 


Ficaram muito tempo em silêncio. Um silêncio incomodo. Hermione queria acrescentar algo, mas não sabia o que. Ron queria fazer algo, mas estava com medo da reação dela. Tanto tempo sem se tocarem, sem um sentir o cheiro do outro. O conforto que cada um trazia com sua simples presença. As coisas tinham mudado, mas eles ainda são Ron e Hermione. Brigam e se entendem rapidamente.


 


– Hermione? - ela o encarou. - Eu... eu... eu ainda... eu ainda te amo.


 


– Ron... - toda sua vontade de derramar lágrimas se fez mais intensa no momento.


 


Fizera aquele homem sofrer. Sumiu de sua vida sem dar muitas explicações e ele ainda a amava. Chorou, chorou como uma criança. Não merecia isso. Ron saiu de onde estava e foi ao encontro dela. A abraçou forte. Hermione escondeu o rosto em seu pescoço, retribuindo o abraço. Não sabia o que fazer ou dizer. Só queria ficar ali.


 


– Eu também te amo. Nunca deixei de amar. Me desculpe, me desculpe, me desculpe. Não queria ter feito aquilo, mas fiquei com medo. - falou ainda braçada a ele.


 


– Medo de que? - perguntou receoso.


 


Ela o empurrou com as mãos e com as mesmas cobriu o rosto. Fez um movimento negativo com a cabeça.


 


– O que foi? - quase caiu com o empurrão.


 


– Ele quer te matar. - sua voz era trêmula.


 


– Ele quem? - tentou aproximar-se dela, mas ela pediu que parasse com as mãos.





– Nós não podemos nos ver. Ele... ele não pode saber que eu te vi.


 


– Quem...?


 


– Não pode, não pode, não pode.


 


– Hermione? - ele a segurou.


 


– Não, não. Me solta. - tentou desvencilhar-se dos braços dele, mas ele era muito forte.


 


– Só se você me contar o que está acontecendo.


 


– Ron. - suplicou com os olhos.


 


– Me diz Hermione.


 


– Por favor. Não posso. - grossas e pesadas lágrimas caíram por seus olhos. O que contara a Ginny e Harry era só metade dos fatos.


 


– Por que não pode? - insistiu.


 


– Ron, por favor, não insista. Você tem que ir embora. - um coisa que Ron nunca esperou ver nos olhos de Hermione, medo. Ela estava realmente amedrontada. O que será que havia acontecido. Ela, sempre mostrando felicidade em seu olhar, estava tão vulnerável ali.


 


– Tudo bem. Mas você tem que prometer que irá me contar essa história direitinho.


 


– Ron...


 


– Prometa.


 


– E... e... eu prometo. - nunca foi tão difícil falar esta frase.


 


– Hermione, você não sabe o quanto senti sua falta. - a abraçou novamente. - Eu preciso de você. De sentir seu cheiro. Dos seus lábios nos meus.


 


– Ron, não podemos...


 


– Por que não?


 


– Somos casados...


 


– Não, você é casada, eu estou noivo. - Ron segurou o rosto de Hermione com as duas mãos e a beijou.


 


Isso parecia tão errado, mas tão certo. Uma parte de Hermione dizia para ela parar, e a outra parte dizia para continuar. Estava dividida, e Ron percebeu isso. Não queria forçá-la a nada, só queria senti-la, prová-la. Matar a saudade de seus beijos. O beijo ia sendo encerrado com alguns selinhos. Ron soltou seu rosto.


 


– Não deviámos ter feito isso. - Hermione formulou de olhos fechados.


 


– Talvez, mas não me segurei. Não consigo ficar perto de você sabendo que não é minha.


 


– Não sou um objeto para ter dono. - como se estivesse em um transe e agora despertasse Hermione falou. - Você tem de ir embora.


 


– Eu vou, já que quer tanto... Mas nos veremos em breve.


 


– Ron...


 


– E você vai me contar. Até mais. - foi até a porta e despediu-se, deixando uma Hermione apavorada e surpresa para trás.


 


– O que eu vou fazer?


 


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O resto da semana foi completamente normal. Hermione agia como se não tivesse recebido a visita de Ron, como se não tivesse tido um ataque de pânico, nem nada.


 


Córmaco ficaria o mês todo fora, ou seja ainda teria duas semanas apenas Hermione e Rose sozinhas em casa.


 


Aos sábados as duas faziam uma sessão de cinema em casa, regada a pipoca e outras besteiras. Assistiam à alguns filmes infantis até Rose pegar no sono. Esse sábado não poderia ser diferente. Até que foi um pouco diferente, pois Rose dormiu na primeira meia hora. Hermione a levou pra cama, e quando estava saindo do quarto da menina a campainha tocou.


– Quem será à uma hora dessas. - não estava tão tarde, só se você considerar 20:00 muito tarde.


 


Parecia viver um pesadelo. Como? a pergunta que veio a sua cabeça.


 

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